Damned escrita por IS Maria


Capítulo 14
Escolha


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que esse capítulo ficou longo demais.
Eu meio que tenho um planejamento do que vai acontecer em cada capítulo, mas, não esperava que ficasse desse tamanho.
Pelo menos vai compensar pelos dias de pausa.
Espero comentários.
Obrigada.

PS: Para quem gosta de BTS, eu postei recentemente, um ONE SHOT sobre traição com KIM TAEHYUNG (V), se puderem dar uma olhada, eu agradeceria.



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Estava apenas começando a chuviscar quando Carlisle virou na rua. Até então, ninguém havia conseguido se acalmar. Eleazer e Jasper trouxeram Seth para dentro, enquanto Rosalie ficava com Kate.

Ouviram o carro parar na entrada da casa e isso foi o suficiente para que Kate corresse até a porta.

Disse algumas coisas, tão rapidamente que até mesmo Carlisle tivera dificuldade em compreender. A voz de Kate soou baixa, no entanto, cheia de ansiedade.

— Você pode o ajudar?

— Isso já foi longe demais.

— Será que vai acontecer alguma coisa?

— Ele demonstrou alguns sintomas? — Carlisle tirou seu casaco e imediatamente se aproximou de Seth, que estava deitado no sofá. — Ele está ferido em alguma outra maneira?

— Não, só a mordida. — Kate sentia-se envergonhada só de ter de dizer em voz alta. Tinha sido graças a Jasper que não tinha o machucado ainda mais.

— Se ele estivesse ferido, poderia ser letal...não acredito ter algum problema, mas seria bom o observar enquanto o veneno saí de sua corrente sanguínea. — Kate se sentiu fraca de alívio.

— Eu cuido disso. — Sugeriu.

A expressão de Carlisle se endureceu.

Mas, concordou.

— Provavelmente é o melhor. Contudo, tome cuidado.

Kate sentiu-se pressionada, no entanto, era o mínimo depois de ter o machucado daquela forma. Tinha sido avisada sobre os perigos de se manter próxima e tinha escolhido ficar mesmo assim. A culpa era dela.

— Eu não vou machucar ele. — Olhou-o nos olhos. — De novo.

Carlisle pousou sua mão sobre a cabeça da garota em um carinho terno.

— Sei que não faria de propósito. — Sorriu. — Ele pode ficar no quarto de hóspedes, temos uma cama por lá.

— Acham que eu deveria avisar alguém? — Kate pensava em alguma maneira de abordar o assunto para Leah Clearwater, a irmã de Seth, que já não ia muito com a sua cara.

— Vamos falar com Jacob e deixar que ele decida. — Jasper disse.

— Por mim, não diríamos nada. — Rosalie disse.

— Só não avisem para Leah. — Seth, que até então não tinha dito coisa alguma, disse, ainda de olhos fechados. Sua testa suava em gotas e sua pele havia ganhado um tom levemente avermelhado, o que indicava que seu corpo estava mais quente do que o de costume.

— Por que não? — Kate se aproximou.

— Não vai querer lidar com o drama todo. — Ele dispensou a ideia.

Kate pousou sua mão sobre o braço de Seth, tendo uma ideia real de sua temperatura.

— Vou fazer algumas compressas de água para a febre. — Se levantou o mais rápido que pôde e sumiu em direção à cozinha.

Sozinha, Kate afundou suas mãos na pia enquanto preparava a bacia com água gelada. Ainda não podia acreditar no que tinha feito.

Por um segundo, tinha perdido mais do que o controle.

Nem sequer conseguia se desculpar pelo o que tinha feito. Não sentia merecer. Ele tinha a beijado porque confiava nela e ela tinha se mostrado não ser digna de qualquer confiança.

Não fazia ideia de como o olharia nos olhos de novo, uma vez que tudo isso acabasse.

Voltou com a bacia e algumas toalhas.

Ninguém parecia ter saído do lugar.

— Eu espero que isso ajude. — Ela colocou a toalha sobre a testa de Seth e ele pareceu acolher bem o seu toque. Cobriu a mão dela com a dele.

— Eu estou bem. — Os cantos de seus lábios se curvaram em um doloroso sorriso.

— Não está não. — Ela revirou os olhos. — Pode me odiar se quiser.

Na verdade, ela adoraria que ele nunca mais desejasse a ver de novo.

Seria muito mais fácil daquela maneira.

— Você sabe que eu não conseguiria.

Agora ele sorria abertamente, mostrando todos os seus dentes.

Ela suspirou em protesto.

— E era disso que eu falava quando disse que eu não era boa para você. — Fechou os olhos por alguns segundos. — Eu sou, literalmente, venenosa para você, Seth.

— Eu não me lembro de já ter me importado com isso.

— Posso te dar alguns nomes que, não vão gostar nada de saber o que aconteceu.

Abriu um sorriso torto.

— Ninguém mais importa.  — Disse.

Mas isso não a fazia se sentir melhor.

No máximo, piorava tudo ainda mais.

— Eu poderia o levar para o hospital e fazer alguns exames. — Carlisle disse.

— Não haveriam suspeitas? — Rosalie perguntou.

— Posso só o examinar aqui também. — Carlisle pareceu concordar.

Kate não queria se afastar para que Carlisle o examinasse, mas a convenceram. Ela ainda não tinha se alimentado e poderia não ser seguro. O frenezi tinha sido deixado de lado com o susto que o grito de Seth, ao ser mordido, provocou, mas, não havia qualquer garantia de que ele não retornaria.

Seth ainda não sabia que Kate não conseguia sobreviver de sangue de animais.

Era mais uma preocupação a se pensar.

Na cozinha, segurando o copo metálico por entre as mãos, ela mal pôde acreditar no que tinha se reduzido. A um dia atrás, sentia-se imparável, controle sob as mãos, finalmente conseguindo caminhar com suas próprias pernas. Finalmente podia dizer saber qual era o seu dom e estava a um passo de começar a trabalhar nele de verdade.

Agora...agora ela tinha machucado, novamente, quem ela não desejava machucar.

Isso vinha acontecendo com mais frequência do que desejava.

— Não é sua culpa. — Rosalie disse. — Eu teria feito pior quando era uma recém-criada.

— Mas, você consegue viver com sangue de animais.

— Kate, vai ficar tudo bem.

— Eu não vejo isso acontecendo.

No momento, ela se sentia como uma ameaça.

A única coisa que poderia causar problemas a um cenário perfeitamente construído.

— Mas vai.

— E se os lobos souberem? Eu poderia ter acabado com o tratado.

Jacob e Nessie nunca seriam capazes de a perdoar.

Ela nunca seria capaz de se perdoar.

— Kate. — Eleazer entrou na cozinha. — Vamos continuar?

Ela apertou ainda mais o copo por entre os dedos.

— Sério? Acha que agora é a melhor hora?

— Não vai ajudar não fazer nada, exatamente.

Kate pareceu pensar.

— Eu quero cuidar dele.

— Carlisle vai o examinar agora, não tem nada que você possa fazer. — Ela não sabia se tinha sido a lógica ou o sotaque espanhol - antigo, - que tinha a convencido.

Agora, eram somente os dois e ele queria que ela entrasse em sua cabeça. Kate não sabia se funcionaria, sua consciência não estava completamente ali.

Eleazer tinha as suas maneira de chamar a sua atenção. Algumas palavras aqui ou ali que a ajudavam a continuar, no entanto, não ajudava muito diante a situação. Kate queria saber o que estava acontecendo dentro da casa e não suportava estar longe, mesmo que fossem por apenas alguns metros.

— Carlisle disse que trabalhou com os Volturi. — Ela não fazia nem ideia do porque do assunto ter lhe passado pela cabeça.

Não era a melhor maneira para se distrair.

— Alguns anos...até conhecer Carmen, mudei completamente o meu estilo de vida por ela. — E ali estava mais um exemplo de um desses romances épicos que só pareciam acontecer por entre criaturas sobrenaturais.

— E...como eles eram?

— Por que não treinamos um pouco mais e eu te conto tudo o que quer saber? — Era um bom incentivo.

Inconscientemente, ela o obedeceu.

Talvez não tivesse percebido o quanto estava interessada no assunto, até agora.

Kate não era boa naquilo. Para falar a verdade, não sabia a menor ideia do que estava fazendo ou de como fazia, mas, Eleazer era bom em ensinar. Tinha tido algumas manifestações. Foi mais fácil entrar na cabeça de Rosalie, antes, do que na de Eleazer.

Entrar na mente, era sobre destruir paredes invisíveis, porém, realmente sólidas. A mente parecia ser formada por várias camadas e o quão mais antiga a lembrança, mais profunda a camada na qual está guardada. Para controlar alguém, ela deveria derrubar todas as paredes, rapidamente, e deixar a mente completamente vulnerável.

Para criar novas lembranças que não são reais, deveria moldar as lembranças que tinha da forma que desejava, mas, isso não parecia ser mais fácil.

— Quando dominar a primeira fase, vai ser fácil selecionar até onde desejava ter acesso e o que deseja ver. — Eleazer disse. — Mas, você está indo bem.

— Isso não é fácil.

— Tente pensar que é uma outra parte de você, um membro que pode controlar com um impulso, assim como todos os outros.

Ela conseguiu ter uma ideia melhor daquela forma.

— É só mais um braço...é só mais um braço. — Repetiu, enquanto ia para mais uma tentativa.

Kate tinha se alimentado e seus sentidos estavam mais aguçados do que nunca. Quando ouviu Eleazer gritar e levar as duas mãos contra as têmporas, soube estar quase lá. Não demorou muito para que se sentisse dentro.

Sabia estar causando dor, mas continuou.

Era a única maneira.

Contudo, não conseguiu ir muito mais longe do que tinha ido dentro da cabeça de Alice. No entanto, era a primeira vez que ela o fazia porque queria. Sentiu-se ser puxada para fora.

Tentaram mais algumas vezes. O suficiente para que Kate tivesse uma noção de como começar. Seu dom não parecia ser tão difícil de ser manipulado e como o de Edward, poderia vir a se desenvolver mais rápido do que pensava.

— Será que consigo controlar mais de uma pessoa por vez? — Os olhos de Kate eram ambiciosos e cheios de vontade.

— Pode tentar! Talvez seja possível, não vejo porque não.

— De noite, podemos ir de novo?

Kate não conseguia segurar seu entusiasmo. Aquilo poderia ser a única coisa na qual era, verdadeiramente, boa, além de nadar.

— O que preferir. — Eleazer sorriu.

— Agora...sobre os Volturi. — Kate não esqueceria, ainda que quisesse.

 

“Os Volturi não devem, supostamente, serem os vilões. Ainda que pareça ser assim para vocês. Eles são a fundação de nossa paz e civilização.”  

― Edward para Bella Cullen e Jacob Black.

 

— O meu trabalho era encontrar vampiros, ou humanos, habilidosos. — Ele começou. — às vezes, encontrava-os em algum clã inimigo ou, me mandavam ao redor do mundo para procurar. Aro se considera um colecionador.

— Como eles eram?

— Eu não concordava com o estilo de vida completamente mas, sempre acreditei estar servindo um bem maior. — Eleazer pareceu pensar. — Aro é um controlador absoluto, muitas vezes a sua personalidade não o entrega, mas, tem muito o que ele esconde.

“Marcus é um mártir eterno. Desde que perdeu sua companheira, jamais sendo capaz de encontrar o culpado, é difícil o ver falar mais do que uma frase. Parece estar constantemente sob tortura, mas, tem o dom de dizer a intensidade do relacionamento dos outros, o que é um dom valiosíssimo, em conjunto ao de Chelsea.”

— Chelsea?

— Ela também faz parte da guarda, mas Aro a coloca em uma posição altíssima. Ela consegue desmanchar, ou criar, laços, por entre duas pessoas e é uma ilusão tão forte que, pode durar por anos dependendo do quão exposto ao seu dom, a criatura foi.

— Ela poderia fazer com que dois amantes se odiassem?

— Não, isso não! Nem ela é capaz de desfazer algo tão real. — Ele sorriu. — Não seria capaz de quebrar, também, o que você e Carlisle tem, por exemplo. Sempre seriam uma família.

— Então, o que ela pode fazer?

— Pode fazer com que outros se sintam leais a Aro. — Kate se surpreendeu. Seu dom não lhe parecia tão destrutível agora. A ideia de manipular relacionamentos ia além do que ela poderia se colocar a imaginar. — Caius...— Ele continuou. A breve menção do nome, fez com que o corpo de Kate parasse de se mexer. — Caius está constantemente bravo.

— Constantemente bravo? — Ela não pode conter o sorriso.

— Ele não tem nenhum poder em especial e foi, literalmente, o seu poder de odiar os outros, que fez com que Aro se juntasse a ele.

— Então...o dom dele é...odiar os outros?

— Basicamente! Caius é o mais sádico dos três, o bastante para sentir prazer em cada condenação que caí em suas mãos. — Arrepios a percorreram pela espinha. — Quase foi morto por um lobisomem a alguns séculos atrás e em resposta, caçou todos à quase extinção. Ele não tem qualquer piedade.

— Ninguém pode ser tão ruim assim. — Kate se pegou dizendo.

— Ele não teria deixado os Cullen saírem vivos, matou Irina pelo prazer de não sair daqui sem tirar uma vida, já que não pode tirar a de Edward, Bella e Renesmee.

— Irina?

— Carlisle não te contou?

— Carlisle não me contou muitas coisas.

— Então, talvez deva perguntar a ele depois. — Eleazer desviou-se do assunto.

Mas, Kate tinha uma ideia melhor.

Renesmee poderia lhe mostrar.

A primeira coisa que fez ao voltar para casa, foi procurar por Seth. Ele parecia ter adormecido, mas, sua temperatura não parecia ter diminuído.

No minuto que estava de volta, voltou a sentir o peso de suas ações. 

— Ele vai se curar rápido, só não tão rápido como de costume. — Carlisle procurou a tranquilizar.

— Pelo menos ele dormiu. — Rosalie sorriu.

— Renesmee já chegou em casa? — Kate perguntou. 

— Foi em casa trocar de roupa e deve vir para cá antes que Jacob chegue. — Carlisle disse.

— Vou tomar um banho. — Kate disse. Ela ainda tinha o sangue de Seth em suas roupas. — Podem pedir a ela que venha conversar comigo quando voltar?

— Tudo bem. — Rosalie concordou.

Ela precisava de um banho. Longo o suficiente para que se sentisse completamente limpa, ainda que a água não pudesse lavar sua consciência, e rápido o bastante para que não demorasse a voltar. 

Só mais alguns segundos antes de cair mais uma vez na realidade “Volturi e Clearwater,” na qual havia se metido.

Queria poder solidificar seus sentimentos. Caius tinha a feito se sentir livre, sem amarras, por uma noite, sem odiar parte do que havia se tornado. Quando estava ao seu lado, ele era capaz de a deixar tensa e desesperada, ser irresponsável e ignorante, mas, quando queria, também parecia ser capaz de a livrar de qualquer preocupação.

Quando correu ao seu lado, jamais se sentiu tão livre.

Ele tinha a enfiado em uma multidão de pessoas, mas, tinha a feito perceber que poderia o fazer sem matar ninguém.

Kate podia perceber, que o fogo a queimar dentro dele, era mais intenso do que aquele ao seu redor.

Ele podia a fazer se arrepender, quanto podia a fazer pedir por mais.

Talvez pudesse controlar todo o resto, mas, ele jamais seria controlado e ela confessava que, era exatamente isso que a fazia voltar...e voltar. Ele era o pecado que poderia a levar à graça. Algo errado que, ela sabia ser errado, mas o fazia mesmo assim.

O mundo que Caius representava, era algo que não conhecia, mas que, de sua maneira torta, às vezes, acreditava se encaixar.

E ela sentia ter visto tão pouco, pouco demais para saber o que significava. Pouco demais para poder dizer. Quanto mais conhecia, sempre lhe parecia não ser o suficiente e queria mais.

Tinha o visto pouco demais, talvez devesse o ver novamente, se arriscar a descobrir o que era aquilo, tentar o entender.

Contudo, Seth era o seu amor potencial. Alguém que você sabe não amar, mas sabe ser capaz de amar algum dia. Como uma flor ainda não brotada, no entanto, prestes a brotar, ela podia se sentir perto de o amar.

Kate gostava de Seth.

Gostava muito.

Pensava sobre ele quase o tempo todo, mas, ainda não o amava. Porém, ela poderia, sabia que poderia.

Era decidir entre o desconfortável e o confortável.

Decidiu parar de pensar, não havia o porquê forçar uma decisão que ainda nem tinha certeza se precisava fazer. Contudo, imaginava a maneira que Seth se sentiria se ela lhe contasse toda a verdade.

Não demoraria muito, ele já sabia que ela não tinha saído sozinho e era só uma questão de tempo até que Jacob soubesse e contasse para Renesmee.

Quando saiu do banho, vestiu-se o mais rápido que pôde e ao voltar para o quarto, Renesmee a esperava. O olhar em seu rosto, dizia-lhe que já sabia o que tinha acontecido com Seth e Kate não podia dizer o suportar. Ela já se sentia culpada por si só.

— Eu não queria ter feito…

— Me disseram que queria conversar. — Renesmee a cortou.

Ótimo. Agora ela também parecia estar brava.

Talvez aquele não fosse o melhor momento para lhe pedir um favor.

— Eu queria saber se você poderia me ajudar a saber o que aconteceu com os Volturi e os Cullen, a algum tempo atrás. — Não enrolou e foi logo ao assunto, antes que ela mesma decidisse fugir.

— O “negócio,” comigo?

— Aham. — Kate não fazia a menor ideia, mas teria de ser.

— Acha mesmo que agora é uma boa hora?

— Eu não acho que tenha uma boa hora.

— Conto se você me disser por onde tem andado nos últimos dias.

Então teria que ser daquela maneira.

— Fechado. — Kate acreditou parecer justo.

Rapidamente, aproximou-se de Renesmee. Ambas hesitaram por um instante, no entanto, não demorou muito para que Nessie pousasse sua mão contra o rosto de Kate.

As imagens fluíam com facilidade. Renesmee não precisava mostrar muito além daquilo que exatamente desejava mostrar. Era um dom, incrivelmente, peculiar.

Kate pôde identificar o rosto dele por entre as lembranças de Nessie. Sempre ao fundo. Um outro rosto, que não conhecia, parecia se envolver mais do que ele. Ela não o viu dizer muito, não o viu se mexer muito, mas, foi capaz de ler a raiva em seu olhar.

Uma raiva que ainda não conhecia, que, ele ainda não havia lhe mostrado.

Viu-o matar alguém, assim como Eleazer o dissera ter feito. Talvez...ele não fosse tão diferente das histórias que a contavam.

Esperto como o diabo e duas vezes mais bonito.

Ela tinha alguns anos de vida, enquanto ele carregava vinte e cinco séculos, não era difícil dizer quem tinha a vantagem.

— Pronto? — Renesmee puxou sua mão rapidamente. Kate, por outro lado, ainda procurava assimilar o que tinha visto. — Agora pode ir falando.

— Eu...— Kate não sabia, exatamente, o que dizer.

Como a contaria que o cara com quem vinha “saindo,” era exatamente o assassino a sangue frio de suas memórias? Renesmee não o via de uma maneira muito agradável, ela poderia dizer, assim como os Cullen, provavelmente, também não o veriam.

— Você…? — Nessie insistiu.

— Eu conheci alguém! Um vampiro também e ele tem me ajudado a controlar meus impulsos. — Não era mentira, ainda que não fosse toda a verdade.

— Alguém? É ele quem tá matando todas aquelas pessoas? — Agora, ela não tinha mais certeza.

— Ele me disse que não! Disse que tem mais alguém por aí. — E Kate esperava que, pelo menos isso, fosse real.

— E esse cara? Você gosta dele ou algo do tipo? — Renesmee a perguntou com olhos furtivos.

A pergunta a pegou de surpresa.

Ela nunca tinha parado para pensar, daquela maneira, exatamente.

— Acho melhor irmos dar uma olhada em Seth.— Kate cravou seus olhos contra a parede de vidro, passando a observar a floresta, agora completamente escura.

Tornou-se tensa.

— Já entendi. — Nessie sorriu. — Só tenha certeza antes de machucar Seth...de novo.

Renesmee foi a primeira a deixar o quarto, mas, ela se jogou pela porta contrária.

Aterrisou com facilidade ao chão. Logo colocando-se de pé, cruzando os braços e abaixando a cabeça. Ela não podia acreditar que ele estava ali. A presença dele era o suficiente para preencher a distância na qual se encontravam ou, devorar qualquer sombra que os cercasse.

Não precisava o olhar, para saber que ele mantinha seus olhos cravados sobre ela.

O veneno, mais uma vez, se acumulou por entre seus lábios.

Fechou os olhos por alguns segundos.

Ficava mais difícil a cada instante. Seu corpo parecia pesar uma tonelada, enquanto ninguém mais carregava o mesmo peso. Agora, estava diante à duas versões: A que ela havia jurado conhecer dele e a que haviam lhe mostrado naquele dia. Não fazia a menor ideia de qual das duas, a encaravam naquele exato momento.

Não o via a quase dois dias, mas jurava ter se passado uma eternidade.

— Katerina. — Ele a cumprimentou.

Ela o olhou nos olhos.

Tinha algo que poderia fazer, algo que facilitaria sua confusão. No entanto, não sabia se o podia fazer.

Não haviam regras que a impedissem. Se lembrava de cada uma delas.

Entretanto, ela ainda não era muito boa.

— Caius...— Se aproximou. Talvez aquilo pudesse dar certo.

Segurou o rosto dele por entre suas mãos. Notou que ele desejava evitar o seu contato, mas, continuou-o. Não faria muito...só o suficiente.

Ele mordeu os lábios quando a sentiu dentro de sua cabeça.

Ela não conseguia fazer muito, não foi muito além e suas memórias lhe pareciam desordenadas, antes de ser puxada para fora.

— O que...— Ele a olhou, confuso, tirando as mãos dela de seu rosto e se afastando.

— Realmente é o que dizem...você está constantemente bravo. — Ela sorriu.

Seus sentidos adormeceram enquanto ainda se mantinha próxima dele. Ela nunca poderia dizer se era seguro se aproximar, ou se ele a queimaria em seguida. Curiosamente, Seth era aquele quem de fato pegava fogo, mas, Caius era perigoso. 

Ele não se deixava conhecer e Kate tinha se pegado, mais de uma vez, andando sobre um terreno sem chão, pronta para cair a qualquer instante. 

— Eu faço coisas muito ruins… e as faço muito bem. — Caius pareceu se orgulhar, ainda que, se sentisse incomodado.

A maneira como ele a olhava em curiosidade. Agora era ela quem tinha dúvidas. Adoraria saber o que os "Volturi," fariam para colocar suas mãos sobre ela. 

O que ele faria para colocar suas mãos sobre ela?

— Nunca parou para pensar que talvez...deveríamos parar de fazer isso? Nos encontrar digo… — Ela abaixou a cabeça mais uma vez.

Havia algo maior do que sua curiosidade. 

O senso de responsabilidade que, por mais que desejasse abandonar, era o certo a se fazer. 

— Talvez.

— Então...deixemos desta maneira. — Em um último instante, envolveu-o em seus braços, puxando-o para um abraço. Ele não a abraçou de volta, Kate não esperava que o fizesse.

Tinha o feito para ver como reagiria. E como pensou, ele não era do tipo de quem abraçava. 

Soltou-o e o deu as costas, voltando para a casa. Devia isso aos Cullen. Devia isso a Seth. 

Ela tinha escolhido ficar.


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