Damned escrita por IS Maria


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Bom, eu não sei com qual frequência vou postar, mas prometo avisar caso haja alguma desistência de minha parte. ( Eu sempre tenho esses surtos de criatividade sempre que assisto crepúsculo e pareço não conseguir ficar longe de escrever).
Espero que, quem quer que leia, goste.
Ps: Poderão haver pedaços dos livros, citações...muitos personagens...mas se aparecerem, vou deixar claro que é do livro e que é uma citação, não de minha autoria.
I.S Oliveira



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As memórias eram claras…

 

São incontáveis os desejos que possuímos diante a necessidade de respirar. Ao envelhecer, maiores são os anseios e menos se compreende o sentido das coisas.  Uma vida sem dores ou preocupações acaba por não ser vida alguma. No entanto, ainda que não se tenha nada além das angústias, no fundo, até a mais desolada das almas, é tomada por um só instinto...sobreviver.

 

A morte é fácil, fria, sem preocupações...a vida é mais difícil... no entanto, até a menor partícula de nós, parece lutar para permanecer vivendo.

 

Claro que não se sabe o que esperar e quando ela - a morte - chega, temos a mais genuína prova do quão frágil toda a existência de qualquer singular criatura, é...ou ainda para nos mostrar que na verdade, não sabemos de nada e nunca entendemos nada e provavelmente nunca iremos.

 

...

 

Tinha visto o bastante para já ter se acostumado com a vista, mas, tendo ainda - aparentemente - não visto suficiente, mesmo depois de passar dias a olhar pela mesma janela, não acreditava que algum dia se cansaria da paisagem adormecida de Forks.

Naquela manhã, uma flor havia florescido no musgo. Não era muito, mas aquela pequena e insignificante mudança no cenário que já havia visto milhares de vezes, foi responsável por uma euforia fora do normal.

Estava presa a uma cama de hospital, mas, de repente, foi como se pudesse sentir as pétalas da flor por entre seus dedos, mais uma vez.

Agora que mal podia se sustentar de pé sozinha, percebeu o quão fraca qualquer pessoa poderia vir a ser. Foi como se esse dia nunca fosse chegar, o dia em que ela não poderia nem mais andar. O triste era perceber que não sentiria falta de nada depois que deixasse aquele lugar.

Ela não tinha ninguém para lamentar a sua perda ou chorar por ela. Não havia sobrado ninguém para sequer a visitar e o último rosto do qual se lembraria - caso pudesse se lembrar de algo depois do fim. - seria o do último médico a entrar em seu quarto.  Lamentar não combinava nenhum pouco com ela, estava conformada.

Teimosa, forçou-se a ficar de pé.

Uma última vez tocaria o chão...

Uma última vez, caminharia até a janela...

Dois segundos e dois passos depois, suas pernas já haviam desistido, não a deixando com nada além de uma dor excruciante em cada um dos ossos que forçava, a fazendo ir ao chão. O baque foi pior do que ela imaginava. Tomada por um profundo enjoo nauseante, curvou-se contra o chão... estava tonta... retornar a cama seria impossível.

" C-carlisle..." Sussurrou, vendo a porta se romper em seguida. Ele estava ali. Estava ali para a salvar.

Era incrível o quanto um único rosto poderia trazer um alívio tão profundo.

Ele a trouxe para os braços imediatamente e pelos olhos dele, ela soube que a hora havia chegado. Assim do nada? Depois de um mínimo esforço? Não importava realmente, ia chegar de qualquer maneira e sinceramente, ela estava satisfeita que o rosto dele seria o último que ela veria. Ele havia sido, nos últimos meses, a família que ela nunca havia tido.

— Eu vou morrer - Murmurou. Lágrimas lhe deixaram os olhos.

 

— Vai. - Ele a olhou, em tormenta.

 

— Obrigada... - Ela suspirou, em profunda agonia. Seu espírito estava em paz com o próprio destino. Mas o que era aquela mania de...ser egoísta demais para simplesmente deixar as coisas seguirem? Humanidade?

 

Em seus últimos instantes, permitiu-se desmanchar e no fundo, mesmo sabendo ser impossível, desejou que aquele segundo não fosse o seu último e que tivesse um pouco mais de tempo para ver flores florescendo no musgo.

Olhou nos olhos dourados que ainda a mantinham firme. Nunca tinha parado para pensar em como seria quando morresse, mas aquela lhe parecia uma boa maneira de partir...nos braços da única pessoa que parecia ter se preocupado com ela em toda uma vida. Enquanto suas últimas células ainda lutavam contra o destino inevitável, uma lágrima, tão fraca quanto qualquer outro sinal vital que saísse dela, a deixou...como um último suspiro incompreendido.

 

Perdeu a visão… e a morte veio...fácil…

A morte era fácil e ela já esperava que fosse, mas o que via depois, era algo além de sua compreensão. Amassada, queimada...devorada...engolida. Seu corpo pegou fogo e seu espírito se dividiu enquanto parte se mantinha fiel à sua consciência - que lutava para não ser devorada pelas chamas - e parte se entregava ao que quer que aquilo fosse.

Seus membros foram tomados….e foi como se sua carne estivesse sendo arrancada de si por garras cheias de ácido…

Seu sangue havia se tornado lava quente contra suas veias…

Percebeu que nenhuma das dores que já sentiu antes se comparava a aquilo. Estava tomada pelo fogo e era quente...muito muito muito quente. Queria gritar...talvez tenha gritado...não sabia mais dizer.

O coração foi o último a pegar fogo, fazendo-a admitir que era fraca demais para sobreviver diante aquilo, que todo o seu instinto de sobrevivência havia ido bater pernas em qualquer outro canto e que aquela dor não valia a pena...nem por mais um outro dia de vida.

Estava queimando… não sabia como descrever além de, estar pegando fogo. Era dilacerante e não havia nenhum conforto. Era estar diante a todos os seus piores medos e os preferir em um piscar de olhos para não ter que sentir mais um segundo daquilo.

Quis morrer...verdadeiramente e literalmente morrer.


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