21st Century Girls escrita por LahChase


Capítulo 5
V: O Risco Que Vale A Pena


Notas iniciais do capítulo

Heeey ARMY! ^^
Mais um capítulo para vocês!! ^^
Gente, estive escrevendo todos os outros com uma ponta de drama, mas esse eu quis descontrair mais um pouco, seguindo a personalidade do nosso querido alien. Mas vamos esperar alguns sinceros sentimentos também! Espero sinceramente que gostem do capítulo ^^ Ele ficou bem grande, mas acabei não precisando dividir hahah
Tenho que agradecer muito pelo amor de vocês!
Unicórnio Flamejante, Sakyra. Beka, Mellorinechan e MurasakiiroNoKao... Muito obrigada por seus comentários nos últimos dois capítulos!
Esse capítulo teve a participação especial da minha Best Forever Vicky. Obrigada por aguentar minhas inseguranças ^^
Sem mais delongas...



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Okay, então... Este é o relato sobre como eu conheci meu utt, e o motivo de a primeira coisa que eu fiz ao encontrá-lo foi dar um tapa na sua cara.

O dia começou mais estranho que o normal. Aos dezessete anos, é comum que uma garota como eu durma até tarde em uma manhã de sábado, mas, ao invés disso, fui tirada da cama logo cedo pela ditadora em que minha mãe se transforma em dia de feira do mês. Como se já não bastasse ter sido arrancada da cama e arrastada para o supermercado (só pra ficar mofando na fila pra ela não precisar demorar), eu ainda tinha que encontrar aquela pessoa. Minha tia maníaca por moda, e podre de rica, Carla.

Agora eis a pausa para a explicação necessária. Meu nome é Marina, tenho 17 anos e vivo em Recife. Há três anos entrei pra vida de K-popper e desde então minha vida social quase foi extinta (brincadeira, eu ainda vivo), já que eu comecei até mesmo a cursar coreano, e a fazer aulas de canto (como pode ver, eu ainda vivo). Eu nunca fui de ficar na superfície das coisas. Se eu entrava pra um fandom, era de corpo e alma.

Minha fase de vício em séries americanas me fez atazanar minha mãe até que ela me colocasse em um curso de inglês e me levasse para um curto intercâmbio de três semanas na Flórida. Depois disso, os animes e o Karate me fizeram querer aprender japonês, o que não passou da vontade porque na época não tivemos condições. O K-pop só apareceu depois que migrei pro Taekwondo, e uma das minhas colegas de treino mostrou pra mim algumas músicas. As outras fases tinham passado mais rápido, para ser sincera.

Mas, voltando a tia Carla...

Acontecia que minha tia era do tipo que quer sobrinha estilo socialite, e eu sou do tipo que vestia o que quer e ferre-se o mundo. Minhas roupas variavam entre o sol e arco-íris, e monocromia. Sério, eu simplesmente vestia o que dava na telha. De qualquer jeito, enquanto minhas vestimentas se encaixavam nos ideais de tia Carla, eu não tinha problemas, mas com a fase K-popper da minha vida, minha paz com ela se foi. As blusas lindas e maravilhosas com os nomes dos grupos e integrantes eram, na visão dela, um desperdício de dinheiro e serviam para, no máximo, usar pra dormir.

Quando dei de cara com tia Carla no posto de gasolina, amaldiçoei o momento em que havia escolhido um casaco preto com um colete à prova de balas estampado para aguentar o clima frio que fazia (o que é milagre na minha cidade), bem como o colar ARMY que eu sempre usava. Ela encarou a sigla BTS por alguns segundos antes de abrir um sorriso forçado.

— Mari, meu bem! – disse, abraçando-me – Senti sua falta! Desde o aniversário da sua prima você não apareceu mais lá em casa. Já faz quase um mês.

“Também, depois daquele fiasco...” pensei, mas apenas sorri em resposta.

— Carla. – minha mãe cumprimentou ao voltar do pagamento – Como vai?

As duas trocaram beijinhos e notícias sobre a família. Senti meu pé começar a bater inconscientemente, hiperativo, enquanto eu gritava mentalmente que queria voltar logo para casa, antes que tia Carla tivesse alguma de suas ideias repentinas. Foi por pouco. Por muito pouco. Se mamãe não tivesse perguntado para onde ela estava indo, talvez eu tivesse escapado ilesa. Mas nessa hora eu vi os olhos de tia Carla brilharem – de uma forma bem menos amigável ao meu ver que ao de minha mãe – e então soube que não tinha mais volta.

E foi assim que eu acabei entrando em uma loja onde todas as roupas vendidas me custariam os olhos para poder pagar. Não bastasse ter que acompanhar, ainda me empurraram umas três peças pra provar.

— E, se couberem direitinho, use esse cartão para comprá-las – minha tia disse, em um tom que deixava pouco espaço para discussões – A senha está no papel. Eu e sua mãe vamos à loja de sapatos, logo ali.

— Não entendo, eu não quero comprar, mesmo. – resmunguei enquanto caminhava sozinha até o provador – Ah, se eu pudesse... Se eu pudesse dizer um “chega” nessa palhaçada... Mas com mamãe aqui, não vou ter escolha ao não ser dar a minha tradicional escapadi...

Parei no meio de minha reclamação quando meus olhos pousaram em uma sessão com camisetas nerds. Meus olhos brilharam na hora, e precisei juntar toda a minha força de vontade pra não pegar aquelas para provar também. Mais algumas tinham frases em japonês e coreano estampadas em artes belíssimas. Quase senti a baba escorrer nessa hora.

Eu me controlei e apressei o passo em direção ao provador.

Aqui as coisas começaram a complicar.

A cabine estreita não tinha – para o meu desgosto – cabides onde colocar as roupas, por isso, eu as pendurei na divisória entre um provador e outro. Quando tirei do corpo a segunda blusa, acabei sendo descuidada e jogando tudo junto do outro lado.

Arquejei.

— Ah! Droga! – reclamei, percebendo que teria que sair de top se quisesse ir buscar até mesmo o meu próprio casaco – O que eu faço...?

Ouvi vozes por perto, e estava prestes a pedir por ajuda quando notei que eram masculinas. Cobri a mão com a boca, tentando pensar em um jeito de resolver aquilo.

“Quando não tiver ninguém por perto, eu corro para o provador ao lado” decidi, e agucei os ouvidos.

O que veio a seguir aconteceu muito rápido: senti uma força ser exercida contra a porta em que encostava o rosto e fui jogada para trás, logo batendo os olhos em um corpo masculino invadindo o provador, de costas para mim. Assustada, colei as costas contra a parede e preparei um grito, mas nessa hora o garoto se virou e, arregalando os olhos repuxados, cobriu minha boca com a mão no que pareceu um movimento involuntário. Ele gesticulou desesperadamente para mim com a mão livre, pedindo silêncio, mas eu não pude me acalmar, com minha mente gritando “hentai!” repetidamente. Foi quando ergui a mão contra sua face, produzindo um som ardido.

Eu sempre achei que, sendo treinada em Karate e Taekwondo, nunca estaria vulnerável diante de homens aproveitadores, ou de algum tipo de violência. No entanto, ali estava eu, pateticamente estapeando sem jeito um garoto quase tão desesperado quanto eu.

— Aya! – a voz dele era grave e rouca, enquanto ele lutava para segurar meus braços para evitar os golpes. Mais meio mundo de palavras jorrou de sua boca, e eu demorei alguns segundos antes de perceber que as entendia perfeitamente, de repente consciente de que eram proferidas em coreano – Aya! Desculpa, desculpa! Para com isso!

Meus olhos devem ter ficado do tamanho de duas maçãs nesse momento.

Os olhos repuxados, a forma quadrada de mostrar os dentes, aquela voz árida e suave ao mesmo tempo, mesmo os fios de cabelo que viviam mudando de cor... eu os reconheci todos, e por um momento duvidei dos meus olhos. Congelei na posição em que estava: a perna pronta para se erguer em um chute, o peito subindo e descendo com a respiração acelerada e ambos os braços sendo segurados por Kim Taehyung.

— Droga. – foi o que me escapou pelos lábios, o gatilho para dezenas de outras sentenças em português: - Ah, estou sonhando de novo. Isso não é bom... não me lembro de voltar pra casa, isso significa que caí no sono no meio do provador?

Taehyung respondeu em coreano:

— Desculpe, não entendo nada.

Franzi a testa, e então disse na mesma língua que ele:

— Estranho, normalmente não preciso mudar de idioma pra falar com vocês nos meus sonhos.

— Você fala coreano! – ele pareceu deslumbrado, e então pareceu se dar conta do que eu havia falado – Sonhos?

Suspirei, convencida de que precisava acordar.

— V Oppa, queria poder ficar com você aqui, mas eu realmente preciso acordar agora. Acho que adormeci no meio do shopping. – falei, pronta para me beliscar.

O garoto piscou, e então esboçou seu sorriso fofo, que pareceu tão realista que não pude deixar de retribuir.

— Você não está sonhando! – ele declarou, em um tom feliz, o que fez meu sorriso desmanchar.

Um.

Dois.

Três...

— O que?

Ele apertou meu nariz de leve.

— Viu? Estou aqui de verdade.

Quatro.

Cinco.

Seiseteoito!

Okay, certo. Eu virei um turbilhão novamente, e ele, de olhos arregalados, precisou cobrir minha boca de novo para impedir meus gritos.

— Ah, silêncio, por favor!! Eles vão vir atrás de mim!

Eu me obriguei a me acalmar, e então assenti enfaticamente. Desconfiado, ele lentamente tirou a mão dos meus lábios e eu mantive minha boca selada, apesar de a bagunça permanecer em minha mente. Fitei aqueles olhos orientais, a cor escura mascarada por uma lente de contato azul, o cabelo perfeitamente liso com mechas tingidas de verde, no estilo que recentemente me fizera passar minutos inteiros fitando a tela do celular, onde sua foto estava de papel de parede. Estávamos perto um do outro. Perto até de mais, o que fazia minha respiração ser incapaz de se normalizar, apertados no provador.

Talvez tenhamos ficado um minuto inteiro assim, até que eu fosse capaz de recuperar meu autocontrole e falar em coreano, ainda um tanto ofegante:

— Você... É mesmo Taehyung Oppa?

Ele sorriu quadrado e eu tive certeza.

— Okay, isso é de mais para mim. – resmunguei, levando as mãos ao cabelo e então fitando-o novamente – Oppa, faça alguma coisa, não consigo pensar direito.

O garoto se moveu, tentando colocar uma distância mais apropriada entre nossos corpos.

— Ahn... Qual é o seu nome? – perguntou lentamente.

Arregalei os olhos, notando que estivera dando chilique até agora. Precisava ao menos fingir ser uma pessoa equilibrada.

Eu me curvei, ou quase isso – era o possível no espaço apertado.

— Meu nome é Marina, por favor, sinta-se à vontade para me chamar de Mali – respondi, sabendo que a pronúncia do ‘r’ seria complicada para ele– Prazer em conhecê-lo.

Ele correspondeu.

— Sou Kim Taehyung. Mas acho que você já sabe disso.

Fiquei vermelha.

— É, bem...

— Você é ARMY, certo?

Assenti, e então franzi a testa.

— O que está fazendo aqui? – perguntei – Pensei que o Bangtan só chegaria no Brasil semana que vem, e apenas em São Paulo!

— Bem, oficialmente sim, mas estamos tirando uma folga. Os membros estão cansados e o PD resolveu que era melhor dar uma pausa para mantermos a saúde. Então estamos meio que disfarçados aqui.

— Oh, entendo. – respondi – Por favor, cuidem bem de seus corpos, pelo bem das ARMYs.

Ele abriu um sorriso fofo, fechando os olhos.

— Ye! Obrigado pela preocupação. – falou, e então pareceu lembrar de algo – Ah! Mali, você é brasileira, certo? Será que poderia me ajudar?

Meu coração deu uma batida descompassada, mas controlei meu tom de voz. “Pessoa equilibrada, pessoa equilibrada” pensei.

— Claro, do que precisa? – franzi a testa – Aliás, o que diabos aconteceu para você ter entrado correndo em um trocador feminino?

— Ah, bem... É uma longa história.

Sorri.

— Não estou com pressa. – na verdade podia passar o resto da vida ali com ele, mas dizer isso não atenderia ao meu objetivo de parecer uma pessoa equilibrada. 

Taehyung colocou a mão na nuca. 

— Bom, nós todos estávamos aqui perto, passeando. Suga hyung comprou um café e o estava tomando, mas... Digamos que eu derrubei na roupa dele. Ele reclamou que havia perdido o café todo e que a roupa estava estragada, e me fez voltar o caminho todo até o lugar onde ele havia comprado o café pra pagar outro pra ele. Eu voltei sozinho, mas começou a chover e eu corri pra me abrigar no Shopping. Acontece que eu vi umas garotas andando com camisas de BTS, e nosso PD disse que não podemos deixar ninguém descobrir que estamos aqui, então corri para dentro da loja... E derrubei o outro café. Em uma roupa branca. 

Arregalei os olhos. Eita problemão.

— E então...? – incentivei. 

— E então que um cara enorme veio até mim com uma cara zangada e falou um monte de coisa que eu não entendia, chamando atenção. As pessoas começaram a olhar, vi ARMYs por perto... Entrei em desespero... E corri.

Bati a palma da mão na testa. 

— Só pode estar brincando. – reclamei, por um momento parecendo estar falando com uma criança – Tae Oppa, por que não tentou se explicar? 

Ele apontou para o próprio rosto. 

— Jo no hablo espanhol. 

Revirei os olhos. 

— Português. – corrigi – No Brasil falamos Português. 

Ele deu um sorriso culpado. 

— Foi por isso que corri. 

Suspirei. 

— Bom, então basicamente você precisa de alguém que sirva de intérprete, e que te ajude a encontrar os outros membros, certo? Tá, okay. – falei, com senso de dever – Eu vou te ajudar nessa. 

Os olhos dele brilharam. 

— Sério?! 

Deixei um gritinho escapar. 

— Sério? – repeti, sem pensar – Também não estou acreditando! – parei e olhei para ele, estreitando os olhos – De novo, certeza de que isso não é um sonho? 

Ele soltou uma risadinha que soava como “teehee”, e disse: 

— Certeza. 

— Tudo bem! Vou me assegurar! – tirei o celular do bolso do short – Uma selfie! 

— E-espere... 

— Tá tudo bem, não vou mostrar pra ninguém, nem postar na internet ainda. Prometo que guardo até vocês “chegarem oficialmente” aqui. 

— Não, este não é bem o problema... 

Ele apontou para mim. 

— Você... Ainda está sem blusa. 

—... 

—... 

— Oppa... 

— O-o que? 

— Acho... Que eu quero morrer de vergonha agora. 

Meu rosto estava quente o suficiente para convencer qualquer um que eu sofria de uma febre séria, enquanto meus braços se cruzavam sobre o busto, tentando disfarçar a falta de roupa. V assumiu um tom corado nas faces, e desviou o olhar com um sorrisinho. Ele então tirou o casaco da cintura e o estendeu pra mim. 

— Pode vestir... Se quiser. – falou. 

Ri nervosa e peguei o casaco largo, apressadamente vestindo-o. Ele cobriu até o meio das coxas, o que deixava apenas um pedacinho do short aparecendo, e as mangas envolviam até a palma das minhas mãos. 

— Obrigada. – murmurei, ainda envergonhada, mas então decidindo desviar do assunto com rapidez, prosseguindo em um tom animado – Okay! Primeiro passo: selfie! Segundo passo: resolver a questão da roupa. Vou chamar o gerente, pediremos desculpas e pagaremos pela peça danificada. Terceiro passo: procurar os meninos. Iremos até o local onde vocês se separaram e procuraremos nos arredores. Se não acharmos ninguém, vamos tentar chegar ao hotel. Entendido? 

Ele quase bateu continência. 

— Ye! 

Assenti, satisfeita, e então cobri a mão com a boca, sussurrando em português: 

— Não acredito que estou mesmo fazendo isso. 

Ele não compreendeu as palavras, mas pareceu ter entendido a exclamação e sorriu: 

— Quer que eu te belisque novamente? 

“Com prazer!”, mas isso soaria pouco equilibrado, então mordi o lábio inferior, negando com a cabeça. 

— Vamos tirar a selfie logo. 

 

Alguns minutos mais tarde, eu explicava para o gerente toda a confusão e pagava a peça que V havia manchado de café, tentando ao máximo manter a discrição. Era uma camiseta branca com uma arte bonita que – ironicamente – tinha os dizeres “Young Forever”. Nós dois nos encaramos com um sorriso divertido ao perceber a coincidência.

— Desculpe por te fazer pagar por isso, Mali. – ele se desculpou pela décima vez quando coloquei em sua mão a sacola com a camisa comprada – Eu prometo que te devolvo o dinheiro.

— Aigoo, V Oppa! – falei – Eu já disse, não precisa ficar repetindo isso. E também não precisa me pagar por nada. Eu estou fazendo porque quero, porque quero te ajudar. Então fica quietinho e só segue minhas ordens, okay?

Ele não pareceu satisfeito. Imaginei que aquela atitude devia ir contra algum tipo de costume oriental no que diz respeito a retribuir favores, mas não me importei. Se precisasse, gastaria todo o dinheiro do mundo com roupas manchadas para Kim Taehyung.

— Agora, próximo passo – continuei, sem deixar que ele tivesse espaço para discutir – Achar os outros membros.

Tae desviou a atenção do assunto da roupa.

— Nós nos vimos por último não muito longe daqui. – ele disse.

— Certo. – falei, levando a mão ao queixo ao mentalizar o mapa da região.

Foi quando meus olhos bateram em um grupo de garotas com blusas de Kpop, perigosamente próximas a nós. Agarrei o braço de Tae e o puxei para o meio de cabides e roupas penduradas.

— Mali?

Levei o dedo aos lábios, pedindo silêncio, e ele se calou.

— Temos que achar um jeito de te disfarçar. – sussurrei – ARMY’s são especialistas em reconhecer vocês, sabia?

O garoto concordou com a cabeça. Coloquei a cara para fora e verifiquei o caminho, em seguida saindo do meio das roupas, ainda puxando seu braço. Nós dois nos esgueiramos para fora do Shopping com sucesso, e eu o levei por um caminho discreto, com a calçada cheia de árvores que lançavam sombra sobre nós, o que tornava a vista da rua mais difícil.

— Há uma feirinha logo ali, onde podemos achar um bom boné e um óculos de sol pra você. Esqueça a máscaras, ninguém usa isso aqui no Brasil, só chamaria atenção. – falei, colocando a mão no bolso do short e verificando se tinha algum dinheiro de papel. Vinte reais, devia dar para alguma coisa – Vai ter que ser coisa barata, desculpe. – completei.

Ele não parecia estar ouvindo, olhando para cima, para a copa das árvores acima de nós. Segui seu olhar, vendo a luz do sol que surgia entre as nuvens fazer um efeito bonito através das folhas. Sorri, era uma sensação gostosa.

— Hey, Oppa. – chamei e ele olhou para mim. Abri para ele meu melhor sorriso – Estou feliz que tenha entrado naquele provador.

Taehyung me encarou por alguns segundos, enquanto eu sentia as faces esquentarem, e então fechou os olhos com seu sorriso quadrado.

— Mali, você é fofa! – ele bagunçou meus cabelos, e eu notei que minha altura alcançava um pouco acima de seu ombro. Mas, talvez pela primeira vez, não fiquei tão frustrada por ser baixinha.

Ri, e então continuei a guiá-lo até chegarmos na feirinha. Comprei o que precisava e o fiz usar os acessórios. Seus olhos e cabelos foram encobertos, facilitando o disfarce. Se ninguém parasse para olhar bem, ele não seria notado.

Talvez por ver o esforço necessário para esconder sua presença, eu de repente notei a responsabilidade que carregava. “Deus, se alguém o descobrir...” o pensamento me alcançou, fazendo meu coração acelerar “se o descobrirem e virar uma confusão, se ele se machucar...” passei a mão pelos cabelos “preciso levar ele para o hotel o quanto antes”.

— Mali? – Taehyung chamou, e eu notei que o encarava enquanto franzia a testa.

Respirei fundo, resolvendo me concentrar.

— Tae Oppa, estive pensando. – falei – Talvez seja melhor irmos direto para o Hotel. De lá você pode entrar em contato com os garotos ou com o PD. É mais seguro do que ficar vagando por aí. Você lembra o nome do Hotel?

Ele levou a mão à nuca, e então pareceu lembrar-se de algo. Colocou a mão na calça e tirou de lá um cartão de papel com o nome do hotel.

— O PD deu isso pra gente achar o caminho caso nos perdêssemos. – disse, passando-o para mim.

Assenti e percebi que sabia onde era aquele hotel, assim como também o fato de não estarmos muito longe. Suspirei de alívio. Se o levasse seguro pelo curto caminho até lá, ficaria tudo bem.

— Vamos – falei – Eu sei onde fica.

O melhor jeito de chegar lá era pela orla, bem próxima a nós. Normalmente não haviam banhistas naquelas praias, então o caminho estaria livre de muitos olhares. Nós serpenteamos por entre as pessoas da feira e, depois de alguns minutos, alcançamos a avenida. Atravessando-a, era só descer as escadas de concreto e seguir pela areia da praia por cerca de um quilômetro até estarmos dentro da área reservada pelo hotel. Dali entraríamos com facilidade nas instalações e minha missão estaria cumprida.

Quando meus pés pisaram a areia, tirei as sandálias para senti-la melhor. Apesar de o tempo não estar mais chuvoso, as nuvens ainda cobriam o calor do sol, o que deixava o clima perfeito para continuar usando o casaco enorme de Tae.

Ele ficou parado por alguns instantes, os olhos fitando o oceano vasto à nossa frente, que assumia uma cor verde-mar paradisíaca. Eu particularmente era uma amante do mar, o que combinava com meu nome. Aquela cor, aquele oscilar, aquela imensidão... Tudo tão atraente e misterioso, tão encantador.

— A que vem do mar. – falei, sem pensar bem – É o que meu nome significa. Parece adequado para uma garota que vive no país do paraíso das águas, não?

Ele sorriu.

— Parece adequado para uma garota que espelha muito bem esse oceano. – disse.

Não entendi.

— O que quer dizer?

Ele riu, mas desviou do assunto, enquanto voltava a caminhar:

— Quantos anos tem, Mali?

— Dezessete. – respondi – De acordo com a contagem ocidental. E sempre me enrolo para contar de acordo com o seu país. Tem ideia do quanto é confuso que a gente já nasça com um ano de vida?

Ele riu novamente.

— Não, não tenho. – confessou – Mas talvez seja porque sempre foi assim para mim. Você nasceu aqui no Brasil?

— Ye. – falei – Sou brasileira de corpo e alma.

— E como conheceu o Bangtan?

Por algum motivo, fiquei com a face quente. Minha mente gritava coisas do tipo “Kim Taehyung está fazendo perguntas sobre minha vida! Ai, Deus!”, mas consegui aquietar os pensamentos e responder normalmente:

— Eu migrei do Karate para o Taekwondo há três anos, e uma Unnie me mostrou BigBang. Quando vocês debutaram, eu já era uma viciada em Kpop, então acompanho vocês desde sempre.

Ele arregalou os olhos.

— Desde o debut? – perguntou e eu assenti – Nossa, isso é incrível.

Eu não soube responder, mas ele conduziu a conversa:

— E, se me permite perguntar, quem é o seu bias?

Desviei o olhar, constrangida. Por que? Bom, talvez porque eu estava bem diante dele, o V, o cara que era meu utt desde a primeira vez que vi o MV de No More Dream. E, sinceramente, agora que ele estava bem ali, eu não sabia como revelar isso a ele. Quer dizer, claramente Taehyung estava acostumado com isso. Recebia gritos de “eu te amo” todo santo show. Mas para mim, seria como uma declaração de amor para alguém que eu provavelmente nunca mais veria novamente. O que era a coisa mais estranha e constrangedora do mundo.

Fui salva pelo gongo. Ou posta em perigo pelo gongo.

Quando ergui os olhos para Taehyung, percebi a presença de três rapazes vindo em nossa direção por trás. E eles não tinham jeito de gente do bem.

— Tae Oppa... – falei baixo – Não se mexa e fique calmo, okay?

Ele franziu o cenho para mim, sem entender, e só então pareceu notar os três.

Os garotos seguravam bastões de madeira e ferro, usavam óculos e rosto coberto pelas camisas amarradas ao redor do pescoço. Era a mistura que te dava a absoluta certeza de que seria assaltado. Segurei a mão de Tae e o fiz olhar para mim.

— Fique calmo. – repeti – Não reaja.

Ele me lançou um olhar preocupado, e o senti tentar me puxar para trás de si, mas fiz que não com a cabeça. Ele era a prioridade ali, não eu.

— Deixe que eu lido com isso. – sussurrei.

— Ei, moça! – um dos rapazes gritou, aproximando-se com os outros e girando seu bastão ameaçadoramente – Pode ir passando tudo.

Ergui as mãos para o alto em um gesto apaziguador.

— Certo, calma. – falei em português, em seguida levando a mão ao bolso do short para pegar o pouco dinheiro que me restara, bem como meu celular de tela rachada (triste acidente envolvendo paralelepípedos e uma bicicleta).

— Ei, pare aí. – outro ordenou – Deixe que nós mesmos pegamos.

Ele chegou perto e colocou a mão em meu bolso, tirando três reais e alguns poucos centavos, e partiu para o outro, alcançando meu celular. Eu o senti se aproveitar da posição e lhe lancei um olhar perigoso. Não tinha problemas em entregar tudo, mas mexer comigo é outra história.

Só que eu não podia reagir, ou atrairia problemas para Tae.

— Você também, garoto. – o terceiro cara gritou com V.

Intervim:

— Calma, ele não fala nossa língua. E ele não tem nada com ele, sério.

O cara girou o bastão.

— Gringo, não é? – disse – Então deve ter alguma coisa sim. Rapazes, revistem.

Os outros empurraram Tae para o chão, e eu sabia o que vinha a seguir. Quando não encontram o que querem, muitos bandidos espancam ou matam as vítimas. Eu não podia deixar aquilo acontecer.

Respirei fundo, com o coração acelerado, e então entrei em ação antes que minha coragem repentina me deixasse.

Girei a perna e atingi em cheio a nuca do mais próximo a mim, que estava de costas. Ele caiu desmaiado, e os outros dois se viraram para mim, surpresos. Não lhes dei tempo para reagir, chutei um deles entre as pernas e desferi três socos em seu peito, deixando-o com uma provável fratura nas costelas, e ele também caiu. O terceiro rapidamente fez um arco horizontal com o bastão de madeira, e eu posicionei o braço como defesa. Senti a dor se espalhar, mas não tive tempo de pensar. Levantei areia com o pé, fazendo-o levar a mão aos olhos, e em seguida fiquei de lado, então atingindo sua garganta com a faca do pé.

Quando ele caiu, eu me afastei, ofegante, segurando o braço machucado. Tae olhava para mim com uma expressão pasma, enquanto eu permanecia de pé no meio de três caras derrotados. Corri até ele e o fiz levantar, agarrando seu braço.

— Temos que correr! – falei, apressada, e nós dois colocamos as pernas para trabalhar, aumentando a distância entre nós e os agressores.

Depois de cinco minutos correndo sem ninguém em nosso encalço, eu finalmente me permiti desacelerar e soltei a mão de Tae, caindo de joelhos na areia. Ele apoiou as mãos nos joelhos, ofegando, e foi quando eu vi a sacola com a camisa enroscada em seu braço. “Droga” pensei, lembrando que não havia pegado de volta meu celular. Agora já era tarde.

Fiquei de pé.

— V Oppa, você está bem? – perguntei.

Ele ergueu seu olhar ainda pasmo para o meu rosto.

— Eu?! – exclamou – Mali, você enfrentou três caras!

Passei a mão pelos cabelos, tentando fazer minha respiração normalizar. Também não acreditava no que havia acabado de fazer, mas a dor em meu braço confirmava que realmente tinha acontecido. Taehyung encarou o local que havia machucado.

— Você está bem? – perguntou, segurando minha mão e subindo a manga do casaco para olhar a mancha roxa que estava se formando.

Recolhi o braço, tentando disfarçar a dor. Provavelmente fora apenas uma pancada forte, talvez inchasse um pouco, mas não era nossa prioridade.

— Mais urgente que isso – falei – Precisamos chegar logo ao hotel.

— Mali, precisamos cuidar disso – dessa vez ele não se deixou levar pela minha habilidade de desviar do assunto – Se tiver quebrado...

— Eu estou bem, Taehyung. – interrompi, séria – Além disso, não é importante. Preciso te levar ao hotel em segurança, e já falhei feio nisso. Agora só o que me resta é garantir que você não se machuque mais, e para isso temos que ir logo...

— Mali! – ele não me deixou continuar – O que quer dizer com “não é importante”? Claro que é! Minha segurança não é mais importante que a sua, sabia?

Eu neguei com a cabeça.

— É aí que se engana, Oppa. – falei – Você tem milhões de pessoas que se importam com você. Enquanto eu sou só uma garota normal que...

— Você tem a mim. – ele interrompeu novamente, o rosto sério. Arregalei os olhos – Eu me importo se você se machucar, entendeu? Então não coloque minha segurança à frente da sua novamente.

Eu consegui sorrir. Um sorriso pequeno que mostrava a gratidão pelas suas palavras, ao mesmo tempo que negava seu pedido.

— Eu coloco por que eu quero. – resmunguei – Porque é o que fazemos quando amamos alguém.

A última parte não foi planejada. E pegou de surpresa ambos os lados. Enquanto V arregalava os olhos e eu sentia o rosto esquentar, decidi que aquele era o ponto ideal para terminar a conversa. Dei-lhe as costas e voltei a caminhar na direção do Hotel, lançando apenas um breve olhar para trás para me certificar de que ele me acompanhava. E fiquei me perguntando o significado por trás daquele sorrisinho que ele tentava esconder.

Nós mantivemos o silêncio até entrarmos no hotel, onde Tae precisou de minha ajuda para pedir acesso ao quarto e ao telefone. Depois de entrar em contato com os garotos, que estavam morrendo de preocupação, ele se virou para mim com uma expressão aliviada.

— Tudo resolvido. – disse – Eles vão chegar logo, com o PD e provavelmente uma grande bronca.

Suspirei, caindo sentada no sofá do Hall de entrada do grande hotel.

— Ainda bem. – falei, passando a mão pelo rosto.

— Desculpe por ter te trazido problemas. – ele disse com um olhar constrangido e então fez uma reverência profunda – E muito obrigado por ter me ajudado.

Eu abri um sorriso enorme.

— Não precisa agradecer. – respondi – Esse foi o melhor dia da minha vida!

Ele riu e sentou ao meu lado.

— Então seus outros dias não devem ser tão bons assim. – brincou, mas então seu olhar assumiu um ar mais terno – Mali, eu estou falando sério. Hoje você me mostrou algo incrível, e me deixou muito feliz. Você me ajudou quando eu necessitei e foi além do que eu te pedi. Eu não posso ficar sem te retribuir, pelo menos o mínimo que seja.

Neguei com a cabeça, decidida.

— Oppa, eu já disse, não quero nada em troca. Ter conhecido você foi um presente enorme, e compensa qualquer contratempo. Mesmo que eu tivesse que me machucar outras dez vezes, eu não teria me arrependi...

— Não diga isso! – ele me interrompeu, e eu me assustei com sua intensidade – Mali, por favor, não diga mais isso. Eu não quero que se sacrifique por mim, entendeu? Não quero, e nem deixaria isso acontecer.

Fiquei quieta, fitando-o sem resposta. Tae suspirou.

— Eu...  Não entendo. Como pode fazer isso? – ele perguntou, intenso – Mali, como pode colocar sua vida em risco pelo bem de um alguém qualquer?

— Não é um alguém qualquer! – respondi, quase chateada – É Kim Taehyung! A paixão idiota da minha juventude!

Ele arregalou os olhos, e eu desviei o olhar antes de continuar:

— Eu posso não te conhecer, posso não conviver com você, mas eu valorizo a sua vida, entende? A cada vídeo que vocês postam na internet, eu desejo estar ali, ao seu lado, podendo ver sua vida, seus dias... Tenho certeza que milhares de outras ARMY’s sentem o mesmo, mas eu só posso sentir o que há em meu coração. Soa como um sentimento tão imaturo e maluco... Amar quem só vejo por uma tela de computador. Mas eu valorizo mesmo assim. As pessoas dizem que vocês podem estar atuando, que aqueles vídeos podem não mostrar quem você é de verdade, mas isso não aplaca meu sentimento, ao contrário: só me faz querer te conhecer mais. – levanto os olhos para ele, que ainda segura no rosto uma expressão pasma – Então não diga que eu estaria arriscando minha vida por um alguém qualquer, porque não é verdade. Todos merecem ter suas vidas valorizadas, e, para mim, você ainda mais. Você vale o risco.

Nós dois nos encaramos por alguns segundos tensos, enquanto meu coração pulsava forte em meus ouvidos, sinal claro de meu nervosismo. Mas agora já estava dito, e ali esgotavam-se as palavras. Tae me olhava com uma mistura de sentimentos estampados na cara que eram difíceis de ler, e aquilo só aumentava minha insegurança, junto com a dúvida sobre se havia me expressado corretamente. Fiquei de pé.

— Então, Kim Taehyung, por favor, viva sabendo o que mora no coração desta ARMY aqui. Obrigada por hoje, e adeus. – terminei, e me preparei para caminhar para fora do prédio para esperar lá fora o táxi que havia pedido pelo telefone do hotel.

— Mali! – sua voz me deteve e eu o olhei – Por favor, me deixe retribuir!

Ele insistia naquilo com um tom que fazia difícil recusar.

— Deve ter algo que eu possa fazer. – ele abriu os braços em um pedido.

Apertei os lábios, pensando se deveria expressar ali o que meu coração mais desejava. “Mas o que poderia ser pior do que o que você já falou a ele?” minha mente se manifestou, e eu, numa dose de coragem (que parecia estar me sobrando naquele dia), expressei:

— Um dia, eu vou viajar para a Coréia. – falei – Quando esse dia chegar, queria que fosse me ver.

Ele abriu um sorriso instantâneo, e então caminhou até o balcão do Hall, pegando uma caneta e anotando algo em um papel, o qual estendeu para mim logo depois. Vi um número de telefone com o nome Tae-Tae acima.

— Quando esse dia chegar, ligue para esse número. – ele disse – Eu vou mantê-lo só para aguardar você.

Sorri, apertando o papelzinho contra o peito.

— Prometo que nunca vou mostrar a ninguém. – falei.

Ele estendeu o dedo mindinho, e eu, rindo, enlacei o meu ao dele. Ali, fizemos uma promessa.

 

 

—__****___

 

— V-ah! Qual a dessas peças que você continua guardando? – J-Hope vem até ele com três coisas nas mãos: um boné, um óculos de sol e uma camisa manchada de café.

O garoto, sobressaltado, arranca as coisas dele.

— Não toque nelas, hyung! – pede.

— Wae? – o mais velho pergunta.

— Alguém importante me deu, só isso. – Tae responde, guardando as coisas novamente.

— Alguém importante? – Hobi brinca – Uma garota?

V não responde, mas deixa escapar um sorrisinho.

— Oh! É uma garota! – o hyung exclama, animando-se em uma dancinha boba que faz V soltar uma gargalhada – Quem é, quem é? Quero conhecer a “pessoa especial” do Tae-Tae!

— Não. – o mais novo replica – Ela é a minha pessoa especial, ouviu?

— Ah, V-ssi! Vamos, não seja ciumento! Onde ela está? Quando vão se encontrar?

V assume um ar de quem não está ouvindo, pensativo de repente, enquanto o outro continua com as perguntas animadas.

— Quem sabe? – murmura – Ela ainda não me ligou, mas... Ainda estou esperando... Para cumprir nossa promessa.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Eu de novoooo!!
Então, pessoinhas? O que acharam?? ^^ Espero que tenham gostado ^^
Críticas, erros, expectativas, pedidos? Conta tudo pra mim nos comments! Amo desde os textões até os simples "Amei" de vocês ^^
Bom, teve uma leitora pedindo mais um capítulo com uma continuação do Jimin com a Ayui. Sinceramente, eu gostaria de fazer, mas não tenho certeza. O que acham? Alguma ideia que poderiam me dar? Ah, e só porque eu esqueci de mencionar no último cap.: teve um crossover leve lá, okay? Quem conseguiu identificar a garota do Suga no capítulo do Jimin?
Bom, estarei viajando amanhã, então pode ser que eu demore um pouco a postar (de novo), mas também pode ser que a criatividade me atropele na estrada, então torçam pela segunda opção hahahah
Enfim, era isso. Obrigada pela leitura! ♥ Saranghaeyo!!
~Jaa ne!



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