21st Century Girls escrita por LahChase


Capítulo 4
Jimin: Colecionadora de Histórias


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeey ARMY!
Eu sei, eu seeei! Demorei uma eternidade para postar, não? Mas, como se já não bastasse a correria de fim de ano, ainda rolou um mega bloqueio criativo, eis meu motivo. Desculpa, de verdade! Mas estou de volta!
Bom, espero que gostem do capítulo ^^



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“A missão é: conheça alguém novo, escute sua história e escreva um rascunho para uma letra”.

— Ih, Jiminie! – Suga sorri para ele – Já sabemos quem vai fazer a versão infantil aqui.

Jimin faz beicinho.

— Hobi hyung! – ele apela – Suga hyung está sendo malvado de novo!

J-Hope se aproxima do mais novo e lhe aperta as bochechas.

— Ah, pobre Jiminie. – fala, balançando a cabeça do garoto de um lado para o outro – Você é tão fofo! – exclama, ignorando o ponto.

Jimin se desvencilha do aperto dele e busca defesa em mais alguém.

— Kookie! – chama – Kookie, defenda o seu hyung!

Mas o maknae está ocupado com o celular.

— Hyung, para de drama. – resmunga.

O outro ri, sabendo que não conseguiria mesmo chamar a atenção para si, e fita a câmera que usa para gravar a missão.

— Vejam isso, ARMY. – diz – É assim que os outros membros me tratam.

— Jiminie! – V o interrompe, aproximando-se da câmera – Como vai fazer para conhecer alguém novo?

O garoto de cabelos tingidos em algo entre o platinado e alguma outra cor que os próprios membros não sabem definir puxa o ar entre os dentes, indeciso. Ele faz muito isso. Por algum motivo, acha que essa expressão, esse som de “sss”, se encaixa em qualquer momento. Com o braço de V passando por seus ombros, ele se dá conta de que não consegue pensar em um bom jeito de sair e conhecer alguém novo sem atrair muita atenção. Afinal, não é todo mundo que inicia tranquilamente uma conversa com alguém desconhecido, ainda mais com alguém usando óculos escuros, boné e máscara preta (a forma mais eficiente de se disfarçar).

— Não sei. – confessa e V dá risada – V-ah, você já sabe o que vai fazer com a sua missão?

O outro faz um longo “hmmm”.

— A minha missão é escolher um membro e ser seu escravo por uma hora! – revela.

— Ah! – Jimin exclama – Você vai me escolher?

— Claro que não! – V responde, largando-o – Jin hyung, Jin hyung! Ele não vai ficar me explorando.

O platinado suspira, e encara a câmera novamente.

— Então, ARMY’s, como podem ver, eu tenho que achar um jeito de cumprir essa missão. – ele assente com um sorriso fofo – Desejem-me boa sorte.

Com uma mão, ele cobre a lente da câmera e a desliga. Colocando o aparelho numa mesa, ele busca o celular no bolso da calça e olha o relógio, ciente de que tem apenas algumas horas para concluir a missão.

A maioria dessas missões que o grupo realiza para divertir as fãs na internet são bem interessantes, mas normalmente são descontraídas e simples de realizar. Dessa vez, no entanto, Jimin pensa que aquela era um tanto séria.

— Conhecer alguém novo, não é...? – murmura, lembrando de algo.

Ele clica na agenda de contatos do celular e procura o nome certo, então discando o número.

— Moshi moshi? – uma voz masculina soa, na língua que Jimin reconhece como sendo japonês apenas por conhecer o dono.

— Ren hyung. – ele fala, o que soa mais como “Len” – É o Jimin.

— Jiminie! – a voz do garoto se anima – Como vai?

Jimin puxa o ar entre os dentes mais uma vez.

— Eu estou meio enrascado. Tenho esse... Trabalho, sabe? Preciso conhecer alguém, ouvir sua história e escrever uma letra nova.

— Hah? Que trabalho estranho esse seu, viu? Cara, essa tua faculdade não é muito normal.

Pausa para a explicação.

 Machida Ren é um cara legal. Um japonês que se mudou há um ano para a Coréia junto com sua família. Ele trabalha com eventos de animes, games e coisas do tipo, então é aquele cara que conhece muita gente diferente, e está sempre rodeado de pessoas novas. Jimin o conheceu por acaso em um dia de folga, quando saiu disfarçado pela cidade, e os dois jogaram juntos em uma Game Station. Mas o garoto nunca contou que era um idol, satisfeito por estar com alguém que não tinha ideia de sua identidade, e falou que era um estudante de música. Por incrível que pareça, Ren também nunca perguntou o motivo de ele sempre andar com máscara e boné.

Jimin suspira.

— Nem me diga. – concorda – Mas então, eu pensei em pedir sua ajuda. Quer dizer, você está sempre em casas de jogos, praças, eventos. Conhece muita gente, certo?

— Bom, isso é verdade. Só precisa que eu te apresente a alguém? Isso é tranquilo. Para quando é o trabalho?

O outro fica sem graça.

— Para essa noite.

— Hah?! – Ren exclama – Precisa disso pra hoje? Cara, por que não falou comigo antes?

— Longa história. – Jimin contorna. Seria trabalhoso explicar que acabara de receber a missão – Mas, então? Você vai a algum lugar hoje?

— Ah, céus... Bem, daqui a pouco eu vou sair com a minha irmã. Ela gosta de ir a uma praça aqui perto, mas meus pais não a deixam ir sozinha. Uns amigos vão jogar basquete lá, então vou aproveitar. Posso te apresentar a eles. Não é grande coisa, mas talvez lhe sirva. É o melhor que posso fazer.

Jimin leva a mão à nuca.

— Está de ótimo tamanho, hyung, obrigado.

— Certo, então. Me encontra lá em quinze minutos.

Jimin desliga o celular e o enfia no bolso, já correndo para pegar os aparatos para disfarçar-se, sabendo que precisaria de mais de quinze minutos para chegar no bairro onde Ren vive.

— Jimin, aonde vai? – Jin pergunta, esticando o pescoço ao vê-lo colocar o óculos e o boné.

— Encontrar alguém como manda a missão. – ele responde, descartando a máscara. Se juntasse mais essa peça ao seu visual, com certeza atrairia mais atenção do que o contrário. – Volto em algumas horas.

— Horas? – Namjoon exclama, imitando a pose do mais velho.

Jimin fita seus hyungs, rolando os olhos escuros.

— Quanto tempo vocês acham que leva para ouvir a história de alguém e escrever um esboço de letra (ou seja lá o que isso signifique)? – retruca – Sim, vou demorar um pouco.

Namjoon lança ao garoto um olhar de advertência.

— Cuidado. E lembre-se de que temos uma reunião com o PD hoje.

— E leve um casaco. – Jin acrescenta.

Jimin segura a vontade de rir.

— Certo, Appa, Omma.

— Ei! – os dois exclamam ao mesmo tempo, acompanhados por uma gargalhada de Tae.

Jimin pega o casaco pendurado atrás da porta, a câmera para gravar o que precisar, e ruma para fora do prédio da BigHit.

Depois de procurar a praça por ruas que se embaralhavam feito labirinto (na cabeça dele), ele chega ao lugar marcado, com quase dez minutos de atraso.

“Ren hyung bem que podia ter explicado direito como chegar” reclama mentalmente, atravessando um playground em direção à quadra de basquete na outra extremidade da praça. Crianças jogam areia umas nas outras, enquanto suas mães clamam que estão sujando as roupas, ou correm atrás dos mais novinhos.

Ele avista a figura alta e forte de Ren na quadra, em meio a uma partida.

Ren tem um físico bem trabalhado, e um rosto bonito, com cabelos negros que lembram o estilo que Suga recentemente usa. Se tivesse qualquer mínimo talento vocal, seria um perfeito Idol, mas, segundo o mesmo, sua voz soa “como uma vitrola quebrada tocando o disco ao contrário”. Seja lá o que isso signifique. De um jeito ou de outro, o estilo de vida livre e liberal que Ren leva também jamais o deixaria se conformar com as regras rígidas de ser um Idol. Ele gosta de galera, de andar por aí, de ter ideias loucas do nada e poder realizá-las.

— ... e meu pai chamou toda a família antes de partir. – a voz de uma senhora arranca Jimin de seus pensamentos e detém seus passos apressados, fazendo-o perceber que terá que esperar o final do jogo para falar com Ren – Ele disse para seus três filhos: “nunca desistam de buscar seus próprios sonhos, com suas próprias forças. Não há nada mais digno do que alcançar seu objetivo tendo lutado por ele”. Meu pai faleceu na guerra, mas nós vivemos de forma a deixá-lo orgulhoso.

Antes que se dê conta, Jimin já está parado, encarando o pequeno grupo reunido ao redor da senhora idosa sentada em uma cadeira de rodas. Uma garota de cabelos azuis e rosa segura a cadeira e sorri, e Jimin tem a impressão de já tê-la visto em algum lugar. Duas crianças se sentam no chão, duas mães estão sentadas em um banco de concreto, e uma garota está de costas para Jimin, sentada em um banquinho, com os cabelos negros alcançando abaixo da cintura, e um violão numa capa de couro, apoiado em sua coxa.

Curioso com o que se passa, Jimin se aproxima um pouco, ainda tentando não ser notado como um intrometido na conversa, mas todos ficam em silêncio por algum tempo, até que a garota de cabelos pretos ergue o que parece ser um daqueles quadros brancos pequenos. A de cabelos coloridos se inclina e lê em voz alta, numa mistura de idiomas:

— “Sugoi, obaa-san! Sua história é impressionante. Qual o sonho que vocês buscaram?”

A idosa, que tem a cabeça repleta por fios grisalhos, solta uma risada feliz:

— Ah, Ayui, você é que se encanta com qualquer simples história que contamos. – responde – Mas, se quer saber, eu tinha um sonho simples: eu queria formar uma família. E consegui. Meu filho me deu três netos, e a So-Young aqui mora comigo, cuida de mim. Sou muito feliz.

Mas alguns segundos se silêncio se seguem, até que a garota, que Jimin supõe chamar-se Ayui, ergue o quadro novamente, curvando-se ao mesmo tempo.

— “Obrigada, Obaa-san”. – So-Young lê – “Fico grata de poder conhecer sua história. Espero poder saber ainda muitas outras”.

A senhora ri de novo.

— Claro, Ayui, claro. – fala – Qualquer dia desses nos encontramos novamente.

Ela e So-Young se despedem dos outros, e a jovem guia a cadeira para longe.

— Ayui Unnie! – uma das garotinhas exclama – Você vai contar alguma história hoje?

Jimin vê a garota negar com a cabeça e erguer o quadro mais uma vez. Uma das mulheres sentadas no banco de concreto lê para as crianças:

— “Desculpem, mas hoje eu não trouxe nenhuma história comigo”.

Os pequenos soltam exclamações de lamento, mas suas mães as fazem se despedir e as levam para longe, deixando a garota sozinha.

Park Jimin ainda não consegue desviar os olhos dela, enquanto ela ajeita o banquinho para ficar de frente para a quadra onde Ren e os outros jogam basquete. Ele então é capaz de ver seu rosto: os olhos castanhos expressivos, feições delicadas e pele clara contrastando com os fios negros de seus cabelos. Ela usa um batom claro que realça seus lábios curvados em um sorrisinho divertido, veste um uniforme escolar fofo com um casaco rosa, e seus dedos tamborilam na capa escura do violão alguma coisa sem muito ritmo. Em seu colo, há o quadro em que ela escrevia.

Tudo em Ayui prende a atenção do garoto sem nenhum motivo específico. Não é como se ela fosse de alguma forma mais fisicamente atraente que as dezenas de meninas que ele conhece no mundo da música. Na verdade, chame de fantasia se quiser, mas ao pousar o olhar naquela garota ele vê além de beleza em seu corpo. De algum jeito, seu pequeno sorriso parece mais sincero que qualquer outro gesto que ele já tenha visto.

Ele mal pode segurar a surpresa quando ela repentinamente o fita, então inclinando a cabeça para o lado, lançando lhe um sorriso. Jimin se sente estranho. Ora bolas, é só uma garota sorrindo para ele. O que, mais que normal, é o que paga sua música. É o motivo pelo qual ele treina as coreografias e seus vocais intensivamente, é a razão pela qual ele vive: fazer suas fãs felizes, fazê-las sorrir... Não é? Ele até aceitou por um bom tempo a posição de responsável pelos abs do grupo. Não que isso tenha alguma coisa a ver com a situação agora, mas todos esses pensamentos embaralhados correm pela mente do garoto enquanto ele não consegue fazer nada além de curvar-se para cumprimentar Ayui.

A garota retribui, os dois ainda a vários metros de distância um do outro, e então escreve algo no quadro, em seguida erguendo-o para que Jimin leia. Ele precisa se aproximar para enxergar melhor a escrita bem desenhada dela.

“Está esperando por Ren Nii-chan?”

O Park faz que sim, e ela se prepara para escrever mais alguma coisa, tirando os olhos dele. Ele reúne a coragem para perguntar:

— Você é irmã de Ren hyung?

A garota não responde, e em seguida ergue o quadro novamente:

“Ele disse que você viria. Vai jogar também?”

Ele franze a testa, e nega. Ela inclina a cabeça para o lado novamente e se volta para o quadro mais uma vez. Jimin repete a pergunta. Ela não responde, mais uma vez erguendo o quadro.

“Qual é o seu nome?”

Jimin leva a mão à nuca, confuso, mas responde:

— Sou Park Jimin, prazer. – e se curva.

A garota sorri e escreve no quadro, em seguida erguendo-o ao mesmo tempo que curva o corpo em saudação.

“Sou Machida Ayui. O prazer é todo meu.”

Ela novamente traz o quadro para o colo e recomeça a escrever. Jimin mais uma vez pergunta:

— Então você é a irmã de Ren hyung?

Ela lhe mostra o que escreveu, ainda sem responder.

“Desculpe termos que conversar assim. Eu não ouço nem falo, e apenas faço leitura labial ou me comunico por libras. Se quiser falar comigo, por favor tenha certeza de que eu o estou fitando. Sinto muito o incômodo”.

Jimin arregala os olhos, constrangido.

— Ah, perdão, eu não sabia! – exclama, e então se dá conta de que ela nem deve ter notado que ele repetira a mesma pergunta várias vezes – Quer dizer... – ele se enrola – Ah, bem, você é irmã de Ren hyung?

Ele assente e escreve:

“Se você não veio para jogar, veio para falar com Ren Nii-chan? Quer que eu o chame?”

— Não, não precisa! – Jimin exclama – Não devo atrapalhar. Ele só vai me prestar o favor de me ajudar com um trabalho, mas isso pode esperar.

Ela parece compreender, e logo faz um gesto para que ele se sente no banco de concreto. Ele aceita e ela se muda para sentar-se ao seu lado, o que faz o garoto se encolher um pouco.

Jimin se pergunta porque está agindo igual ao seu dongsaeng quando chega perto de qualquer garota, sentindo uma ponta de irritação com aquela timidez repentina. “É só a irmã de Ren hyung!” exclama para si mesmo, imediatamente ignorando a voz que repete que ela é linda.

Ele leva alguns segundos para notar que ela segura o quadro para que ele leia.

“Que tipo de trabalho você precisa fazer?”

— Ah, eu preciso conhecer alguém novo. – Jimin responde – Ren hyung conhece muita gente e por isso pedi ajuda a ele.

Ela se debruça para escrever mais uma vez.

“Impressionante, não é?!” seus olhos brilham animados por trás da borda do quadro “Nii-chan tem o dom de se aproximar das pessoas! Ele conhece muita gente diferente”.

— Realmente. – o garoto sorri, e então puxa o ar entre os dentes – Mas e quanto a você? Tinha muita gente ao seu redor alguns momentos atrás.

Ayui abre um sorriso.

“Eu venho para conhecer histórias. Nii-chan me traz aqui para que eu possa conversar com as pessoas e ouvir (ou quase isso) sobre suas vidas. Então eu escrevo poemas sobre elas. Também trago histórias para as crianças de vez em quando”.

Ela então exibe uma expressão de quem acaba de se lembrar de algo, e recolhe o quadro para escrever novamente, enquanto Jimin ainda segura suas exclamações de admiração. Ele chega a pensar que talvez Ayui seja até mais indicada que Ren para ajuda-lo a ouvir a história de uma pessoa nova. O garoto tem tempo até de montar a frase em sua cabeça e...

“Pode me contar uma história?”

O garoto fica surpreso. Ela praticamente tirou as palavras da sua boca.

— Ah... Eu? – ele fala, percebendo que não consegue dizer “não” – Mas... Que tipo de história?

Ela abre mais um sorriso. “Qualquer uma. Pode ser a sua!”

Essa segunda opção parece empolgá-la, o que faz Jimin hesitar. Ele se prepara para contar a versão que contou para Ren, mas algo o impede. Por algum motivo, não quer mentir para ela, mas teme as consequências de dizer sua verdadeira identidade. Ele tenta contornar a pergunta:

— Ahn... Se me permite, por que quer saber a minha história? Por que o interesse em ouvir sobre a vida das pessoas?

Ayui abranda o sorriso, e pensa por alguns instantes, em seguida escrevendo:

“Você nunca parou para pensar sobre como é ser alguém que não é você? Tipo, como é viver uma vida diferente da sua? Às vezes eu paro e penso ‘o que faz de mim o que sou?’, e a resposta para isso é sempre esta: a vida que vivi até aqui. Ouvir as pessoas, suas vidas e experiências, me ajudam a entender mais sobre os outros e sobre mim mesma. Esse foi o motivo número um pelo qual comecei a ouvir histórias”.

— Conhecer histórias para conhecer outros estilos de vida... – Jimin medita – Nesse caso, não seria mais fácil simplesmente ler um bom livro?

Ele a espera responder:

“Eis o segundo motivo: eu gostei de ser ‘a ouvinte’, mesmo sem ser capaz de escutar. Às vezes as pessoas não têm ninguém que pare para escutá-las, e eu me sinto bem fazendo isso. Oferecer minha atenção às pessoas e ver um sorriso em troca me faz feliz”.

O garoto não consegue evitar um sorriso impressionado, pensando na ternura da menina. Sendo surda, ela ouvia mais que quem não era.

Ele então nota mais uma vez o violão apoiado em sua perna, no qual ela descansa a mão. Estreitando os olhos, ele vê que ela colocou bandaids nas pontas dos dedos.

— Você se machucou? – ele pergunta, por algum motivo já preocupado.

Ela escreve:

“Não é nada de mais. Apenas o ônus de tocar violão.”

— Você toca?! – Jimin se espanta.

Ela ri da reação dele. É um som agradável, o que o faz imaginar que tipo de voz ela teria se pudesse falar.

“As pessoas diziam que o som do violão era bonito, então pensei que se aprendesse talvez pudesse produzir algum som bonito também. Como não posso falar, o violão substituiu a minha voz”.

— Bom, posso dizer que sua rizada é um belo som, também. – ele deixa escapar, e o rosto dela fica vermelho – Ah, quer dizer... Eu acho que é. – enrola-se – Mas, bem...

“Obrigada”.

Ele disfarça o nervosismo com um sorriso.

— Jimin-ah! – a voz de Ren o alcança e ele ergue o olhar para a quadra, de onde o garoto acena para ele.

Ele acena de volta, o que leva Ayui a também olhar para seu irmão. Ren faz uma série de gestos para ela, que responde com mais uma sucessão de movimentos das mãos. “Língua dos sinais” Jimin percebe, enquanto os irmãos têm uma conversa inteira sem dizer uma palavra.

Ayui então se vira para ele e sorri.

“Ren Nii-chan me pediu para te ajudar com seu trabalho”.

Jimin sente seu coração bater mais rápido, enquanto um sorriso involuntário brinca em seus lábios. Ele precisa admitir para si mesmo que aquela garota não era comum, principalmente diante da forma como o olhar dela o fascina. Esqueça o corpo, o que o atrai nela ia além da aparência, o que ele pensara ser impossível de acontecer em apenas um único encontro.

Aquela é uma garota com uma força interior acompanhada de uma ternura e docilidade que não se encontram por aí.

De repente ele já sabe exatamente sobre quem quer escrever.

— Ah... – deixa escapar – Ayui... Será que pode me emprestar seu quadro?

Inclinando a cabeça para o lado com curiosidade – expressão que faz Jimin querer apertar suas bochechas – ela lhe entrega o quadro, juntamente com o piloto. Ele, com um sorriso, pede para que ela espere até que esteja pronto para olhar, e escreve:

 

“Quem não escuta

Dá mais valor aos sons da vida

Ela aprendeu em seu silêncio eterno

A silenciosamente escutar os corações

Histórias, canções

Vidas, lições

Uma colecionadora de histórias

Aprendeu a usar os ouvidos da alma

E acabou por se tornar

Aquela que mais tem a ensinar

Quem há de dar ouvidos

Aos sorrisos alheios

Aos risos de alegria

Aos amores de outros

Às partidas de desconhecidos?

A contadora de histórias”

 

Ele olha o resultado, relendo a letra que acabou de fluir-lhe. Foi sincero nas palavras, mas, ao olhar aquele rosto curioso, sabe que aquilo não faz jus a tudo o que ela é. Se apenas após uma breve troca de palavras, ele já vê sua personalidade bonita, imagina o quanto poderia ver se a encontrasse mais vezes... Talvez possa até escrever uma letra melhor.

De repente ele não quer mostrar o quadro, e nem sair dali tão cedo. Ele quer olhá-la um pouco mais, quer aproveitar um pouco mais sua companhia, que ouvi-la tocar violão, quer admirar seus sorrisos, de todos os tipos...

— Ah... – ele começa, percebendo que ela lhe encara com uma expressão cada vez mais curiosa – Talvez não tenha ficado assim tão legal. Meu hyung diz que as letras que escrevo são meio infantis, mas... Bem...

Ela estende a mão, pedindo o quadro e ele o devolve, ansiosamente esperando que ela leia as palavras. Quando, por fim, ela termina a leitura e lhe devolve um sorriso tão radiante que ele poderia transformá-lo no sol de seus dias, todo seu corpo seria capaz derreter ali mesmo.  

No canto do quadro, ela escreve:

“Jimin Oppa, você também é um ótimo contador de histórias”.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Eu de novo!
Então, pessoas, o que acharam? ^^
Espero sinceramente que tenham gostado ♥
Críticas, erros, expectativas, pedidos? Deixa um comment aí me contando tudo! Super ajuda e inspira ^^
Obrigada pela leitura e até a próxima ♥



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