21st Century Girls escrita por LahChase


Capítulo 21
Bangtan - Cuidar de Longe


Notas iniciais do capítulo

Oieeee!
Então, pessoas, eu sei que atrasei, mas há bons motivos. Bons motivos ruins. A verdade é que tem muita coisa acontecendo aqui agora (a maioria não tão boa assim), e eu nem saberia por onde começar.
MAS
Estou de volta.
Agradeço de coração os comments que Phaella e Kuhaaku17 deixaram no último capítulo ♥ Obrigada por todo amor que vocês têm dado à fic ^^



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Apesar da insistência de Tae e dos outros, Mali não ficou para o almoço quando chegaram ao hotel. Pelo contrário, disse que tinha algo para fazer e sumiu por dez minutos. Voltou em seguida e praticamente arrastou V consigo, o que fez todos ficarem com grandes interrogações na cara. Até começarem a abrir sorrisos maliciosos.

Yoongi os observa sair da sala e faz a pergunta que vem rondando sua mente:

— Tudo bem se ela se aproximar de mais? 

Os membros o fitam, intrigados.

— Não entendam errado, eu gostei dela. 

— Claro, ela te ajudou a fugir da conversa mais cedo. - J-Hope provoca, sorrindo.

Suga dá de ombros.

— Eu gostei dela - repete - Mas... Fico me perguntando o que o PD-nim e os manegers vão fazer se aqueles dois começarem a namorar. 

— "Se", não. - Jimin aponta - "Quando". Tenho certeza de que é uma questão de tempo. 

— Tanto faz. 

— Neste caso, hyung... - Namjoon diz com um tom pensativo - Esta é uma questão com a qual todos nós teremos que nos preocupar. 

Jin suspira e dá um tapinha encorajador no ombro do líder.

— Preocupem-se primeiro em conseguir a garota - aconselha - Depois nós nos preocupamos em convencer Deus e o mundo. 

Os membros abrem sorrisinhos que ficam entre o desânimo e a ansiedade. O hyung chega o relógio e solta um grito de surpresa que leva todos a pularem de suas cadeiras, assustados. 

— O programa! - exclama, levantando e começando a correr para fora. Para no meio do caminho, volta, pega o prato com sua comida e o carrega consigo corredor adentro. 

— Mas o que diabos... - Jungkook começa, mas é interrompido pelo toque de seu celular. 

Ele olha o nome do contato e sorri involuntariamente. 

— Yoora! - atende, levantando da cadeira e caminhando para o outro lado da sala, onde terá mais privacidade. 

Ele espera a resposta, mas há apenas silêncio. Perguntando-se se a ligação está com problemas, ele a chama novamente. Desta vez, escuta lá no fundo um som que o faz franzir o cenho de preocupação: um choro baixo.

— Yoora? Você está bem? - diz, e ouve mais um soluço, o que faz seu coração pesar. 

Por que ela sempre tem motivos para chorar? Há sempre algo para machucá-la, e isso o faz querer guardá-la em um potinho onde ninguém poderia lhe fazer mal. 

Kookie... - ela respira fundo no que parece uma tentativa de acalmar as lágrimas - Eu... Acho que eu deveria sair do grupo.

— O que?! 

Os demais encaram o maknae diante da expressão de surpresa, agora atentos à conversa, apesar de só poderem ouvir a voz de Jongkook. Ele passa alguns segundos escutando, até falar em um tom mais calmo e tranquilizador:

 - Yoora, respira fundo. Isso. Agora, vamos com calma. Conta devagar o que aconteceu. 

Ela obedece e vai, meio aos tropeços, contando o ocorrido. Jungkook bagunça os próprios cabelos e anda de um lado para o outro, jogando as pernas para frente como quem chuta o ar desleixadamente. Ao fim da narrativa, ele relaxa os ombros, percebendo que não é tão sério quanto pensara.

— Mas ela vai ficar bem, certo? 

Nee... - Yoora responde - Mas mesmo assim... Foi culpa minha! Eu só causo problemas pras unnies... 

— Não diga isso. Vocês são uma equipe. Isso significa que causam problemas umas às outras por estarem juntas, mas também quer dizer que conquistam alegrias porque estão juntas. Além disso, foi um acidente. Não pode se culpar por isso. 

Ela funga.

Talvez eu não. Mas as pessoas vão falar...

— Danem-se os que disserem isso. - ele interrompe, mas seu tom é calmo - Vai ter sempre alguém para fazer comentários estúpidos. Esqueça-os. Acredite em mim. E na noona também. Tenho certeza de que ela não te deixaria ir por algo assim. Não desista, Yoora. Vai ficar tudo bem. 

Ela funga novamente e passa alguns segundos em silêncio, até deixar escapar:

 - Queria estar com você.

O coração de Jungkook afunda, e ele fica tentado a fazer o mesmo lamento, mas se contém. Sabe que ela não precisa de mais melancolia, então busca encorajá-la:

— Estaremos juntos em breve, lembra? Los Angeles, em nove dias. Faremos o melhor dueto que o mundo já viu, então trate de ficar bem até lá, okay? 

Ela solta um risinho fraco.

Nee. Estou contando os dias. 

— A noona vai usar gesso?

Nee. Por três dias, para se recuperar mais rápido. 

— Então vocês vão poder assinar e desenhar aqueles emojis estranhos que você gosta. 

Ya! Não são estranhos— ela protesta.

— São, sim. Tem um que parece um filhote de castor com um pato. 

É um ornitorrinco, Jungkook. Um bicho que existe de verdade, sabe?

— Impossível. - ele provoca.

Pabo! Quantas aulas de biologia você faltou? 

— A maioria. - diz com um sorriso descarado, e se vira para os membros, que ainda o fitam querendo saber o que aconteceu.

Ele suspira.

— Tenho que ir agora - fala - Você não vai pular de um prédio nem nada, né? 

Pabo.— ela repete.

— Sério. Você vai ficar bem? 

Ela respira fundo.

— Vou. Graças a você, eu vou. 

— Certo. Ligue pra mim se precisar, okay?

Nee.

— Vou desligar. 

Ah, espera!

— O que? 

So-Young noona mandou um recado para Suga sumbae-nim. 

— Para Yoongi hyung? - o maknae se surpreende e lança um olhar ao mais velho, que franze a testa. 

Nee. Ela pediu pra avisar que o celular quebrou na queda e por isso não vai poder responder as mensagens dele. E disse que estava usando luvas. 

— Luvas? 

Nee.

— Então, tá. 

Annyeon, Kookie. Komaweo.

— Annyeon.

O garoto desliga o celular, encarando a tela com um ar pensativo. Yoongi e Sunny trocam mensagens...? Luvas...? Tudo se encaixa em sua mente assim que ele recorda a fala do hyung mais cedo. É de So-Young que Suga gosta! 

Jungkook engole em seco. 

Céus, essa vai ser uma notícia difícil de dar, levando em consideração a forma como Yoongi esteve preocupado com ela. 

— Ah... - ele começa, voltando para seu lugar à mesa - O grupo de Yoora foi patinar no gelo hoje. 

Ela olha nos olhos de Suga, que tenta manter a expressão impassível de sempre. Por dentro, no entanto, o rapper sente o coração em disparada, a ansiedade o preenchendo. 

— Sunny noona teve um pequeno acidente e machucou a mão - continua - Yoora disse que não foi nada sério, ela só torceu de leve e vai usar um gesso por três dias para acelerar a recuperação. A noona pediu pra te avisar que o celular dela quebrou. E também... Que ela estava usando luvas.

— Luvas? - Jimin repete.

— Nee.

— Kookie. - Yoongi chama e o mais novo o olha, apreensivo - Yoora está com So-Young agora? 

O outro coça a cabeça, em dúvida.

— Pelo que entendi, elas ainda estão no hospital.

— Então, pode ligar para ela de novo? Quero falar com Sunny. 

— Agora?

— Agora. 

Jungkook dá de ombros e disca o número, em seguida passando o celular para Suga, que se levanta e vai em direção ao corredor para ter maior privacidade. O garoto quase dá com o nariz no chão ao trombar com Mali e Taehyung, que vêm correndo de lá.

— Ah, meu Deus! Desculpa, Yoongi! - Mali exclama, erguendo o garoto pelo braço com uma puxada rápida. Ela faz parecer como se levantar um cara não fosse nada, e continua a correr para dentro.

Ela e Tae param cada um de um lado de Jimin, que para de mastigar para encarar a ambos, ficando com as bochechas cheias de comida como as de um esquilo. Hoseok solta uma risada estridente com a cena, mas até ele se surpreende quando os dois seguram os braços de Jimin e o arrastam para fora, passando novamente por Yoongi, que imita a expressão completamente confusa dos três membros que sobraram na mesa. 

Kookie? - Yoora chama pela terceira vez ao telefone. 

Suga balança a cabeça, recuperando-se. 

— Annya. - diz - É Min Yoongi. 

Ele escuta um arquejar do outro lado, e a garota começa a gaguejar:

A-ah! Su-sumbae-nim... Mi-mianeyo... E-eu achei... - a voz da menina vai morrendo.

Yoongi leva a mão à nuca, meio sem jeito.

— Desculpa, mas... Você está com a Sunny aí? 

O-o que? Hm, ah! Nee, estamos esperando ela ser liberada... Su-sumbae-nim, você quer, hum... falar com a unnie? 

— Se possível...

Y-ye! E-eu vou... - ela parece começar a andar com pressa, mas então para e respira fundo, voltando a falar baixinho: - Mi-mianeyo, sumbae-nim. Eu que pedi pra unnie ir patinar comigo e...— ela para, sua voz ficando quase num sussurro: - Mianeyo.

O garoto quase entra em pânico, sem saber muito bem o que dizer, mas se obriga a respirar fundo e pensar com clareza. Não é simples pra ele falar de coisas pessoais com quem ele não conhece.

— Ah. Kenchana, Yoora. - Suga tenta tranquilizá-la - So-Young estava animada para patinar com vocês. 

Há um silêncio longo, e Suga pensa que Yoora lhe lembra Kookie quando mais novo: quieto, tímido e do tipo que se cobra de mais. 

E-eu vou passar pra unnie. - a garota diz tão rápido que ele quase não entende. 

— O que?

Vai me mandar chocolate ou flores?

— O que? - ele repete, só então notando que quem falou foi Sunny - So-Young-ah! 

A outra ri.

Como vai, Yoongi? O fansign foi divertido? 

— Como eu vou? - Suga pergunta - Eu é que deveria perguntar! Você se acidentou? 

Nee!— ela responde num tom quase animado - Paguei o maior mico. 

Yoongi pisca.

— Mico? 

Ela ri. Um som ótimo de se ouvir, que faz os ombros de Yoongi relaxarem. Sem se dar conta, ele suspira. Os dois deixam o silêncio prevalecer um pouquinho, até que Sunny o quebre: 

Está tudo bem, Yoongi.— diz, em tom tranquilizador — Nem doeu tanto quanto achei que doeria, e vou ficar boa logo. Não se preocupe, por favor. 

O rosto dele assume um tom vermelho, e ele agradece silenciosamente por não ter ninguém ali para ver. 

— Eu não... estava assim tão preocupado assim. - ele murmura. 

Sua voz soou assustadora.— Sunny comenta — Mas tenho certeza de que foi apenas algum problema na ligação, não é? 

Ele não responde.

Então, o fansign foi divertido? - repete. 

— Você ainda está sentindo dor? 

— Hmm... Pouca, só quando mexo. 

— E o seu celular?

Eu o estava segurando na hora, por isso quebrou. 

— Foi muito feia? A queda, quer dizer. 

Não foi nada de mais, na verdade. Se eu não tivesse tentado segurar na cerca, provavelmente nem teria me machucado. 

— E o que o médico falou? 

Torção leve. Posso fazer qualquer coisa que não force a mão. 

— Você vai ser liberada hoje? 

Ye! Em alguns minutos. 

— Vai para a casa da sua avó? 

— Annya. Vou para o dormitório, para não dar trabalho a ela. Por sorte, tenho ótimas dongsaengs que cuidarão de mim

Suga aperta os lábios em uma linha fina, obrigando-se a se calar ao perceber que está bombardeando a garota com perguntas. Mas as respostas dela o acalmam. E nem é só pelo fato de ela estar completamente bem, o que já é um alívio enorme. É por ouvir a voz dela. 

Droga. 

Já é tarde de mais para tentar voltar atrás, para tentar colocá-la para fora dos muros de seu coração. A perspectiva de não tê-la, vê-la ou ouvi-la já se tornou algo que dói-lhe o peito. E ele sabe disso. 

Sabe disso porque por muito tempo, mesmo antes daquela noite chuvosa em que trocaram números de telefone, ele sentia o coração disparar um sentimento bom dentro de si só de vê-la numa tela de computador. Sabe disso porque ela era um dos primeiros pensamentos a que se agarrava em dias de desânimo e desamparo quanto à música. Sabe disso porque muitas vezes já se surpreendeu sonhando com ela. Literalmente. Sabe disso porque se pega sorrindo ao lembrar dela, ou ao imaginar a próxima vez em que a encontrar. Sabe disso porque sentiu a ansiedade borbulhar dentro de si a manhã inteira quando ela não respondeu suas mensagens. Sabe disso porque esteve ridiculamente perto de perder o controle quando ouviu Kookie pronunciar a palavra "acidente". Sabe disso porque tudo dentro de si agora implora por ela. Qualquer pedacinho que seja. E é por isso que sua voz o acalma. 

Ele trinca o maxilar, cola as costas à parede e escorrega até o chão, levando a mão livre ao cabelo. Pensa que vai explodir, e ofega um pouquinho. Mas que diabos é isso? Por que ele se sente tão feliz e tão desesperado ao mesmo tempo? Por que quer gritar para o mundo o que há dentro de si, mas ao mesmo tempo quer guardar às sete chaves? Quer trancar num quarto do coração como quem guarda um tesouro, para manter aquilo vivo, pulsante e puro.

E então há o medo. Medo de que ela se vá. Ou de que seus sentimentos sejam afogados por tudo ao seu redor. Se ele o trancar, murchará por nunca ver a luz, como uma flor delicada? Se ele gritar para o mundo, sufocará diante de tudo que todos terão a dizer sobre isso? 

Yoongi está perdido. E o pior? So-Yooung é tanto o motivo de sua confusão quanto a única que pode resolvê-la.

Yoongi? - sua voz chama, e ele percebe que ficou calado por muito tempo.

Suga tenta responder, mas só consegue exprimir um grunhido fraco. Ela respira fundo e pergunta com um tom meio apreensivo: 

Eu... posso fazer uma pergunta muito pessoal? 

Ele franze a testa, perguntando-se o que seria. No entanto, nem por um instante considera negar o pedido. Por dois motivos, principalmente. Primeiro, faria qualquer coisa para mantê-la falando. Segundo, duvida que seria capaz de lhe negar qualquer coisa que ela peça desse jeito preocupado.

— Claro. - sua voz sai rouca. 

Ela respira mais uma vez, e sua fala soa baixa e dócil:

Você... está indo bem com a depressão? 

Suga precisa de um momento para absorver a pergunta, e fica muito quieto por vários segundos. O suficiente para que Sunny sinta a necessidade de se explicar: 

Desculpa, eu não quero me meter na sua vida. Sei que deve ser terrível ter que ficar falando dessas coisas sempre que alguém pergunta, e sei que eu não tenho o direito de me meter, então não precisa responder se não quiser. É só que eu... fico preocupada, pra resumir— ela tenta soltar um risinho, mas este é engolido por seu nervosismo - Eu me ofereci para te apoiar sem que você precise de máscaras, mas isso não te obriga a nada e... Mesmo assim, às vezes fico revirando na cama, pensando que queria estar por perto para te oferecer um abraço, ou um ouvido amigo, ou só uma presença consoladora... Mas pelo visto eu é que tenho feito você se preocupar, inclusive com esse acidente e... - ela faz uma pausa, funga, respira fundo de modo exasperado - Céus, estou enrolando tudo. Perdão, esqueça que te perguntei.— outra pausa e suspiro.

Ela recomeça de maneira mais pausada e calma:

— Olha, só perguntei para tranquilizar a mim mesma. Porque saber que você não está passando pelo pior enquanto não estou por perto aplacaria minha preocupação. Mas isso não importa. Eu só... quero que saiba que, na pior ou na melhor, estou aqui. A oferta ainda está de pé. Se for pra te ajudar, pode me chamar a qualquer momento. 

Yoongi morde o lábio inferior, meditando no que ela disse por quase um minuto inteiro. So-Young usa esse tempo para secar as lágrimas que lhe surgiram nos olhos sem que ele saiba, e normaliza a respiração até ficar totalmente calma. Disse o que tinha para dizer, mesmo que quase tenha estragado tudo ao se confundir. 

— Parece que ando te dando trabalho. - Yoongi diz - Miane. 

Nunca. - Sunny devolve, séria - Não peça desculpas por isso. Você é o meu sol de inverno, Yoongi. Um dos pontos altos dos meus dias frios. Se pedir desculpas por isso, o que fará para compensar o fato de também ser dono do meu coração

Isso é a sua morte, Suga tem certeza. A evidência é a forma como seu rosto esquenta, seu peito dispara, suas pernas vacilam e sua garganta fica seca. Já é a segunda vez que Sunny faz isso. Por duas vezes ela já lhe confessou os sentimentos por ele. Como ela consegue dizer tão facilmente? Yoongi se sente cada vez mais apertado por dentro, como se não houvesse mais espaço para seus próprios sentimentos . Não há mais como esconder num quartinho de seu coração, pois eles já são grandes de mais. Mas como dizer? Ele ainda não sabe. Ainda não descobriu como colocar aquilo para fora sem estragar tudo, sem assustá-la ou afastá-la. Como dizer a ela que tudo dentro de si está se tornando escravo de tudo dentro dela? Ele mesmo encara toda essa confusão com assombro. Tem a impressão de que se a abraçasse com toda a força com a qual deseja fazê-lo, ela quebraria.

Ele precisa achar um jeito. 

Yoongi respira uma, duas três vezes. Fecha os olhos e visualiza exatamente o que dirá a seguir. E começa:

— So-Young.

— Nee...

Ele suspira e fala devagar:

— Eu sou rapper e compositor. Era de se esperar que fosse bom com as palavras, mas quando se trata de algumas coisas, eu simplesmente não sei bem como falar. E há algo que preciso te contar, só não sei ainda como. Mas prometo que vou achar um jeito, então peço que espere por mim. Em nove dias, quando o seu grupo se encontrar com o meu para a apresentação o JK e da Yoora, farei com que saiba. Entendeu? 

Silêncio. E então a voz soa meio insegura:

Nee. 

Suga engole em seco, e esfrega a nuca. 

— Sobre a sua pergunta... Por favor, não perca o sono. - continua - Eu estou bem. E com certeza você é um dos motivos para isso.

 

 

 

Jimim passa os olhos perplexos pelas paredes brancas do principal hospital de Tokyo. Ainda não consegue imaginar como Marina e Taehyung conseguiram, mas sabe exatamente o motivo de estar ali, e isso por si só faz seu coração bater como se quisesse saltar para fora do seu peito e correr uma maratona. Mas todo o resto de seu corpo é o exato oposto: Jimin está muito quieto, apreensivo. Mali diria ansioso, e Taehyung diagnosticou como nervosismo. A verdade é que é um pouco dos dois, misturado com perplexidade. 

— Jimin-ssi! - uma voz anima os saúda, e os olhos do garoto vasculham o ambiente sob as lentes dos óculos escuros. 

Dá de cara com Ren caminhando em sua direção, e abre um sorriso nervoso, embora sob a máscara. A recepção calorosa de Ren é seguida pela apresentação de Marina ao mais velho, que a reconhece como sendo "a menina estanha que telefonou", e então os quatro seguem pelo corredor largo, logo depois de pegar uma plaquinha que os identifica como visitantes. 

— Ela saiu da cirurgia há quase duas horas - o mais velho informa - O médico disse que correu tudo perfeitamente bem, e que ela deve acordar dentro de uns quarenta minutos. Quando ela estiver consciente, vão começar os testes e a análises do resultado. 

Eles param diante de uma porta de vidro. A vista para a parte de dentro do quarto é tampada por uma cortina cinza. 

— Infelizmente, vocês não podem entrar, mas vou abrir a cortina para que possam vê-la. 

Jimin torce as mãos um pouco. 

— Komaewo, hyung. 

Ren sorri e entra no quarto. Após alguns segundos, a cortina se abre, deixando que os três ali fora vejam o interior. 

Jimin sente o coração afundar ao ver Ayui. Seu corpo delicado veste uma bata branca com florzinhas espalhadas, e uma manta aconchegante a cobre até o busto, protegendo-a do frio. Um de seus braços está descoberto para dar livre espaço aos tubinhos intravenosos, e seu cabelo foi cuidadosamente penteado e preso numa trança lateral embutida. Uma máscara de oxigênio garante que sua respiração permaneça normal e uma telinha ao lado da cama monitora silenciosamente as batidas do seu coração. O lado direito de sua cabeça, onde o implante coclear agora se instala, foi raspado.

A menina parece serena, quase como se em um sono profundo. Jimin pousa a mão no vidro. Céus, como quer correr até ela, cuidar-lhe e ninar seu sono. Um sentimento inquieto se alastra por seu peito. 

— Tão fofa... - Mali diz, interrompendo os pensamentos dele e cobrindo os lábios com as mãos - Dá vontade de guardar num potinho e proteger do mundo! 

Jimin a fita, meio espantado.

— Você é um gênio. - diz, todo sério. 

— Eh?

Mas Tae já a segura pela mão e a afasta da porta, querendo dar privacidade a Jimin.

Enquanto isso, o menor pensa que Marina acabou de expressar exatamente seu sentimento. Queria ter podido ajudar Ayui, poder cuidar dela agora, protegê-la, mas não pôde, e nem pode. Isso é o que o incomoda. Quando a viu sofrer bullying na escola, não conseguiu salvá-la. Não foi capaz de estar presente para ajudá-la a passar por tudo aquilo, e agora não poderia estar presente para ajudá-la na recuperação. 

Ele suspira. 

"Não é hora de lamentar" conclui. A cirurgia correu bem, e as primeiras horas da longa recuperação estão sendo tranquilas. São boas notícias. Significam que Ayui está lutando, e está vencendo. Ele sabe. Sabe que ela é forte, incrivelmente forte. Mas é fácil esquecer, e por isso ele precisa repetir isso para si mesmo. Só porque ela parece frágil, não quer dizer que ela vá quebrar tão facilmente. 

Jimin acaba sorrindo. Essa é a sua garota. A colecionadora de histórias vem sendo uma lutadora durante toda a vida. Esse será apenas mais um obstáculo o qual ela vai heroicamente superar.

De repente, Jimin está muito orgulhoso de Ayui. 

Ao mesmo tempo, dois olhares atentos observam de longe o garoto. Tae e Mali se encostam na parede, os braços cruzados e expressões satisfeitas pela missão cumprida. 

— Temos o que, mais cinco minutos? 

— Nee. - Mali responde - Foi sorte o hospital ser no meio do caminho para o aeroporto, ou não conseguiríamos vir. 

Tae assente, e a cutuca com o cotovelo.

— Você é mesmo incrível, hein? Conseguir trazê-lo aqui foi um milagre. 

Ela sorri convencida e tenta dar de ombros como se não fosse nada. A verdade? Também acha que foi um milagre. Mas ninguém precisa saber:

— Não me subestime. - retruca - Eu vim parar do outro lado do mundo sozinha e ainda arrumei o trabalho dos sonhos, não foi? É claro que sou incrível. 

Taehyung solta uma risadinha, e abaixa a cabeça para encará-la de perto.

— Trabalho dos sonhos, é? De quem foi a ideia? Não mereço um agradecimento?

Mali lhe mostra a língua e se afasta.

— Nee, nee. - diz em um tom de falsa impaciência - Komaewo. 

V abre seu sorriso quadrado.

— De nada. - responde, e encosta novamente na parede.

Marina fica quieta, fitando Jimin do outro lado. E então repete, dessa vez mais séria:

— Komaewo. 

Tae a olha.

— De verdade. - continua - Eu... Acho que nunca estive tão feliz em fazer algo quanto tenho sido trabalhando como intérprete de vocês. Eu sempre tive certa apreciação por essa profissão, mas hoje, no fansign, eu tive certeza. Foi graças a você. 

Ela o fita de volta. 

— Além do mais, ver isso me deixa feliz.

O menino faz uma expressão de quem não entendeu.

— Ver vocês amando alguém. - ela explica - Me faz querer apertar suas bochechas.

Ele ergue as sobrancelhas.

— Wae?

Ela dá de ombros.

— Sabe, amar e ser amado... É algo muito bonito, e raro também. Ver que vocês, pessoas a quem desejo toda a felicidade do mundo, conseguiram encontrar isso, me deixa feliz.

Tae tem um olhar divertido.

— E alegria te faz querer apertar as bochechas das pessoas? 

Ela faz um biquinho.

— Só a de vocês. 

Ele ri, e bagunça os cabelos dela, que resmunga uma reclamação enquanto tenta ajeitar os fios. Eles voltam a observar Jimin, e Tae suspira depois de quase dois minutos de silêncio.

— Nem todos nós tivemos essa sorte ainda. - ele diz e Mali desvia o olhar para ele.

— Hm?

Ele não a encara.

— De ser amado de volta. - responde - Sei de pelo menos um de nós que ainda não tem certeza dos sentimentos dela. 

— Jinja? Quem?

Ele sorri e mete as mãos nos bolsos. Desencostando da parede, ele lhe lança um olhar.

— Eu. - e segue para o lado de Jimin.

 

 

SeokJin aperta os lábios com insatisfação. Quem aquele tio nada bonito pensa que é para ficar dando encima da sua DaeGi? 

Ele franze a testa. Okay, ela não é sua coisa nenhuma, e provavelmente lhe meteria a colher de pau na cabeça se soubesse que esse pensamento ao menos cruzou sua mente. Mas mesmo assim!

Jin solta um suspiro exasperado ao se dar conta do que está fazendo. Aquilo é um caso óbvio de ciúmes. 

Aigoo...— suspira de novo, bagunçando os próprios cabelos - Estou perdendo o foco. 

— O desafio de hoje foi difícil - DaeGi diz ao dar a entrevista no fim da prova - Achei que não me sairia nem em alguns momentos, mas me esforcei e fiz o meu melhor. Estou feliz poque o resultado foi bom, mas também por ter superado muitas dificuldades. 

DaeGi passou pras finais. Fora mais uma prova em dupla, mas dessa vez formaram pares entre os próprios competidores. Ao fim da prova, a equipe foi dissolvida para que possam competir entre si nas finais, a fim de só haver um único vencedor. 

Esta foi a sua segunda prova em dupla. - diz a entrevistadora - Como você descreveria essas experiências?

DaeGi considera por alguns instantes. 

— Bom, foram duas experiências bem distintas, com certeza. Minha dupla hoje, Myun-Ki Sumbae-nim, é mais velho e mais experiente, então eu aproveitei a chance para tentar aprender ao máximo. Por isso, mesmo sendo uma equipe, ele meio que assumiu o comando. - ela faz uma pausa - Com SeokJin sumbae... Eu estive na posição de ensinar, e ele perguntava bastante. Além disso, nós nos divertimos muito. Foi como cozinhar com um amigo, enquanto hoje foi como ter uma boa aula. 

— Sobre Kim SeokJin, ele te deixou uma mensagem de apoio através do Tweeter do grupo antes do início da prova. É seguro dizer que vocês mantêm contato? 

— Ah, nee... Nós conversamos de vez em quando. 

— Será que poderia dizer o assunto? 

DaeGi dá de ombros, parecendo sempre segura. Mas Jin a conhece o suficiente para saber que ela desvia olhar um pouquinho quando está envergonhada. 

— Comida, claro. O que mais poderíamos conversar? - ela ri. 

A repórter abre um sorriso amarelo.

— Durante a prova, os telespectadores comentaram que Myun-Ki parecia muito próximo a você. Tem algo a dizer sobre isso? 

DaeGi fica séria. 

— Ah... Espero que ele só esteja tentando ser prestativo. Isso é tudo o que tenho a dizer. 

— Hyung! - a voz de Namjoon arranca Jin de sua concentração - Hyung, temos que ir! 

Jin lança um olhar às suas malas prontas, que aguardam junto à porta, e olha de volta para a televisão. A entrevista está quase acabando, mas do jeito que já pediu "mais cinco minutos" umas três vezes, as chances de poder ver até o final são nulas. Ele suspira, pega o controle e desliga a TV. 

Com isso, junta-se a Namjoon, Hoseok, Jungkook e Yoongi no corredor. Os staffs os ajudam a carregar as malas e todos entram nos carros. No meio do caminho, eles entram no estacionamento do hospital, onde pegam Jimin, Taehyung e Mali, e então partem para o aeroporto. 

O Bangtan está novamente rumo à sua turnê.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Eu de novo!
O que acharam? Algum erro? Críticas, expectativas, pedidos? Pensamentos aleatórios? Contem-me tudo nos comments, por favor! É muito importante pra mim saber o que se passa na cabeça de vocês ^^
QUEM VIU AS SETE MARAVILHAS DO MUNDO GANHANDO O PRÊMIO?! 0/ AAAAAIN QUE ORGULHO ♥

Bom, a fic está chegando ao fim. Provavelmente só teremos mais dois capítulos :( Já estou com saudades, mas super feliz também. Graças a vocês, essa fic foi mais longe do que eu jamais pensaria em ir, e tem sido maravilhoso ^^ Komaweo, ARMY ♥
Bom, vejo vocês em breve ^^
saranghaeyo ♥



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