Blossom escrita por Nyuu D


Capítulo 1
único




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– Nami-san, vou fazer as entregas! – Disse Sanji com sua voz entusiasmada de sempre na direção da ruiva. A garota fez um sinal com a cabeça enquanto o rapaz retirava-se dali na bicicleta que usava comumente para fazer as entregas do Kaza-Guruma.

Luffy-oyabun estava devorando seu almoço dentro do restaurante e ainda teve a força de vontade para pedir, aos berros, para que Sanji trouxesse a ele um bentou bem recheado para comer mais tarde. O loiro apenas ignorou. Certo dizer que o loiro daria comida a qualquer um que estivesse com fome, mas também não podia simplesmente concordar com a pura gula do oyabun.

Então, ele começou a rodar pela cidade e entregar os pedidos, ouvindo, feliz, os elogios dos clientes por conta da alta qualidade de sua comida e guardando cuidadosamente o dinheiro. Até porque, se ele perdesse um único centavo, Nami certamente o mataria até o final da tarde. E morrer estava fora de seus planos.

Ao fim das entregas, como sempre, sobrava um bentou.

E ele tinha um destino certo, embora a localização do dono daquela refeição fosse quase sempre uma incógnita.

Foi passeando lentamente pela cidade, procurando um único indivíduo que de fato sentia fome e era para quem dava um bentou que sobrava pelo menos uma vez por dia. Sim, porque mais do que isso seria exploração.

O local mais comum para encontrar o monge era a Sennen-Zakura, que àquela época do ano, estava sem flores. Estavam próximos da florada, mas os resquícios do inverno que ia embora ainda deixavam o vento meio gelado no fim da tarde, noite e início da manhã. Enfim, foi para lá que se dirigiu em seguida, pedalando mais rapidamente agora por ter um destino específico.

Parou e deixou a bicicleta encostada na enorme árvore, cujos galhos despontavam enormes para todos os lados. Deu uma olhada em volta, nas demais cerejeiras que circundavam a gigantesca árvore, mas... Nem sinal. Suspirou, colocando a piteira na boca enquanto acendia com um fósforo. Ergueu os olhos e avistou uma silhueta lá em cima, num dos galhos altos.

– Ei! Ei, marimo!

Sanji de repente sentiu vontade de chutar a árvore até que Zoro caísse lá de cima, mas não poderia correr o risco de causar algum dano à Sennen-Zakura.

O rapaz, lá em cima, mexeu-se confortavelmente no galho, tirou o chapéu do rosto e olhou para baixo, vendo então o loiro acenar rudemente em sua direção para que descesse. Pensando imediatamente na comida ótima que Sanji fazia, Zoro pulou lá de cima para um galho mais baixo, e deste para o chão. Parou diante dele e bateu a mão na roupa para ajeitá-la.

– Está com fome? – Sanji direcionou sua atenção para a bicicleta e foi tirar de lá o bentou para dar ao monge. – Sobrou, hoje.

– Sempre sobra – observou Zoro com um bocejo. – Estou morrendo de fome!

– Sim, sempre sobra.

O loiro entregou o bentou na mão do rapaz e concentrou-se na piteira novamente, fumando calmamente enquanto Zoro sentava no chão. Ele sentou como em lótus, colocou a comida perto das pernas e quebrou o hashi perfeitamente ao meio. Sanji costumava dizer que ele tinha sorte quando assim fazia, mas o monge sempre respondia a mesma coisa: “não acredito nessas bobagens”. Então dessa vez, nada disse.

Ele agradeceu pela refeição e começou a comê-la sem aparente pressa.

O loiro sentou perto dele e eles ficaram em silêncio.

No bentou havia carne de porco, salada de alga com pepinos, arroz com tempero, siomai e brócolis cozido. Tudo cuidadosamente organizado nos compartimentos, de forma a facilitar a refeição ao máximo. Afinal, tudo na comida era uma questão de talento. Até saber comer exigia algum talento. Zoro não parecia ter muito, mas pelo menos ele gostava da comida que lhe era dada.

Esperou que Zoro terminasse de comer. O monge deixou os hashis sobre o bentou e espreguiçou-se confortavelmente com os braços para cima, agradecendo pela refeição mais uma vez. Em seguida, olhou para Sanji e apoiou o cotovelo na perna.

– Você é muito prestativo – disse ele com um ar desconfiado.

– Bom – começou com um ar divertido. – Se eu não te alimentasse, certamente você já teria morrido de fome. Quer dizer, quem que dá um prato de comida a alguém com todo esse “carisma”?

Zoro bufou. – Existem outras maneiras de conseguir comida.

– Pare de ser mal agradecido. Você devia era ficar muito satisfeito por eu te dar sempre um bentou que sobra das encomendas.

– Pois é – o monge suspirou baixo. – Como eu disse, sempre sobra. É até meio engraçado.

– Hum – o rapaz virou o rosto porque, de repente, sentiu uma boa quantidade de sangue acumular-se em suas bochechas, esquentando-as consideravelmente. Tragou na piteira. – Sim, eu faço umas a mais por garantia, sabe? Caso alguém queira comprar no meio do caminho.

O outro concordou num murmúrio e coçou os olhos preguiçosamente. Espiou Sanji com apenas um dos olhos e percebeu que ele olhava desconfortavelmente para o outro lado. Meneou a cabeça de forma negativa, tirou a mão do rosto e arrastou-se pela grama verdinha até se aproximar mais dele.

– Você está quieto demais hoje.

– Ué – virou-se para olhá-lo. – Não é você que sempre reclama que eu falo demais?

– É. É bom quando você fecha essa matraca.

– Então não reclame, idiota – ele revirou os olhos e ia virar o rosto para o outro lado, mas foi impedido pela mão enorme de Zoro, que lhe segurou pelo queixo e o virou de volta. – Que é?!

– A dona do restaurante não briga com você por conta da comida a mais que sai?

– É pouco demais pra fazer diferença. – Crispou os lábios à medida que o outro aproximou mais o rosto.

– Corajoso – ele disse num tom irônico como se Sanji sequer estivesse em sua presença, fazendo o loiro espalmar-lhe a mão para longe de seu rosto. Zoro cruzou os braços e o observou tragar na piteira.

– Já está na hora de eu ir. – O cozinheiro pôs-se de pé rapidamente a fim de evitar qualquer outro constrangimento.

– Te espero amanhã. – Despediu-se Zoro antes de começar a escalar a Sennen-Zakura novamente, para dormir lá nos galhos mais altos.

Sanji não se despediu, apenas pôs o bentou de volta na bicicleta e retornou ao restaurante. Assim que chegou lá, Luffy estava saindo junto com Chopper e deu um “boa noite” animado ao loiro.

Entrou no Kaza-Guruma e Nami o observou trazer a bicicleta para dentro. – Muito bom o menu de hoje, Sanji-kun – ela sorriu satisfeita. Sanji fazia a comida para eles, afinal como seres humanos, também precisavam comer. – Você sempre capricha. Não é chato ficar comendo sua própria comida? – A ruiva indicou o bentou vazio na bicicleta com a cabeça.

Pois é. Para Nami, quem comia era Sanji.

– É – ele suspirou. – Bom, eu gostaria que alguém cozinhasse para mim, mas...

– Quando eu era criança, a Bellemere-san me ensinou a fazer uns pãezinhos de flor de cerejeira que ficam bem gostosos, já comeu?

– Hum! – Ele sorriu. – Na realidade, eu conheço alguns pratos que vai flor de cerejeira, mas nunca fiz. Podemos esperar a primavera para tentar.

– Ótimo, assim oferecemos sobremesa aos clientes e cobramos um pouquinho mais – respondeu Nami, entusiasmada com a ideia de lucrar, já que as flores de cerejeira eram, bem... Gratuitas. Sanji sorriu em concordância e os dois encaminharam-se para a cozinha para separar os ingredientes, afinal o loiro acordava cedo para começar a preparar bentou para entregar no dia seguinte, como era sua rotina.

O tempo passou. A primavera deixou a cidade inundada pela quantidade imensa de pétalas de sakura que enfeitavam a região, sem falar na Sennen-Zakura em seu ápice e a véspera do Hanami que deixava Nami empolgada com o dinheiro. Sanji estava preparando a quantidade exorbitante de bentou para entrega enquanto a ruiva cuidadosamente fazia os pãezinhos de flor de cerejeira que havia prometido fazer no final do inverno.

Sanji havia aprovado a receita, porque era bem gostosa, mesmo.

Depois disso, foram para o matsuri que acontecia junto ao hanami. Havia muitas lanternas de papel penduradas pelas árvores; barraquinhas de doces, outras comidas e com comércio de artesanato circundavam a Sennen-Zakura, que derramava suas pétalas constantemente. Assim, a bandeja de madeira onde Nami guardava alguns pãezinhos para vender por lá ficava enfeitada com as pétalas rosadas.

Sanji já havia feito seu trabalho e, portanto, estava apenas passeando por ali e esperando um determinado indivíduo aparecer logo.

O loiro sabia que Zoro adorava o matsuri por conta da comida toda que ele certamente ganharia com qualquer joguinho ou coisa assim. Ou mesmo quando as pessoas bondosamente alimentavam o monge que morria de fome.

O encontrou debatendo com um rapaz que fritava variados tipos de frutos do mar em espetos. Aparentemente estava tentando convencê-lo a dar um daqueles; Sanji aproximou-se e parou ao lado de Zoro, que imediatamente parou de falar e virou sua atenção para o cozinheiro. – Pare de pedir comida por aí. – O rapaz falou num tom de advertência. – Venha comigo.

Acendeu a piteira no caminho até que chegou próximo de uma das árvores floridas. Então, virou-se para ele e entregou-lhe um pacotinho com aqueles pãezinhos de flor de cerejeira feitos por Nami. Zoro pegou o pacote e deu uma olhada, parecendo desconfiado. – Que é isso?

– Pães de cerejeira.

– E isso existe?!

– Se está na sua mão – debochou. – É porque existe!

O monge praguejou baixinho enquanto sentava na grama para abrir o pacote e experimentar os tais pães. Sanji sentou-se diante dele e apoiou o cotovelo nas pernas, segurando elegantemente a piteira perto dos lábios. Zoro agradeceu pela comida – “itadakimasu” – e deu uma mordida no pão.

– É meio doce. – Disse de boca cheia. Zoro não era muito fã de doces, mas enfim, não iria recusar comida. Mas, por algum motivo... Hum, aquela não parecia com a comida de sempre que Sanji levava para ele. – Não foi você que fez esse pão, foi?

– Hum? – A expressão do cozinheiro transformou-se, dando claros sinais de confusão. – Não... Digo, como você sabe?

– Não sei – ele mordeu outro pedaço do pãozinho e passou o pacote ao loiro, para que ele pegasse um também. Sanji não quis porque já havia comido vários daqueles só no caminho de ida. – Só tenho a impressão que não foi você quem fez.

– Não... Foi a Nami-san. – Ele baixou os olhos azuis para o pacote de pães.

Zoro engoliu o que tinha na boca. – Eu imaginei. Sua comida tem um gosto diferente – disse pensativo, aparentemente não compreendendo muito bem a razão para aquilo que falava. Mas que tinha um gosto diferente, isso era um fato.

Bem, ele podia não entender, mas Sanji definitivamente entendia. E inevitavelmente sentiu seus olhos pestanejarem com aquela declaração simplória, mas que, sem que o monge percebesse, era muito significativa para o cozinheiro. Oras, afinal, para alguém que prepara comida, é muito importante quando alguém gosta tanto assim.

E apesar de não admitir a ele, bem, Sanji sempre fazia aquele bentou a mais com a intenção de dar a ele, embora Nami acreditasse que era apenas o almoço do cozinheiro. Ela não precisava saber.

– E que “diferente” é esse? – Questionou o loiro já com um ar totalmente diferente no rosto; era uma expressão mais presunçosa mesmo.

Sem olhar para ele, Zoro torceu o rosto para pensar. – Não sei. Não faça pergunta difícil – resmungou e quando percebeu as feições de Sanji se retorcerem de prazer por causa do elogio, trincou os dentes. – Tá olhando o que com essa cara, cook?! – Rosnou.

– Eeeeu? – Cantarolou. – Eu não estou olhando nada! Só estou pensando na sua confissão de amor – ele começou a rir loucamente.

Zoro esfregou o rosto enquanto Sanji ria feito um idiota. Bem, ele estava rindo um pouco porque estava feliz, e outro pouco porque aquele monge era muito engraçado, mesmo. Sequer percebia o que falava. Devia ser muito ingênuo.

– De onde você tirou essa ideia de confissão de amor, imbecil?

O cozinheiro prendeu o riso, mas inevitavelmente ele acabou escapando. – Ah! Saber diferenciar a minha comida da Nami-san, sendo que eu nunca fiz um pãozinho desses... É uma confissão de amor, Zoro!

De repente o monge sentiu uma vontade louca de enfiar aquele pão goela abaixo em Sanji, mas enfim, acabou tendo que se controlar. Deixou o pacotinho de lado, tirou o chapéu das costas e o deixou de lado para que não atrapalhasse. Enquanto isso, o loiro ainda ria divertido da situação, sem perceber a movimentação alheia. Até que Zoro pôs as duas mãos em seu peito e o empurrou com força para trás.

Sanji caiu deitado na grama, e o fumo da piteira esparramou-se bem ao lado de sua cabeça. Praguejou em voz alta e quando estava prestes a erguer o tronco novamente, Zoro pôs-se sobre ele, ajoelhado no chão, e o segurou pelo peito com uma das mãos. Ao observar essa movimentação, o loiro baixou a piteira para o chão e olhou o monge cuidadosamente, analisando as bochechas suavemente rosadas dele.

Alguma coisa o havia feito corar, mas Sanji não sabia o quê.

– Que você pensa que está fazendo, monge idiota?

– Confissão de amor, né... – Zoro falou com um tom pensativo. – Algo me diz que quem está apaixonado aqui não sou eu.

– Quê?! – Sanji indignou-se diante da acusação. – Que merda você tá falando?

Sempre sobra um bentou pra mim, não é?

Sanji corou.

– Hoooo! Eu sabia! – Zoro deu um tapa no peito de Sanji e começou a rir. E pensando assim, era a primeira vez o cozinheiro o via rir daquele jeito. – Você é ridículo, cook!

– Quem é ridículo aqui, marimo?! – Ele segurou a gola da roupa de Zoro entre os dedos, fazendo aquele colar enorme com bolas vermelhas sacolejar num barulho característico. O monge, retornando ao seu “eu” de sempre, agarrou-lhe pela gola do yukata azul.

– Vai resolver brigar comigo aqui perto do matsuri?

– E se eu for?

Eles se encararam por segundos antes de levantarem tão rapidamente que mal deu para perceber a movimentação. Logo eles continuavam a fitar um ao outro até que Sanji relaxou os músculos do ombro e endireitou as costas, retomando sua postura. Zoro acabou por fazer o mesmo.

– Tch – o loiro resmungou. – Mal agradecido.

– Nunca – Zoro agitou a cabeça. – Eu nunca disse isso.

– Então o que você quer que eu diga? Que sou apaixonado por você ou algo assim? Monges budistas não têm que ser castos ou sei lá?

– Que idiotice é essa? – O rapaz revirou os olhos.

– Não importa – fez um sinal com as mãos.

O monge ergueu uma das expressivas sobrancelhas e deu um passo a frente. Sanji baixou o olhar para os pés descalços dele. Então Zoro andou de novo. E de novo. E isso fez o loiro recuar imediatamente, no mesmo ritmo dele, sem reduzir ou aumentar a distância entre eles. O mais alto deu dois passos mais largos que o comum e logo alcançava o cozinheiro com as mãos. Pegou-o pelas duas faixas que seguravam a manga do yukata e o impediu de prosseguir.

– Zoro... – Murmurou num tom de alerta, erguendo o olhar para os orbes castanhos dele. Ficaram se olhando por longos segundos até que—

– PORRA – Sanji gritou. – Por que você pisou no meu pé, idiota?! – Ele se agitou para se livrar das mãos do monge em sua roupa e Zoro o libertou.

– Fiquei com vontade – respondeu, fazendo pouco caso. Sanji cerrou o punho com raiva e ergueu o pé imediatamente para tentar dar um chute no meio das pernas do outro, mas Zoro acabou por se espertar rapidamente e evitar um estrago maior. Mesmo assim, acabou sendo chutado na coxa, o que o fez se irritar de qualquer forma. – Você tá louco, cook?!

– Você que tá, pisando no meu pé daquele jeito! Onde já se viu – resmungou rabugento enquanto ajeitava o yukata de volta no corpo.

E nesse meio tempo em que ficou falando consigo mesmo sobre o quão maluco era aquele monge, Zoro se aproximou sem que Sanji percebesse o pegou pela cintura. O apertou com força contra seu corpo e até mesmo encolheu um pouco os ombros para mantê-lo bem preso em volta de seus braços.

O loiro ficou momentaneamente chocado demais para reagir, mas segundos depois começou a espernear. – Me solta, Zoro!

– Você é mais teimoso que uma mula. – Ele forçou-se mais contra o cozinheiro e acabou por fazê-lo parar de se mexer. Sanji apoiou as mãos no peito de Zoro e ficou olhando para ele, esperando levar outra pisada no pé, ou qualquer coisa do gênero.

Mas ao invés disso, Zoro suspirou um segundo antes de beijá-lo.

O cozinheiro demorou uns instantes para conseguir assimilar a ideia de ter os lábios dele nos seus. E só quando conseguiu fazer as engrenagens de seu cérebro começarem a rodar é que o beijo chegou àquele ponto onde as línguas finalmente se encontram após grudar os lábios.

Sanji ergueu os braços e fechou-os em torno do pescoço de Zoro, as mãos agarrando-se ao tecido grosso da roupa que ele usava.

E ficaram assim. Lentamente aumentando o ritmo do beijo que, como bem devia ser, começou calmo por conta da aceitação inicial que todo “primeiro beijo” deve ter; até que os dois se sentissem confortáveis o bastante para arriscar acelerar um pouco o compasso. Foram assim conhecendo um ao toque do outro – Zoro, que sempre teve uma vontade obscura de tocar nos cabelos loiros de Sanji; e o próprio cozinheiro que, bem, no fundo, gostava de Zoro.

Quer dizer, só assim ele faria todo dia um bentou a mais. Teoricamente não era a mais, porque na concepção original seria para ele mesmo comer, mas, bem, àquele horário ele não sentia fome. Acabou começando a dizer a Nami que faria apenas para levar à Zoro, mesmo. E sempre­ – todo dia – pensava cuidadosamente no que faria para a entrega, perguntando-se o que o monge pensaria de sua comida.

Essas coisinhas. Sanji era meio ligado a pequenezas.

Depois de o beijo separar-se naturalmente, o loiro ainda manteve os olhos fechados por alguns segundos antes de voltar a enxergar as íris escuras do rapaz à sua frente. Zoro, por sua vez, já o estava olhando desde que as bocas deixaram de encostar-se. Sanji estreitou o olho azul visível na direção do outro e revirou os olhos.

– Que foi?! – Rosnou Zoro.

– Nada... – Sanji suspirou confortável com a sensação de estar preso nos braços dele. – Eu não falei nada, você tem essa mania de tentar adivinhar se eu tô pensando alguma coisa!

– Hum – Respondeu o outro, então, sem prolongar a conversa.

Eles ficaram quietos até que Zoro resolveu mexer no rabo-de-cavalo dos cabelos louros de Sanji, o que o fez sentir um arrepio involuntário no alto das costas. – Não sabia que você era interessado em mim. – Admitiu o cozinheiro com a expressão tranquila.

– Eu, por outro lado – o monge começou com o tom arrogante, embora Sanji tenha tido a impressão de que o rosto dele estava avermelhando através do tom dourado que tinha. – Já sabia muito bem seu interesse em mim.

– Sabia, é? – Ele ergueu a sobrancelha visível.

– É – Zoro suspirou, como que tendo uma lembrança. – Na realidade, era uma suspeita. O oyabun vive pela rua reclamando da sua mesquinharia em dar comida pra ele. Não faz sentido você dar comida pra mim e não para o oyabun.

O loiro suspirou, sendo totalmente obrigado a concordar com a dedução de Zoro. Ele tinha razão. Tsc— infelizmente tinha. Sorriu pequenamente e meneou a cabeça negativamente. A expressão do monge endureceu.

Sanji fez um carinho no queixo de Zoro, o que fez o rapaz projetar a cabeça para trás, obviamente estranhando o toque.

– Chega de discutir o assunto, monge-san – mexeu as sobrancelhas, soando bem espertinho. – Ainda está com fome?

– Estou.

– Então vamos para o Kaza-Guruma e eu vou preparar algo pra você comer – Sanji libertou-se dos braços alheios e agachou-se para recolher a piteira do chão.

– E por que não comemos aqui mesmo, no matsuri? – Zoro cruzou os braços.

– Porque não teria o mesmo sabor, oras. – Bateu delicadamente na piteira para tirar os resquícios de grama e guardou dentro do yukata. Recolheu o saco de pãezinhos de flor de cerejeira, pegou um e começou a comer enquanto encaminhava-se de volta para a cidade.

– Eu gosto do gyoza – Zoro falou, de repente, enquanto eles caminhavam lado a lado, os braços se encostando.

– Gyoza, né? – Sanji assentiu, fazendo um biquinho pensativo. – Faremos gyoza, então.


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