Meia noite e quinze escrita por Kori Hime


Capítulo 1
Meia noite e quinze


Notas iniciais do capítulo

Essa é uma one shot muito amor da vida. Eu estava lendo algumas HQ da Batgirl e do Grayson, e voltou a minha paixão pelos dois.



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A missão não era das mais complicadas. Não havia um psicopata mascarado solto nas ruas, não havia anomalias ou meta-humanos para capturarem. Também não chovia e a lua cheia brilhava no céu.

Gotham não parecia ser a Gotham que eles conheciam e protegiam.

Por isso era melhor não se acostumarem com a noite tranquila.

— Você estava falando sério? — A Batgirl perguntou, utilizando o intercomunicador preso em sua máscara, enquanto observava a troca de mercadorias entre os bandidos. Estava escondida atrás de alguns tambores de metal em um beco escuro. Atividade normal para alguém que vivia pelas noites de Gotham.

— Com certeza. — Robin, que estava no topo de um prédio, observava a mesma cena que a parceira, só que em um ângulo diferente.

— Eu não sei. — Ela continuava com os olhos atentos para os cinco homens que desciam, um de cada vez, em uma rampa improvisada, carregando aparelhos eletrônicos roubados.

A missão, como dita anteriormente, era ligar a gangue da rua sessenta e quatro com Falcone. Dessa forma, a promotoria de Gotham poderia conseguir forças para reacender os processos contra o criminoso.

A Batgirl e o Robin não precisariam de reforços para acompanhar aqueles bandidos durante toda a noite, por isso, o Batman poderia tirar uma folga da capa negra e vestir um terno caro e se mostrar pela cidade em um conversível com duas modelos famosas.

— Está com medo, morceguinha? — Robin riu.

— O medo não é nada mais do que uma reprodução diária dessa cidade, garoto prodígio. — Batgirl ergueu o binóculo, constatando que as caixas de eletrônicos foram todas colocadas dentro do caminhão. Em breve eles partiriam.

— Então o que me diz? — Ele insistiu e houve um silêncio.

O caminhão começou a se mover e então Batgirl falou:

— Vamos ao trabalho, eu deixo você pular primeiro. — Ela correu pelo beco e apontou a batclaw na parede e saltou pela cidade.

— Hey! — Robin reclamou, já que ela não deixou que ele pulasse na frente.

Os dois saltaram pela cidade, seguindo a mesma direção do caminhão. Enquanto perseguiam o veículo, a conversa anterior era repassada na cabeça de cada um.

Dick Grayson, um jovem prodígio, como era conhecido.  Bárbara Gordon, uma jovem genial, como era conhecida. Ambos possuíam uma máscara que os protegiam em suas atividades secretas. O que eles tinham em comum, além da escuridão da noite? Os dois possuíam esperança.

Ah! E eles estavam apaixonados.

A declaração custou para acontecer. Os dois estavam sempre ocupados com suas vidas turbulentas. Em uma noite, após conseguirem derrotar o Charada, quando chegaram na mansão Wayne, exaustos e machucados, Dick segurou Bárbara em seus braços. Ele sentiu medo aquela noite. Medo de perde-la.

O mesmo disse Bárbara.

Desde então os dois não haviam falado sobre seus sentimentos abertamente. Pelo menos não até aquela noite, quando Dick a chamou para sair.

Um encontro. Bárbara sentiu-se eufórica e com arrepios.

Dick sentiu-se nervoso e animado.

Ela ainda não havia dado a resposta, mas ainda era meia noite. Eles teriam tempo para conversar no intercomunicador, sobre os pós e contra daquele encontro.

— Podemos ir ao teatro. — Robin sugeriu, após conseguir passar a frente da Batgirl.

— Que elegante, qual foi a última vez que você foi ao teatro?

— Hmmm... não se lembra? Assistimos O Fantasma da Ópera ano passado.

— Corrigindo, você dormiu durante toda a apresentação. — Batgirl tomou a liderança, sobrevoando as ruas de Gotham sem dificuldade. A noite estava perfeita para alguns saltos.

— Certo, então o que você sugere?

— Podemos ir ao Museu de Arte Moderna.

— Chato.

— Ao Palácio das Tulipas.

— Interditado, lembra-se?

— Oh! É mesmo. — Ela falou, recordando-se do incêndio causado no ano anterior. O lugar ainda estava sendo reconstruído. Infelizmente os recursos públicos eram mais desviados do que utilizados para a obra.

O caminhão estacionou e os dois pousaram sobre um prédio. Os capangas de Falcone estavam lá, só faltava o homem aparecer para completar a missão.

Robin olhou para a Batgirl, deixando um sorriso escapar em seus lábios. Ela balançou a cabeça e mandou que ele se comportasse, empurrando-o em seguida. E então, lá estava Falcone em pessoa. Os dois esticaram os braços e bateram os punhos fechados. Tiraram fotografias que poderiam ser utilizadas pela promotoria e chamaram a Polícia, que cuidariam de tudo.

A noite estava perfeita. O trabalho, poderia dizer que foi um sucesso. E ainda era meia noite e dez.

— E então? — Dick aproximou-se da Batgirl. — Podemos sair para comer alguma coisa, conheço uma ótima lanchonete aberta a noite toda.

— Ou podemos visitar o Lago neste domingo. — Ela sugeriu. — Isso é, se tudo estiver tranquilo, como hoje.

— Eu gostei da ideia, podemos levar comida e... — ele deu mais um passo para frente. — E podemos ficar juntos o dia todo. — Dick levou a mão até o rosto da Batgirl.

— Podemos ficar juntos o dia todos, e talvez até mais tarde. — Ela apertou os lábios, levando sua mão até o peito do Robin, acariciou o uniforme, naquela noite não havia sangue para limpar, nem machucados para curar, ou feridas para dar pontos.

Aquela era uma noite atípica. E não poderiam, definitivamente, se levar por aquele clima melódico e primaveril.

Eles se beijaram, mergulhando naquela noite especial a que foram premiados.

— Ou podemos ir agora mesmo para outro lugar. — Dick sussurrou no ouvido de Bárbara, ela estava inclinada a aceitar o convite, quando os dois ouviram a voz do Batman no intercomunicador conectado na mesma frequência que a Batcaverna. Ou seja, toda a conversa que tiveram provavelmente foi gravada. Num cenário pior, Alfred estava ali ouvindo os dois. O que era ainda mais vergonhoso pelo o que eles disseram.

— Eu quero os dois aqui e agora. — Batman não parecia estar brincando.

— Merda. — Dick bateu a mão na cabeça, esquecendo-se de desligar o aparelho.

Batgirl suspirou, não dava para fugir para Metrópolis, ou dava?

Era meia noite e quinze quando a noite especial de Gotham chegou ao fim. Ou poderiam olhar por outro ângulo. E, era meia noite e quinze quando eles trocaram olhares cúmplices e, através de mímica, eles se comunicaram enquanto o Batman dava um prazo para que eles chegassem em casa.

A Batgirl estava de moto, ela deu uma carona para o Robin. Ele abraçou-a na cintura, apertando mais forte do que o costume. Durante a curta viagem, já que praticamente ela voava na motocicleta, trocaram algumas palavras e sorrisos. Além de um beijo quando entraram na Batcaverna, antes de encontrarem Bruce Wayne sentado em sua poltrona, diante do computador.

Alfred estava ao lado do patrão, servindo uma xícara de café, adoçando com um torrão de açúcar.

Bárbara foi a primeira a falar, ela se aproximou do mordomo e o beijou no rosto, dando-lhe um boa noite de forma gentil.

— Está uma bela noite, senhorita Gordon. — Alfred ofereceu seus serviços, mas Bárbara não desejava nada para comer.

— Hey, Alfie, sobrou alguma coisa do jantar? Eu estou morrendo de fome. — Dick estava mais relaxado.

— Com certeza, master Richard. — O mordomo recebeu um olhar severo de Bruce. — Mas, acredito que se eu preparar seu prato agora, a comida irá esfriar. Então vamos aguardar.

Bruce dirigiu seu olhar para o computador, acessando a câmera de segurança das ruas de Gotham. Na tela, Falcone e seus capangas estavam trabalhando com os objetos eletrônicos recém adquiridos de maneira ilegal.

— Estamos com as fotografias, vou revelar agora mesmo. — Bárbara sugeriu, mas Bruce tinha algo a mais para falar.

— Sentem-se. — Ele ordenou, não foi preciso dizer duas vezes. — Eu quero saber quando isso começou.

— Isso o que? — Dick perguntou, embora soubesse do que poderia ser. Bárbara o cutucou.

— Essa foi a primeira vez, não aconteceu nada antes e nem depois. — A Batgirl viu o monitor apresentar a câmera de segurança da Batcaverna, quando capturou o beijo dos dois agora pouco. — Certo, nós nos beijamos, e daí?

— Daí que vocês estão sob a minha responsabilidade. — Bruce sentou-se novamente em sua cadeira. — Enquanto estiverem numa missão, estejam na missão. Vocês baixaram a guarda, poderia ter acontecido qualquer coisa nesse momento.

— Mas não aconteceu. — Dick resmungou, não é preciso dizer que Bruce o repreendeu.

— Eu quero confiar que isso não irá acontecer novamente. — Bruce encarou os dois jovens, seus semblantes abatidos e Alfred, ao seu lado deu um leve pigarro. — Pelo menos não enquanto estiverem em missão.

Bruce ordenou que Alfred preparasse o jantar para os dois, liberando-os.

Na cozinha, Bárbara tirava as luvas amarelas e deixava sobre a mesa, ela sentiu a mão de Dick acariciar a sua, era um toque macio e quente. Ele a beijou.

— Tem alguma coisa para fazer amanhã? — Dick esfregou as mãos, animado com o prato servido por Alfred.

— Uma prova de química, nada com que se preocupar. E você?

— Tenho que levar o cachorro para tosar, que tal a gente ir ver um filme depois?

— Nosso primeiro encontro?

— É, vamos dizer que sim. — Dick deu uma piscadinha. — Você paga a pipoca.

Eles estavam apaixonados, como foi dito. E, como também foi dito, naquela noite Gotham não parecia a Gotham que eles conheciam e protegiam. Não dava para saber ainda se aquela paixão iria resistir a real Gotham, mas os dois estavam prontos para apostarem todas as fichas.


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Notas finais do capítulo

Beijos, e já podem comentar agora :)



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