"Sonhos parecem ser reais quando estamos neles, só quando acordamos que percebemos que algo estava estranho."

(Música do capitulo )

Ponto de vista: Isabella Swan.

Minha animação matinal, não poderia estar maior; Acordar sabendo que terá que fazer dupla numa excursão, com um garoto que fez insinuações sobre seu caráter, é um ótimo programa para uma terça-feira úmida. Com toda certeza.

 Depois de um café da manhã reforçado, incluindo tentativas frustradas do meu pai de se aproximar de mim, aqui estou eu, em frente ao estacionamento da escola. Junto com todos os outros alunos, esperando o ônibus que nos levará até a floresta escolhida. Como se nós não tivéssemos nossos próprios carros, capazes de se movimentarem até lá.

Dentro da minha mochila, eu carregava apenas o essencial. Como por exemplo; Repelente, uma garrafa térmica cheia de água gelada, um lanche leve, e uma câmera fotográfica, que seria usada em uma das atividades.

Vi Edward se aproximar de mim, e suspirei, revirando os olhos em seguida. Ele apenas me encarou e eu cruzei os braços.

— Nós não podemos agir como crianças. A gente vai ter que se falar agora, afinal faremos a trilha em dupla. — disse querendo soar sábio e eu grunhi.

—Eu sou muito madura só para você saber. Eu só não suporto  insinuações sem fundamento. — mencionei como indireta e ele suspirou.

—Olha...Me desculpa por aquilo. — depois de alguns segundos se desculpou e eu não vi o minimo de verdade em suas palavras.

—Mesmo não sendo da sua conta, eu vou falar; Eu não estava com aquele cara pelos motivos que você acha, eu estava por outra razão, que não vem ao caso no momento. — expliquei para alivio de consciência.

—Isso quer dizer, que você me desculpa?. —  perguntou com aquele seu estúpido sorriso de lado .

—Isso quer dizer ,que eu quero pontos, e eu não vou conseguir isso se não falar com o cara que é minha dupla. — resmunguei e Edward sorriu.

Victoria se aproximou de nós completamente animada, ao contrário de mim.

—Gente, essa aula vai ser fantástica. — ela comemorou sorrindo.

— Menos Vick, bem menos. — pedi de mau-humor.

—Por favor Bella, para com esse desânimo, não deve ser tão ruim fazer dupla com o Edward. —  protestou, e depois revirou os olhos.

—Ei! Isso ofendeu, okay?. — o dito cujo falou indignado, mas, eu ignorei.

— Quem é sua dupla? — perguntei apenas para não focar em Edward, e ela sorriu.

— Adivinha só? Meu melhor amigo é lógico; O Riley. — falou com um sorriso enorme e eu a encarei com desdém.

—Você sim tem sorte. — murmurei.

—Qual é! O nerdzinho sem sal nem deve ser tão legal assim. — Edward falou com deboche e eu o olhei incrédula.

—Pois fique você sabendo, que o Riley é incrível, diferente de você e aqueles que supostamente são sua turma de amigos. — declarei quase em fúria e ele me encarou de forma ofendida.

—A Bella está certa. E eu acho melhor eu sair daqui, porque o clima não está dos melhores. —Vick disse fazendo uma careta e foi até onde o Riley estava.

Há alguns metros de distância de nós, estava Rosalie encostada no seu carro. Ela nos olhava a cada cinco minutos, e dizia algo a sua amiga Jéssica, que concordava sem nem sequer pensar duas vezes. Estava nítido a raiva que ela sentia por eu fazer dupla com o Edward, mas, o que eu poderia fazer? Foi o professor que quis assim. Essa dinâmica com o Cullen nem era do meu interesse mesmo.

 (...)

A viagem até a floresta que aconteceria as excursões, foi curta e silenciosa. Até porque eu não dirigi uma palavra sequer a Edward, apenas coloquei meus fones de ouvido, e ignorei sua presença.

Todos já tínhamos descido do ônibus, estávamos esperando as instruções serem dadas pelo professor Connor, que ficou responsável pela preparação e execução de toda a excursão. Ele parecia muito animado, coisa que não fazia parte do seu tipo "professor chato".

—Alunos sejam educados e fiquem calados, por favor...Continuando, a nota será divididas de duas formas, a primeira será aqui, a qual cada dupla receberá um mapa com uma trilha diferente, o primeiro que chegar a linha de chegada, que já está demarcada, ganhará a competição e portanto terá mais pontos...A segunda, ao longo do caminho você vão usar as câmeras fotográficas, fotografando as especieis que vocês acharem mais interessante, e amanhã me levarão um relatório sobre isso e todas a fotos tiradas. — ele explicou criando expectativa na maioria dos alunos, eu apenas dei ombros.

—Essa nós vamos ganhar fácil. — Edward garantiu e eu percebi que ele era bem competitivo. O que não é surpreendente, dado seu histórico de amizade.

Todos alunos começaram a se aproximar de suas respectivas duplas,enquanto recebiam os mapas ,e em seguida o professor deu a largada.

(...)

Nós estávamos caminhando á aproximadamente 15 minutos, a trilha não era tão difícil como esperado, e eu estava acostumada a caminhar pelas florestas, já que eu fazia muito isso para refletir.

Edward parou de andar um instante para beber água.

—Sabe, o que eu percebi sobre você, hoje? —  ele perguntou do nada e eu arqueei a sobrancelha.

—Não. O quê? — questionei fazendo uma careta. Dessa vez decidi não ser irônica.

— Eu percebi que eu não sei nada sobre você. Por exemplo; Qual é seu sobrenome? Você tem irmãos? Com quem você mora? Por que saiu da Califórnia? ou melhor, por que foi para lá? — mostrou sua curiosidade e eu voltei a caminhar.

Aqueles questionamentos me incomodaram.

—Você já pensou que talvez seja por que tudo isso não é da sua conta? — aquela era a ironia voltando. Ele riu.

—Então é isso; Você é um mistério. — Edward concluiu.

—Algo do tipo. — disse sem mudar minha postura.

Descemos uma pequena ladeira,  nos apoiando nas árvores, seguindo as coordenadas do mapa. Alguns galhos complicavam nossa caminhada, mas,  nós desviávamos rapidamente e voltávamos a andar.

— Eu posso te fazer uma pergunta constrangedora? — questionou novamente do nada, sorrindo de forma marota, e eu o encarei.

— Sobre o que, exatamente? — indaguei curiosa, pensando seriamente em responder.

— Você já namorou alguém? — ele perguntou parecendo cético, quanto a isso e eu sorri.

—Já! Basicamente!...Bem, não foi bem um namoro, e a propósito, isso não é uma pergunta constrangedora. — limitei minha resposta.

—"Já ? Basicamente!"? Isso lá é resposta...Enfim, você poderia me dizer porque terminaram. — me incentivou a continuar, mas, eu não gostava de tocar naquele assunto.

—Acabou porque tinha que acabar. — concluí, não querendo estender aquilo.

—Eu realmente não achava que nerds tinham uma vida sentimental movimentada. — ele debochou com as sobrancelhas franzidas.

—Nerd é só um titulo estupido, que pessoas idiotas deram a pessoas que sabem o que querem para seu futuro e que sabem se focar nisso, em vez de pegarem o mundo todo em uma festa. — soltei a indireta.

—Então ficar com várias meninas numa noite só, me faz uma pessoa sem futuro? — ele questionou tentando entender minha lógica e eu ri com escárnio.

—Eu não disse isso. — me defendi, fingindo-me de inocente..

—Mas, quis dizer. —  argumentou.

Peguei minha câmera fotográfica, dentro da mochila, e fotografei algumas flores que eu achei legais. Me posicionei em um ângulo bom e tirei as fotos, logo depois passando o foco para alguns pássaros que cantavam distraidamente em cima de árvores altas.

—Câmera legal. — Edward elogiou.

—Obrigada. — respondi calmamente, enquanto fotografava mais.

Então me aproximei de Edward, que procurava algo em sua mochila e fotografei ele de forma espontânea. O mesmo me olhou e depois sorriu para a câmera fazendo pose para foto e eu sorri também.

—Pode ir me passando a câmera que você também vai ser fotografada. — avisou e eu o revirei os olhos.

— Nem pensar. — neguei, mas, de forma rápida, ele tomou a câmera das minhas mãos.

—Pose para foto. — ele pediu com deboche e eu revirei os olhos, antes de me render.

Fiz diversas caretas e depois sorri. Só não sabia se foi para ele ou para câmera. Coloquei um fio  de cabelo insistente atrás da orelha e Edward me olhou de forma estranha.

   Então, logo após para minha surpresa e sem minha permissão, ele pôs uma flor atrás da minha orelha e me fotografou de maneira natural assim, como fiz com ele, enquanto eu ria.

—Agora, nós precisamos de uma foto, juntos. — anunciou rindo. Logo me puxou para o seu lado.

Fizemos poses estranhas, nos divertindo com aquelas fotos inusitadas.

— Você já se apaixonou? — mais uma pergunta feita fora de hora, feita enquanto eu guardava a minha câmera.

— Não. — respondi firmemente, apenas isso.

Não falei mais nada, apenas continuei a caminhar. Então Edward parou bruscamente e eu me virei em sua direção, o encarando esperando uma explicação.

— Eu...perdi o mapa. — ele disse pedindo desculpa com o olhar, e eu tentei me controlar.

— Não me diga que estamos perdidos. — solicitei, reunindo toda minha calma.

—Okay, se você não quiser, eu não falo. — teve a ousadia de debochar, e eu rosnei me aproximando do mesmo, sem hesitação, comecei a bater nele.

—Você é um estúpido, babaca, cretino e burro. — berrei irritada e ele tentou segurar minhas mãos.

Resultado disso; Eu acabei tropeçando em meus próprios pés, escorregando pelo pequeno barranco e levei Edward comigo.

Bolamos uma cinco vezes, até chegar a uma superfície macia. Nossa sorte é que o lugar em que estávamos antes de cair, era baixo.

Reparei que eu estava em cima do Edward, então, me virei e me deitei ao seu lado. Colocando a mão na testa, por causa do possível hematoma que ali se instalaria.

— Você está machucada?. — ele perguntou resmungando.

— Eu estou com muita raiva. — esclareci antes de qualquer coisa, para ele ter noção de como eu estava.

—Eu realmente estava preocupado com você, mas, como você não sabe agir com educação, eu desisto. — falou com fúria se levantando e eu me levantei também irritada com a situação.

E só então percebi onde tínhamos caído.; Era uma clareira, com flores de variados tipos. De longe se podia escutar o barulho de um pequeno lago correndo de forma serena. E a grama parecia de um verde diferente. Era hipnótico.

O que era mais estranho, era a sensação que eu sentia ao ver aquilo. Eu já havia desenhado aquele lugar.

O que eu sentia no fundo da minha alma era diferente e inexplicável, assim como no dia em que beijei o Edward.

—Você sente como se esse lugar fosse familiar?. — Edward perguntou assustado.

Okay, então ele sentia isso também.

E como num filme confuso, vários flashs apareceram em minha mente; Pequenos flocos de neve, caindo sobre a grama, lábios rosados de uma forma graciosamente natural, olhos claros, pássaros cantando, uma lágrima, e um sorriso.

Fiquei tão aturdida com isso que cambaleei para trás e só não cai porque Edward me segurou.

—Você está bem? — ele perguntou agora parecendo verdadeiramente preocupado.

—É só...que.... — não consegui terminar a frase.

— Eu acho melhor a gente, dar um jeito de voltar. —  falou me encarando, com medo do meu estado.

— E você tem alguma ideia. gênio?. — perguntei me recompondo, e ele me encarou com o cenho franzido, depois riu com escárnio.

—Vejo que está melhor. Até já começou a me ofender. — pontuou, e eu revirei os olhos.

—Você poderia ligar para alguém, idiota. — sugeri.

— Isso é uma ótima ideia. — Era lógico que era. Logo pegou o celular no bolso da sua calça e caminhou um pouco para longe de mim.

Sentei numa pedra para esperar e suspirei.

Minutos depois, ele voltou com uma expressão nada boa no rosto.

—Péssima noticia; Supostamente, não existe área de celular nessa floresta. — anuncia frustrado.

—Lógico! A floresta faz parte de Forks, que não por acaso é o fim do mundo. — grunhi.

— Se odeia tanto Forks, por que mora aqui? E não adianta dizer que não é da minha conta. — ele perguntou me encarando.

 — Eu não odeio Forks...Só não a suporto. É diferente. — falei fazendo uma careta e ele riu ironicamente.

        Edward sentou ao meu lado, enquanto eu me concentrava em me manter calma de certa forma. Peguei minha garrafa térmica de água e bebi um pouco. Revirei os olhos ao perceber Edward me olhando.

(...)

A noite parecia estar chegando, e ninguém aparentava ter percebido que nós desaparecemos. Valeu! Eu sabia que minha presença era insignificante, mas, não a esse ponto.

Nós estávamos sentados em um tronco de uma árvore agora. Edward fez uma fogueira improvisada, segundo ele, tinha aprendido isso em um acampamento quando criança.

—Os seus amigos realmente te amam, nem mesmo sentiram sua falta —debochei.

— Digo o mesmo da Vick e do incrível Riley. — Edward devolveu.

— Idiota. — falei sorrindo, e ele revirou os olhos. Logo voltou a me encarar, parecendo pensar duas vezes antes de fazer uma pergunta estúpida, que certamente viria.

— Você já transou com alguém? Sei lá, pelo seu estilo,  eu acho que não. —perguntou meio hesitante e eu o encarei incrédula.

— Eu não acredito que você está me perguntando isso. Essa sim é uma pergunta constrangedora. — falei perplexa.

— Sim ou não?. —  insistiu.

—Eu não vou te dizer isso. — respondi convicta. Edward suspirou. Um idiota realmente!

— Okay, mós poderíamos brincar de um jogo, só para passar o tempo. Nós fazemos perguntas um ao outro, e se elas forem desconfortáveis você pode passar. — ele ofereceu e eu suspirei. Aquilo era só outra maneira dele de tirar informações de mim. Eu até poderia tirar um proveito disso.

—Okay. Eu começo; Ai vai, por que você insiste tanto em sair comigo? — perguntei de forma direta, ele ficou inquieto.

— Porque eu te acho...interessante. — ele é um péssimo mentiroso. —Mas, agora é a minha vez; Qual é seu nome do meio? — perguntou arqueando uma sobrancelha e eu revirei os olhos.

—É Marie. — falei sorrindo, me perguntando como ele sabia que eu tinha um nome do meio.

— É um belo nome. Agora é a sua vez. — elogiou e eu percebi o quanto estávamos próximos um do outro.

— O que você quer fazer nesse exato momento, Edward? Tem certeza que é ficar fazendo perguntas?. — questionei séria, e ele olhou para meus lábios. E não respondeu, apenas se aproximou mais de mim, mas, antes do que ele queria acontecer, sentimos uma lanterna em nossos rostos.

Nos afastamos rapidamente, como se isso não tivesse acontecido.

Era o professor Connor, junto com Vick que estava com uma expressão maliciosa, Rose que me fuzilava com os olhos, Emmett que se divertia com a situação, e Riley que permanecia calado.

— Eu posso saber, por que vocês sumiram? — professor Connor perguntou com a sobrancelha arqueada.

— O Edward perdeu o mapa, e consequentemente nos perdemos. — me apressei em explicar.

—Deveriam ter tido mais cuidado...Mas, agora que tudo acabou bem, é melhor voltarmos para escola. — falou firmemente e eu me levantei pegando minha mochila, e Edward fez o mesmo em seguida.

— E a propósito, quem ganhou a competição?. — perguntei curiosa.

— Nós. — Vick disse sorridente apontando para Riley, que esboçava um sorriso tímido.

—Parabéns! Vocês merecem. — falei sorrindo.

No fim tudo acabou bem, e não foi tão ruim quanto eu imaginava. Edward não era tão babaca quanto parecia, mas, eu não diria isso a ele. Afinal, certas coisas não precisam ser ditas.