Batman - Alvorecer escrita por Cavaleiro das Palavras


Capítulo 29
Capítulo Vinte e Nove - Um Lar para um Morcego


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de agradecer a vocês que acompanharam até o final esta história. Obrigado por todo o incentivo e dicas. Mas acima de tudo, obrigado por ter dado uma chance a mim e a esta história. Fiquem bem e boa leitura. :)

Um agradecimento especial ainda para minha família e amigos, que incentivaram-me a continuar.



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Arte por David Finch

 

Pela manhã, não desejo levantar. Todavia, forço-me a fazê-lo. Há um longo caminho a minha frente para retornar, assim como também haverá muito o que fazer. Aqui, não há nada mais do que possa levar comigo, exceto por... Talia.

Nossos caminhos dificilmente seguiriam na mesma direção. O que ocorrera, fora belo, contudo, ambos sabemos que por enquanto, não tem futuro. Assim que desperta, contemplo seus olhos e parte de minha vontade de partir se esvai. Quando as mãos se entrelaçam e os rostos uma vez mais próximos estão, nada sou capaz de dizer.

— Eu sei. Eu ainda não posso te convencer a ficar. Você precisa ir...

Um último beijo é o que guardo de tudo.

Encontro Mestre Kirigi no pátio da antiga Cerejeira, onde o mesmo medita.

— É chegada a hora de sua partida Senhor Wayne. Espero, que aqui tenha encontrado o que precisava. Seu caminho ainda reserva muito mais. Torço, para que seja capaz de suportar o que vem a seguir. – ele diz sem a necessidade de se virar.

— Agradeço, Mestre. – ajoelho-me fazendo o cumprimento formal.

— Quero que se lembre, de que você tem um lar aqui. Se precisar, será recebido de braços abertos.

Agradeço novamente. Meus irmãos saúdam conforme o costume e assim parto. É hora de voltar para casa.

...

Desço até uma parte mais baixa da montanha onde encontro um destacamento das Empresas Wayne enviado por Lucius Fox para levar-me ao aeroporto, de onde partiria para Gotham.

— O Senhor Fox pede desculpas por não recebe-lo em pessoa. Quanto ao seu mordomo, Alfred Pennyworth, ele está à pá de toda a situação e o aguarda na Mansão Wayne. – relata-me um dos trabalhadores.

Entro no helicóptero o qual haviam pousado ali. Há pelo menos uma semana, havia entrado em contato com Lucius e combinado meu retorno. Desde que Alfred finalmente aceitara meus meios, o mesmo tem o mantido ciente de meu caminho. Apesar do envolvimento das Empresas Wayne, isto não era um evento que seria divulgado a imprensa. De fato, a mesma não saberia do retorno de Bruce Wayne tão cedo.

Chegamos ao aeroporto de onde nosso jato parte. O comissário de bordo informa-me de que a viagem levara por volta de dezesseis horas e trinta e nove minutos, aproximadamente. O jato possui diversos confortos dos quais tenho certeza que farei bom uso. Após tantos meses sem de fato dormir bem, certas vezes por escolha, outras não, tomarei proveito da situação para descansar. Combino com a equipe para deixar-me, não chamando-me nas paradas necessárias. Antes de tudo, naquele momento, permito-me paz.

...

É de manhã quando o Comissário de Bordo desperta-me. Procuro uma poltrona próximo a janela onde ajeito-me. Contemplando o mundo lá fora, vejo Gotham City, estou de volta ao lar.

De cima, tudo é belo. Sou capaz de apontar alguns prédios novos que foram construídos, outros que aparentam estar abandonados. Mas certas coisas, não mudaram. Ainda no centro de Gotham, o mais alto edifício da cidade, mantém-se de pé o glorioso prédio das Empresas Wayne. A luz daquele amanhecer banha sua estrutura e o torna um enorme farol.

Quando pousamos, o comissário de bordo assegura-me de que não haverá imprensa no local, e que já que o jato não carrega o brasão dos Wayne, não atrairá atenção. Quanto a mim mesmo, não preocupo-me. Os anos me fizeram mudar. Não tinha mais o rosto de um garoto, já era um homem. Meu cabelo, que agora alcançava meus ombros, assim como minha barba, haviam crescido mais do que esperava. Seria ínfima a chance de qualquer um apontar-me como Bruce Wayne.

Ao saltar e recuperar minha bagagem, adentro o transporte que me guiaria até a Mansão. Uso este tempo para finalmente em solo, observar o que se dera da real face de Gotham.

As ruas, antes podiam ser consideradas limpas, agora eram habitadas pelo lixo. Mendigos, usuários químicos e mulheres da vida reuniam-se em becos e esquinas mesmo cedo. As pessoas que pelas ruas vagavam, aparentavam acreditar que qualquer um poderia ataca-los. Momentaneamente, a condução para aguardando uma perseguição policial encontrar seu fim. Esta é a única presença da lei que vejo durante todo o percurso. Meu lar, já não era mais o que um dia conheci. Agora, o mal transpirava de seus imundos poros inundando-a sem deixar livre sequer um local. Era pior do que esperava.

...

Alfred aguardava-me no início das escadarias a qual desde os limites da propriedade, um caminho de pedras conduzia. Por fora, pelo menos a Mansão não mudara, era exatamente como recordava-me, com seu estilo antigo europeu, remetia-me a um castelo. Por um breve instante, revejo toda aquela vida que antes um dia enchia a casa. Uma vida a muito perdida.

Salto do veículo e caminho até meu velho amigo que prende um sorriso. Coloco as malas no chão e nos encaramos.

— Há, veja só, agora preciso levantar a cabeça para ver seu rosto. – ele começa sorrindo.

— É bom te ver novamente, meu amigo. – retribuo o sorriso e nos abraçamos. Um cumprimento que procurava saciar uma saudade de tantos anos. O havia afastado para protegê-lo, mas não havia um dia sequer em que não sentisse sua falta.

— Céus, como você cresceu! – ele se afasta para admirar-me – O que houve com seu cabelo e barba? Não haviam tesouras ou barbeadores onde estava? – diz-me gargalhando.

— Enquanto alguns têm muito, outros têm tão pouco. – respondo compartilhando de seu riso e passando a mão por sua cabeça. Havia envelhecido. Quase não havia mais cabelo no centro de sua cabeça. As laterais conservavam mechas brancas que cresciam. Seu bigode, de tantos anos, ainda estava ali, impecável. Trajava seu costumeiro terno de corte inglês, sapato formal engraxado e luvas brancas.

— Impressionante! – exclamo quando entre em minha casa.

— O quê Mestre Bruce? – indaga-me Alfred curioso recusando-se a deixar que eu leve as bagagens para dentro da Mansão.

— Nada mudou. Tudo está exatamente como me lembro. Eu poderia ter doze anos de novo.

O Salão Principal amplo, seu teto alto, arcos de pedra se estendendo por ele. A ele ligam-se todos os outros cômodos. Na grande janela à minha esquerda uma cortina vermelha está quase fechada. Encostados as paredes há poltronas e sofás. Vejo diversos quadros réplicas de pinturas famosas, outros são as originais. Mais acima há gárgulas talhadas nas paredes de pedra, em suportes encontram-se bustos dos antepassados da família Wayne, assim como também de famosos filósofos e pensadores. De um dos lados há uma grande lareira, acima dela, o retrato de nossa família. O chão é de mármore branco.

— Fiz questão, assim que voltei, de deixar a Mansão Wayne em seu melhor estado. Você deixara um lar, precisava ter certeza de que o encontraria uma vez mais.

— Fico grato meu amigo. É uma pena que, não possa dizer o mesmo de Gotham. Quase não a reconheço. Meus pais temiam tanto pelo futuro dessa cidade, e ela acaba se tornando exatamente o que os assustava. Espero que já não esteja perdida, espero que ainda possa restaurá-la.

— Acredito Patrão Bruce, que deva pensar nisto depois de se limpar. Com todo o respeito, mas o senhor está fedendo. Vou preparar o banho.

— Obrigado Alfred. – digo rindo. Sentira saudade do humor de meu velho amigo.

No Salão Principal, logo acima da lareira, admiro o retrato de nossa família. Os rostos felizes de Papai e Mamãe. Estava ali por eles. Ainda haveria esperança para Gotham. Tinha de acreditar nisso.

...

Mais tarde, já à noite, sento-me na antiga mesa de papai em seu estúdio. Ponho no papel ideias de equipamentos de muito tempo, baseados naqueles que tanto fiz uso durante minha preparação. Para a corda com gancho um sucessor digno, um arpéu. Necessitava fazer os ajustes necessários para que fosse capaz de suportar meu peso e extra, além de não deceparem-me membros quando utilizado em velocidade. As bombas de fumaça seriam mantidas com versões mais modernas. Os shurikens poderiam ser atualizados para algo que fosse um pouco mais de acordo com o traje que pretendia utilizar. Afinal, um terno não seria o suficiente prático para meus métodos. Ainda necessitava de alguma espécie de compartimento para guardar este material. Algo que pudesse sempre levar comigo. Um cinto talvez?

— Trouxe um chá com biscoitos Mestre Bruce. Dado o fato de que já está trabalhando aqui a algumas horas, acreditei que poderia estar com fone. – declara Alfred adentrando o cômodo enquanto segurava uma bandeja com comida.

— Só pondo algumas ideias no papel. Estou pensando em construir alguns protótipos. Assim que puder, coloque-me em contato com Lucius, vou precisar da ajuda dele para isso. – digo finalizando um último projeto.

— Ah, parecem complexos. Vejo que não apenas treinou seu físico Patrão.

— A última coisa que Gotham precisaria seria de um brutamonte descerebrado. Estudei o máximo que pude. Posso precisar de o melhor do conhecimento.

— Bem, este é... Um visual inspirado. – Alfred segura um de meus rascunhos de um traje – Caso o senhor deseje fantasiar-se de Conde Drácula.

— É só um rascunho. E a inspiração não é ele. É...

* TIC* *TIC* *TIC*

— Ouviu isto? – levanto-me da mesa.

Observo os arredores do estúdio e noto uma figura negra debatendo-se dentro do antigo relógio de papai. Um morcego. Aproximo-me para de lá tirá-lo. Abro o vidro e o mesmo sai voando.

— Como esta criaturinha foi parar aí? – pergunta meu amigo com interesse.

— Não sei. – respondo-lhe enquanto vasculho o relógio. Este não parece totalmente firme. Ao movê-lo, noto que escondia algo. Uma parede falsa.

Empurro-a com calma e a mesma se move, abrindo-se para um caminho no escuro que para baixo seguia.

Alfred, você conhece esta casa até mesmo melhor do que eu hoje em dia. Sabia disto? – indago-o.

— De nenhuma forma patrão. Todavia, recordo-me de algo que Mestre Thomas contara-me certa vez. – ele diz ao prever me movimento apanhando uma lanterna e entregando-me.

— Caso possa, conte-a, por favor. – entramos na passagem.

— Bem, com a chegada da idade, seu trisavô, Alan Wayne, filho de Solomon Wayne, tornou-se paranoico. Ele temia que um dia, alguém viria tomar sua vida. Uma certeza que poderia ser válida graças a uma antiga rixa de família. Mas no momento não vem ao caso. Bem, sendo assim, ele buscou estar pronto. Contratou o máximo de trabalhadores que pôde e ordenou a construção de algo que se estendia pelo rede subterrânea da propriedade. Assim como também por toda a Gotham e conecta-se nos esgotos. Alan selou estas passagens, deixando abertas unicamente as que de dentro da Mansão levavam para fora. No subterrâneo, ele havia ordenado à construção de uma espécie de segunda casa. Uma...

— Caverna!

Ao fim da escadaria encontramo-nos em uma imensa caverna. Alicerces antigos de madeira mantinham o teto firme. Paredes de cimento e tijolos uniam-se as rochas. Toda a extensão do local era cercada e transpassada por um riacho, que mais profundamente na caverna conduzia a uma cachoeira. Escadas de pedra lisa ligavam os desnivelamentos do local, tornando fluída a movimentação. Contudo, o local já tinha residentes. Centenas, talvez até mais. Morcegos. Voavam em alvoroço. Ninhos em toda parte.

— Você disse que este sistema de cavernas se espalha por todo o subterrâneo da cidade e desta propriedade. Então, a caverna que encontrei quando criança... – começo.

— Possivelmente conduzia até aqui. – Alfred conclui meu raciocínio.

Um guincho mais alto que o dos outros Morcegos se espalha pelas paredes e ressoa magnífico. Aquele som... Havia me familiarizado com ele, em meus sonhos. Aquele que havia perseguido-me por tantos anos e agora era meu aliado. Seus olhos brilhantes fitam-me com curiosidade. Seria o mesmo? Ele aguardava meu próximo.

— Uma segunda casa para um Wayne... – Alfred divagava enquanto pelo local passeava.

— Um lar para um morcego.


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Notas finais do capítulo

Batman e companhia estarão fazendo seu retorno em breve pelas mãos de "Cavaleiro das Palavras" na épica sequência "A Sombra do Morcego". Aqui mesmo no Nyah! Fanfiction.

A sequência desta história, intitulada "A Sombra do Morcego já está disponível e você pode conferi-la através do link:
https://fanfiction.com.br/historia/726789/A_Sombra_do_Morcego/

Batman e personagens relacionados são propriedade da Editora DC Comics;



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