A filha de Isabella escrita por Nandah, Fernanda Pinheiro


Capítulo 5
Imprinting




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E aqui estava eu, nesse final de tarde, jogada na cama e de castigo! Por quê? Deixa-me te contar: Depois que Isabellinha vacilona me contou tudo eu dei a louca. Joguei na cara dela que ela era uma falsa e que não me amava e se me amasse haveria voltado, ou, me buscado. Edward me trouxe para casa e Isabella ligou para Charlie contando tudo, e depois de ouvir um sermão daqueles, Charlie descobriu que eu era cabeça dura demais para ver o lado bom de Bella.

Para as pessoas que estão me achando, agora, mimada aí vai uma reflexão: Se Isabella tivesse feito isso pensando em mim, porque ela nunca contou de mim a ninguém? Talvez vergonha por eu ser fruto de uma noite de sexo? Isabella mesmo falou que prometeu voltar para mim, mas ela não fez isso, ela se formou e por aqui ficou. Ela também se esqueceu de mim, é mole? Se não tivesse esquecido iria me buscar e não teria adotado Renesmee, mas esse é o menor problema, ela poderia ter dado o amor que ela tem por Renesmee para mim também. Sabe o quanto eu sofri sem minha mãe? Mas esse é outro problema, o problema mesmo era quem é meu pai?

Já percebi que ele é um canalha e Bella me disse após eu dar a louca que ele tinha 22 anos na época. Então pelos meus cálculos ele deve ter uns 36 ou 37 anos agora e não seria tão fácil o encontrar no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro.

Então só me basta passar meu dia nesse quarto recebendo mensagens de Edward, ele é muito irritante e envia mensagens do tipo:

“Haha, está de castigo, quem mandou responder sua mãe!” — Edward.

“Pelo menos tenho uma.” — Annie.

“Nossa, Annie, quase me magoou.” — Edward.

Até que ele deu um tempo agora, mas ele não deixa de me perturbar. Meu celular vibrou e eu peguei com tédio, como imaginado, mensagem do Edward.

Estava procurando aqui o significado do seu nome, olha o que encontrei: Otimista, carismática e cheia de vitalidade, aparenta ter gênio forte, mas na verdade é muito compreensiva, carismática e generosa. Elogia tudo que é bem feito e critica sem rodeios também.” — Edward.

“Ache o erro!” — Edward.

“Edward, para.” — Annie.

“Você não é compreensiva, Annie. Hahahahahahahaha!” — Edward.

“EDWARD CALE OS SEUS DEDOS.” — Annie.

Deus, por favor, tire o WhatsApp de Edward!

Okay, eu iria sair dessa casa, afinal, Charlie foi pescar com o pai de Jacob e Sue estava com Leah, ah eu havia conhecido Leah ela é uma ótima pessoa e eu a A-D-O-R-E-I! Voltando ao enredo da fuga: Eu vou fugir pra onde? Floresta.

Charlie havia me falado para não ir para a floresta, que por estímulo era atrás da casa, segundo ele lá tem coisas que poderiam, de algum modo, me afetar, que lá tinha coisas selvagens. E eu estou doida para ver um urso e tirar uma foto dentro do intestino dele.

Levantei disposta para partir nessa aventura. Coloquei minha botina de chuva, ajeitei minha legging de moletom e coloquei meu casaco preto. Abri o guarda-roupa e peguei um guarda-chuva. Estava caindo uma garoa fina, mas no jeito que sou com uma garoa dessas fico sete dias de cama.

Meu celular vibrou e eu tive vontade de arremessar ele pela janela.

“Eu e Renesmee estamos indo aí, fique em casa, não que você possa sair Kkkkkkkkk.” — Edward.

Edward tem que parar de ser assim. Desci as escadas e peguei uma caneta escrevendo no bloco de notas em cima do balcão: Fui para a floresta. Volto logo!

Se eu morrer eles têm que achar o corpo, não é mesmo? Ta parei de drama, não deve ter nada de ruim assim na floresta.

[…]

— SOCORRO! – Gritei não que alguém pudesse me ouvir.

Eu corria de algo e nem sabia o que, eu deveria ter ficado no meu quente e protegido castigo. Talvez fosse apenas um cervo, isso um inofensivo cervo que rosnava.

— CALMA GATINHO. – Me escondi atrás de uma árvore, não que isso ajudasse.

Talvez eu devesse mesmo manter minha boca calada e parasse de ser tão impulsiva. Fechei os olhos e rezei, até se Isabellinha vacilona aparecesse eu ficaria feliz. Maldita hora que atravessei aquele rio, antes disso eu estava tranquila pulando em poças d'água.

Senti um ar quente se jogar contra mim e um cheiro ruim também, certo animalzinho precisava escovar os dentes. E em uma tentativa, de perder o braço ou acalmar as coisas, levantei meu braço esquerdo e ele encostou em algo peludo e macio.

— Calminha shiu. – Acariciei o animal com receio e logo o rosnado cessou.

Abri os olhos e encarei o chão, subi meu olhar devagarzinho até ver as patas do animal e elas eram enormes! Subi mais um pouco até chegar a seu pescoço e mano, isso é um cavalo? Respirei fundo e levantei completamente o olhar para o animal de olhos castanhos escuros, ele era maior que eu, encarei ele e ele fez o mesmo.

Algo aconteceu porque eu fiquei paralisada olhando para aqueles enormes olhos castanhos escuros e alguns flashes passaram em minha cabeça.

Eu estava em frente ao mesmo animal e ele atacava alguém, ou melhor, atacava Bella.

A imagem mudou e agora eu via a forma de um homem em meio à chuva, eu estava no quarto de Bella e ele parecia estar me vigiando.

Nessa cena eu estava sentada na floresta e o animal estava com a cabeça em minhas pernas enquanto prestava atenção em algo que eu falava.

Agora eu estava em uma praia junto a um homem, eu olhava Jacob e Renesmee brincarem na beirada da água, e Seth com algo no colo.

E mais uma vez estava de frente a um homem, qual não via o rosto então seus olhos castanhos cruzaram com o meu e repente não era mais a gravidade que me segurava no planeta era ELE, nada mais importa agora. Eu faria qualquer coisa, seria qualquer coisa por ELE.

Parecia que ele também havia visto e sentido, a mesma coisa, pois recuou três passos e ficamos nos olhando até algo chamar a nossa atenção. Jacob saiu entre as árvores e dispensou o animal com um aceno de cabeça. O animal saiu e eu fique o vendo partir, quando mais longe, parou e me olhou dando um aceno de cabeça, eu quanto ele sabia que não seria a última vez que nos veríamos.

— Você está bem? — Jacob perguntou.

— O que foi aquilo? — Devolvi a pergunta.

— Vem, vou te levar para trocar de roupas e depois lhe explico. – Jacob me estendeu a mão e eu aceitei de bom grado.

— O que era aquilo? – Tornei a perguntar.

— Aquilo era um lobo. –Jacob respondeu.

Lobos não eram daquele tamanho, mas resolvi não falar nada, Jacob sabia mais do que eu.

[…]

Eu e Jacob andávamos de mãos dadas e, sinceramente, era uma cena muito bonitinha. Não parecíamos um casal, mas sim pai e filha. Na mão carregava minha sombrinha e no meu bolso, graças à Deus, meu celular.

Eu estava bastante acabada, minha legging estava rasgada no joelho e a rouba suja de lama. Quando já tínhamos andado, bastante, pude ver algumas casas de madeira e quando nos aproximamos percebi que o lugar se tratava de um reserva.

— Não encare a cicatriz dela e nem faça perguntas. – Jacob falou antes de me puxar para dentro de uma casa.

— Olá Jacob. – Uma mulher o cumprimentou. – Quem é essa?

— Annalice, mas pode me chamar de Annie. – Apertei sua mão.

— Meu nome é Emily. – Ela me deu um sorriso e depois avaliou meu estado. – Você precisa de um banho, venha comigo.

Emily tinha uma enorme cicatriz no rosto, mas isso apenas a tornava mais bonita, doido né?! Ela me levou até um quarto roxo e disse ser de sua sobrinha, Claire. Demoramos alguns minutos para achar alguma roupa que me servia e roupas íntimas novas.

Emily me empurrou para o banheiro e eu logo me despi tomando um banho. Minhas roupas foram diretas para o lixo e as de Claire para o meu corpo, ela tinha 13 anos e eu mais corpo que ela, Emily disse que eu poderia ficar com a roupa para mim: Blusa de manga comprida e calça jeans.

— Trouxe isso para você. – Assim que saí do banheiro dei de cara com Leah.

— Assim você me mata do coração. – Praguejei e peguei o casaco em sua mão. – Obrigada Leah.

— Pode ficar para você, não serve mais em mim desde meus 12 anos. – Leah soltou uma risada.

— Não tem graça zombar da minha altura. – A encarei.

— Na verdade tem sim. – Ela me puxou pelo braço. – Vamos comer alguma coisa.

A sala de Emily tinha algumas pessoas a mais, eram quatro homens, além de Jacob e Seth, estavam sem blusa. Morri, fui pro céu e ninguém me avisou. Todos me encararam e sorriram amigavelmente.

— Annie. – Seth, assim que entrei na cozinha, sinalizou para que eu seguisse até o balcão onde ele estava sentado. Me desvencilhei de Leah e fui até ele, pegando impulso e sentando ao seu lado, senti uma dor no braço, mas deixei passar. – Como você está? Soube o que aconteceu.

— Estou viva né? – Lancei um dos meus melhores sorrisos falsos para ele.

— Verdade. – Ele me lançou um sorriso fofo.

De repente tinha ficado calor e então resolvi tirar o casaco de Leah.

— Você está sangrando. – Seth avaliou meu braço esquerdo.

— Não estou não. – Retruquei, mas percebi que era verdade.

— Deixa eu ver isso. – Jacob se aproximou pegando meu braço, mas eu gritei o fazendo soltar.

— Isso dói.

Emily apareceu com uma tesoura e cuidadosamente cortou a manga da blusa. O machucado era enorme e eu não fazia ideia de como não havia visto, havia sentido uma ardência quando estava tomando banho, mas não tinha ligado.

— Vamos ter que limpar e dar ponto. – Jacob avaliou.

— Nada de agulha. – Neguei.

— Porque? – Seth questionou.

— Tenho medo. – Falei sem vergonha alguma, todos tínhamos medo.

— Vamos fazer um acordo? – Jacob propôs.

— Como vou me beneficiar? – Perguntei.

— Você vai deixar Emily cuidar de seu machucado e em troca eu te levo para a fogueira de hoje. – A proposta era boa, mas eu tinha uma melhor.

— Eu deixo Emily cuidar de mim e em troca você fala para Bella e Charlie que me buscou em casa e que eu não fugi, aliás me leva para a fogueira também.

— Então você não vai poder contar para ninguém o que viu na floresta. Combinado? – Olhei para ele incrédula, eu teria que morrer com a dúvida do que era aquilo? Mas era melhor do que morrer pelas mãos de Charlie ou Bella.

— Combinado. – Apertei a mão dele.

Jacob segurou minha mão e Seth deu espaço para Emily. Ela trouxe uma caixinha de primeiros socorros e me lançou um sorriso confiante.

— Porque você tem medo de agulha? – Jacob puxou assunto, claramente para me distrair.

— Eu já estive muito doente quando menor e não saia do hospital. – Falei sem querer dar continuação.

— Porque? – Jacob questionou.

— Não quero falar sobre isso agora. – Resmunguei tentando esconder as lágrimas que preenchiam meus olhos.

Emily limpou o local com álcool e eu estremeci de dor. Um dos homens que eu havia visto antes entrou na sala e pareceu sussurrar algo para Jacob e ele logo assentiu. Pela minha grande experiência com leitura labial entendi algo como: Ele também sente.

Emily mergulhou o algodão mais uma vez no álcool e eu tentei recuar, mas sua mão era firme. Emily sem nem avisar colocou o algodão em meu machuca e eu gritei de dor, mas não fui a única, pude escutar outro grito.

— O que foi isso? – Suspirei fundo enquanto a dor passava e olhei para Jacob.

— Nada. – Ele apenas respondeu e saiu indo para sala.

Leah pegou seu lugar e segurou minha mão, o pior se aproximava. Emily virou meu rosto pro lado oposto e eu pude sentir o gelado da agulha em minha pele e então ela entrou. Me segurei para não gritar e fechei os olhos lembrando do passado.

[…]

E agora nós estávamos indo para a fogueira. Jacob havia falado com Charlie e ele se tranquilizou, mas disse que vamos conversar quando eu chegar. Edward me mandou mensagens como:

“Fugiu né miserável?” — Edward.

“Aconteceu alguma coisa aí? Você viu algo? Quer que Renesmee te busque?!” — Edward.

“TÔ VENDO VOCÊ VISUALIZANDO ANNIE.” — Edward.

Edward é incrivelmente chato às vezes! Eu estou muito animada, pois estou indo para uma fogueira, nunca fui em uma, Jacob disse que é uma espécie de luau onde os mais velhos contam lendas da tribo.

Todos se sentaram e Billy pai de Jacob começou a contar. Eu não prestei muita atenção, sou imperativa, enquanto ele contava eu fazia uma mini competição com Seth de quem comia mais cachorro-quente, Leah era à Juíza e no final Seth ganhou comendo 44 e eu 21. Depois joguei Pokémon go e voltei a me sentar ao lado de Jacob. Billy estava terminando de contar sobre os frios.

— Lembra o que você me perguntou mais cedo? – Jacob me perguntou.

— Sim, o que havia acontecido entre mim e aquele lobo na floresta. – Respondi.

— Então preste atenção ao que meu pai irá falar. – Jacob apontou para o homem e eu voltei minha atenção a ele.

— Agora iremos falar sobre o imprinting. – Billy anunciou.

No mesmo momento todo mundo me encarou, o que eu perdi?

— O imprinting só ocorre após a primeira transformação do lobisomem, ou seja, após o humano se tornar um lobo, pode acontecer a qualquer momento. E pode acontecer também com qualquer um, independentemente de sentimentos anteriores, se revelando logo na primeira vez que o lobisomem vê o objeto de sua ligação. Mas, se acontecer, o lobisomem fica para sempre transformado. No momento em que olha diretamente nos olhos de seu objeto de imprinting, fará qualquer coisa para agradá-lo e protegê-lo. Todos os outros compromissos de sua vida se tornam secundários, inclusive a matilha. – Billy parecia falar especialmente para mim. – O relacionamento entre o lobo que sofreu imprinting e o humano a ele ligado é, por parte do lobisomem, de total aceitação e apoio. Não importam a idade e as condições de vida do humano, o lobisomem, independentemente de sua vontade, torna-se automaticamente o que o humano espera dele. Se o humano ainda é bem jovem, digamos uma criança, o lobisomem torna-se o parceiro platônico perfeito, que vai protegê-lo e brincar com ele. À medida que o humano cresce e se modifica, o lobo, instintivamente, troca de papéis, para atender às novas necessidades de seu par.

Engoli a seco era totalmente o que havia se passado em minha cabeça mais cedo... Isso significava que tudo era Billy havia contado era real?

— É contra a lei da matilha que qualquer lobisomem mate o objeto de imprinting do outro. Tal ato seria devastador, não só para o lobo que sofre a perda, mas também para todo o grupo dadas as suas habilidades telepáticas, todos os membros também sofreriam a dor do subconsciente do lobo cuja parceira foi morta. Mesmo que o ocorrido tenha sido acidental, os dois lobos envolvidos lutarão até a morte. – Billy terminou. – Um sentimento indescritível, em alguns casos, um sente a dor do outro, sente quando o outro está em perigo. 

Quando Billy terminou todos, mais uma vez, me encararam. Já eu encarei Jacob. 

— Hm. Isso é uma lenda certo? Tipo isso sobre humanos que se transformam em lobos? Imprinting? – Olhei para ele esperançosa. 

— Isso tudo é verdade. O que você viu mais cedo, era um de nós. – Jacob falou com receio. 

— Isso é demais para mim. – Afundei minha cara em minhas mãos. 

— Não é fácil menina, mas agora você faz parte de nós. – Billy falou. 

— Me leva para casa. – Encarei Jacob e ele assentiu se levantando. 

Não me despedi de ninguém, apenas levantei e segui com Jacob. 

— Se ele estiver aqui, entre eles, não me fale quem é. Eu não quero saber. – Falei quando já estávamos consideravelmente longe. 

— Eu consigo te entender. – Jacob passou o braço sobre meu ombro. 

— Se eu tenho influência sobre o que ele será para mim – Comecei. – Eu quero o conhecer sem saber se ele é o lobo que eu vi. Eu apenas quero decidir sem ter influência de nada, quero escolher o que ele será para mim. 

— Você está certa. – Jacob me levou até seu carro. 

— Eu sempre estou. – Revirei os olhos sorrindo. 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Heey, desculpa por não postar ontem, é que passei mal e fui até parar no hospital. Mas como um pedido de desculpas fiz um capítulo grande para vocês! Esperam que tenham gostado.

Bjão viu,