A filha de Isabella escrita por Nandah, Fernanda Pinheiro


Capítulo 25
Do lado oposto do mal


Notas iniciais do capítulo

Dedico o capítulo a minha mãe e minha amiga, e também leitora, Kah! Parabéns às duas.



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O sangue entrava em contato com meus lábios e o gosto de ferrugem invadiu meu paladar, porém aos poucos se tornou algo inexplicável, o gosto de ferrugem foi substituído por algo, que em minha opinião, é a melhor coisa que eu já provei no mundo.

 

Joguei o corpo sem vida no chão e demorei alguns minutos para assimilar tudo.

 

Minhas mãos estavam sujas de sangue, e esse sangue não era meu. Eu estava chorando, tremendo e sem saber o que fazer. Limpei o sangue em meus lábios e uivei, mesmo não sendo lua cheia, o uivo veio de dentro de mim e eu não pude controlar. Eu sou uma assassina.

 

Olhei para Adrian e ele sorriu para mim, seus olhos brilharam e se tornaram vermelhos, ele rosnou em minha direção e eu senti que oficialmente eu era parte de sua alcateia, mas a culpa por ter matado um inocente ainda permaneceu dentro de mim. Mas ao ver Adrian e o seu olhar orgulhoso eu me sentia, de uma forma, feliz.

 

— Vamos Annie? — Adrian perguntou me olhando.

 

— Sim senhor! — Respondi enquanto subia novamente cima do telhado.

 

Corremos dessa vez mais rápido. Eu sentia como se ninguém pudesse me deter, como se ninguém pudesse me parar, ninguém mesmo.

 

Adrian me guiava pela floresta, mas o caminho que ele tomava era diferente ao da sua mansão. Ele me levou até uma clareira onde havia um túmulo, na verdade dois. Olhei para Adrian sem entender. Ele se aproximou do primeiro onde estava escrito “Cloe”, essa era a irmã do meu pai, no outro havia meu nome, Annalice.

 

— O que é significa isso, Adrian? — Perguntei sem entender direito.

 

Porém nada me respondeu, ele apenas me entregou uma pá e falou olhando no fundo dos meus olhos.

 

— Enterre, enterre bem fundo. Enterre a Annalice humana, a Annalice fraca, enterre toda dor. — Adrian acariciou meu cabelo e sumiu em um piscar de olhos.

 

Olhei para o caixão, que estava dentro do buraco, ele era preto e tinha uma pequena janela de vidro. Dentro dele tinha uma linda rosa, ela me simbolizava.

 

— Enterrar… Enterrar… Enterrar bem fundo. — Suspirei enquanto jogava terra sobre o caixão.

 

Olhei novamente para a flor e suspirei sem saber o que fazer. Faça, então faça. A voz dentro de mim tornou a falar.

 

[…]

 

Sorri vendo que já tinha acabado e senti uma sensação boa se apoderar de mim. Sensação de liberdade.

 

Abandonei a pá e corri até a mansão, em poucos minutos eu já havia chegado. A casa estava vazia, o que achei estranho, apenas Adrian estava dentro dela. Ele sorria me olhando e eu fiz o mesmo.

 

— Pronta para se tornar como eu? — Adrian perguntou com um sorriso malvado no rosto.

 

— Sim. — Retribui o sorriso. — Onde estão todos?

 

— Saíram para caçar, outros se divertir. Deveria fazer o mesmo. — Adrian me segurou pelos ombros. — Vejo em você, Annalice, a pessoa que eu sempre quis que Luiz se tornar-se. Uma pena ele ter puxado a mãe e o coração dele falar mais forte que suas atitudes. Você sim honrará o sobrenome, Fernandez.

 

— Não se preocupe, vovô, eu honrarei com todas minhas forças. — Sorri. — Por que me simbolizou usando uma rosa?

 

— Pois você era delicada, inofensiva e bela. Mas também tinha seus espinhos. — Ele sorriu. — Porém agora só tem os espinhos. Eu a enfeitiçou com meu poder de alfa e nela está o pedaço mais sensível de sua alma.

 

Assenti com a cabeça.

 

— Logo a flor ficará sem ar, sem água e luz solar. — Ele sussurrou. — Então ela morrerá, e junto dela a pessoa que você era antes.

 

— Entendi. — Sorri cruzando os braços. — Acho que vou sair, para tomar um ar.

 

— Isso mesmo, vá. — Ele se virou indo para a cozinha. — Não se esqueça que eu lhe amo, Annalice.

 

O ignorei e voltei a correr, eu tinha um objetivo e iria cumprir. Papai havia me dito que nós temos um vampiro vivendo dentro da gente, e a velocidade é o que mais está me beneficiando.

 

Pulei o rio e acelerei, já podia ver as casas e logo vi a dele. Já amanhecia e eu percebi que ele já estava acordado. Me escondi atrás das árvores vendo ele sair pela porta de trás. Pelo seu rosto parecia que ele não dormia bem à dias.

 

— Annalice? — Ele exclamou vendo eu aparecer entre as árvores.

 

— Embry. — Sorri correndo para abraçá-lo.

 

— Eu devo estar sonhando. — Ele sussurrou retribuindo o abraço.

 

— Não, não está.

 

— Estamos todos preocupados, ninguém imagina que você está aqui, Demetri viu que você estava em um avião e… — O interrompi com um beijo.

 

— É algo difícil de explicar, mas você não pode contar a ninguém que estou aqui. — Acariciei seu rosto.

 

— Tudo por você. — Ele sorriu me dando outro beijo.

 

— Eu precisava contar à alguém, eu preciso pedir ajuda a uma pessoa.

 

— Pode falar.

 

— Embry, eu matei uma pessoa inocente. — Sussurrei olhando para meus pés.

 

— Hey, não importa. — Embry levantou meu rosto. — Eu sei que não fez por querer, e isso não fará eu te amar menos.

 

— O que você disse? — Sorri o olhando.

 

— Annalice Marie Swan Cullen e futuramente Call. — Ele me abraçou e me encarou. — Eu te amo.

 

— Eu também te amo, Embry. — o beijei.

 

Aquele beijo era inundando de amor, desejo e saudades. Com certeza era o melhor beijo que eu já havia dado.

 

— E não se preocupe. Eu guardarei esse seu segredo comigo. — Ele sorriu. — Você disse que precisava de ajuda, não é?

 

— Sim. — Sorri tirando a rosa de meu bolso.

 

— O que é isso? — Embry questionou sem entender.

 

— Esse é o pedaço da minha alma, Adrian a enfeitiçou. — Expliquei.

 

— Você quer que eu cuide? — Embry perguntou a pegando de minha mão.

 

— Sim, Embry. — Falei o encarando. — A mantenha viva, ela é a parte que me mantém ligada a todos que eu amo. Não quero me tornar um fantoche de Adrian.

 

— Eu cuidarei dela, como se fosse você. — Embry sorriu. — E se possível for, a beijarei todos os dias.

 

— Oh não! — Soltei uma gargalhada.

 

Quando tempo ainda durará?

 

Meses que pareceram ser dias.

 

Encarei Embry com um sorriso fraco, logo logo tudo terá um fim.

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada pelos comentários passados, talvez não de para responder, problemas com a internet