A girl like you escrita por Kori Hime


Capítulo 1
A 'girl' like you


Notas iniciais do capítulo

O título da história veio da música A girl like you:
https://www.youtube.com/watch?v=YcsfjbqaZ2o

Eu escrevo uma história focada na Mulher Maravilha em que o John e a Shayera são um casal, então decidi escrever essa oneshot pensando no começo dos dois.



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Ele nunca havia encontrado uma garota como ela antes.

Garota.

Era engraçado pensar nisso. Aquela mulher estava longe de ser apenas uma garota. Mas era inevitável achar graça quando ela girava os olhos por baixo daquela máscara de gavião, cada vez que alguém a chamava de A garota de asas recém-chegada a Terra.

Após refletir por alguns dias, John Stewart decidiu que estava na hora de convidar a Mulher Gavião para um encontro. Aquele era um passo grande na relação dos dois. Estava tudo muito implícito os sentimentos. Suas conversas cheias de indiretas, os olhares incessantes, flertavam sempre que havia oportunidade.

John estava preocupado com o que viria depois.

Desde que entrou para a patrulha dos Lanternas Verdes, ele não esteve em um relacionamento sério. Aliás, Stewart nunca havia saído com uma colega de trabalho, por assim dizer. Ainda mais uma colega alienígena.

Não o levem a mal. O Lanterna Verde estava longe de ser esse tipo de cara preconceituoso. Mas, a verdade, era que ele não sabia como agir. Ele não sabia do que as thanagarianas gostavam de fazer, se apreciavam um jantar romântico, ou se existia algum costume diferente em seu planeta natal.

John pensou que a ajuda de outra pessoa poderia solucionar o problema. Então ele decidiu sondar alguém que conhecia a Mulher Gavião mais de perto. Esperou que o treinamento terminasse, para interceptar a Mulher Maravilha antes que ela entrasse no vestiário.

Desconcertado, John sentiu as palavras atropelarem em sua boca, até conseguir formar uma sentença que fizesse sentido. Ficou mais relaxado com a reação da princesa amazona, que sorriu e depois apoiou a mão sobre seu ombro, confortando-o e dando congratulações pela iniciativa em querer conhecer mais sobre sua amada. Ela prometeu que voltaria com novidades.

O Lanterna Verde tentou não pensar naquilo nas próximas horas que se seguiram, mas foi impossível. Era um sentimento juvenil, aflorando em seu peito. E que não passou desapercebido por alguns colegas. Como o Flash, que estava tentando adivinhar o nome da “sortuda”. Mas John não estava seguro em dizer, mesmo que seu amigo fosse de confiança.

A outra pessoa que já sabia era o Caçador de Marte. Talvez os conselhos dele fossem úteis naquela situação. Entretanto, tudo o que ouviu foi um singelo, e muito clichê, “seja você mesmo”. Ele sempre foi, não iria mudar naquele momento.

A Mulher Maravilha retornou, após duas horas. Porém ela não trouxe muitas novidades, nada que ele já não sabia. Mas uma última informação foi o suficiente para fazê-lo ter uma ideia.

Stewart era um homem muito paciente e tranquilo. Uma semana se passou até ele encontrar o momento perfeito para convidar a Mulher Gavião para uma patrulha nos arredores do Brooklyn.

— Eu não pensei que os Lanternas Verdes precisavam de ajuda para uma simples ronda em um bairro onde a maior concentração de crianças e jovens estão em quadras de basquete. — A Mulher Gavião sobrevoava o bairro ao lado de John. Ambos seguindo a mesma velocidade.

— Não se deixe levar por crianças jogando basquete. Elas podem ser perigosas.

— E o que vão fazer com essas bolas? Arremessar na cabeça de alguém? — Ela riu, suas asas abertas e planando no ar. John deixou que ela tomasse a frente, podendo apreciar um pouco mais de sua boa forma. — Está perdido aí atrás?

— Apenas me certificando de que garoto não cometeu uma falta grave.

— Você leva muito a sério esse jogo. — A Mulher Gavião pousou em cima de um prédio, colocando o pé sobre o parapeito. Ela observou a cidade, com seus barulhos típicos e as cores frias da noite.

Assim que John pousou ao seu lado, ela quis saber porque eles estavam ali.

— Eu pensei que poderíamos deixar um pouco a Torre da Liga e fazer algo diferente.

A expressão no rosto da Mulher Gavião era difícil de decifrar com aquela máscara, mas seus olhos fitavam ainda a cidade, enquanto seus lábios permaneciam levemente entreabertos.

— Estamos mesmo fazendo isso? — Perguntou, encarando-o.

— Eu estou. E você?

Houve um silêncio. Aquilo deixou John preocupado. Aquela mulher era diferente de tudo o que ele conhecia. Estava ali, em cima do telhado de seu prédio, pois a Mulher Maravilha disse que o que a agradava mais eram as coisas mais simples que poderia fazer alguém feliz. E o que fazia John feliz era ser quem ele era.

Ora, ela já conhecia seu lado herói, agora faltava conhecer o lado mais humano. John Stewart, o civil com diploma de arquitetura da Universidade Columbia, que gostava de basquete e comida mexicana, cerveja e filmes do Clint Eastwood.

— Como pretende fazer com que isso dê certo?

— Não achei que dependesse somente de mim. — John aproximou-se, seguro de que estavam no mesmo ritmo. — Antes, quero que me conheça melhor.

Ela o olhou curiosa, sem entender o que aquilo significava. John estendeu a mão e convidou-a a entrar no prédio. Ele abriu a porta de ferro e então eles desceram as escadas até o oitavo andar.

O apartamento não era dos maiores, mas aconchegante e bem organizado. Era um conjugado com móveis inteligentes que se adaptavam em diversas situações, como as cadeiras dobráveis e nichos bem aproveitados.

— Pode ficar à vontade. — Disse, tentando ser um bom anfitrião.

— Você quer dizer: pode tirar a máscara?

— Hmm...

— Olha, John...

— Eu sei, eu sei. — Ele esfregou os olhos, sentia-se bobo por achar que estava na hora. — Podemos apenas conversar, afinal, eu disse que queria que você me conhecesse melhor, não foi?

— Certo. — Mesmo desconfiada, a Mulher Gavião decidiu apreciar o momento e caminhou pelo apartamento, sem se preocupar em mexer nos objetos de decoração. — Você tem bom gosto.

— Obrigado. — John aproveitou o momento para se ver livre do uniforme e usar roupas normais. Ele não queria pressioná-la a fazer o mesmo, mas precisava dar o primeiro passo. — Vou preparar a mesa, enquanto isso, você quer beber alguma coisa?

— Não sei se é uma boa ideia.

— Por favor, eu prometo que não haverá nada a se preocupar. — Ele ergueu a mão, como um sinal de juramento. — Você vai gostar desse drinque. — John mostrou que tinha habilidade em trabalhar com uma coqueteleira. — Basta colocar um pouco de vodka, licor de laranja, Cointreau e suco de limão. — Ele virou-se, pegando uma faca na gaveta para cortar o limão. — Gelo é importante.

A bebida foi preparada rapidamente e com um toque de elegância, adicionando raspas da laranja sobre o copo. A Mulher Gavião experimentou e aprovou a bebida.

— Temos uma bebida parecida com essa em Thanagar. — Ela começou a falar, de maneira espontânea. — Chama-se Ragramfar, um dia eu farei para você. Isso se na Terra cultivassem Ragram selvagem.

Ele sorriu.

— Eu cultivaria na minha janela.

Foi a vez de ela sorrir.

— Ragram não se cultiva em janelas, elas são selvagens. — Disse, como se fosse uma informação óbvia.

John sentiu-se inspirado naquele instante em que a Mulher Gavião se abria um pouco, e contava sobre seu planeta. Mesmo que fosse uma informação pequena. Ele estava tão perto que podia sentir o calor do corpo da thanagariana.

Uma carícia no rosto não era o bastante, então ele a abraçou. Segurando-a com carinho em seus braços, sentindo o cheiro agradável de seus cabelos e as penas de suas asas fofinhas.

— Estamos mesmo fazendo isso, Mulher Gavião? — Ele perguntou, olhando-a em seus olhos esverdeados.

— Shayera. — Ela respondeu. — Esse é o meu nome.

John ainda a segurava em seus braços, ele a beijou levemente nos lábios, logo em seguida pegou-a pela mão e a levou até a mesa, onde estava tudo pronto para o jantar.

Eles conversaram durante algumas horas. John aprendeu como plantar Ragram, infelizmente, precisava de um solo ácido para tal tarefa. Também aprendeu que, em Thanagar, era expressamente proibido a venda de Fargan nas ruas, seja lá o que fosse isso. E que Shayera era o nome mais incrível que ele poderia imaginar para aquela mulher.

Shayera se levantou e caminhou até a janela, amanhecia e o bairro parecia mais uma daquelas telas de projeção dos computadores da Liga, onde o tempo passa e você nada sente. John ainda estava no mesmo lugar, e permaneceu parado quando Shayera ergueu o capacete. Seus cabelos moviam discretamente em suas costas, e ele captou um leve espasmo nas duas asas.

— Existe algum protocolo a seguir em ocasiões como essas? — A pergunta de Shayera tirou Stewart de sua concentração.

— Depende, alguns são necessários. — Foi impossível esconder um sorriso capcioso.

— Eu falava sobre a Liga, seu pervertido. — Ela virou-se, fazendo com que uma mecha de seu cabelo caísse sobre os olhos.

John se levantou, ele queria poder dizer que era tudo mais simples dali em diante. Mas seria mentira. Não havia uma regra que os impedia de ficarem juntos, mas também não era ingênuo em saber que havia complicações. Um relacionamento no trabalho poderia acabar mal.

Mas não existia nada que o fizesse mudar de ideia naquele momento.

Shayera não se deixou levar pelo silêncio misterioso, ela o beijou, levando as mãos sobre os ombros de John. Ele a sentiu mais segura, livre e entregue. Foi um beijo libertador e doce.

É, ele jamais havia conhecido alguém como ela.

Alguém que o fizesse sentir a pessoa mais especial no universo.


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Notas finais do capítulo

Esses dois, shippo demais ♥ muito amor.

Embora eles não sejam personagens principais nessa outra fanfic, vou deixar o link caso queira ver:
https://fanfiction.com.br/historia/685877/Os_sentimentos_da_Princesa_Guerreira/