Durante o Fim escrita por Van Vet


Capítulo 9
Primeiro Dia - Rose


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpem aí a demora pra postar, chega fim de semana eu faço uma jornada muito louca de plantão e não sobra espaço para revisar os capítulos. A boa notícia é que tem uma meia dúzia preparada já, então por enquanto, o forninho tá inspirado!

Um super beijo no coração das meninas que comentaram recentemente. Amo vocês.

:*



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Rose meteu dois frascos de seu ketchup preferido na sua antiga mochila dos escoteiros, sem entender exatamente o que se passava na cabeça da mãe. Ela acreditava na hipótese de um tornado? Ou tinha alguma sensação pior? Quem sabe um dilúvio que fosse deixá-los ilhados num ponto da cidade por um longo tempo e estivessem se preparando para correr para as colinas…

 

    Corram para as colinas! Ela quase riu à referência se a coisa não parecesse alarmante.

 

    Para Rose nada era pior do que um tornado, mas somente tentar imaginar porque os raios não desenvolviam trovões causava um frio na espinha. Era o tipo de história que se encaixava num episódio de Além da Imaginação. Nesse antigo seriado, os personagens eram lançados a situações macabras numa camada generosa do antinatural. Era incômodo, porém fascinante desvendar os mistérios de cada capítulo, muito diferente da vida real onde a adolescente tentava loucamente acessar a internet (entre uma lata de milho e uma embalagem de salgadinho bolsa adentro)  para descobrir qual o fenômeno que fazia os raios sem trovoadas.

 

ー Ronald, qual o seu problema?! ー exasperou-se Hermione para o celular, sem usá-lo na orelha, mas encarando o aparelho de olhos arregalados.

 

ー Não tá conseguindo ligar? ー Rose perguntou enfiando biscoitos de chocolate nos bolsos laterais da mochila.

 

ー As linha dão chamada indisponível ー a mãe arfou, contornando a ilha central da cozinha e indo para os armários pegar mais mantimentos para ajudar Rose.

 

 ー A internet sem sinal de vida também.

ー Acho que temos que começar a preparar o abrigo anti-furacões sem seu pai. Ele escolheu uma hora excelente para fazer boas ações.

 

ー Nós vamos permanecer aqui? ー a ideia não era ruim, ficar zelando pela segurança de Obi-Wan, muito embora Rose já houvesse decidido em sua cabeça que aonde ela fosse o seu bichano ia. Era isso ou entregar o gato seguro, diretamente nas mãos de seu tio, Harry, antes de partirem novamente.

 

ー Ah, filha, estou explodindo de dúvidas e preocupações. Não tenho certeza se pegar a estrada seja a decisão mais inteligente ー suspirou a mãe, conferindo uma das mochilas ー Essa já está pesada o suficiente, vamos deixá-la ali na porta.

 

    Na televisão a CNN parou de mostrar imagens aéreas da costa oeste americana e passou o noticiário para um assunto chato envolvendo o presidente Obama e um acordo com a União Europeia. A garota relaxou, se o telejornal poderia cortar o assunto para as notícias corriqueiras envolvendo seu país, então não haveria de ser tão grave.

 

  Hermione deixou a mochila próximo à soleira da porta e voltou para ajudá-la. Nesse momento a CNN interrompeu a reportagem atual e cortou para uma repórter de campo, berrando na frente da câmera enquanto o cenário à sua volta era vendaval e nevoeiro puro.

 

   "Clay, estou ao vivo aqui em Washington D.C e o clima está muito atípico... Uma saraivada de relâmpagos desabou nas proximidades da Casa Branca e fez uma enorme cratera nos jardins... A cerração, que começou ainda há pouco, dificulta a visibilidade das pessoas nas ruas... Alguns veículos e meios de comunicação... Não temos sinal de..."

 

  Imagem congelada. Chiado. Imagem retorna para o estúdio e o âncora do noticiário se desculpa dizendo que em breve mais informações da capital chegarão.

 

ー Mãe, que furacão pode atingir aqui e Nova York no mesmo instante?

   Hermione olhou para Rose sem ação. A garota sabia que dentro da mãe crescia um temor como crescia nela, que os anos de vida à mais de Hermione significassem apenas que ela também nunca ouvira falar de algo assim com a meteorologia.

 

   O relâmpago mais ameaçador do dia desabou sobre o jardim de entrada da casa dos Weasley, um clarão de muitas watts testemunhado das janelas, que fez mãe e filha gritarem em uníssono e se jogarem no chão.

 

ー Vai pra baixo na mesa! Vai pra baixo da mesa! ー exclamou Hermione aos berros para Rose.

 

   A adolescente estancou atrás do balcão, um medo visceral de ser atingida na cabeça e torrada por inteiro. Suas pernas estavam bambas, os músculos inúteis devido a descarga de susto, o coração descompassado.

 

 Hermione encostou no ombro de Rose e repetiu:

 

ー Vai pra baixo da mesa, lá é mais seguro caso mais um…

  E então, outro raio apenas alguns metros mais longe, na rua. Dessa vez Rose deixou escapar um grito agudo que abafou a gritaria dos vizinhos na rua correndo para dentro de suas casas como baratas descobertas no ninho.

 

  A garota, sem ação, viu sua mãe, trêmula, puxá-la pelo ombro e ordenar no seu tom de voz mais autoritário já dirigido a adolescente:

 

ー Estou mandando você correr para debaixo da mesa! Vou buscar seu irmão lá em cima!

 

Dessa vez ela obedeceu, correndo de quatro pelo piso de linóleo até se jogar debaixo do aparelho de jantar, afastando as cadeiras. Na sala, Obi-Wan se espremera debaixo do sofá há tempos, mostrando ser muito mais sapiente que Rose na arte de gerenciar o medo.


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