Durante o Fim escrita por Van Vet


Capítulo 6
Primeiro Dia - Hermione




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Mas que horror foi aquele? Sua família estava irremediavelmente destruída e Hermione lutava para segurar o choro diante de tal constatação, enquanto Rony voltava, o ódio flamejante em pessoa, para a casa deles.

 

    Rose parou de chorar logo. Ela transitava entre a criancice e a juventude de um modo espantoso. Tinha diversas atitudes maduras demais para treze anos e despencava do nada para birra surda, cega e muda. Entretanto, Hermione tinha que lhe dar um desconto. Era pelo bichinho que ela temia, seu animalzinho.  Rose tinha uma sintonia com aquele gato como não possuía com nenhum membro da casa. Se a morena fechasse os olhos conseguia enxergar nitidamente o dia em que Obi-wan virou integrante da família. Foi uma surpresa de Rony, há oito anos, trazendo uma bolinha de pelo branca e cinza para o quarto da filha e depositando-o sobre as mãozinhas adormecidas dela numa manhã natalina. Rose acordou confusa, intrigada e, por fim, maravilhada ao perceber que tinha um animal de estimação só seu. Então pai e filha se abraçaram de um jeito lindo, que ficou pra sempre registrado na cabeça de Hermione.

 

     No momento parecia impossível pai e filha voltarem a conversar. Mais tarde, Hermione tinha de convencer a filha  a pedir desculpas para o pai e deixar claro para Rony que a menina só agiu tempestivamente porque estava fora de si.  E o retorno para casa não era definitivo. Eles iriam confirmar a segurança das portas, colocar o gato preso no banheiro do primeiro andar e ligar para Harry e Gina vir buscá-lo e quanto antes, sossegando o coração de Rose.  

 

       Hermione tinha de manter suas esperanças no máximo. Apesar de já ter discutido com Rony três vezes num espaço tão curto de tempo seu casamento dependia daquela viagem, ela sentia isso. Hugo também foi agitado para gostar das tais mini-férias. A mãe lhe disse sobre parquinhos, interação com animais de fazenda e várias recreações que ele encontraria no passeio, melhor que video game.

 

    Hugo, aliás, estava bastante apreensivo com o tumulto na lanchonete. Chorou mais que Rose no fim das contas, assustado. Rony pegou o garoto no colo, levou-o até o carro e o fez se acalmar. Hermione reproduzia a mesma tarefa só que com filha. Agora estavam todos assumindo seus velhos postos: volante, celular, fones de ouvido e tablet, mas num ar péssimo.

   

     Seu esposo voltou a ligar o rádio e alguns locutores já especulavam abertamente a possibilidade de um furacão estar em curso de formação. Inspecionando o céu, por todos os lados a morena testemunhava raios e se controlou para não voltar ao Facebook das suposições malucas e das fotos esquisitas.

 

       Rony foi estacionando em frente a casa, junto ao meio fio. Na rua deles, a maioria dos vizinhos estavam nas calçadas papeando sobre se aquilo seria um temporal ou um tornado e ligando para os parentes voltarem para casa logo. Greg Johnson, vizinho da esquerda dos Weasley convocou toda a família para esvaziar o porão anti-tornados e deixá-lo preparado - mãe e filhos com cara azeda arrastando bugigangas de dentro do lugar. As crianças Knows haviam pegado dois lençóis e metido atrás da nuca como se fosse uma capa, elas fingiam voar, como Superman, enquanto um pé de vento lambia os jardins. Os pais não pareciam preocupados com o clima, o Sr. Knows debruçado sobre o capô do carro novo enquanto a Sra. Knows mexia em algo atrás do volante. Pouco antes deles estacionarem na frente de casa, mais uma família, duas quadras adiante de repente estava muito preocupada com seu veículo, imitando os Knows. Ninguém realmente se importava em parar de fofocar ou colocar as crianças para dentro, exceto os Johnson.

 

     Assim que Rony desligou o carro, Rose saiu para a entrada da casa. Hermione tirou a chave da bolsa e seguiu logo atrás. A vizinha, Thereza, viu-os voltando, abandonou uma roda de conversa com mais duas bisbilhoteiras do bairro e foi de encontro à família:

 

ー Ah, então vocês voltaram? ー disse ela, falsamente preocupada ー A coisa tá feia para o lado de lá? ー e apontou na direção de onde eles vieram.   

 

ー Acho que sim, mas não estava ventando desse jeito.

 

ー O vento iniciou agora. O abrigo anti-furacões de vocês está em dia?

 

ー Eu não apostaria num furacão, Sra. Miller ー Rony se intrometeu, saindo do carro  e abrindo a porta de trás para Hugo ー Só viemos conferir a porta dos fundos que a senhora gentilmente avisou minha esposa ー havia todo quê de deboche na voz dele.

 

ー MÃE, TRÁS LOGO A CHAVE, QUERO VER OBI-WAN!!! ー berrou Rose da porta, impaciente e agarrada a maçaneta.

 

ー Thereza, vou dar uma ajudinha para Rose ali. Eu não sei o que é, mas qualquer coisa estamos com tudo em ordem no abrigo. Obrigada pela preocupação.

 

ー Qualquer coisa é só nos chamar ー a mulher respondeu num sibilo nada sincero e atravessou a rua novamente.

 

ー Hermione, eu vou ali falar com os Knows e já volto ー anunciou Rony.

 

ー Eu vou junto! ー exclamou Hugo se atrelando ao pai.

 

ー Hugo, melhor não ficar aí fora com esse tempo. Vem pra dentro ー a morena pediu.

 

ー Deixe ele comigo e vá ver esse bendito gato com Rose. ー resmungou o esposo pegando o filho pela mão e tirando a autoridade dela como se não valesse nada.

 

 Hermione segurou a vontade retrucar vendo pai e filho se distanciar. Rose voltou a berrar na porta para ela levar a chave.


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