Durante o Fim escrita por Van Vet


Capítulo 58
Décimo Sexto Dia - Hermione


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal!
Desculpem o pequeno hiato de uma semana e meia, eu estava um pouco ocupada, mas já retornamos..

Boa leitura!



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       Hermione abriu os olhos de supetão, arremessada fora do sono para a realidade. Hugo continuava dormindo profundamente em seus braços, mas o barulho já era impossível de não se escutar e em breve o menino também acordaria. Ela ergueu a cabeça, assustada, e seu olhar cruzou com o de Rony na meia escuridão do quarto, os dois lendo o pensamento um do outro enquanto o pânico se alastrava em seus corpos. Ao fundo, os barulhos eram mais intensos e os gritos de Smith ecos eloquentes de um suicida.

 

ー VOU SAIR DESSE LUGAR!! VOU ACABAR COM TODOS VOCÊS, SEUS VERMES MARCIANOS!!! ー berrava, perfurando o silêncio da madrugada, enquanto fazia sons metálicos no corredor.

 

   Rony e Hermione levantaram de pronto, os dois correndo ao mesmo tempo em direção a porta. Hugo e Rose começaram a despertar lentamente em seus colchões, sentindo a vibração que os pais provocaram ao se erguerem e os sons incomuns instalados.

 

ー Smith, pare, por favor! ー Rony adiantou-se em pedir ao ver o que o anfitrião descontrolado aprontava daquela vez.

 

   O ex-militar havia retirado boa parte do seu armamento do quarto e arremessado sobre a sala. Portando uma pá na mão, olhou alucinado para o ruivo e, ignorando-o, retornou para dentro do quarto de onde cavava um buraco no canto do cômodo.

 

ー VOU CAVAR UM TÚNEL E PLANTAR MINAS POR TODO O SOLO… ESSAS COISAS VÃO PELOS ARES… ー gritou eufórico, se justificando.

 

ー Apenas pare! ー Hermione exigiu, se lançando para cima dele.

 

  Rony a agarrou pela cintura, controlando-a, e tomou seu lugar no avanço contra o homem.

 

ー Solte isso… Eles vão ouvir… ー ordenou, tentando pegar a pá da mão de Smith.

 

  Smith ergueu o cabo no ar e dois travaram uma disputa de forças para descobrir quem ficaria com o objeto. O oficial de olhos injetados de loucura ou o pai desesperado para tirar sua família do perigo.

 

   De súbito, antes que Hermione tivesse tempo de ir ajudar o esposo, a casa toda estremeceu acima deles, soltando farelos de argamassa sobre suas cabeças. A disputa entre eles congelou. As crianças saíram do outro quarto, coçando os olhos de sono e bocejando, e Hermione olhou para o teto, escutando um zumbido forte e sentindo a vibração se aproximar.

 

ー Eles estão vindo… ー ela sussurrou para Rony, às pupilas como dois pratos gigantescos de aflição.

 

   Assustando a todos, a porta que separava-os do andar superior sofreu uma pancada forte e se abriu com um estrépito agourento. A morena, agindo por instinto, puxou as crianças para junto de si e deitou-as no chão, ao lado do sofá de modo que a visão para quem vinha da porta fosse impossível do ângulo em que estavam.

 

   Hugo olhou para mãe, os olhos arregalados, ao passo que ela tapou sua boca suavemente com a própria mão. Levando o dedo indicador nos lábios, fez um pedido mudo para que ele não emitisse nenhum som. Rose realizava a tarefa de tapar sua própria boca, a respiração funda e descompassada. Algo deslizou para dentro do porão, o mesmo zumbido agudo escutado no térreo, mas nenhum som de passo era produzido.

 

   Hermione esticou a cabeça minimamente e viu um vulto correr na direção da saída. Era Smith. Seu coração quase parou. O sujeito erguia a pá, preparado para acertar algo que ela não conseguia enxergar devido ao encosto do sofá. Rony caminhou ao seu encalço e o abordou por trás, segurando um dos seus braços enquanto com a outra mão tentava, a todo custo, tapar-lhe a boca.

 

     Aquele cretino iria colocar tudo a perder! Ele iria matar seus filhos…

 

     Sem escolha, precisava ajudar o ruivo, ela rastejou pelo chão na direção deles. Conforme se aproximava pôde enxergar, flutuando no ar, aquilo que havia penetrado no esconderijo. Uma minhoca metálica, grossa e de cumprimento indecifrável, uma sonda intrusa que inspecionava cada canto com a ajuda de sua lente luminosa… Um prolongamento mecânico do olhar dos invasores… Uma espécie de estroboscópio...

    

   A coisa virou-se para esquerda, em direção ao espaço da cozinha e Hermione viu a deixa para se levantar e ajudar Rony. Com uma força atípica para a mulher, ela arrancou a pá da mão de Smith. O ex-militar se debateu, revoltado, mas Rony conseguiu pegar seu outro braço e segurá-lo para trás também. Hermione se encarregou de tapar a boca do maluco e, no exato instante, a sonda virou-se na direção deles.

 

  O trio se jogou no chão, entre as tralhas da sala de armas. A sonda avançou, certamente escutando algo, mas passando reto para um dos quartos. Olhou demoradamente o local onde a família Weasley dormia e recuou para o corredor outra vez.

 

  Quando estava prestes a sair, Smith conseguiu desvencilhar um braço de Rony e bateu no chão, na ânsia de se livrar do aperto do casal. Isso se tornou o suficiente para que o objeto alienígena voltasse.

 

 Hermione sentiu o peito ribombar enlouquecido vendo a sonda mergulhar para o lado do sofá, exatamente onde seus filhos estavam. Prestes a se lançar sobre as crianças caso um laser pulverizador saísse da lente daquilo contra o corpo deles, deparou-se com uma cena diferente. Hugo e Rose, de algum modo ágil e inteligente, haviam pego o espelho que ficava apoiado ao velho rádio e utilizado o objeto como um escudo. O olho vítreo, misterioso e frio, encarou seu reflexo. Desinteressado, o estroboscópio se retraiu para trás e abandonou o porão de uma vez.  Hermione voltou a respirar.  


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