Durante o Fim escrita por Van Vet


Capítulo 4
Primeiro Dia - Hugo


Notas iniciais do capítulo

Super beijo para Ana Luiza, EmLovesRup e Lygia Cristhina por falarem comigo nos capítulos anteriores.

Primeira vez que narro um capítulo com Hugo, portanto estou um tanto apreensiva. Espero que gostem!



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O Weasley caçula obrigou seus pais a visitarem a diretoria da escola algumas vezes no ano anterior e o motivo se repetia como um ciclo infinito: o baixo rendimento escolar. Ele não lembrava de entregar os trabalhos, não retornava com os bilhetes assinados pelos responsáveis para viajar nas excursões, ficava divagando no período das avaliações e terminava por entregar a prova em branco, entre outros incidentes.

 

    A diretora disse para seu pai que poderia ser autismo e naquele dia, Hugo ainda não entendendo do que deveria se tratar, ficou confuso ao ver seu pai paranoico lidando com ele atabalhoadamente do nada. Durante a noite do mesmo dia, sua mãe chegou em casa e depois de escutar a explicação de Rony ficou tão furiosa que eles discutiram feio, pra valer. Hugo ficou ainda mais confuso, e junto do ocorrido veio um impotente sentimento de culpa. Quando sua mãe o enviou para cama fez questão de afirmar, usando palavras excessivamente carinhosas, que ele era perfeitamente saudável. Hugo esperou a mãe fechar a porta para fuçar no computador que ficava no seu quarto o que significava “autismo”. Temeu que sua busca fosse infrutífera, afinal seu computador tinha várias restrições de busca, mas surpreendentemente o significado apareceu prontamente na tela.

 

  No seu entendimento de uma criança de nove anos ele conseguiu filtrar que estavam achando que ele era algum tipo de mongoloide mudo. A criança passou os dias seguinte bastante amedrontada por ter se tornado aquilo e fez questão de se empenhar para os adultos mudarem de opinião.  Na verdade, uma semana depois, Hermione levou-o a um psicólogo infantil que o diagnosticou com algo que Hugo entendeu como falta de concentração devido o uso excessivo de smart fones, tablets, video game e tudo que ele considerava fundamental.

 

      Em resumo, Hugo vinha sofrendo um regime severo de seus eletrônicos e deveria aproveitar ao máximo o momento em que eles eram-lhe oferecidos de boa vontade pelos pais. Depois do raio e da conversa toda sobre tornados, o menino fingiu estar absorto no seu vício dentro do tablet, contudo espiava ocasionalmente tanto as reações da mãe e do pai como o clima lá fora. Atrás das colinas na zona descampada da cidade, ao longe, testemunhou dois raios desenharem o firmamento.

 

            Um narrador cansado anunciava músicas velhas atrás da outra numa estação ruidosa que seu pai se pôs a escutar. A mãe continuava no celular, quieta. Rose balançava a cabeça e uma das pernas ouvindo suas bandas barulhentas no máximo.

 

       Os minutos se estenderam e eles completaram vinte e cinco minutos de viagem. Os raios os acompanhavam, esparsos, há quilômetros de distância, e incomodamente presentes. De repente as transmissões morosas do rádio foram interrompidas por um aviso estranho:

 

    “Senhores ouvintes, chegou ao nosso conhecimento que uma tempestade muito forte, vinda do oceano, se forma nas proximidades de Tampa, Flórida. Estamos entrando num feriado nacional, as pistas estão se congestionando, mas as autoridades viárias pedem para saírem de casa com bastante cautela e pararem para se abrigar em local seguro se necessário. Repito, dirijam com prudência extrema e procurem local seguro conforme a necessidade…”

 

ー Esses avisos são rotineiros nesses casos ー o pai disse para a mãe. Ela havia abandonado o celular e aumentado o volume do rádio para ouvir melhor o locutor.

 

A mãe não disse nada, mas pela expressão de seu pai, que era o que Hugo conseguia ver do banco de trás, os dois vinham travando uma conversa entre olhares e mexidas de boca sem som. Por fim ela se pronunciou.

 

ー Acho melhor acessar a rodovia que tem mais lanchonetes.

ー É, tudo bem.

 

ー Aconteceu alguma coisa? ー Hugo perguntou porque não ser informado dos planos ao qual fazia parte era uma das piores coisas que ele considerava na sua idade.

 

ー Filho, talvez venha uma chuvinha. Se ela apertar a gente para e lancha até que tudo passe, tudo bem?

 

ー Tudo ー concordou baixinho. Era inédito, mas ele estava com medo de começar com seus “por quês” e ouvir o que não queria.

 

    Notou então, a cabeça baixa para a tela de seu jogo sem realmente querer jogar, que a irmã fez uma coisa bizarra. Desligou seu fone sem tirá-los do ouvido. Rose achava que valia a pena ficar a espreita, escutando qualquer mudança fosse na conversa dos pais ou nos anúncios do radialista. Hugo pensava igual.


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Notas finais do capítulo

Nota: As impressões sobre pessoas portadoras de autismo pertence aos personagens desta fanfic, sem nenhum aprofundamento ou esclarecimento no assunto por parte deles.



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