Durante o Fim escrita por Van Vet


Capítulo 38
Terceiro Dia - Hermione


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal!
Demorei um cadinho, mas voltei ;)



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As mãos de Hermione continuavam a tremerem mostrando que a adrenalina não se esvaíra por completo. Ela tinha muita coisa passando pela sua cabeça...  Várias retrospectivas de momentos passados, momentos do seu casamento.

 

  O homem que andava a sua frente carregando seu filho, o filho deles, ela ainda o amava? Essa pergunta ia e voltava e a resposta ela não encontrava. Ou não queria dar uma resposta definitiva… ou tinha medo dessa resposta…   Uma coisa, entretanto, a morena sabia: ele não deveria ter escondido aquela arma do conhecimento dela e jamais poderia ter hesitado quando a vida de Hugo estava em jogo. Certos fatos eram indubitáveis.

 

      Eles caminhavam desoladamente pela planície, sem nenhuma certeza mais. Hermione torcia para que estivessem o mais perto possível da base militar, pois caminhar debaixo da chuva e com tornozelo torcido não era nada fácil.

 

       Em determinado ponto, alta madrugada, os chuviscos irritantes cessaram e árvores de copas largas começaram a surgir. Rony parou debaixo delas e, parecendo extremamente cansado, depositou Hugo no chão. O menino colocou os dois pés na grama, sonolento.

 

ー Preciso descansar um pouco… ー o ruivo alegou respirando fundo ー Seria bom passarmos algumas horas aqui. A relva está seca.

 

    Rose sentou prontamente, encostando as costas no tronco da árvore. Hugo foi buscar um lugar ao lado da irmã.

 

ー Certo… ー Hermione concordou, o tornozelo latejando de dor.

 

    A família, sem comida, sem dinheiro, sem carro, sem casa, sem nenhum abrigo, se ajeitou pelo solo e, cada um, quieto com seus pensamentos, encontraram um modo de descansarem.

 

     Hermione deitou a cabeça diretamente no mato, pouco se importando com insetos ou animais peçonhentos e, após um breve  vislumbre do céu noturno, apagou de exaustão. Quando acordou, chamada por seu filho, já era manhãzinha.

 

ー Papai disse que é melhor partirmos ー ele falou após vê-la abrir os olhos.

 

    Zonza, a morena se levantou e observou Rony e Rose de pé, esperando por ela.

 

ー Estamos perto? ー ela perguntou para o esposo, a voz rouca de sono.

 

ー Como é que eu vou saber? ー ele respondeu com truculência e recomeçou a caminhada.

 

  Hermione encarou suas costas, irritada, mas Rose veio falar desviando sua atenção.

 

ー Tem uma estrada depois do barranco, a gente vai para lá ver se encontra uma placa para se localizar ー a menina informou com alguma frieza na voz também.

 

   Quanto a Rose, ela não poderia culpar. Era tão difícil dobrar o gênio da sua filha e se tornaria mais irascível agora, depois dela presenciar o pior dos pais.

 

     Com o tornozelo mais inchado do que nunca, ela foi mancando na retaguarda da família, deixando Rony e os filhos abrirem uma boa distância debaixo do pálido sol das seis da manhã. Após descerem o íngreme terreno, e chegarem ao fim da ravina, o ruivo ergueu Hugo pelos braços e o depositou lentamente no acostamento da estrada para que o garoto não tivesse de dar um pulo muito grande e acabar se machucando. Rose negou ajuda, simplesmente pulando de uma vez lá embaixo.

 

    Enquanto Hermione se aproximava para descobrir qual distância à esperava para saltar, Rony virou-se para ela e perguntou:

 

ー O que houve com a sua perna?

 

ー Nada… ー ela resmungou espiando o espaço entre o barranco e a estrada. Um metro e meio, pelo menos. Ela teria sentar na beirada e tentar ir se apoiando com o tornozelo bom para poder alcançar o asfalto.

 

ー Você tá conseguindo andar?

 

ー E eu estou fazendo o que até agora? ー rebateu, secamente.

 

    Ele soltou o ar pela boca, contrariado, e pulou para a estrada também. Seu movimento nem de longe fora igual ao das crianças, era mais lento e contido. Rony deveria estar sentindo alguma dor no corpo como ela.

 

ー Vem… Eu te carrego ー ele ergueu as mãos na sua direção ao vê-la apoiada na ravina, tomando coragem para descer.

 

ー Estou bem.

 

ー Vem logo!

 

ー Eu me viro, Ronald ー Hermione respondeu decidida, sentando-se na beirada da descida e se preparando para deslizar para baixo.

 

    Então o ruivo se aproximou e, sem permissão para tocá-la, agarrou-a por debaixo dos braços e a depositou seguramente no chão.

 

ー A gente tem de chegar logo à algum lugar seguro, Hermione. Não há tempo para seus ataques de orgulho…

 

ー Ataques d… ー ela se zangou, prestes a rebater a acusação, mas foi interrompida por Hugo e Rose acenando freneticamente para a estrada e gritando.

 

ー É O EXÉRCITO! O EXÉRCITO! CARONA, POR FAVOR! ー as crianças pululavam e acenavam. Rony virou-se para a pista e se uniu aos filhos, pedindo por ajuda.

 

   O jipe do exército reduziu a velocidade e brecou diante deles, mas sem desligar o motor. Na traseira do veículo havia meia dúzia de soldados carrancudos e um deles perguntou para Rony:

 

ー Por que o senhor e sua família ainda estão aqui?

 

ー Bom dia, senhores. Tivemos imprevistos ao longo do caminho… Agora estamos tentando chegar a base de Jacksonville, que é um abrigo seguro segundo nos informaram.

 

   O soldado olhou brevemente para Hugo, Rose e Hermione e então disse:

 

ー Estamos indo para lá agora. Subam aqui conosco.

 

   Rony agradeceu aliviado, assim como  Hermione, que finalmente ia dar um descanso para a seu tornozelo e para suas preocupações. A partir dali estavam seguros.   

 


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