Durante o Fim escrita por Van Vet


Capítulo 2
Primeiro Dia - Hermione


Notas iniciais do capítulo

Muito feliz com os já comentários de EmLovesRup e Rayane Granger. Valeu pessoal! :)



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 Hermione desistiu da sua caça ao objeto perdido dentro da bolsa e passou o cinto de segurança na frente do corpo. Ela deu uma olhada para trás e viu seus filhos absortos, cada um no seu mundo. Hugo com os dedinhos ágeis brincando com o game e Rose com o olhar perdido para a rua escutando música na única altura aceitável para um adolescente.

  

   Lentamente ela endireitou o corpo e olhou de esgueira para seu esposo. Rony parecia tentar se concentrar no trânsito, embora suas mãos estivessem inquietas no volante e seus lábios rígidos de contrariedade. Hermione já nem lembrava mais qual fora a última vez que ela beijara aquela boca com real desejo. Na penúltima sessão com a terapeuta, a mulher havia dado essa lição de casa para eles: Se beijem. Várias vezes ao dia. Em todos os momentos possíveis. Eles não eram mais dois jovenzinhos para ficarem se agarrando a todo instante, mas tentaram seguir as sugestões da profissional “pelo menos uma vez ao dia”. Hermione se dera essa meta mínima. Então a coisa ficou parecendo forçada como se ela tivesse encontrado um estranho na rua e decidido fazer algo muito imprópria com ele. A boca de Rony ainda era quente e carnuda, mas já não possuía a maciez que ditava um desejo recíproco e ardente para o ato. Após três dias tentando eles fizeram um acordo silencioso de não tocar mais naquele assunto.

 

      Hermione pegou o laço de cabelo no pulso e fez um rabo de cavalo. No mesmo instante um raio ameaçador cruzou os céus a oeste. Então ela notou as nuvens negras se adensando na direção que o eles tomariam.

 

       一 Um temporal vem vindo.

 

       Rony não respondeu. Ainda deveria estar chateado por ela ter gritado com ele na frente das crianças e daquele modo. Ela tinha a opção de se desculpar ou dar o tempo dele para esfriar a cabeça e fingir que nada aconteceu.

 

       Tomando sua decisão, a morena resolveu calar-se e pegou seu celular para ver como ia o tempo na região. O aplicativo marcava dia nublado, porém sem chuva. Não dava mesmo para confiar nessas previsões, ainda bem que ela sempre colocava um agasalho à mais na mala dos filhos.

 

     Continuando no celular, ela pulou para a navegação no Facebook. Hermione odiava aquela rede social. Quanto pior ia a vida das pessoas mais fotos idiotas parecendo estar muito bem elas colocavam. Margaret, por exemplo, sua amiga de infância, havia acabado de pegar o marido saindo do motel com outro homem e postou uma foto ontem, bochecha colada com bochecha, um vinho na mão e na legenda as pieguices abissais “A melhor coisa da minha vida!”. Ridículos.

 

      Se o motivo que estivesse levando o casamento entre ela e Rony despencar fosse traição, terapeuta conjugal e viagenzinha em família não estariam acontecendo mesmo. Havia um limite para a zona de conforto de toda a mulher, Hermione ficara chocada em saber que a de Margaret era tão grande.

 

      A morena continuou a rolar a barra de atualizações do seu perfil. Mesmo detestando o ambiente tinha de confessar que aquilo era uma boa distração quando a sua intenção era ignorar alguém próximo de você.

 

     Foto de gatinhos, cachorrinhos, sua prima grávida mostrando o enxoval, piada política, um compartilhamento em vídeo de como fazer bolo de aniversário com chocolate e avelã, mais gatinhos, seu tio-avô postando foto da última pescaria com a turma de aposentados, cachorro de saia, um amigo do trabalho mostrando a foto de uma nuvem intimidadora e apontando para o céu…

 

     “Que chuva é essa que vem?” ele perguntava junto com a foto.

 

   Aquele rapaz morava há poucos quilômetros de Hermione e a foto era recente, foi postada há trinta minutos. Ela tornou a olhar para oeste e através do para-brisa confirmou que o tempo continuava piorando.  Novamente na postagem de seu amigo alguém comentou “Aqui na minha região o céu está quase preto e vários raios. Tá dando medo!”

 

   Hermione ia começar a falar com Rony quando duas coisas aconteceram simultaneamente: o clarão de um raio caiu em algum lugar próximo a avenida e ele deu uma freada brusca que a faria bater a testa no vidro se já não estivesse de cinto de segurança.

 

        一 Mas que droga! 一 Rony gritou, buzinando 一 Como que o cara me breca desse jeito por causa de um raio?!

 

      Não era só um raio, algo diferente estava acontecendo com o tempo.


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