Durante o Fim escrita por Van Vet


Capítulo 15
Primeiro Dia - Rony


Notas iniciais do capítulo

Partiu mais um capítulo!



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Dentro do seu coração, Rony queria se abrir para Hermione e confessar que, além de temer pelos filhos, temeu nunca mais conseguir fitar o rosto dela. Também gostaria de expressar sua admiração pela habilidade com que sua esposa guiou a minivan deles e tirou-os do caos. Ele gostaria de dizer muitas coisas, porém só o que conseguiu foi congratular a escolha de um carro idiota. Uma parede de gelo muito espessa se consolidou entre aquele casal, nada soava tão natural como no passado.

 

        Avançando pela estrada, eles passaram por dois jipes oficiais do exército. Os soldados na caçamba encararam Rony pela janela e o ruivo teve a impressão de que as expressões dos homens possuíam muita preocupação e pouca bravata. Uma sensação arrepiante cruzou-lhe a espinha, recordando do que presenciara horas antes. O extermínio e a chuva de corpos.

 

     Não tardou e o sol se despediu deles de vez. Durante a noite os anseios pareciam mais palpáveis. Um alívio veio junto dessa cisma, porque enfim Hermione estacionava na frente da casa dos seus pais. O antigo e por muito tempo lar de Rony.

 

     As luzes da entrada estavam acesas como de costume e no bairro nenhum sinal de destruição que indicasse a passagem das coisas por lá. O estranho, contudo, era que todas as ruas não mostravam viva-alma. Conforme explorava as portas e as janelas da residência dos pais, ele descobriu que nem mesmo ali alguém dava sinal.

 

     Rony tocou a campainha pela terceira vez, sem retorno.

 

ー Será que seus pais saíram? ー questionou Hermione.

 

ー Onde tá a vovó e o vovô? ー Hugo quis saber, a voz sonolenta, porém tensa.

 

ー Vou buscar a chave ー Rony anunciou para o resto da família junto da porta. Os pais guardavam sempre uma chave extra para o caso de algum dos filhos Weasley precisar entrar.

 

   Ele atravessou o gramado até os fundos e encontrou um vaso, grande e pesado, de terra. Afastou o objeto um pouco para o lado e ali embaixo encontrou a pequena chave que abria a fechadura da frente. Retornou para a esposa e os filhos e todos adentraram no átrio.

 

ー VOVÓ! ー chamou Hugo do hall. O menino tencionou sair para explorar os cômodos, mas o pai o brecou.

 

ー Fiquem aqui, se eu gritar todos saem correndo para fora e entrem no carro. Vou explorar a casa sozinho, primeiro.

 

ー Certo ー Hermione engoliu em seco.

 

ー Cuidado, pai ー Rose pediu, voltando a falar com ele depois de muitas horas.

 

ー Pode deixar, gatinha ー Rony piscou para a filha.

 

      O ruivo partiu para o restante da residência acendendo as luzes pelo percurso. A cozinha foi sua primeira parada e o fato de não haver louça ou comida a vista lhe animou. Seja o que fosse, eles tiveram tempo suficiente de guardar os supérfluos. Na sala de jantar tudo vazio. No corredor e em cada um dos quartos disponíveis, camas arrumadas. Dentro dos armários alguns cabides estavam vazios. Nos banheiros tudo limpo e seco. Voltando para a parte dianteira da casa, Rony entrou na sala de estar. Ali havia um abajur aceso no aparador, e em cima deste, um papel repousava rabiscado à mão. Ele aproximou-se para ler.

 

       Voltando para o hall encontrou sua pequena família apreensiva.

 

ー Eles viajaram ー contou ー Sábado é aniversário do Louis, eu havia me esquecido. Essa hora já devem estar em Oregon há dois dias. Tem um bilhete na sala caso algum de nós aparecesse.

 

ー Graças a Deus ー suspirou Hermione relaxando.

 

ー Eu vou guardar o carro na garagem e pegar nossas bagagens.

 

ー Vamos ficar aqui? Eu queria estar com a vovó e o vovô ー Hugo protestou.

 

ー Amanhã provavelmente é isso que faremos, Hugo. Hoje precisamos descansar um pouquinho enquanto entendemos o que está acontecendo ー Rony informou ao menino.

 

ー Vou carregar meu celular ー anunciou Rose voltando à sua postura carrancuda e sumindo pelo corredor.

 

ー E nós vamos para a cozinha preparar algo para comer ー disse Hermione pegando o filho pela mão ー É provável que tenha pasta de chocolate com avelã na despensa da sua avó…

 

  Rony esperou os três sumirem para dentro dos cômodos e então saiu para os jardins. A rua continuava completamente morta de pessoas ou carros. Uma friagem fora de época vinha fazer companhia àquela noite. Ele sentiu um arrepio na nuca e marchou rapidamente para guardar a minivan e se trancar com o restante da família na casa.     


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