Durante o Fim escrita por Van Vet


Capítulo 1
Primeiro Dia - Rose


Notas iniciais do capítulo

Mais uma fic aí gente!
Espero que vocês curtam ;)



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 Rose Weasley tentou fingir que o pai não estava chamando-a, o rosto completamente virado para a janela do carro, os fones de ouvido no volume máximo. Ele gesticulou pela terceira vez do banco do motorista, estalando os dedos, e em breve ia lhe confiscar os fones se ela insistisse em fingir que não respondia. Revirando os olhos a bela adolescente ruiva pausou a música e perguntou num tom de voz que beirava ao tédio

— O que é?

— Baixe esse negócio. Eu estou dizendo “Você vai ficar surda”!

— A música não tem graça se estiver com volume baixo - ela voltou ao mesmo argumento defendido pela enésima vez.

— Eu pagando um aparelho de surdez para você é que não vai ter graça nenhuma - o pai rebateu.

   Extremamente contrariada a garota acabou por desligar a música. Seu pai a olhou com a boca retorcida, prestes a falar mais alguma coisa, mas desistiu no meio do caminho.  No passado ele se desculparia, ou melhor, ele nem implicaria com Rose. Esse era o seu mais novo pai em ação: uma pessoa esgotada, a beira da neurose, precisando canalizar alguma das suas frustrações para outra pessoa.

— Não pedi pra você desligar a música.

     Disse Rony dando um longo suspiro e se virando para o volante novamente. Rose não respondeu, encarando a rua onde nascera e crescera, de cara feia. A viagem nem começou e já prometia ser uma grande droga.

     Poucos minutos depois, Hugo, um garotinho de nove anos, abriu a porta do carro e entrou para dividir o banco traseiro com sua irmã mais velha. Estava agarrado a um tablet, entretido com algum jogo estúpido que emitia sonzinhos com a intenção de ser divertido, mas que era extremamente desagradável para os ouvidos de Rose.   

 

   Junto do pequeno Hugo, uma mulher de farta cabeleira castanha sentou-se no banco do passageiro, na frente com o motorista. Ela tinha as bochechas coradas e parecia bastante aflita procurando algo na bolsa de mão. Esta era a mãe de Rose, que também não ia nada bem.

— Por isso a demora? Pra ele trazer essas porcarias eletrônicas?

— É Rony, é por isso. Se você quiser tirar o jogo dele fique à vontade numa viagem de quinze horas! - a mulher retorquiu em frangalhos. Ainda procurava freneticamente algo dentro da bolsa.

— O que foi, Hermione? - Rony se impacientou ao ver a esposa cavucando a bolsa sem lhe dar atenção.

— Nada - ela respondeu de má vontade - Já estamos todos no carro, comece a dirigir!

— Como “nada”? Você parece desesperada… Esqueceu o quê? Quer que eu fique esperando aqui enquanto entra e procura na casa? Ótimo, não estamos nem um pouco atrasados mesmo.

      Hermione deu um tapa na própria coxa e elevou a voz:

— Eu disse para você esperar? APENAS VÁ!

— Caramba, você anda cada vez mais estúpida…  

Hugo abandonou o jogo e encarou a discussão com bastante apreensão. Rose, entorpecida por presenciar tais cenas, cutucou o irmão e perguntou, sem real interesse, mas disposta a desviar a atenção do garoto do showzinho dos pais, como funcionava o jogo.  

A conversa agitada entre o casal acabou por morrer rápido e Rony ligou o carro partindo para a avenida principal a fim de entrar no primeiro acesso à interestadual. Iriam viajar naqueles passeios bregas de família, cruzando vários estados durante um dia inteiro até chegar num chalé de gente entediante sem acesso a internet. Rose não era idiota, ela já havia completado treze anos e sabia somar dois mais dois. Eles vinham consultando um terapeuta conjugal e essa deveria ser uma sugestão do tal: um passeio com a família reunida para restaurar a paz, para tentar evitar que os dois se digladiassem da hora do café da manhã até a hora da janta.    

 

Hugo voltou a atenção para seu jogo, calado e concentrado. Rose aproveitou o barulho do trânsito e do motor para ligar seu aparelho celular de novo no volume máximo, assim se desconectava da atmosfera pesada que pairava sempre que seus pais passavam muito tempo juntos num ambiente fechado.


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