Konohagakure estava exuberante. Todos os civis viam com intrínseco gosto o movimento dos shinobis bem treinados que passavam por ali, alguns a pé, outros saltando entre os telhados ou árvores. Invariavelmente dos casos, embora a paz, a síndrome das guerras passadas ainda ribombavam nas veias daqueles que viram o terror de outrora e tal terror, mesmo a contragosto, manteve em Konoha a Vontade de Fogo e sua essência ninja. Por isso, mesmo ante a paz, a guerra parecia iminente aos mais velhos, e isso forçava o Grande Hokage, líder supremo daquela aldeia, a manter uma Academia Ninja funcionando e formando ninjas com exímio potencial, poderosos o suficiente para proteger aquele povo.

O Grande Hokage, o shinobi mais forte entre todos, era Uzumaki Naruto. Filho de Namikaze Minato, o Yondaime Hokage e Uzumaki Kushina, a pimenta sangrenta. Naruto fora o herói de Konoha contra Pain, Uzumaki Nagato, primeiro possuidor do Rinnegan a quem venceu, e fora aclamado como o Shinobi mais forte da aldeia, em um nível totalmente diferente, após se tornar um Eremita, um Sábio. Mas não obstante, fora aclamado, também, Herói do Mundo Ninja, quando, por duas vezes, salvara a Terra da destruição.

A primeira, fora a eventual Quarta Grande Guerra Ninja, onde venceu o temível Uchiha Madara, que se tornara o Jinchuuriki do Juubi, bijuu de dez caudas, se comparando e até, talvez, superando o Rikudou Sennin, Ōtsutsuki Hagoromo e, posteriormente, vencera Ōtsutsuki Kaguya, a Deusa Coelho, selando-a na Lua, junto de Uchiha Sasuke, seu melhor amigo. A segunda eventualidade que o consagrou como “o mais forte”, foi o episódio que fez com que a Lua se partisse ao meio, uma marca da grandiosidade do herói que ficaria marcada por toda a eternidade nos céus. Nesse evento, venceu e subjugou Ōtsutsuki Toneri, descendente de Ōtsutsuki Hamura e que possuía o temível Tenseigan, uma arma de destruição em massa, que tinha como poder principal jogar a Lua contra a Terra. Tal ato, fora principalmente motivado pelo sequestro de sua futura esposa pelo Ōtsutsuki, Hyuuga Hinata, a herdeira do famigerado Clã Hyuuga.

Anos se passaram e a grandiosidade d’O Herói fora se alastrando concomitantemente, até chegar ao ponto em que as pessoas ergueram estátuas em sua homenagem, algumas pessoas, até mesmo, o adorando como um deus entre os homens. Mas o Uzumaki era humilde e jamais quisera tanto, seu desejo mais íntimo era ser reconhecido como um igual e não como um superior, mas não importava quantos apelos fizesse, quantos pedidos fossem efemeramente gritados aos ventos.

Todos o ignoravam e chamavam-no de modesto.

Todos criam que ele era um deus que viera para os salvar.

E tudo isso porque sabiam da trajetória daquele jovem menino que gritava aos quatro ventos que queria ser o mais forte dos Hokages, porque queria reconhecimento. Todos conheciam a história sofrida do menino que era excluído por todos por ser o Jinchuuriki da mais odiosa das bestas, a temida Kyuubi no Youko, a Raposa de Nove Caudas, que outrora destruíra a aldeia e levara consigo o seu grandioso Yondaime, o Quarto Hokage. Mas, agora, compreendiam a grandiosidade do loiro de olhos azuis e deduziram que tal ataque era apenas mais uma amostra de que aquele jovem era, de fato, um deus.

Ora, outrora a Kyuubi era seu pior inimigo, mas agora sua maior aliada. Esse pensamento era comum entre ninjas, mas entre os civis era ainda mais intrínseco, já que não compreendiam o caminho Shinobi.

Anos novamente se passaram e a adoração à Naruto era ainda mais fulgente.  Naruto, após dois anos de namoro, noivou-se com Hyuuga Hinata e, agora, casariam. Hinata abdicou da liderança de seu próprio clã, passando a missão para sua irmã mais nova, Hyuuga Hanabi, e dedicou-se à vida ninja com seu amado. Ela o amava de todo o seu coração. Amava-o como jamais alguém poderia amar outra pessoa. Amava-o com a benção dos deuses, pois passaram por inúmeras provações e finalmente seu sonho realizar-se-ia. Naruto, por outro lado, amava aquela garota como nunca imaginou amar alguém, pois aprendeu o que era amor de verdade com ela. Cada segundo que passava junto da moça, cada toque, cada beijo, cada transa, refletia o amor incontido daqueles dois que se tornara tão, mas tão extenso e intocável, que não havia qualquer pessoa que lhes desejasse o mau.

Ninguém os invejava. Nenhuma mulher tentara nada contra aquela relação.  Pois o amor era tão imensurável que nada podiam fazer, senão sorrir com os olhos e dar-lhes fraternidade e desejos de um bom futuro. Então, com juras de amor, se casaram e a Hyuuga abdicou de seu nome para, enfim, usar o que mais desejava. A partir daquele dia, Hyuuga Hinata, a herdeira do clã Hyuuga, deixou de existir, e Uzumaki Hinata, a esposa d’O Herói, do deus entre os homens, nascera resplandecente.

Não demorou muito e meses depois teve a notícia que estava grávida de um menino. Em homenagem à Neji, primo de Hinata o qual morreu protegendo-a, chamara o primogênito Uzumaki de Boruto. Uzumaki Boruto. Anos mais tarde, mais uma surpresa. Hinata estava grávida novamente, mas de uma menina. Em homenagem à própria mãe e ao clã materno, que abandonara, como uma última homenagem dos Uzumakis para os Hyuugas, chamou a menina de Himawari, que significa girassol e, cujos kanjis invertidos, formam Hyuuga, que também podem ser lidos como Hinata.

O Clã Uzumaki renasceria com toda a sua glória.

E finalmente, ele se tornara o Grande Hokage, o Nanadaime, o Sétimo. Recebera o chapéu e o cargo de seu antigo professor, Hatake Kakashi, o Hokudaime, o Sexto Hokage. Fora o dia mais feliz de sua vida, nivelando com o dia de seu casamento e os dias de nascimento de seus filhos. Todos os seus sonhos foram realizados.

No dia de sua ‘coroação’ como Hokage, todos os habitantes de Konoha compareceram, lotando toda a praça de frente ao Prédio do Fogo, sede do Governo, e as ruas e as estradas ficaram abarrotadas de gente. Todos os outros quatro Kages compareceram, para dar-lhe os parabéns e sucesso. Todos o admiravam.

Finalmente havia paz.

Ninguém ousava ir contra o Grande Nanadaime Hokage de Konohagakure no Sato, O Herói do Mundo, Uzumaki Naruto.

Mas é como diz o ditado. Tudo que é bom, dura pouco.

Treze anos se passaram e uma nova ameaça assombrou o mundo. Remanescentes do antigo planeta de Kaguya ousaram ir contra a paz do Mundo e atacaram o Exame Chunnin em plena Konoha. Tal ato levou a fúria do Hokage que, para proteger seus filhos, Hinata — que tentara o proteger, falhando —, Uchiha Sasuke, Uchiha Sarada e Uchiha Sakura, além de todos os habitantes, se deixou ser levado para outra dimensão e quase teve as bijuus extraídas de seu corpo. Sim, as bijuus.

Naruto se tornara o Jinchuuriki de todas as Nove Bestas com Caudas e, embora elas tenham ganhado sua merecida liberdade, ficara com ambas as partes de Kurama, a Kyuubi, em si. E uma vez Jinchuuriki, sempre Jinchuuriki e com isso tornou-se o ponto de encontro das nove bestas, tendo todas as nove, parcialmente, seladas em si.

Sasuke, Boruto e os outros Quatro Kages foram ao auxílio de Naruto a após os Kages vencerem Kinshiki, este se transforma numa fruta que daria poderes ilimitados à Momoshiki. Mas tal ato fora inútil, cedendo seu poder quase ilimitado, Uzumaki Naruto, que estava impossibilitado de se mover, graças a estacas, fornece seu chakra monstruoso para Uzumaki Boruto que subjuga o inimigo.

Naruto novamente retorna como O Herói que salvou Konoha da destruição e aqui acaba-se a história de vida relevante de Naruto.

Anos após, Naruto já passara da meia-idade, mas sua aparência era a mesma, por ser Uzumaki, sua vitalidade era totalmente superior à de qualquer um e teria uma longa vida, ou não.

Hinata, sua amada esposa, falecera alguns anos atrás de velhice. E isso tornou o Uzumaki recluso, fazendo com que ele cedesse seu cargo para Sarutobi Konohamaru, o Hachidaime, o Oitavo, Hokage de Konoha.

Mas a paz se quebrou assim que Uzumaki Naruto saiu do cargo e uma gigantesca guerra tivera início. Sunagakure assassinara seu Kazekage, Sabaku no Gaara, em um golpe de Estado e isso fez Konoha se tornar hostil, declarando guerra. Com a guerra declarada, os países tomaram partido e Kirigakure se juntou à Konoha, assim como Iwagakure, no entanto, Kumogakure se uniu à Suna, pois teve o mesmo destino, o Raikage fora assassinado e sofreu um golpe.

Quanto tudo parecia perdido e Konoha estava prestes a ser totalmente destruída por Suna, Uzumaki Naruto aparece triunfante sobre os enormes muros. Sua postura era tão poderosa que inimigos o temiam só de observar, seu poder era tão esmagador que algumas invocações se desfizeram e seu olhar era tão severo que todo o exército inimigo, e até aliados, recuaram alguns passos. Com os braços ainda cruzados e com a capa escrito “Nanadaime Hokage” esvoaçando ao vento, a voz intensa e poderosa do homem se fez presente.

“Ninguém tocará sequer um dedo em minha Konoha! Não permitirei que tais atos se propaguem. Acabarei aqui com todo e qualquer ato de rebeldia. Aos traidores, haverá morte! E para os injustiçados, trarei justiça. Já não tenho nada para proteger, nada para manter vivo comigo... Minha esposa, meu maior amor, falecera. Meus amigos morreram. Não sobrou nada para um homem como eu. Outrora sorria com tal força de vida e vitalidade, mas viver tanto só me trouxe desgosto, ainda mais agora... Sinto todo o peso da traição sobre minhas costas.” Suas roupas começaram a brilhar e seus olhos ficaram em laranja e uma cruz, cinco gudoudamas surgiram em suas costas e dois bastões do mesmo material das esferas surgiram entre seus dedos, os quais segurou. “Agora haverá paz, com a minha morte haverá paz e a glória retornará a todo e qualquer um. Fiquem com meu espírito e lembre-se, Konohagakure, Iwagakure, Sunagakure, Kumogakure e Kirigakure... Estarei sempre lhes observando e se a paz que eu criei novamente ameaçar se desfazer, far-vos-ei se arrepender e voltarei para esse mundo, hoje e para sempre, reencarnarei para buscar a paz.” Um trovão ribombou nos céus e as nuvens cobriram o sol, pondo-se a chover. O céu chorava pelo seu amado herói. Naruto saltou entre os inimigos em pose imponente, por fim, bateu as mãos e uma onda de choque afastou dezenas de inimigos de uma vez. “Saikō kamigami - tondemonaiteki no ikimono no hakai.” Seu significado fez com que todos os inimigos dobrassem seus joelhos e caíssem no chão, tremendo, temendo e chorando. “Arte Suprema dos Deuses – Destruição dos inimigos impuros.” Todo e qualquer ser naquele planeta ouviu aquelas palavras e uma luz ofuscante cobriu todo o planeta terra, todas as nações, e fez-se a vontade de Naruto, todos os inimigos morreram pulverizados e aqueles com planos maléficos perderam para sempre a habilidade de usar e desenvolver chakra.

Tal jutsu entrou para a história e isso fez a fama de Naruto, o deus, crescer ainda mais e para sempre, onde hoje existem templos para sua adoração.

Uzumaki Naruto, o Herói de Konoha, o Herói do Mundo Ninja, O Herói mais Poderoso, o Deus entre os homens, morreu salvando, mais uma vez o mundo. E sua promessa serviu como alicerce para a paz.

Sua morte trouxe pesar para todos os seres viventes, inclusive bijuus. Décadas depois Kurama renasceu e reclusou-se com todas as bijuus para uma área inabitável para qualquer outro ser vivente.

No círculo de Samsara, Naruto encontrou três entidades. Shinigami, Izanami e Izanagi. Três deuses que, ao verem Naruto, curvaram levemente a cabeça, o Uzumaki fez o mesmo. “Tu já deves saber o que ocorrerá, Naruto...” Proferiu Izanagi, nenhum outro deus proferira qualquer coisa. “Tu foste adorado, mais do que nós e não podemos deixar isso sem qualquer consequência.” Sua voz severa assustou momentaneamente o Uzumaki.

“Portanto, não poderei levar sua alma para qualquer lugar que sejas, Naruto-sama. Tu és livre para fazer o que quiser, não sendo mais prendido pelas cordas humanas e por isso vês o Samsara.” Apontou para um gigantesco símbolo abaixo de si, onde inúmeros humanos mantinham-se em transe profundo. “Adeus, Naruto-sama.” E sumiu num vórtice, deixando-o apenas com o homem e a mulher, esta última que até então estava calada.

“A consequência será a imortalidade que tanto despreza.” Proferiu Izanami, a mulher. “Viverás como aquilo que és chamado. Bem vindo ao mundo dos deuses. Tu és o deus dos céus, a partir de hoje e cuidará para sempre dos humanos.” E assim bateu as mãos e tudo explodiu num vórtice, quando Naruto recobrou a consciência, novas informações foram-lhe implantadas. Não pôde questionar os outros deuses, simplesmente não podia falar. Tentara, ah se tentara, mas seus lábios estavam trancados.

Assim que se localizou, notou uma gigantesca floresta e se colocou a andar até o fim, onde já sabia estar, afinal, agora, era um deus. Seus olhos brilhavam ao ver o seu destino, um imenso palácio, cujas torres eram em forma de nove caudas. Sorriu, exuberante. Pondo-se a andar, invadiu o gigantesco palácio e procurou uma sala em especial. Abriu a gigante porta de três metros feita de mogno e ouro incrustado e direcionou-se para uma gigantesca ‘piscina’ que ficava no centro de uma sala do trono, que na verdade era composta de um líquido viscoso que mostrava toda a planície da Terra. Notara que mil anos se passara desde que “morrera” e viu que ainda era adorado como um deus. Balançou a cabeça em negação, agora entendia.

Mil anos se passaram e só se transformou em deus, pois os deuses supremos compreenderam que a marca feita pelo Uzumaki jamais se apagaria dos corações dos fiéis. Naruto usava uma túnica feita com fios de ouro e sobre sua cabeça uma coroa feita de diamantes, demonstrando que era o Senhor daquele Território, senhor dos céus, aquele que comandava Samsara, já que existiam, até aparecer Naruto, apenas três deuses. Shinigami, o deus da morte, Izanagi, o criador de tudo e Izanami, sua mulher, senhora da vida.

Pondo-se a observar todas as pessoas da terra, fincou seus olhos eternos e assim todos os humanos se sentiram brevemente observados, os herdeiros, Uzumakis, sabiam quem era e sorriram. Por fim, desviou os olhos e sentou-se no imenso trono de ouro adornado por todas as pedras preciosas que existiam em todos os universos. Mesmo distante, podia observar o ‘mapa’ exibido pela Água Etérea.

Seus olhos observam e zelavam por tudo.

O Nanadaime morreu, mas em seu lugar, um deus ascendeu.