Laços Cortados escrita por Katinip


Capítulo 8
Gosto doce




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Sakura sentia-se idiota. Não sabia se o motivo era a bebida e a leve alteração em seu humor que a estava deixando dessa forma, ou porque estava conversando com uma pessoa do qual já fora apaixonada um dia. Claro que, isso aconteceu quando ela tinha seus míseros quinze anos, mas quem não sentiria um leve incomodo nessa situação? Ou será que estava apenas fazendo drama demais, como sempre?

Bom, não importava.

O ruivo à sua frente falava com ela normalmente, enquanto trabalhava de barman no bar. O que ela achava estranho, já que ele era um dos chefes do pub e com certeza tinha empregados para trabalhar com aquilo no lugar dele, mas quando o indagou sobre isso ele apenas sorriu de canto e disse que as vezes gostava de ficar ali, já que isso rendia muitas histórias distintas de pessoas bêbadas e em algum colapso emocional ou existencial. Bom, cada um com seus gostos.

—... E depois de terminar minha faculdade de administração eu comprei esse lugar de um amigo meu e fiz dele um pub. Depois o negócio cresceu um pouco e, junto com alguns outros amigos que são meus sócios, eu consegui expandir em algum outros lugares. - o ruivo terminava de relatar para a rosada sobre os últimos anos de sua vida. Sakura o olhou, com o cenho franzido.

— Não quis seguir o negócio na empresa do seu pai, Gaara-kun? - perguntou.

— Não. Eu não quero nada que venha dele. - a voz dele mudou um pouco, tornando-se um pouco mais séria. A Haruno percebeu e tratou de não tocar no assunto novamente. O ruivo suspirou, e colocou no balcão a bebida que estava preparando para ela. Sakura logo riu ao ver a bebida,

— Feita especialmente para você. - falou Gaara, olhando-a rir ao entender a piada. O drink preparado chamava-se hot pink barbie, e, como o nome já dizia, era rosa.

— Engraçadinho. - revirou os olhos, bebendo um gole.

— Mas me diga, Sakura. Você estava fora do Japão, não estava? - perguntou o ruivo, enquanto via a rosada acenar em afirmativo. - Por que voltou?

— Casamento do Naruto e Hinata. - parou de tomar o drink para respondê-lo, porém voltou ao que fazia logo em seguida.

— Não achei que fosse vir por causa disso. Você estava a tanto tempo fora, Naruto vivia reclamando da falta que você fazia. - Sakura sorriu ao ouvir isso.

— Você conversando com Naruto? E ainda por cima ouvindo as reclamações dele? - falou a rosada. - Quando ficou tão próximo dele? Até onde eu sei você achava nossa galera bem irritante. - indagou.

— As coisas mudaram um pouco desde que você foi embora, Sakura. E não leve muito a sério as atitudes estúpidas de um garoto de dezesseis anos que era revoltado com a vida. Já passei dessa fase. - respondeu o ruivo enquanto bebia um gole de outra bebida.

— E porque decidiu logo minha turma para se engraçar?

— Bem... eu meio que fui induzido a isso quando comecei a namorar a Ino. - Sakura, que olhava para Gaara com um sorrisinho de canto, murchou um pouco o semblante ao ouvir o nome da loira.

— Oh, é mesmo? - tentou fingir indiferença. - E a quanto tempo estão namorando?

— Na verdade, nós terminamos a dois meses atrás. - a Haruno percebeu o semblante de Gaara cair, e, por mais que não quisesse estar curiosa sobre o que acontecera, não tinha como negar. Ela estava.

— Por que? Aconteceu algo? - perguntou.

— Meu pai. Minha família inteira, na verdade. - viu o ruivo bufar. - Você sabe, minha família, além de ser extremamente rica e de elite, é bem conservadora e rígida. Criar laços com o pessoal "da ralé" como eles diziam, era considerado inaceitável. Esse foi um dos motivos de eu ter me isolado quando era mais novo. E de ter crescido um adolescente rebelde, também.

— Mas Temari convivia conosco, e era sua irmã. - replicou a Haruno.

— Meia irmã. Temari é filha do meu pai com outra mulher, uma de suas amantes, e vivia com ela. Por isso ele não ligava muito.

— Entendi. Mas continue o que estava dizendo.

— Bom, como eu disse, minha família é bem rígida, e eu não podia me relacionar com qualquer um. Mas quando conheci Ino, desde o ensino médio, eu senti algo diferente por ela. E mesmo que eu não significasse nada para ela naquela época, meu sentimento não mudou. Depois de alguns anos, eu decidi lutar pelo o que eu queria, e finalmente consegui algo com ela, mas claro, meu pai descobriu e não gostou nada. Ele queria que eu ficasse noivo de alguma filha de um dos sócios dele, claro que seria um casamento de interesses, e não era o que eu queria. E também, Ino não tem nada a me oferecer, como ele dizia, era pobre e tinha um nome desconhecido. Mas eu não me importava, Sakura, simplesmente queria ficar com ela. Com um tempo, as brigas com meu pai ficaram constantes, e quando eu conversei com ela sobre eu mesmo me deserdar da minha família, ela disse que não podia fazer isso comigo. Disse que, mesmo que ele fosse rígido, ainda era meu pai e eu não podia deixá-lo. Disse que eu iria perder tudo, e era culpa dela. Que eu estava jogando meu futuro brilhante fora, para um futuro incerto com ela. Então, ela terminou comigo. - terminou, por fim.

Sakura percebeu que, o ruivo ainda sofria com tal situação que se encontrava.

— Mas você deserdou da mesma forma, está com seu próprio negócio agora, nem assim ela voltou com você? - perguntou.

— Não. Acho que ela se sente culpada por me separar da minha família, mesmo que eu não veja males na minha decisão. Na verdade, eu me sinto livre desde que saí daquele antro de cobras. - respondeu Gaara. Sakura o olhou, compreensiva.

— Estou vendo. Bom, sobre Ino... Tente entender, Gaara, Ino perdeu o pai cedo e ela presa muito por esse negócio de família, sabe? - A Haruno se surpreendeu com suas palavras. Estava defendendo a Yamanaka, ou era impressão sua?

— Sei disso, Sakura, mas minha família não age como tal. São só aparências. Eu não vejo vantagem em se ter uma família assim. - respondeu.

— É, realmente não há. Foi um gesto muito corajoso o que você fez. Ino deveria aproveitar, não é todo mundo que tem esse luxo de ter alguém desistindo de tudo por amor. - o tom de voz dela era um pouco amargurado, Gaara percebeu.

— Você parece entender sobre isso. - falou.

— Ah, pode acreditar. Entendo muito bem. - piscou, e retornou a tomar sua bebida. Não queria pensar em coisas que não convinham pensar naquele momento. Foi até aquele lugar para esquecer, e era exatamente isso que faria. - Bem, já que você é o patrão desse lugar, que tal se dar um intervalo e ir dançar com uma moça bonita? - perguntou, tomando um último gole do drink rosa. A rosada bateu palminhas desleixadas ao ver o ruivo atravessar o balcão e ir em direção a pista junto dela.

⊱❊⊰⊱❊⊰

Hinata suspirou aliviada quando avistou Naruto sair de seu carro e ir em direção a ela. Mas todo o alívio se esvaiu do seu corpo ao ver que Sasuke o acompanhava. O que ele fazia ali, afinal?

— Hinata. - chamou o loiro. - Conseguiu falar com Sakura?

— Não! Ela não atende o telefone, não respondeu minhas mensagens e eu procurei por ela mais uma vez e não a encontrei. Naruto, ela estava bebendo enquanto estávamos lá dentro, e sabemos que ela não é forte para álcool. E se aconteceu alguma coisa com ela? - perguntou aflita, sentindo-se culpada.

— Calma, nós vamos encontrá-la. Vamos procurá-la mais uma vez lá dentro, se não a encontrarmos em meia hora, nós procuramos em locais próximos, tudo bem? - olhou para a noiva, que apenas assentiu levemente. Começaram a andar, porém, o Uzimaki parou ao olhar para seu amigo que vinha junto deles.

— Teme... eu não acho que seja uma boa ideia você...

— Eu vou. - cortou o moreno, já sabendo o que o loiro iria dizer. Não estava nem aí se Sakura não queria vê-lo, iria do mesmo jeito.

Naruto decidiu não falar mais nada, sabendo como Sasuke era cabeça dura demais, só esperava que caso acontecesse de seus amigos se encontrassem não houvesse briga.

E assim, os três começaram a buscar a rosada. Naruto pediu que se separassem, assim seria melhor, e que em meia hora se encontrassem na entrada do estabelecimento caso não achassem Sakura. E assim foi feito, cada um indo para um lugar diferente. Hinata fora procurar no andar de cima, Naruto onde ficavam os banheiros, e Sasuke se meteu no monte de gente que encontrava-se dançando no meio do pub.

Muitas mulheres lançavam olhares lascivos para o moreno, e ele apenas ignorava-os. Até que, no meio de tantos rostos, um em especial lhe era reconhecido. Viu quando a mulher parou de dançar e olhou para ele sorrindo. Balançou a cabeça, indicando que era para o mesmo segui-la. Pensou em ignorá-la e continuar procurando por Sakura, que era mais importante, mas acabou seguindo a garota. Talvez ela tivesse visto a rosada.

Chegou perto dela, que estava encostada em uma parede, o local era mais reservado, percebeu.

— O que quer? - perguntou, sem rodeios.

— Nossa, que mal humor! Você por acaso vive com um pau enfiado no rabo pra ser desse jeito? - perguntou, fazendo o Uchiha olhar mortalmente para ela. A mesma revirou os olhos.

— Eu estou ocupado agora, se não tem nada de importante para me dizer então não me atrapalhe. - disse em seu tom frio, e virou-se para continuar o que estava fazendo, porém parou assim que ouviu a voz novamente.

— Sakura está aqui. - falou a mulher.

— Eu sei, é por isso que estou aqui. Hinata perdeu ela de vista e ligou para o Naruto. Estou ajudando a procurá-la. Por acaso, você a viu? - perguntou.

— Por acaso, eu a vi sim. Está bem ali. - apontou em direção ao bar. Na parte mais ao fundo, pôde ver uma cabeleira rosa batendo palminhas e logo levantando-se, enquanto um ruivo que já vira algumas vezes antes acompanhava a Haruno. Franziu o cenho.

— O quê Gaara está fazendo com ela? - perguntou, observando cada passo dos dois. A mulher deu de ombros.

— Estão conversando faz um tempo. - ela também olhava para os dois que começaram a dançar, porém não estavam se agarrando, nem mesmo se tocavam. Era apenas uma dança, claro que, a rosada era a mais animada. O ruivo apenas tentava alguns passos, tímido. Ela sorriu com isso. Ele sempre fora assim para essas coisas.

— Vou buscá-la. - disse Sasuke, que não sentia-se muito bem com a cena, mesmo que ambos não estivessem fazendo nada demais.

— Deixe-a em paz, Uchiha, ela só quer se divertir um pouco. No mínimo deve estar querendo se esquecer de ter encontrado com você. - falou, enquanto pegava uma bebida de bandeja que era carregada por alguém. Bebeu um gole.

— Como sabe que me encontrei com ela hoje? - perguntou, enquanto franzia  levemente o cenho.

— Não é muito difícil de imaginar isso. Você é agoniado demais, aposto que antes mesmo de viajar para Konoha já sabia que ela estava aqui. Isso, claro, se ela não for o motivo de você estar aqui, não é mesmo? - olhou sugestivamente para o Uchiha, que apenas desviou o olhar bufando. Seu silêncio fora a confirmação que ela esperava. - Típico. Você é tão previsível quando se trata dela.

— Não fale como se me conhecesse.

— Posso não te conhecer por completo, mas conheço o sentimento que você sente por ela. E também, tenho os mesmos arrependimentos que você tem em relação a ela. - suspirou, enquanto dava mais um gole na bebida em suas mãos. - Não merecemos o perdão dela, Sasuke. Nós a machucamos tanto... Talvez devêssemos somente deixá-la seguir em frente.

— Não.

— Sasuke...

— Não. - cortou-a. - Eu desisti dela durante quatro anos, não posso fazer isso novamente quando a tenho tão perto. - disse firme. A garota bufou ao ouvir àquilo.

— E o que você pretende fazer, afinal? Sabe que ela te odeia, não é? E que a teimosia dela é maior do que a muralha da China e a estátua da liberdade juntas, não é mesmo? - replicou ela. O Uchiha deu um meio sorriso ao ouvir isso. Sabia muito bem do gênio difícil da rosada, afinal, isso era uma das coisas que tanto gostava nela...

— A teimosia dela é o que torna tudo mais interessante. - a garota sorriu ao ouvir àquilo. Ah como seria tudo diferente se ele tivesse lutado pela rosada anos atrás.

— Até que enfim criou bolas e resolveu lutar pelo que quer. Só não a machuque de novo, Uchiha.

— Não pretendo cometer o mesmo erro, Yamanaka. - e foi em direção ao tumulto à sua frente.

⊱❊⊰⊱❊⊰

Nada. Sakura não sentia nada além da sensação gostosa que era a batida da música fazendo seu corpo se mexer. Deus, a quanto tempo ela não fazia isso? Em Londres, as coisas eram tão agitadas em sua vida que não tinha tempo para nada, nem mesmo para sair de vez em quando.

Gaara já não estava mais ali em frente a ela, e a rosada concluiu que ele deveria ter voltado ao bar, já que não parecia muito confortável no meio de tanta gente.

Fechou os olhos e jogou suas mãos para o alto, então, lentamente, foi descendo a mão direita em direção ao seu corpo. Antes que chegasse até sua cintura, sentiu uma segunda mão entrar em contato com a mesma. Pensou ser um engraçadinho querendo passar uma noite com ela, e Sakura já ia cortar a onda dele, mas, arregalou os olhos ao ver quem era o dono da mão atrevida.

— O que você faz aqui? Está me seguindo? - indagou, incrédula. Mas que saco, até quando ela ia a lugares para esquecê-lo ele tinha que aparecer?

— Hinata não conseguiu encontrá-la depois que você foi ao banheiro e ligou desesperada para Naruto. Estávamos te procurando. - Sakura na mesma hora sentiu-se culpada. Como tinha se esquecido de Hinata?

— Droga... - lamentou. - Esqueci dela...

— Se não ficasse de conversinha com qualquer um, não teria causado todo esse transtorno. - reclamou o moreno. Sakura o olhou indignada.

— Como assim "qualquer um"?

— Você e o ruivo. - respondeu.

— Ah Sasuke, me poupe. - revirou os olhos. - Espera, por que estava me vigiando? - cerrou os olhos para ele.

— Não estou te vigiando, irritante. Eu estava ajudando seus amigos a te procurarem, e quando te encontrei você estava com o ruivo. - ele disse e Sakura bufou.

— Ta. - pegou o celular que estava no bolsa traseiro de sua calça e sentiu-se mais culpada ainda ao ver o tanto de ligações perdidas e mensagens de texto que sua amiga havia lhe mandado. - Onde eles estão? - perguntou.

— Já devem estar indo para a entrada do lugar, vamos. - e puxou a rosada junto consigo. Só naquele momento Sakura percebeu que ele ainda mantinha as mãos em sua cintura.

— Você já pode me soltar agora. - disse, enquanto tirava a mão do Uchiha de sua cintura. Ele a olhou de relance, mas sua expressão ainda era neutra. Ambos chegaram até o local do ponto de encontro, e Sakura se escorou na parede, suspirando em seguida. Tudo o que queria para àquela noite havia sido destruído assim que ele chegou. Por que, só conseguia ficar longe dele quando estavam em países distintos? Era só estar na mesma cidade em que o conheceu, ou estar na presença de pessoas que fizeram parte da vida dos dois, que tudo o que Sakura fizera para deixá-lo somente no passado, desmoronava bem na sua frente. Frustrante.

— Minha presença é tão incômoda que você precisa bufar a cada segundo? - perguntou ele. A Haruno se surpreendeu por ele estar puxando assunto com ela. Normalmente era o contrário.

— Sua presença não me faz diferença alguma. Estou assim porque queria continuar lá dentro. - respondeu, sem ao menos o encarar.  A voz da rosada era neutra.

— Por que? Você não é de gostar de lugares assim. - Sasuke a observava, notando que ela evitava contato com ele.

— Não fale como se ainda me conhecesse, Sasuke. - respondeu. Ficaram alguns segundos em silêncio, até que a rosada o ouviu se mexer. Não deu muita atenção para isso, mas foi obrigada a olhar para o moreno quando este a cercou entre a parede e o seu corpo, cada braço encontrava-se do lado da cabeça dela.

Sakura respirou fundo, tentando manter a calma e não se abalar. Olhou para ele, que também fazia o mesmo que ela, seus olhos escuros a hipnotizavam. Ela balançou a cabeça em negação.

— O que pensa que está fazendo, Uchiha? - não deixaria que nenhuma emoção escapasse no tom da sua voz, mesmo que por dentro estivesse em ebolição.

— Eu te conheço, Sakura. Mesmo depois de quatro anos você ainda é a mesma. Esse teatrinho de mulher fria não me engana. - a distância estava se estreitando, e Sakura colocou as mãos no peito dele para afastá-lo.

— Acho que você está querendo outro tapa, Uchiha. - ameaçou, mas tudo o que conseguiu foi um sorrisinho debochado dele. A rosada se irritou com isso. -  O que você quer com tudo isso, Sasuke? - perguntou, um leve tom de irritação transparecia agora.

O Uchiha nada respondeu, apenas aproximou seu rosto dela, e beijou sua bochecha. Colou a boca em sua orelha e proferiu as seguintes palavras:

— Você seria capaz de me perdoar? - e olhou para a garota que se encontrava de olhos arregalados para ele.

— O... quê? - indagou.

— Perguntei se você seria capaz de me perdoar. - repetiu, enquanto levava suas mãos para os braços dela que ainda encontravam-se em peito, e fez um carinho em ambas as mãos fechadas em punho.

— Você está... Me pedindo perdão? - com certeza ela estava entendendo errado, era a única solução possível. Ele não podia estar realmente...

— Não. - respondeu. - Estou perguntando se há uma possibilidade de você me perdoar. - Claro, pensou Sakura. Até parece que ele se rebaixaria a tal pedido.

— Por que quer saber? - perguntou. - Por que está fazendo isso? Por que não deixa essa merda toda para trás, Sasuke? O que você quer? Me ver chorar? Me ver desmoronar? É isso? - indagou a ele, enquanto tentava se sair do enlace dele que se tornava mais apertado a medida que a rosada tentava soltar-se.

— Não é isso... Eu... Sakura, me ouça! - ele dizia, numa tentativa de fazer com que ela se acalmasse.

— Você quer saber como foi, é? Saiba que foi horrível, traumático, a pior sensação da minha vida. Você me fez conhecer o amor e o ódio em um espaço muito curto de tempo. Eu desejei nunca ter te conhecido, nunca ter me apaixonado por você. Meu coração ficou tão despedaçado, que até hoje ele carrega cicatrizes como para lembrar o que eu sofri. - respirou fundo, olhando para ele com raiva. - E não, Sasuke, não tem como eu sequer cogitar a ideia de perdoar você. Nunca. - finalmente, ela se acalmou. - Satisfeito? Agora me deixe em paz. - disse, por fim.

Sasuke a olhou, analisando cada traço de seu rosto. Lembranças de quando ainda estavam juntos preencheram sua mente, trazendo a sensação nostálgica de uma época feliz. A época em que ele tinha a dona dos olhos esmeraldas para si, quando a luz dela era direcionada para ele, mandando a embora a escuridão que envolvia seu coração gelado, consequência de uma vida solitária e vazia.

Ela tinha sua felicidade nas mãos e nem sabia disso. Mas também, como poderia? As coisas que ele fez com ela... Merecia todo aquele tratamento que ela o estava reservando, mas daria um fim nisso. Não podia mais se acovardar. O que o impedia agora, afinal? Já não era mais o garoto controlado pelo pai.

Mas os frutos de suas escolhas estavam se mostrando agora. Ganhar o perdão dela não seria nada fácil. Mas deixá-la em paz estava fora de cogitação.

— Não. - respondeu ele, prontamente. Ela o olhou, confusa.

— Como assim, "não"? - perguntou.

— Não vou deixá-la em paz. Não posso e não quero.

— Como assim não quer? Você não tem que querer nada! Cretino! - exclamou a rosada, voltando a bater no peito do Uchiha. - Quem você pensa que é, seu bastardo prepotente? Acha que só por causa desse sobrenome ridículo você tem poder algum sobre mim? Acha que... - mas ela não fora capaz de terminar seu discurso.

Sasuke havia colado seus lábios ao dela em um selinho do qual ela não correspondia. Arregalou os olhos, ao notar o que estava acontecendo e tratou de empurrá-lo para trás. Dessa vez, ele se afastou um pouco, porém ainda segurava seus punhos.

— Acho. - respondeu as indagações anteriores da rosada. Passou a língua nos lábios como se estivesse saboreando-os. - Seu gosto continua doce. Meu doce preferido. - piscou para ela, e soltou-a no segundo seguinte, como se nada tivesse acontecido. Logo, Naruto e Hinata apareceram e depois de um pedido de desculpas por parte da rosada, todos foram para casa.

Flashback - Konoha, 4 anos atrás.

Sasuke e Sakura estavam em uma confeitaria, a pedido da rosada. Segundo ela, estava de TPM, e tudo a estava estressando. O moreno fora até sua casa porque simplesmente queria passar um tempo com a namorada, mas ela estava impossível de se aguentar naquele dia.

— Você não entende porque não sabe o que é ter que aguentar seus hormônios fazendo festa enquanto sua vagina está expelindo várias bolas de sangue! E o pior, eu ainda tenho que sentir cólica! Isso é tão injusto! Por que você não pode fazer isso no meu lugar? Eu odeio você! - reclama, uma Sakura irritada. O moreno revirou os olhos para o drama da garota, porém decidiu manter-se quieto. A Haruno tinha um humor inconstante, e já ouvira de Naruto que, quando Sakura estava em seu "período demoníaco" como o mesmo apelidou, ela costumava ser bem agressiva, o loiro já conseguiu até mesmo um olho roxo com isso.

— Você não vai falar nada? Vai ficar aí me olhando com essa cara de idiota? - bufou ela.

— Sakura, pelo amor de Deus, você está soltando fogo pelas ventas desde que eu cheguei! Como eu vou dizer algo desse jeito? - perguntou o Uchiha. A rosada olhou para ele, e sentiu-se culpada por seu comportamento.

— Desculpe. Eu fico bem chata quando estou na minha TPM. Acho que é porque eu não comi doce nenhum ainda. - e depois disso, Sasuke a levou para a confeitaria mais próxima, comprando a sobremesa preferida de Sakura: torta de limão.

A rosada já estava em seu segundo pedaço, enquanto o moreno apenas a observava, sentado ao seu lado.

— Como você pode não gostar de doces, Sasuke-kun? Isso é tão bom! - ela disse, devorando a torta.

— Hn. - ele resmungou, olhando-a. - Gosto de alguns.

— Quais? - a pergunta saiu embolada, pois ela estava falando de boca cheia. Sasuke sorriu de canto com isso.

— Gosto de *Manju e de *Dorayaki .- respondeu.

— Só desses? É muito pouco,Sasuke-kun, ainda mais se formos pensar no tanto de doces que existem.

— Há um, em especial, que eu gosto muito. E o fato de só eu poder prová-lo, o faz melhor ainda. - respondeu, com em um tom sugestivo. Sakura o olhou com o cenho franzido.

— E qual seria? - viu o Uchiha se aproximar e descer seus lábios em direção aos dela, iniciando um beijo. Ele logo tratou de introduzir sua língua na boca da Haruno, sentindo o gosto dela misturar-se com o gosto da torta. Ele admitia para si mesmo que não se importava de comer outros tipos de doces se fosse daquela forma.

Assim que se separaram por falta de fôlego, a boca do moreno foi em direção a orelha da Haruno.

— Seu gosto, Haruno, é o melhor doce que eu poderia provar.

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Notas finais do capítulo

*Dorayaki - Uma espécie de panqueca japonesa que pode ter vários recheios, sendo que os mais comuns são de creme e anko (doce de feijão azuki);

*Manju - É um dos doces mais tradicionais do Japão, derivado de um tipo de mochi (arroz glutinoso cozido no vapor);

Hey, tudo bem? Comecei esse capítulo ontem e quase terminei de madrugada, mas o sono foi mais forte. Por favor, me digam o que acharam! E olha só outro casalzinho cute na fanfic Gaaino! haha. Eu pensei em fazer o casal Saino masssss achei melhor deixar o ruivo mesmo.

Bem, queria uma ajuda de vocês, gostaria de saber se algum de vocês sabem, ou conhecem alguém que saiba fazer capa para fanfic. Eu estou esperando um tumblr de designs para isso, mas já faz bastante tempo e nada. Well, por favor, se alguém souber me fale, por favor.

Era isso, beijos e até a próxima!



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