Laços Cortados escrita por Katinip


Capítulo 11
Não quero mais


Notas iniciais do capítulo

Feliz Ano novo pessoal! ❤ ❤



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Os anos que se passaram desde que Itachi fora embora de casa foram horríveis. Seu irmão era um pilar muito importante em sua vida desde pequeno. Graças a ele, aprendeu muita coisa sobre a vida, coisas que não envolviam apenas o orgulho Uchiha, ser perfeito em tudo e mais coisas como essa.

Mas, tinha certeza, se contasse ao seu irmão tudo o que fez à Sakura, com certeza, este ficaria desapontado com ele. Mesmo que a repreensão que vinha de Itachi não fosse como a do pai, saber que decepcionou a única pessoa que nunca lhe olhara com nada mais do que amor e carinho, fazia o estômago de Sasuke revirar.

Fazia alguns meses que não conseguia falar com ele, pois a empresa estava tomando todo o seu tempo. Ele, sempre que podia, visitava o irmão, mesmo ambos morando em cidades diferentes. Itachi era dono de uma rede de restaurantes e também era ocupado, fora que já era bem casado, mas isso nunca o impediu de continuar se esforçando para manter o mais novo em sua vida.

Ambos encararam-se por um instante até que Sasuke sorriu de canto. Mas, diferente da maioria das vezes que sorria assim, esse não era debochado ou irônico. Estava realmente feliz de estar ali com ele.

— Como você está? - perguntou o mais velho, querendo iniciar uma conversa.

— Bem. - suspirou. - Achei que não estaria aqui.

— Por que achou isso? - perguntou Itachi.

— A filial de Konoha não é aonde você costuma ficar desde que se casou. - respondeu Sasuke olhando incisivo para o irmão. - Aconteceu alguma coisa? - perguntou, esperando poder ajudar o irmão.

— Nada demais, Sasuke. Apenas… Eu e Izumi estamos planejando nos mudar para Konoha. - respondeu com sua face tranquila e olhou para o irmão que o encarava confuso.

— Por que? - o mais novo viu um sorriso feliz nascer no rosto de seu irmão. Os dentes dele não apareciam, sua boca não estava alargada como a do coringa. Era um repuxar de lábios que lembrava o seu, mas, Sasuke sabia, o seu nunca conseguiria passar uma sensação boa como Itachi fazia.

— Eu tenho algo para te falar, Sasuke, mas quero lhe mostrar também. Venha comigo, vamos até a casa do Shisui, Izumi está lá. - falou enquanto levantava-se, vendo pelo canto dos olhos seu irmão fazer o mesmo, porém, esse tinha na face uma cara emburrada. Itachi deu uma risadinha para o comportamento de Sasuke.

— Por que está na casa de Shisui. - era visível para Itachi que seu otouto tentava conter o tom de voz.

— Estou resolvendo algumas últimas pendências com a casa para poder me mudar. Provavelmente, já estarei com tudo pronto em três dias. - respondeu ele, e logo pegou as chaves de seu carro para destrancá-lo.

— Hn. - resmungou o mais novo, sentando no banco do passageiro vendo seu irmão fazer o mesmo ao seu lado.

Durante a viagem, nada mais eles falaram. Itachi pensou em falar alguma graça por causa do comportamento de Sasuke, já que o mais novo nunca gostara muito de Shisui, tudo porque este era melhor amigo do mais velho.

Sasuke sempre teve problema em dividir o que era seu ou o que ele achava ser somente seu. Era engraçado as vezes, mas assustador em outras. Porém, ele não ligava com seu ciúmes de irmão.

Na verdade, ficava até mesmo feliz ao perceber que, de tantas coisas que deixaram de ser importantes para Sasuke ao longo desses anos, ele não fazia parte dessa lista.

⊱❊⊰⊱❊⊰

Sakura continuava olhando a mulher a sua frente que parecia um pouco desconcertada com a situação. Ela desviava seu olhar da rosada várias vezes, e parecia pensar em o que falar.

Sakura suspirou, e resolveu que ela mesma começaria a dizer alguma coisa.

— Bom dia, Ino. Há um motivo para você estar aqui? - perguntou, querendo acabar logo com toda aquela situação.

— Ah, sim, claro. Na verdade, eu vim ver Hinata, ela me prometeu que iria me ajudar a escolher um vestido para ir ao casamento. - respondeu, por fim. Sakura apenas assentiu com a cabeça e deixou a porta aberta enquanto adentrava a cozinha.

— Hinata, é pra você. - informou à morena, e foi até a geladeira, pegando um Iogurte de coco. Sentou-se na cadeira e apoiou um dos braços na mesa.

Hinata percebeu a face mudada da amiga e foi até a sala atender sua mais nova visita. Ao adentrar o cômoda, viu Ino em pé perto do sofá.

— Ino? - chamou Hinata e a loira olhou para ela no mesmo instante.

— Oi, Hina. - sorriu para ela. - Nós íamos sair juntas hoje, lembra? - perguntou. Hinata arregalou os olhos.

— Ai meu Deus! Não era amanhã? - perguntou desesperada. - Ai, Ino, desculpa! Eu não acredito que esqueci! - suspirou, arrependida. - Espere um pouco, sim? Vou tomar um banho de gato e me arrumar. - e saiu correndo em direção ao banheiro.

Ino sentou-se no sofá para esperar Hinata. A loira sentia-se estranha e sabia que o motivo era a presença de Sakura na casa. Tudo o que Ino queria era poder conversar calmamente com a rosada por dez minutos. Queria uma conversa sincera, onde ambas poderiam se acertar, mesmo que não fosse para retomar a amizade de antes - o que Ino sabia que tinha pouquíssimas chances de acontecer -, mas, a esperança é a última que morre, ficar do jeito que estava com Sakura não a agradava, mas a Haruno não parecia se importar.

Era até mesmo estranho para ela pensar que uma amizade como a delas havia se tornado aquilo: Uma coisa cheia de mágoa, raiva, ressentimento e egoísmo. E, claro, tudo por obra dela.

Sentindo sede, afinal o sol lá fora não estava nada agradável, a loira levantou-se na intenção de ir até a cozinha para beber algo. Chegando lá, encontrou Sakura tomando um Iogurte e mexendo em seu celular.

Ao ouvir o barulho de alguém, Sakura levantou seus olhos rapidamente, encontrando Ino a sua frente e totalmente sem jeito. Era engraçado para a rosada vê-la daquela forma pois Ino podia ser tudo, menos insegura.

A loira sempre esbanjou autoconfiança, e mesmo em situações extremas, nunca ficara desconcertada ou deslocada. Tão diferente de Sakura. Mas lá estavam elas, trocando os papéis.

A Haruno, que não estava afim de papo nem de uma conversa desagradável, apenas abaixou os olhos de volta para seu celular e continuou tomando seu Iogurte calmamente, ignorando a outra presença ali.

Ino, vendo que a rosada nada diria, pegou um copo e o encheu com água gelada, sentando-se em frente à Sakura, e começou a beber a água em lentas goladas.

Hesitante, a loira pois a se colocar para a rosada, temendo o que encontraria em seus olhos. Porém, a garota encontrava-se ainda entretida em seu celular, o Iogurte já não existia mais, assim como sua presença para a Haruno.

Olhando atentamente, Ino percebeu que Sakura não mudara muito na aparência. Os traços ficaram mais maduros, a dando um ar de mulher. Os cabelos rosados, antes curtos, agora batiam em sua cintura e estavam atados a um rabo de cavalo. Parecia mais corpulenta, e com certeza os seios haviam ficado maiores.

Ino lembrava-se de como a amiga tinha problema com isso quando era mais nova, ficava indignada ao ver a loira e Hinata com seios avantajados enquanto ela ainda tinha o começo do que seriam pequenos limões. Quem diria que agora estavam assim!

Um risinho contido saiu de seus lábios, e Sakura levantou seus olhos para a Yamanaka enquanto soerguia uma das sobrancelhas.

— Está rindo de que? - perguntou, mas em seu tom, nenhum sentimento era detectado.

— Estava só lembrando… Como você era complexada com seu corpo e principalmente seus seios. Ficava frustrada porque os meus e os de Hinata eram maiores. Agora, os seus estão perceptíveis também. - sorriu. - Eu disse que era questão de tempo, não disse? - falou a loira e Sakura, imediatamente, sentiu-se desconfortável com a conversa. Resolveu não caminhar por esse caminho, então apenas olhou estranho para a loira.

— Você está olhando meus seios? - perguntou.

— Ah, eu estava olhando você toda, na verdade… - respondeu Ino, e Sakura franziu ainda mais o cenho, mostrando toda sua confusão e até surpresa para ela. Ino percebeu o que disse, e arregalou os olhos. - Não, não, eu não virei lésbica, Deus, pare de me olhar assim! - exclamou, exaltada.

Sakura melhorou sua cara, voltando a expressão neutra dela, enquanto a loira estava desconcertada.

— Eu só… Estava lembrando de algumas coisas, e vendo você agora, isso me veio a cabeça. Só isso. - respondeu, por fim. Sakura suspirou pesadamente, pensando no que dizer.

Para falar a verdade, estava cansada. Ino e Sasuke pareciam não querer desistir de fazê-la retomar os antigos laços que tinha com eles, e isso era cansativo.

Sasuke usava de seus antigos sentimentos - nem tão antigos assim - para a encurralar e seduzi-la até o ponto em que a tivesse rendida em seus braços. Era tão cara de pau que sequer pediu desculpas pelo que fez a ela anos atrás, apenas foi direto, dizendo o que queria dela e que não desistiria até conseguir. Cretino.

Já Ino, apelava para o sentimental da rosada, fazendo-a lembrar de sua amizade com a loira, querendo, obviamente, que ela pudesse dar mais uma chance para tal relação. Mas, isso só conseguia deixar Sakura magoada.

A fazia lembrar que, mesmo com a amizade e a forte ligação que tinham, Ino não deixou de lhe apunhalar pelas costas.

Queria que ela parasse com aquilo, pois não estava ajudando a nem uma das duas.

— Esqueça essas coisas. Ou guarde-as para você. Não estou interessada em suas lembranças. - disse, e voltou ao seu celular. Ino abaixou a cabeça.

— Nunca irá me perdoar, não é? - falou baixinho, mas a rosada ouviu.

— Sabe. - chamou sua atenção. - Ao contrário do que você pensa, eu estou tentando. - a Yamanaka olhou-a surpresa. - Eu quero te perdoar, quero mesmo. Não por você, mas por mim. Não aguento mais toda essa carga que me rodeia por causa de vocês. - Ino entendeu que ela falava de Sasuke também.

— Eu vou te perdoar, Ino. - falou, enquanto se levantava e seguia para seu quarto. - Mas não hoje.

⊱❊⊰⊱❊⊰

Ao chegar no destino da viagem, Sasuke saiu do carro e esperou o irmão que não demorou a fazer o mesmo. Logo, os dois estavam dentro do lugar que transbordava comodidade. Itachi deixou as chaves do carro em cima da mesinha de centro que se encontrava na sala, e chamou o irmão para segui-lo até a cozinha.

Quando entraram no cômodo, encontraram a imagem de Izumi sentada em uma cadeira com os braços apoiados a mesa enquanto lia um livro. Assim que ela ouviu o barulho deles, levantou os olhos, mirando primeiramente Itachi.

— Graças a Deus você chegou! Trouxe o que eu pedi? - perguntou a morena, olhando em expectativa para Itachi, que apenas sorriu terno para ela.

— Eu mal chego e é assim que me recebe? Nada de "Oi meu amor, eu senti sua falta"? - Izumi revirou os olhos para ele e colocou a mão em seu queixo.

— Fala sério, Itachi, nós nos vimos hoje de manhã e você já me agarrou o suficiente. - falou ela, e Sasuke fez careta. Sabia do que ela estava falando, e a imagem de seu irmão e sua cunhada tendo intimidades não era a melhor coisa para se ter na mente.

— Para mim, nunca tenho o bastante de você, querida. - respondeu doce, e ela sorriu docemente para ele. - Mas sim, eu trouxe o que me pediu. - indo em direção a mesa, colocou uma sacola em frente a mulher que bateu palminhas animadas enquanto abria e tirava o conteúdo da mesma.

O Uchiha mais velho pegou um prato e deu para a esposa, enquanto ela pegava o melão recém comprado pelo marido. Sasuke assistiu com o cenho franzido a mulher cortar a frita em pedaços pequenos, e colocar sal no mesmo, logo em seguida começando a comer como se fosse a melhor coisa do mundo.

Itachi olhando para o irmão mais novo percebeu a face dele enquanto observava sua esposa comer com gosto o melão com sal. Riu um pouco e logo chamou a atenção de dele para si.

— Lembra que eu disse a você que havia um motivo para me mudar para Konoha? - perguntou e ele e Sasuke assentiu. - Bem, aí está. Vem aqui, Izumi. - ajudou a esposa a se levantar e, quando ela ficou completamente ereta, Sasuke pôde ver a barriga avantajada da mulher de seu irmão.

— Vocês...

— Sim. Izumi está de sete meses, e os desejos esquisitos de grávida já começaram a um tempo. - sorriu, e a mulher revirou os olhos voltando a se sentar e comer seu melão. - Decidimos nos mudar de Tokyo para um lugar mais calmo, e Konoha me pareceu apropriado. Gosto da calmaria daqui e é uma cidade muito boa para se criar filhos. - terminou de falar e olhou para Sasuke. - Desculpe não ter falado antes, mas você estava muito ocupado.

O Uchiha mais novo assentiu, olhando para o irmão. Lembrou-se de Itachi quando ainda era pequeno, na paciência e sabedoria do irmão mesmo com a pouca idade.

Itachi sempre conseguira substituir seu pai muito bem em várias situações, e era normal para o garoto sempre ir até ele quando tinha algum problema, ou sentia medo de algo que era normal crianças temerem. Sorriu com isso.

— Acho que meu sobrinho terá muita sorte em ter você como pai. - e, com essa constatação, Itachi sorriu envergonhado para ele, mas sentia-se agradecido pela fala do irmão.

Os três conversaram um pouco mais até que Izumi informou que iria tomar um banho e dormir um pouco, já que se sentia sonolenta. Os irmãos Uchihas ficaram sozinhos na cozinha, e Itachi resolveu tomar a frente.

— E você, Sasuke, qual é o seu motivo para estar aqui em Konoha? - perguntou curioso.

— Naruto irá casar e eu serei o padrinho. - e, também, a garota que eu quero reconquistar está aqui, Sasuke não disse essa última frase.

— Ha! Quem diria, o Naruto casando primeiro que você. - riu e uma carranca se formou na face de Sasuke. - O loiro conseguiu ultrapassar você, huh.

— Humpf. - resmungou para o irmão. - Se eu não tenho uma noiva é porque não quero.

— Ah, sim. Falando nisso, o que aconteceu com Karin?

— Eu consegui anular meu compromisso com ela a três anos. Não foi fácil, mas nós não queríamos aquilo. - suspirou ao lembrar como fora turbulenta a época em que os dois anunciaram a desfeita do compromisso.

— Achei que vocês estavam tranquilos com a o casamento arranjado. Principalmente você. - Itachi disse, lembrando do quanto o irmão não se importava em se submeter as vontades do pai se fosse para orgulhar o mais velho.

— E eu estava. Ou achei que sim. Aconteceram muitas coisas, mas Karin e eu éramos amigos, apesar de tudo. Ela me disse que conheceu um cara, e não foi nada planejado. Ela acabou se apaixonando por ele e tentou se afastar, mas não conseguiu. Enfim, ela foi franca comigo, disse que lutaria por ele e pediu minha ajuda. E eu ajudei.

— E como Fugaku agiu quanto a isso? - Itachi não mais se referia a Fugaku como seu pai. Desde o dia em que saíra de casa sendo deserdado e rejeitado pelo próprio pai, não se sentia mais um Uchiha.

— Ele ficou furioso. Disse que eu deveria lutar pelas minhas ambições e para o que seria melhor para mim e para a empresa. Mas eu disse a ele que a muito tempo, me casar com Karin já não era uma ambição, e os benefícios que eu conseguiria com essa união eu poderia ganhar de uma outra forma que não fosse fazendo a mim e a ela infelizes. E depois de um tempo, ele aceitou. - falou por fim, e Itachi franziu o cenho.

— Ele não tentou mais nada depois disso? Nem outro noivado?

Sasuke pareceu desconfortável, mas foi neutro ao responder negativamente.

— Não. Ele tentou, mas eu disse que não. - foi sua reposta, e o mais velho ficou surpreso na mesma proporção que ficara intrigado.

— Por que? - viu Sasuke hesitar e desviar o olhar dele, parecendo perdido e receoso ao mesmo tempo. - Se não quiser falar, fique a vontade Sasuke, mas sabe que pode confiar em mim. - e o moreno suspirou, afirmando com a cabeça para ele.

— Lembra da Sakura? - perguntou a ele.

— A garota que era melhor amiga de Naruto? - Sasuke já havia falado da rosada para ele algumas vezes, e Itachi sempre percebia que seu irmãozinho parecia sentir mais pela rosada do que realmente falava.

— Sim. - suspirou. - Eu... eu me envolvi com ela, como você sabe. Tivemos um breve relacionamento, até que eu estraguei tudo por causa das minhas responsabilidades. Eu fiz uma merda muito grande, Itachi, e me arrependo até hoje das decisões que eu tomei. - o mais velho podia sentir através da voz de seu irmão que ele estava realmente arrependido. - Eu me apaixonei por ela, mas descobri isso muito tarde. Eu já a tinha perdido. Depois que Karin e eu rompemos, eu não quis mais ninguém, e não iria me comprometer novamente sentindo o que eu sinto por Sakura. - Sasuke falava como um homem amargurado, Itachi percebeu, e lamentou não ter conseguido impedir isso.

— Fugaku soube sobre ela?

— Sim. Ele ordenou que eu terminasse com qualquer vínculo que tinha com ela. Eu disse que faria, mas não consegui. Quando ele descobriu que eu ainda estava com ela, acabou ameaçando Sakura. Então, eu não tive escolha. - suspirou pesadamente, lembrando-se da voz grossa e ameaçadora do pai proferindo as ameaças à Sakura.

Itachi ouvia tudo sentindo raiva. Não raiva de Sasuke, mas raiva de seu pai. Raiva por ele ter quase destruído sua vida e, agora que não conseguiu, fazia o mesmo com o mais novo. Mas, na mesma proporção sentia culpa também. Se ele não tivesse ido embora, toda essa responsabilidade estaria em seus ombros, e seu irmão poderia estar feliz agora com a garota que amava, e não amargurado e infeliz como aparentava estar.

— Eu... Sinto muito, Sasuke. - as palavras saíam sofridas de sua boca, e Sasuke balançou a cabeça para seu irmão.

— Nada disso é culpa sua, Itachi. Você não nada menos do que um ótimo irmão para mim, mas também merece ter sua felicidade. - mesmo que não fosse bom em se expressar, Sasuke tentava através daquelas palavras acamar e agradecer seu irmão. Itachi suspirou.

— E Sakura? Ainda quer ela? - perguntou, olhando atentamente para seu irmão esperando a reposta dele, que veio sem hesitar.

— Quero. Mas ela já não me quer mais. - ele fechou os olhos pesarosamente, lembrando-se de como os encontros que tivera com Sakura até agora foram frustrantes. - Eu não a culpo, o que eu fiz não tem perdão, e eu não tenho direito de entrar na vida dela novamente, mas eu quero. Esses anos que passei longe dela foi um verdadeiro inferno. - passou a mão pelo rosto, cansado.

— Acha que conseguirá reconquistá-la?

— Não sei. Não sei nem mesmo como farei isso, já que ela me rechaça toda vez que tento me aproximar dela. . disse, lembrando-se do tapa certeiro que levou da rosada.

— E Fugaku? - Sasuke fez uma careta ao se lembrar que tinha mais esse problema.

— Não vou mais deixar ele controlar minha vida. Cansei, Itachi. Quanto mais orgulho eu tento dar a ele, mais ele quer de mim. Eu não aguento mais, irmão. - e, ouvindo aquelas palavras, Itachi sentiu-se verdadeiramente aliviado. Finalmente, pensou ele.

— Fico feliz em ouvir isso de você, irmãozinho. - falou, e Sasuke sentiu uma sensação boa dentro de si.

Sabia que, com a decisão de correr atrás de sua felicidade mesmo que isso quisesse dizer decepcionar o pai, orgulhava Itachi. E, pela primeira na vida, sentiu-se bem ao tentar orgulhar alguém, tudo porque sabia que Itachi queria sua felicidade acima de tudo, e não que ele atingisse a perfeição. Ele sim, era alguém que valia a pena orgulhar.

— Eu também, Nii-san.

⊱❊⊰⊱❊⊰

Depois da pequena conversa com Ino, Sakura decidiu sair de casa. Informou Hinata sobre sua saída e a morena apenas assentiu, dizendo a ela que também sairia com Ino, mas não demoraria tanto.

Depois de trocar de roupas, Sakura saiu do apartamento, não vendo sinal de Ino no lugar. Deu de ombros, e preferiu realizar seu passeio a pé, já que fazia tempo que não ia até a cidade e gostaria de ver como tudo estava, e com o carro isso não seria possível.

Visitou vários lugares que costumava visitar quando ainda morava ali, e o lugar que mais gostara de ir fora na ferinha de artesanato do qual ela sempre ia quando adolescente, e comprou um par de brincos e algumas pulseiras para ela, afinal, Sakura adorava esse tipo de acessório.

No meio do caminho, parou em uma barraca que vendia colares, e gargantilhas, que logo chamaram sua atenção. Todos eram muito lindos e Sakura teve vontade de levar cada um, porém, dois deles chamaram sua atenção.

Dois colares que não pareciam muito com os outros, já que não foram feitos a mão. Um deles possuía uma corrente dourada e, como acessório, um coração com uma pedra negra cravejada, que a lembrava ônix. O outro, também com uma corrente na cor dourada, possuía não só uma, mas duas correntes, a do lado de baixo delas com vários pingentes pequenos em um formato que lembrava uma gota, já a de cima só tinha um único pingente, este era uma estrela.

Sakura pegou os dois colares, tentando decidir qual levaria. Olhou para aquele que tinha o coração e, mesmo que não quisesse, os olhos dele lhe vieram a mente.

A cor da pedra lembrava-lhe a cor que os olhos dele possuía, coisa que ela nunca esqueceria. Estava gravado em sua mente, pois eles eram tão intensos quando voltados para ela, e essa intensidade sempre fazia com que seu coração acelerasse instantaneamente. Era até mesmo irônico ela ter se interessado pelo colar.

Decidiu-se pelo segundo e, quando estava prestes a colocar o outro de volta no lugar, ouviu uma voz atrás de si.

— Se eu te der um deles de presente, ganho uma saída para um café com você? - a rosada virou sua cabeça na direção da voz, vendo o rapaz que estava na livraria da faculdade de Hinata. Fez uma careta tentando lembrar seu nome. - Perdão senhorita, acho que não se lembra de mim. Akasuna no Sasori. - e beijou a mão dela, fazendo Sakura sorrir timidamente.

— Eu me lembrava de você, só não recordava do seu nome. O meu é...

— Haruno Sakura. - respondeu, antes que ela mesma pudesse falar.

— Oh, vejo que você guardou na memória.

— Não esqueceria do nome de alguém que me chamou atenção. - piscou para ela, lhe sorrindo galanteador.

— Mesmo? Bem, eu fico lisonjeada, senhor Akasuna. - respondeu ela, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

— Me chame apenas de Sasori, senhorita, nada de senhor. - Sakura assentiu para ele.

— E o que você faz aqui? Não me parece alguém que gostaria de uma feira de artesanato. - realmente, o ruivo não parecia alguém que apreciaria isso, na verdade, nunca encontrava muitos homens por ali, e os que via sempre estavam acompanhando alguma mulher e ficavam de cara emburrada, ou eram gays.

— Ora, está me julgando pela aparência senhorita? Acredito que isso não seja certo para um julgamento justo. Qual o problema de um homem como eu me interessar por toalhas bordadas ou roupas de crochê? - perguntou para ela, levantando uma sobrancelha. Sakura o olhou em deboche. - Fiquei sabendo que são de ótima qualidade.

— Não há problema algum, senhor Akasuna, ao menos, claro, que você esteja querendo comprar algo assim para alguma mulher de sua família ou namorada.

Ou então, o senhor é gay. - deu de ombros, voltando-se para a dona da barraca de colares, e dando o dinheiro para comprar aquele que escolhera.

Escutou a risada do ruivo atrás de si e virou-se para ele novamente.

— Ok, admito, não estou aqui por nenhuma dessas razões. Na verdade, fui obrigado a vir para cá, já que minha avó está aqui. Ela pediu uma carona para poder levar tudo o que fosse comprar por aqui. Sabe como é, ela está ficando velha e já não pode fazer muito esforço.

A rosada balançou a cabeça para ele, pegando a pequena sacola de embrulho que a mulher lhe entregava com o colar dentro.

— Isso é muito gentil de sua parte. - respondeu.

— Bom, valeu a pena, não é mesmo? Ao menos pude encontrar você por aqui, acho que isso recompensou tudo. - a voz dele tinha um tom sedutor, e ele se aproximara um pouco da rosada, fazendo com que ela sentisse o perfume gostoso que vinha dele. Ela abaixou a cabeça sorrindo um pouco.

— Se está tentando me galantear, senhor Akasuna, posso dizer que não vai funcionar. Eu não caio nessas cantadas baratas, pode esquecer. - o homem franziu a sobrancelha, mas não era um ato indignado e sim divertido. Levantou as mãos em sinal de rendição para ela.

— Ok, entendi! Você é difícil então, huh? - levou uma das mãos ao queixo como se estivesse pensando. - Você é daquelas que preferem ter uma amizade primeiro para depois evoluir para algo mais sério? Tudo bem, posso ser um bom amigo por enquanto.

Sakura balançou a cabeça em negação, mas sorria para ele.

— Acho que você acaba de estragar nosso inicio de amizade, já que agora sei das suas reais intenções.

— Não seja por isso, você esquece o que eu disse e eu finjo que nunca disse nada, podemos começar esse encontro novamente, onde eu compro um colar para você e em troca a senhorita toma um café comigo. - sugeriu o ruivo que tinha uma expressão que lembrava um garoto sapeca. Sakura colocou as mãos na cintura, ergueu a sobrancelha e fez uma pose de falsa indignação.

— O senhor, por acaso está me subornando? - cerrou os olhos em sua direção.

— Assim você me ofende, Sakura. Estou apenas tentando ser gentil com a mulher que eu quero levar para sair.

— Você disse que seria meu amigo. - ela pontuou.

— Por enquanto. - ele retrucou, piscando para ela. Sorrindo, ela desfez a pose.

— Se você quer minha amizade, Sasori, eu lhe dou de bom grado, mas já adianto que é a única coisa que terá de mim. - ela disse calma, não queria ser rude com ele mesmo que suas intenções estivessem nítidas, afinal, ele não disse nada demais a ela, e até mesmo a divertiu.

— Posso me contentar com isso por agora Sakura, mas não desisto fácil da coisas que eu quero. - e o sorriso ladino dele, junto com o brilho que apareceu em seus olhos castanhos fez com que a rosada não duvidasse de suas palavras.

Antes que ela falasse algo, ouviram uma voz chamar por Sasori. A mulher de idade estava um pouco afastada deles, mas o ruivo sabia que sua estadia ali havia acabado.

— Já estou indo! - falou de volta, virando-se novamente para Sakura pronto para se despedir. - Foi um prazer reencontrá-la novamente, Sakura. Falei sério quando disse que queria te levar para tomar um café. - ele disse para ela, enquanto dava mais um passo em sua direção. A rosada não se intimidou.

— Se você não tentar nenhuma gracinha, não vejo o porquê não aceitar. Mas não acontecerá nada demais. - deu ênfase na última frase, olhando atentamente para ele.

— A senhorita realmente faz um péssimo julgamento da minha pessoa. Pretendo cumprir com o que eu disse, quero apenas conhecer você melhor agora. - ela estreitou os olhos para ele. - Como um amigo! Amigo! - repetiu ele, e viu ela desfazer a carranca, dando um lugar para um sorriso. - Assim está melhor. Até mais, Sakura. - mais uma vez, pegou a mão dela para dar um beijo no dorso da mesma.

— Até mais, Sasori. - despediu-se, e viu o ruivo andar na direção de sua avó.

A Haruno acabou balançando a cabeça para si mesma, sabendo onde aquilo provavelmente iria dar, e não gostava muito do resultado. Suspirou para si mesma, voltando sua atenção para o mesmo colar que havia deixado ali e decidiu não levar. O encarava fixamente, chamando a atenção da dona da barraca.

— Tem certeza que não irá querer levar esse, querida? - perguntou, solicita. A Haruno olhou o mesmo por mais alguns segundos e depois afastou-se do mesmo e sorriu para a mulher.

— Tenho sim. - e virou-se para sair dali, tendo certeza que não queria mais nada que tivesse a ver com ele em sua vida.


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Notas finais do capítulo

AAAAAHHH FELIZ ANO NOVO PESSOAL ❤❤

Já comecei o ano bem, huh? O capitulo era pra ter saído mais cedo, mas eu fiquei bem enrolada com uns projetos aí, e quando eu pegava no notebook pra escrever, sempre me vinha um bloqueio danado, bleh.

Mas ta aí, bonitinho pra vocês ❤

E então, o que acharam? Perceberam o clima entre Ino e Sakura? Parece que a rosada ouviu o conselho de uma certa morena hahaha. O lance entre elas está mais ameno, mas não quer dizer que vá melhorar, afinal, como vocês viram ainda é difícil para Sakura pensar em conseguir perdoa-la, ela entende que é preciso fazer isso para que ela mesma fique bem, mas perdoar não é algo fácil, né?

E olha a linda da Izumi aparecendo ❤ A aparição dela no mangá e no anime é bem curta, mas eu gosto muito dela mesmo assim. Fiquei bem chateada com o anime pq eles não colocaram o momento dela e do Itachi na hora do massacre do clã, poxa, foi sacanagem!
Ela não será uma personagem tãaao importante na história, na verdade, eu a coloquei pq gosto muito dela e Itachi como casal ❤❤

E bem, como vcs viram, o Sasuke é bem "aberto" digamos assim, com o Itachi. Sinceramente, eu não consigo ver o Sasuke tendo dificuldades para conversar com seu irmão, tanto no mangá/anime, quanto na minha fanfic, já que eu quis fazer um relacionamento bem fofo de irmãos ❤ Acho que já deu pra notar que eu gosto muito deles, né?

Bom, eu espero que com essa conversa entre os dois vcs tenham entendido melhor o que aconteceu, eu vou dar todos os detalhes da situação toda que aconteceu quando o Sasuke fez a cachorrada com a Sakura. E vcs viram, a Karin não é uma louca obsessiva apaixonada pelo Sasuke-kun HAHAHAHA bem fofa a atitude dela, huh? Ela teve a coragem que o Sasuke não teve, mas pelo menos ele entendeu isso e a ajudou a conseguir ficar livre dele para se dedicar a quem ela amava.

E o Sasori dando uma de galanteador pra cima da Sakura? Achei super fofo, quero também!
Ele vai aparecer mais vezes por agora, e eu vou fazer dele um personagem descontraído na fanfic, nada de complexidade entre ele e a Sakura, isso é a última coisa que ela precisa! Mas, eu tenho quase certeza que não vou fazer nada muito sério entre eles, afinal, não teria nem sentido já que a Saky tem toda uma vida feita na Inglaterra e ele em Konoha, né?

Enfimmmm, deixa eu calar a boca e agradecer a vocês que comentaram no último capitulo e continuam acompanhando a fanfic, já são 117 favoritos, e eu agradeço por cada um deles ❤❤

Tenham um bom começo de 2017, pessoal, espero que esse ano seja ótimo para cada um de vocês ❤

COLARES QUE A SAKURA SE INTERESSOU:

O de pingente de coração: https://http2.mlstatic.com/jogo-cordo-brincos-e-pingente-coraco-onix-joia-ouro-18k-D_NQ_NP_11128-MLB20040358137_012014-F.webp

O de duas correntes: https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/564x/71/87/cb/7187cbaf7e8bd6a6531ee9c0eafc2641.jpg

Um beijo e um cheiro e até a próxima! ❤



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