Fita Azul escrita por Helly Nivoeh


Capítulo 7
Que a festa comece


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada pelos comentários no capítulo anterior, estou imensamente feliz com os comentários de vocês, não estou tendo tempo de responder corretamente, estou sempre lendo e amando!
Com dezembro está se aproximando, o tempo pra chegar a 50 mil palavras também estão chegando ao fim, por isto estou tendo que correr. Atualmente estou em 39 mil, mas tenho fé que vou conseguir, graças ao incentivo de vocês!
Se quiserem acompanhar meu progresso, basta criar uma conta no nano e acessar este link: http://nanowrimo.org/participants/hellyivone/novels/fita-azul
Ademais, Boa leitura!



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Se o evento estava marcado para as dez horas da noite no Facebook, Percy, Silena e o namorado dela, Charles Beckendorf, só apareceram às onze.

— Cadê ela? — Silena perguntou eufórica, jogando os longos cabelos negros para trás ao descer da picape vermelha do namorado.

Silena Beauregard não estava tão diferente e irreconhecível quanto Thalia, mas havia abandonado o cabelo loiro alisado quimicamente para conquistar um ondulado castanho escuro volumoso, a pele estava mais bronzeada — se natural ou artificial, Nico não sabia dizer —, o corpo estava mais desenvolvido e cheio de curvas, com seios bem mais abundantes do que na adolescência. Se antes ela parecia uma Barbie, agora estava sensual, formando um par perfeito com o namorado.

Charles Beckendorf, por sua vez, era negro, alto e forte, foi quarteback durante o colegial, quando Silena era caloura e ele veterano, e quase nunca falava com ninguém, se por timidez ou falta de paciência, era difícil dizer. Assim como era difícil dizer como ele conseguiu o coração da belíssima Beauregard.

— Então… — Jason olhou pedindo socorro para Nico, que apenas suspirou.

— Vamos arrumar tudo primeiro; Perguntas depois. Ok? — O Di Angelo tomou as rédeas, fazendo o amigo suspirar em alívio.

— Desculpa, quem é você mesmo? — Silena perguntou encarando, nada feliz, o moreno.

— Esse é Nico, meu melhor amigo. — Jason respondeu antes que o Di Angelo desse uma má resposta, o que era comum quando estava de mau humor e/ou com sono e, no caso, ele estava com os dois. — E ele está certo, temos que terminar logo, ou não dará tempo.

— Por favor, eu sou Silena, aprendi a dar uma festa com minha mãe, não a insulte.

A mãe de Silena era a melhor organizadora de festas da cidade, Nico gostava de chamá-la de Afrodite, por causa da beleza e como ela sempre mudava como um camaleão, pintando e cortando os cabelos, ou colocando aplique, sempre bem-arrumada e encantadora como a deusa do amor. Todas as festas que os pais de Nico davam quando ele era criança, ela era a responsável por organizar e absolutamente nada ficava fora do lugar.

Silena mostrou que havia aprendido muito com a mãe. Em cinco minutos, havia instruído os garotos a pendurarem cordões com enfeites coloridos que piscavam. O namorado dela havia instalado equipamento com fumaça e luzes coloridas, criando uma pista de dança improvisada, mas que combinava perfeitamente com as músicas enviadas pelo amigo de Jason.

Pouco depois da meia-noite, todos chegaram ao mesmo tempo. Uma quantidade assustadora de pessoas em trajes de festa saíram de vários carros que lotaram a rua. Jason sequer viu o caminho que eles pegaram até os fundos da casa, ele só sabia que a madrasta o mataria se o jardim da frente estivesse arruinado.

Em questões de minutos o som foi aumentado exponencialmente, as pessoas se agruparam na mesa de bebidas, colocaram várias garrafas de líquidos não muito confiáveis e pegaram boa parte das cervejas. Algumas pessoas já pulavam na pista de dança, inspirados por Silena que foi a primeira, outras já se agarravam pelos cantos. Jason queria chorar.

— Eu vou matar Silena. — O Grace resmungou para Nico, percebendo que a lona sobre a piscina havia sumido e alguns jovens bêbados se jogavam nela.

— Me desculpe, Jay. — A voz de Percy, o primo de Jason, fez Nico quase pular de susto. O moreno havia saído das sombras, quase literalmente, e trazia um copo de plástico vermelho na mão. — Não queria arranjar esses problemas. Eu realmente queria que fosse só a gente. Na verdade, eu só queria estar em casa agora.

Percy bocejou e Nico reparou como os brilhantes olhos verdes estavam cercados por olheiras profundas, os cabelos negros sempre revoltos de uma maneira sexy, jogados em todas as direções, as belas feições marcadas por cansaço e a barba estava por fazer há uns dois dias, mas ele continuava bonito, de um jeito desleixado, mas ainda bonito.

— Cadê Annabeth? — Jason perguntou pela namorada do primo. Nico sabia que o casal havia se mudado para a São Francisco, na Califórnia, logo depois da formatura, ela para fazer arquitetura e ele alguma coisa sobre mar que Nico não fazia ideia do que fosse. Provavelmente já deveriam estar formados.

— Ela teve que terminar um projeto antes. Assim que saísse da reunião, ia pegar um avião e vir para cá. — Percy resmungou, bocejando novamente. — Eu mal saí da aula e já fui pro aeroporto, queria conversar com Thalia antes da Annie chegar.

— Vou verificar Hazel. — Nico resmungou para ninguém, sentindo o estômago embrulhado como se ele tivesse dado algumas voltas loucas em máquinas do tempo.

Ele entrou na casa pela porta da frente, trancando logo atrás de si. Subiu para o quarto de Jason e encontrou Hazel adormecida entre as cobertas. A noite estava ficando mais fria do que Nico esperava, então não demorou a ir até o guarda-roupa de Jason e o revirar. Felizmente, havia ainda algumas roupas da adolescência, então Nico pegou uma jaqueta preta de couro e jogou por cima da própria camiseta cinza.

Ele se aproximou da janela e encostou a testa, mil lembranças bagunçando sua mente ao ver seus próprios olhos refletidos, tão negros quanto seus sentimentos confusos. Ele suspirou ao ver dois rapazes segurarem uma garota e a jogarem na piscina, então percebeu que precisavam de um responsável na festa e isso caberia a ele.

Depois de um beijo na testa de Hazel, ele desceu a escada direita da sala, mas, ao invés de se dirigir à porta da frente, foi atraído para a cozinha. As pessoas podiam sobreviver enquanto ele comia cheetos, certo?

 

(...)

 

A mente de Thalia também girava em nostalgia e pensamentos ao observar a festa pela janela. As batidas de Katy Perry a fazia pensar em tantas festas ela havia bebido demais, se divertido demais, rido demais, antes de acordar no dia seguinte com ressaca e boas risadas para debochar com as amigas. Às vezes, ela sentia falta disso: dos momentos em que sua maior preocupação era saber se Luke tinha uma camisinha no bolso ou se ela conseguiria entrar em casa sem que o pai a ouvisse. Tudo era tão mais simples.

Agora ela evitava ao máximo esse tipo de ambiente e faria o possível para continuar assim: Dimitri era sua âncora para que resistisse, era agora o motivo dos seus sorrisos e ela precisava se fixar nisso, mesmo que seu coração doer de saudade ao ver Silena rodar no próprio eixo enquanto pulava e dançava.

Thalia se afastou da janela e olhou para o filho enrolada na cama dela, os cabelos negros tampando as orelhinhas levemente pontudas, algo que ela achava fofo nele.

Dimi havia adormecido no meio do segundo filme e a cena dos peixinhos falantes ainda era exibida na tela da televisão. A Grace decidiu descer ao sentir o estômago roncar, ela não havia tido ânimo para comer nada desde o sorvete de manhã, ficou tão nervosa com a entrevista de emprego que seu estômago embrulhou e depois a raiva de Jason não ajudou. Agora ela se sentia trêmula e zonza, o corpo pedindo por alimentos.

Descendo as escadas o mais silenciosa possível, o que não era um grande sacrifício devido a altura exorbitante dos da música na área — quanto tempo levaria até os vizinhos chamarem a polícia?—, ela chegou à cozinha, acendendo as lâmpadas e se assustando ao ver um homem sentado em cima do balcão.

— O que, diabos, você está fazendo aqui? — Thalia perguntou irritada. Já tomaram sua noite, ainda iam invadir a casa?

— Comendo. — Estranhamente, a voz parecia familiar. Thalia se aproximou e encontrou o mesmo cara do parque. Ela, secretamente, o havia achado bonitinho, mas agora estava irritada com a invasão de privacidade. O rapaz saboreava um pote de sorvete de chocolate, balançando as pernas com total despreocupação.

— A festa é lá fora. — Thalia exclamou ainda mais irritada. É claro que o cara tinha que ser um idiota, senão, como iria atraí-la?

— Eu sei. — O rapaz franziu a testa como se não entendesse o porquê da observação. Estaria drogado?

— Então vá para lá!

Antes que ele pudesse responder, uma voz ressoou na cozinha.

— O que está acontecendo aqui? — Thalia reconheceu a voz automaticamente. É claro que o pai dela tinha que chegar! Era só o que faltava! Ela não o via a meses e, em vez de um “olá”, ou um abraço (o que ele jamais fazia com ela) tudo o que viria era repreensão. — Thalia, que bagunça é essa? Achei que você tivesse mudado!

— Eu não tenho nada a ver com isso! — Thalia exclamou abismada enquanto seu pai entrava na cozinha, a carranca destacando os olhos azuis herdados pela filha. A expressão estava fechada como só ele conseguia fazer, o que combinava com a visão de empresário rabugento de terno risca giz, óculos de grau e cabelos que começavam a ficar esbranquiçados, mas ele secretamente os pintava em preto.

— Você quer que eu acredite nisso? — O Senhor Grace questionou e Thalia olhou de soslaio para o rapaz ainda sentado em cima do balcão, a colher do sorvete na boca, analisando tudo silenciosamente.

— Pai, eu juro que dessa vez foi Jason quem aprontou!

— Thalia… — Ele começou a reclamar novamente, mas, enfim, percebeu que havia uma plateia na cozinha. Os olhos azuis perscrutam o rapaz em cima da mesa e Thalia já podia ouvir a gritaria e confusão que viria, mas, quando seu pai falou, não foi nada a ver com repreensão. — Nico! — Ele gritou alegre, avançando no garoto que desceu da mesa antes de receber um abraço de urso. Thalia encarou estática, provavelmente deixando seu queixo cair: Era a primeira vez em anos que ela via o pai abraçar alguém, provavelmente nunca havia testemunhado um abraço espontâneo vindo dele, nem na infância. — Como vai, bambino?

— Estou bem, Tio Zeus. E o senhor? — Nico respondeu, o abraçando de volta.

Thalia se sentiu em um universo paralelo muito estranho: Ninguém chamava seu pai de Tio: até Percy, que era seu primo, tinha receio disso. Mas ali estava ele, adorando ser chamado de tio. Não somente de tio, mas de Tio Zeus.

O nome dele, obviamente, não era igual ao do deus dos deuses na mitologia grega, na verdade, era apenas Robert. Mas ninguém se atrevia a chamá-lo de Bob, Thalia não conseguia imaginá-lo sendo chamado assim nem como criança — tudo bem que Thalia imaginava que ele usava ternos e sempre usava a mesma carranca desde a maternidade —, mas, em algum momento nos últimos anos, ele foi apelidado de Zeus e desde então o nome pegou: Até sua nova empreitada comercial, uma frota de aviões de passeio, recebeu o apelido na razão social e Slogan: “Aeroplanos Zeus: A Graça de voar perto dos deuses.”

— Estou muito bem. — Zeus respondeu, afastando-se do abraço e bagunçando os a cabelos de Nico. — Estava com saudades! Por que nunca nos visitou na Inglaterra?

— Com Hazel é um pouco difícil. — Nico justificou, apertando os lábios em um sorriso pesaroso.

— Ora, não seja por isso! Eu adoraria recebê-los em minha casa! — Zeus exclamou e Thalia só conseguia lembrar de como o pai definitivamente não gostava de crianças. Ela até tinha algumas lembranças dele tentando brincar de boneca ou esconde-esconde quando os filhos eram pequenos, mas sempre acabava desistindo, principalmente depois da morte de Beryl, quando Thalia tinha apenas sete anos. Com sobrinhos então… Ele era aquele tio que nunca pegava os bebês no colo. Tudo bem que ele até tentava ser um avô legal com Dimitri, mas tinha receio de pegá-lo no colo depois da décima camisa “gofada”. Thalia não entendia como ele poderia querer receber uma garotinha na sua casa. — Falando nisso, como está sua princesinha?

— Ela está ótima, dormindo no quarto de Jason.

— Vão passar a noite aqui? — Nico assentiu com a cabeça para a pergunta de Zeus. — Que ótimo, estou louco para entregar o presente que comprei! E tem o de Hera também, tenho certeza que ela vai adora! — Hera também não era o nome da madrasta de Thalia, e sim, Margareth. Mas, por achá-lo muito “normal” e diante da facilidade com que o nome Zeus espalhou, nada melhor do que mudar o próprio nome para o mesmo da Rainha do Olimpo. Thalia adorava o fato de que Hera também era a rainha das vacas.

— Poxa, obrigado! — Nico respondeu tímido.

— Ah, e eu vi uma camiseta e lembrei de você na hora! — Thalia franziu ainda mais a testa diante da fala do pai. Ele se recusava ao máximo dar dinheiro para Thalia comprar suas próprias roupas, imagina lhe comprar uma camiseta de presente! — Tive que trazer, lembre-me de pegar amanhã, certo?!

— Não é o que eu estou pensando… é?!

— Não sei garoto, mas o papai noel chegou mais cedo, hohoho!

— Alguém pode me explicar o que está acontecendo? — Thalia, por fim, perguntou. Lê-se: gritou.

— Não está acontecendo nada. — Zeus franziu a testa, não entendo a reação da filha.

— De onde vocês se conhecem? — Thalia questionou, sentindo que ia entrar em curto-circuito.

— Nico é o melhor amigo de Jason, ele vivia nessa casa quando mais novo. Você só não se lembra porque não parava em casa!

A Grace tentou se lembrar dos amigos do irmão: ela nunca se importou muito, eles sempre pareciam um bando pequeno de nerds que se reuniam no porão pra jogar RPG e fazer o que quer que garotos virgens fazem. Ela não se lembrava de Jason ter um amigo gato, principalmente um que quase morava do lado do quarto dela.

— Eu também não ficava na minha. — Nico interferiu diplomaticamente com um sorriso que parecia querer ajudar Thalia.

— Você e Jason que estão organizando a festa? — Zeus perguntou, antes que Thalia pudesse opinar.

— Sim, era para ser poucas pessoas, mas não deu muito certo. — Nico se desculpou em uma expressão fofa, como um cãozinho arrependido. — Desculpe.

— Ah, não se preocupe! Se você está cuidando de tudo, tenho a certeza de que vai ficar tudo bem. — Thalia arregalou os olhos.

Ela era dois anos mais velha que Jason e o pai surtava quando ela chegava depois da meia-noite em casa. Agora quando o irmão decidia acabar com a casa em uma festa cheia de pessoas que eles não conheciam não tinha problema nenhum?!

— Bom, vou deixar vocês aproveitarem a casa. Digam a Jason que vou dormir com minha amada esposa em um motel. Vou aproveitar a ausência das crianças para fazer bem pra minha patroa. — Thalia sentiu o estômago embrulhar diante a fala do pai. Seria possível ficar traumatizada aos vinte e quatro anos? — Tchau, Bambino. Te espero no almoço amanhã, temos muito o que conversar.

— Mande um abraço para Tia Hera!

— Ah! Vou mandar, mas só amanhã ou ela vai voltar pra apertar suas bochechas! — Zeus balançou as mãos em um tchauzinho acompanhado de um sorriso muito estranho. — Boa noite, crianças. Divirtam-se!

— Tchau, Tio Zeus. — Nico acenou, enquanto Thalia só olhava, sem reação, o pai se afastar.

— Ah, Thalia? — Zeus parou na porta, encarando a filha estática encostada na pia. — Tenha juízo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam deste Zeus que vai shippar Pipopinha mais do que Hades em EMN&SC?
Eu atualizei o cast no grupo, agora tem Zeus, Silena, Charles e Percy, só acessar:
https://www.facebook.com/media/set/?set=oa.214100202347783&type=1
Espero que tenham gostados e estejam intrigados com tudo isto!
Obrigada pela a atenção e nos vemos nos comentários, certo?!



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