Fita Azul escrita por Helly Nivoeh


Capítulo 4
Graces


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinhas, desculpe estar um pouco sumida nos comentários.
Essa semana tá (um saco) puxada, então não estou tendo nem tempo nem ânimo de editar ou escrever (dois dias atrasada no NaNoWriMo). Bom, espero que me perdoem.
Devo alertar que as narrações tendenciam o ponto de vista do personagem que está em foco, por isso as informações são de acordo com o que o Nico quer e vê, nesse capítulo. Nos demais pode mudar apenas a personagem em foco. Enfim, não confiem sempre no narrador!
Boa leitura!



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Nico não  sabia como, mas, às vezes, ele conseguia vencer as discussões com Hazel. Normalmente seu prêmio era um bico e uma menina emburrada, mas não durava muito. Naquele dia, a birra se desfez no momento em que ele serviu a macarronada e Hazel se esqueceu do Mc Lanche Feliz, o motivo da briga.

Ele somente riu, preferindo não mencionar que era Hazel quem dizia não estar com fome há poucos minutos, ao aproveitar para saborear a receita que havia aprendido com a mãe. Hazel também adorava, prova disso é que tinha molho de tomate até nos cachinhos castanhos.

— Eu gostei de Dimi! — Hazel exclamou de boa cheia.

— Engole primeiro, querida. — Nico recomendou em um tom firme, mas doce. — Eu também gostei dele.

— E da mamãe dele? — Hazel perguntou quase inocente e Nico sentiu o rosto esquentar. Ela já havia tentando arranjar algumas namoradas para o Di Angelo e todas as vezes foram extremamente constrangedoras.

— Você está ficando perto demais dos seus tios emprestados! — Nico retrucou, lembrando-se das inúmeras conversas por vídeo-chamada que havia acontecido entre ele, a filha e seus dois melhores amigos. Talvez os rapazes não fossem uma boa influência sobre respeitar Nico, ou melhor, sobre não constrangê-lo.

— Por quê?

Nico foi salvo de responder a pergunta de Hazel quando o telefone tocou e Sweet Child O’Mine preencheu o ambiente. O aparelho celular havia ficado sobre o sofá da sala, o que significa que Nico tinha que deixar a mesa e ir até lá, apesar do caminho ser curto.

O apartamento estava longe de ser muito grande, bem como luxuoso, mas Nico o adorava. Era apenas uma sala modesta com sofá preto-e-branco, televisão e videogame, além muitos brinquedos de Hazel sempre espalhados não só pelo tapete vermelho, mas também pela pequena cozinha separada da sala apenas por um balcão de pedra, onde miniaturas de fogão, armários e até geladeira de plástico viviam manchado de molhos quando Hazel insistia de ajudar o pai a preparar o jantar.

Além dos dois cômodos integrados, havia um banheiro, a varanda, o quarto de Hazel e o de Nico, onde a menina realmente dormia. Em todo o apartamento, predominava o preto e branco, com traços vermelhos, além do colorido dos brinquedos, mas era acolhedor para os Di Angelos e isso era tudo o que importava para eles.

Contudo, mesmo que a distância fosse pouca, Nico não queria ir atender o celular, um ato que seu pai tinha costume quando Nico era pequeno e, já nesta época, não gostava disso. Normalmente ele nunca o faria, mas quase não recebia ligações, o que significava que poderia ser uma operadora irritante, ou trote, ou algo realmente importante.

Por fim, ele pediu licença para a filha e optou por atender a chamada que só informava um número residencial não salvo na agenda do celular.

— Alô? — Nico falou franzindo a testa.

— Como vai meu italiano favorito? — A voz masculina do outro lado da chamada saudou, fazendo um sorriso surgir nos lábios de Nico.

— Você já voltou? — O Di Angelo questionou, verificando o DDD do número e percebendo que era da cidade onde ele estava, o que era estranho uma vez que seu amigo morava na Inglaterra atualmente.

— Seis anos longe e você fala já?! — A voz do outro lado reclamou e acabou fazendo Nico rir.

— Na verdade, foram quatro. — Nico corrigiu, não se dando por vencido ao querer dizer que sentiu saudades.

— Você é um péssimo amigo, D’Angelo. — A voz do outro lado resmungou imitando um sotaque italiano fajuto, arrancando um riso de Nico. — Mas, eu por outro lado, sou um ótimo amigo, então estou disposto a perdoar seu comportamento tão frio quanto sua alma.

Nico evitou um resmungo, sabendo que ali vinha coisa.

— Desde que…? — Perguntou. Seu amigo sempre impunha chantagens emocionais.

— Que você seja um bom amigo e venha me visitar!

— Ah, não Jason! — Nico resmungou. Era seu dia de folga, ele só queria ficar em casa procrastinando e assistindo Coragem, o Cão Covarde, de preferência com Hazel adormecida ao seu lado.

— Quatro anos, seu amigo desalmado! — Jason jogou na cara, com todo o drama do mundo. E olha que, do trio, ele era o menos poético, não era à toa que era de exatas.

— Você está andando muito com Will! — Nico reclamou, citando o terceiro que, na sua opinião, era o mais dramático. A opinião de Will e Jason era de que Nico vencia os demais exponencialmente neste quesito.

— Ele é o único que não me deixa quando preciso.

Nico suspirou, já imaginando o bico que Jason estava fazendo.

— Vai ficar muito tarde pra voltar com Hazel… — Nico resmungou, observando a filha se lambuzar ainda mais de molho enquanto deliciava-se com o almoço. Provavelmente devia ter deixado o banho para depois da refeição, mas eles chegaram sujos de mais de terra, agora Hazel teria que tomar outro banho pra tirar o alaranjado dos cabelos.

— Durma aqui! — Jason sugeriu. — Aproveite e vista uma roupa bonitininha!

— Isso soou bem estranho. — Nico resmungou, já se dando por vencido. Ele ouviu outra voz do outro lado da linha e franziu a testa. — Tem mais alguém aí?

—  Tenho que ir! — Jason se despediu nada-educadamente. — Te vejo em duas horas!

Antes que Nico pudesse dizer o contrário, o telefone foi desligado. Ótimo! Era a cara de Jason Grace mal voltar para o país e já acabar com o sossego de Nico.

— Papai? — Hazel chamou, com molho até no nariz. — Não vai comer?

Nico olhou para seu prato quase acabado e a bagunça que ainda tinha que arrumar. Será que Jason não sabia que duas horas para arrumar uma casa e uma criança era muito pouco tempo?!

— Vamos, logo, Monstrinha. — Nico resmungou, encantando-se quando Hazel exibiu um sorriso vermelho com um dentinho faltando em baixo. — Temos que visitar o Titio Jay!

(...)

Nico estava, mais uma vez, parado em frente a casa dos Graces. Não era uma mansão, mas chamava atenção pela fachada branca e dourada, como mármore e ouro. Era o tipo de casa americana tradicional, com dois andares e jardim bem cuidado na frente, que retratava uma família de comercial de margarina. Só faltava um vovô brigando para não jogarem bola no gramado.

Nico apertou a tão conhecida campainha e logo a porta branca foi aberta, exibindo um rapaz sorridente de vinte e dois anos. Jason havia mudado muito nos últimos anos, os músculos estavam mais definidos devido aos treinos de lutas marciais — uma paixão que possuía desde a infância —, os traços mais definidos e harmoniosos, além de que havia trocado as armações redondas dos óculos por quadradas e finas, que lhe davam um ar mais sério de engenheiro recém formado. Entretanto, os olhos azuis continuavam a exibir um brilho de alegria e paz e os cabelos continuavam do mesmo tom de loiro — ou um pouco mais escuros, era difícil definir com a luz forte do sol  àquela hora — e em um típico penteado de garoto de ouro americano.

Jason podia muito bem ter participado de um filme adolescente clichê agora,  mas sua adolescência foi um tanto quanto sofredora: as espinhas pipocavam o rosto, ele vivia com cortes pelo rosto em tentativas de se barbear, além que isso gerava diversas bolinhas ocasionadas por alergia por todo o queixo. Os olhos azuis viviam cercados com olheiras por causa das noites mal dormidas estudando ou escutando o pai brigar com a irmã, ele vivia nervoso e a base de chá, quase um maníaco; Agora, a natureza parecia ter tido piedade e se redimido com ele.

— Garota das Sombras! —Jason Grace saudou, abrindo os braços para um abraço que Nico sorriu ao retribuir os tapas nas costas, com saudades do amigo.

— Ei, Garoto de Ouro! — Nico respondeu no mesmo tom, se afastando do amigo para observá-lo. — Uau! Eu não sabia que tinha como sua feiura piorar! — Nico mentiu, recebendo um soco no braço. Doeu, mas ele não admitiria.

— Cale a boca! — Jason ordenou, fazendo a cicatriz fina nos lábios se contorcer. Antes parecia estranho e desconcertante o traço, agora o deixava com um ar sexy, como se dissesse: “Posso ser certinho, mas não o tempo todo”.  — E  essa deve ser a linda Hazel! — Ele se abaixou em frente a menina que o olhava um pouco tímida, o que não duraria muito bem. — Uau, você cresceu princesa! Da última vez que te vi você era tão pequenininha! 

Hazel lhe ofereceu um sorriso radiante, mostrando a janelinha nos dentes.

— Obrigada. — A menina murmurou em um fio de voz, no exato momento em que um estalo de dentro da casa foi ouvido.

— O que foi isso?! — Nico perguntou, mas Jason já corria para dentro, gritando para que Nico entrasse e fechasse a porta.

Franzindo a testa, o Di Angelo segurou a mão de Hazel a guiou para o imóvel, acatando a ordem de fechar a porta. Tal como na fachada, por dentro a casa não estava muito diferente. Eram os mesmo móveis em tons de branco e azul, contrastando agradavelmente conforme planejado pela decoradora, mas de uma forma que seria nada acolhedora, se não fossem os inúmeros desenhos na parede que marcavam, intimamente, o crescimento dos Graces. Mesmo que Hera, a madrasta de Jason, tivesse reformado boa parte da casa, os desenhos coloridos e infantis na parede foram destacados como uma obra de arte, uma forma de manter a essência daquela família.

Contudo, a casa ainda permanecia sua elegância, principalmente com as escadas em cada parede lateral que levavam a uma sacada no segundo andar, ornamentada em dourado. Jason havia subido pela da direita, provavelmente se dirigindo a um dos quartos no piso superior.

Nico se sentia um pouco intimidado depois de tanto tempo sem ir ali, mas ainda assim se sentou no sofá azul royal que percorria uma das paredes logo abaixo de uma janela, a qual deixava uma leve brisa entrar fazendo as cortinas marfim dançarem.

— Aqui é tão grande. — Hazel murmurou, se encolhendo perto do pai. — Será que tem fantasmas?

Nico ficou tentado a rir, mas apenas a abraçou e a beijou no topo da cabeça. Poucos minutos depois Jason descia com um sorriso e um pano envolvendo a mão.

— Aconteceu alguma coisa? — Nico, que conhecia a expressão de preocupação do amigo, foi logo perguntando.

— Não, isso é normal. — Jason respondeu, retirando o pano e vendo que o sangue já havia estancado de um corte minúsculo no dedo. — Só meu sobrinho que é um pouco custoso de vez em quando.

Nico franziu a testa: Jason nunca havia mencionado um sobrinho. Ele conhecia a irmã mais velha de Jason e também já havia ouvido falar que ele possuía um meio-irmão que não era realmente ligado à família — ao que parecia, nem usavam o sobrenome Grace —, mas nenhum que tivesse um filho, ou pelo menos, um filho com quem Jason teria um laço fraternal.

— Sobrinho? — Nico perguntou, vendo um rastro azul descer correndo a escada.

O menino correu na direção deles e Nico só o reconheceu quando ele se chocou com Hazel, derrubando-a no sofá macio.

— Hazzel! — Dimitri gritou, ainda apertando a menina.

— É Hazel! — Ela corrigiu novamente, apesar de abraçar o menino.

— De novo: Sobrinho?! — Nico questionou, olhando o garoto que em nada se parecia com Jason. Cabelos escuros? Orelhinhas pontudas? Jason não tinha nada disso. Até a pele do loiro era mais alva, principalmente depois da temporada em Londres.

— Nico Di Angelo, — Jason falou, sorrindo, — permita-me te apresentar meu sobrinho favorito: Dimitri Grace.  

— Como assim sobrinho? — Nico questionou novamente. Ele era amigo de Jason desde o ensino médio, conhecia boa parte das histórias da família, mas nada sobre sobrinhos. — Filho daquele seu irmão esquisito?

— Hércules? — Jason perguntou, se lembrando do meio-irmão, filho de um relacionamento do pai de Jason antes do casamento. Basicamente, o rapaz era tido como “bastardo”, viveu anos como órfão sem entrar em contato com o pai e um segredo que, pelo menos Jason, desconhecia, o que só foi descoberto depois da morte de Beryl Grace, a mãe de Jason. — Não, cara. Ali é irmão só na genética.

— Então de quem?

— Você se lembra da Leah?

É claro que Nico se lembrava de Leah. Qualquer um que tivesse estudado no mesmo colégio que ele no ano em que ingressou saberia quem era Leah, afinal, ela era praticamente a Rainha da Escola, com direito a  coroas de Rainha do Baile. Como se esquecer dela? A maior parte dos garotos tinham uma paixão secreta — ou não tão secreta — por ela e Nico não foi menos vítima da Afrodite Encarnada, tão diferente do irmão mais novo.

Com uma beleza digna de modelo no melhor estilo punk, Leah dispensava sobrenome ao ser citada, sua presença marcante cativava e irritava a maior parte das pessoas, era o tipo de garota que todos olham duas, três ou mais vezes e não só porque, na época, seus cabelos brancos e azuis eram extremamente incomuns.

—  Ela está aqui? — Nico perguntou, engolindo em seco, em dúvida se ainda teria uma paixão platônica pela garota.  Ele não se orgulhava disso, mas o que fazer quando até Will, o cara que "pegava” mais caras que as garotas já chegou a babar por ela?

— Você ainda não entendeu? — Jason ergueu a sobrancelha loira. — Leah é a mãe de Dimitri.


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Notas finais do capítulo

Leah ser apelido faz mais sentido se você lê Leah como Lia e ThaLIA.
Eu sei que ficou bem descritivo, mas no dia eu estava inspirada. O que acharam das descrições?
Bom, decidi fazer um dreamcast e postei em um grupo no Facebook para minhas fanfictions, se quiserem entrar:
https://www.facebook.com/groups/214089935682143/
Aliás, quero agradecer a Dama do Poente e a Risurn pela ajuda com o cast! Obrigada, meninas!
Espero que tenham gostado e eu realmente estou precisando de incentivo. Podem, pelo menos, mandar um "oi"? Please!
Nos vemos no próximo!
Beijinhoskisskiss



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