Fita Azul escrita por Helly Nivoeh


Capítulo 37
Terapia de compras


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui de novo!
Depois daquele peso todo e clima tenso, trago pra vocês um capítulo bem feliz pra animar o coração de vocês!
Boa leitura!



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Jason nem sempre se deu bem com a irmã: isto era um fato. Mas, com o passar dos últimos anos, tudo o que havia vivido e a aproximação deles, ele começou a conhecê-la o suficiente para saber quando ela estava ou não bem. E, claro, não precisava ser um gênio para saber que Thalia Grace não estava no seu melhor momento.

Para começar, ela estava inteiramente vestida em tons de preto: desde a jaqueta de couro, até as botas. Não que isso fosse estranho, Thalia sempre teve o jeito um tanto punk. Mesmo deixando de lado os cabelos platinados e a atitude rebelde da adolescência, ela ainda adorava usar shorts e meias-calça, camisetas rasgadas e decotes. No entanto, naquele dia a calça jeans e camiseta larga pareciam estranhas, e nem estava tão frio assim.

E, claro, havia algo também na forma de Thalia sorrir, na forma como não o olhava nos olhos e parecia um tanto apática, mesmo ao falar com Dimi. Alguma coisa havia acontecido. Jason notou e perguntou, mas, diante das réplicas de “não é nada”, soube que questionar não era a melhor forma de fazer sua irmã falar. Tinha que agir de outra forma.

Por fim, decidiu que um dia longe de casa talvez fosse o melhor.

Faltava pouco mais de uma semana para o Halloween e ainda precisava comprar a fantasia de Dimi, assim como os doces e enfeites para a casa. Talvez um dia de compras não fosse exatamente a melhor forma de animar Thalia, no entanto, foi o único convite que ela aceitou depois dos pedidos insistentes do filho.

Não estava muito certo sobre incluir Nico, no entanto, ele ainda estava na casa do Graces e talvez ajudasse com as crianças, além de que uns beijinhos poderiam animar Thalia. De fato, o plano deu certo.

Enquanto vagavam pelas lojas comprando inúmeros adornos para a casa e fantasias para as crianças, Jason percebeu que, aos poucos, Thalia voltava a sorrir de verdade com as brincadeiras, chegando a entrelaçar seus dedos aos de Nico. Ou talvez o italiano que tenha tomado a atitude. Era difícil saber. O importante é que Thalia estava melhor.

E, é claro que Jason se mantinha de propósito à frente, junto com Hazel e Dimi. Incrivelmente, companhias melhores do que os pais e seus gestos românticos e olhares envergonhados.

As crianças não calavam a boca um segundo. Hazel era uma pequena maritaca quando queria, mal parava para respirar enquanto falava dos cavalos da fazenda, ou sobre seus desenhos na aula, ou sobre sorvete, uma das suas maiores paixões. Já Dimi estava mais animado para correr dentro das lojas, experimentando e tocando tudo o que via, deixando o tio perto de um ataque de nervos. Isto só piorou na loja de fantasias.

Nico e Thalia estavam ajudando Hazel a procurar a fantasia de bruxa perfeita quando Dimitri saiu correndo, enfiando-se no vestiário feminino.

Jason arregalou os olhos e se perguntou quantos pecados estava pagando antes de correr atrás do sobrinho, torcendo para não ter ninguém.

— Dimitri Gabriel Grace! — Jason chamou um pouco nervoso, olhando para trás esperando algum funcionário aparecer.

No entanto, a loja era pequena, escura e cheia de velharia. Havia um único funcionário no caixa, um homem que parecia exatamente o Gepeto de Pinóquio, e mesmo no vestiário, era difícil ver alguma coisa naquele escuro todo.

— Dimi, apareça agora ou eu vou te amarrar em um saco, seu pestinha! — Jason ordenou, se recusando a procurar dentro das cabines, fechadas por apenas por cortinas pesadas com tema de constelações. — Dimi, sério, vamos!

Jason suplicou, dando a volta no corredor e se perguntando se o sobrinho não teria achado outra saída: Dimitri era furtivo e inteligente o suficiente para isso. No entanto, o corredor era pequeno, apenas três cabines de cada lado, o que deixava Jason com a sensação de claustrofobia.

— Dimitri! — O tio chamou mais uma vez, irritado. — Se não sair daí agora, eu vou chamar uma bruxa pra te comer! Ela adoram meninos desobedientes!

A movimentação no primeira cabine lhe chamou atenção, a cortina esvoaçando. Jason suspirou, criando coragem.

— Dimi, pelo amor!  — pediu, caminhando até a cortina. — Se você sair por bem, eu te dou chocolate por uma semana!

Como o menino não respondeu, Jason suspirou e chamou:

— Tem alguém aí?

Ele esperou resposta, mas a cabine parecia desabitada. Por via das dúvidas, ele puxou a cortina de uma vez. E, então, descobriu que a cabine não estava vazia.

Jason só teve tempo de arregalar os olhos antes de ser acertado por vários tapas da mulher que estava ali. Ele registrou que ela era bem baixinha — no máximo lhe alcançava os ombros —, roliça e que seus tapas eram bem doloridos — ah, e que ela xingava como um marinheiro! — enquanto Jason tentava suplicar que havia sido um engano.

Felizmente a mulher não estava nua, por mais que o vestido longo verde e preto a deixasse ligeiramente parecida com uma bruxa — parecia apropriado para a Bruxa Má do Oeste —, mas só parou de bater quando uma moça puxou Jason e se colocou entre os dois.

A moça fazia gestos para a mulher mais velha, libras, pedindo que ela se acalmasse. Depois de um longo minuto, a “bruxa” mostrou o dedo médio para Jason e saiu batendo o pé, em direção ao meio da loja.

— Você está bem? — A moça que o socorreu perguntou e Jason demorou a perceber que ela falava com ele. No final, o Grace apenas assentiu, sentindo o rosto vermelho.

— Eu… eu… sinto muito. — Jason enfim conseguiu dizer.

— Tudo bem. Eu ouvi você chamando, mas já era tarde quando cheguei. — A moça continuou e Jason percebeu que os olhos dela pareciam mudar de cor enquanto ela gesticulava, por mais que falasse calmamente. — Ela é surda, então…

— Ai meu Deus, eu realmente sinto muito!

A moça riu e Jason se sentiu relaxar. Seu rosto ainda estava vermelho e ele se sentia um pouco constrangido, mas não era mais apenas pelo incidente. A tal moça era bonita, Jason percebeu, com a pele dourada e cabelos castanhos-avermelhados. E ela estava fantasiada, ainda por cima, uma Pocahontas perfeita com traços cherokee.

— Eu realmente sinto muito. — Jason disse por fim, subitamente tímido.

— Você já disse isso. — Ela pontuou em chacota, deixando Jason mais vermelho. — Não se preocupe com isso. Você deveria estar se preocupando com o que veio procurar aqui, não?

Jason arregalou os olhos, lembrando da pestinha que deveria tomar conta e se virando apressado.

— Parece realmente importante. — Pocahontas apontou.

— Eu preciso ir… procurar meu sobrinho.

— Pode só me ajuda com uma coisa antes? — A moça pediu, virando-se de costas. — Pode abrir o zíper?

Jason sentiu o rosto esquentar e ficou ainda mais vermelho, assentindo mesmo que a garota não visse. Ele deu alguns passos a frente e notou como ela tirava os cabelos castanhos-avermelhados das costas. Jason engoliu em seco e abriu o zíper, revelando mais da pele dourada e macia.

— Obrigada. — Pocahontas agradeceu, ainda de costas e segurando a parte da frente do vestido.

— Po-por nada.  — Jason conseguiu dizer, gaguejando.

— Boa sorte achando seu sobrinho. — Ela sorriu por cima do ombro e entrou na cabine, puxando a cortina.

Jason engoliu em seco, dessa vez pensando no desafio que seria encontrar Dimitri: — É, eu vou precisar.

 

(...)

 

Thalia sabia que tinha duas opções: poderia ficar deitada o dia todo no quarto, chorando e lamentando o acontecido com Bryce. Ou poderia levantar, reagir, dizer a si mesma que era forte e seguir a vida normalmente. Afinal, não era a primeira vez que algo similar acontecia, só fazia muito tempo que não era assediada tão descaradamente.

Ela optou pela segunda opção, deixando de lado os pensamentos e os sentimentos ruins e sorrindo ao aceitar o convite do irmão e de Nico. Afinal, o que poderia animá-la mais do que as implicâncias do rapazes e as confusões que Dimi e Hazel se metiam?!

Mais tarde, quando se sentaram na praça de alimentação com as duas crianças cansadas e infindáveis sacolas, eles ainda riam do pequeno incidente na loja de fantasias.

— O.k, Jason, com certeza você entrou no provador sem querer. — Thalia fez chacota, deixando o irmão vermelho novamente. Ninguém conseguia corar mais do que Jason Grace.

Bom, talvez Nico, Thalia conseguia constrangê-lo bem fácil também.

— Mas foi, Thalia!

Ela  apenas riu do irmão, balançando a cabeça incrédula.

— Não sei porque tanto escândalo, não é como se nunca tivesse visto uma mulher nua. — A Grace continuou, observando Dimitri e Hazel brincando na piscina de bolinha no meio do shopping.

Jason bufou, jogando a embalagem vazia de uma caixa de suco na irmã. Ela apenas o ignorou, sorrindo da forma mais irônica que conseguia.

— Primeiro; ela não estava nua, ok? — O Grace rebateu, jogando a outra caixinha em Nico que também estava rindo. — Ela estava inteiramente vestida. E, segundo, devo lembrar que eu só entrei nos provadores femininos procurando a pestinha do seu filho?!

— Procurar Dimi não inclui ficar abrindo todas as cortinas, irmãozinho!

Jason apenas suspirou, desistindo de argumentar. Nos últimos vinte e dois anos deve ter ganhado, no máximo, duas ou três discussões com a irmã. Com o tempo, isso só piorava.

— Pelo menos ela era bonita? — Thalia voltou a implicar, fazendo chacota com o irmão.

— Ela tinha uns cem anos. — Jason apontou, mas Thalia apenas abriu mais o sorriso:

— Mas era bonita?

Jason a olhou escandalizado, antes de suspirar, desistindo.

— Vai que você curte mommy issues? — Thalia rebateu e o irmão respondeu fingindo vômito. — O que é? Nunca te vi com uma namorada! E você me disse que  não é gay, então… vai saber, não é?!

— Pelo amor, Thalia! — Jason exclamou. — Afinal, por que estou discutindo isso com você?! Cuida um pouco da sua vida, mana!

— Ah, você está me mandando cuidar da minha vida?! — Thalia revidou, com um sorriso sarcástico. — Logo você?!

Ela se virou para Nico com um sorriso perigoso, fazendo o rapaz engolir em seco sabendo que ia sobrar para ele:

— Nico querido, me ajude a lembrar aqui tudo o que essa pestinha do meu irmão aprontou com a gente só nesse último mês.

Nico ergueu a mão em rendição, rindo:

— Por favor, não me coloquem nisso. — suplicou e recebeu um olhar fuzilante de Thalia, por mais que fosse óbvio que ela tinha dificuldades em manter o semblante sério: — Mas, é, Jason aprontou muito sim.

— Ei! — Jason reclamou, cruzando os braços em protesto. — Mas deu certo, não deu?!

Thalia ficou tentada a replicar, mas apenas balançou a cabeça, assentindo e sorrindo. Nico também sorria, em um tom vermelho, mas sorria.

— Vocês deveriam me agradecer! — Jason replicou. — Afinal, olha que casal mais fofo que eu juntei!

Nenhum deles respondeu. Thalia apenas olhou para o teto, como se não quisesse debater e Nico, como sempre, parecia morrer de vergonha. Jason cruzou os braços, finalmente vitorioso, mas uma certa Pocahontas ainda estava na sua cabeça.

E, ela era realmente bonita e tinha um brilho a mais de vivacidade. Jason agora se odiava por não ter pegado o número — e muito menos o nome — dela. Tudo o que havia ganhado naquela história era uma vergonha e seu sobrinho falando o mais alto que conseguia na loja — lotada — que Jason havia “invadido” o lugar que a mulher trocava de roupa. E, agora, Thalia o torturava com isso.

Pelo menos ela havia sumido o ar triste, Jason pensou. Dos males, pelo menos tinha algo bom.

— Ei — Thalia chamou, cruzando as mãos sobre o queixo e encarando tanto Jason quanto Nico, deixando difícil descobrir com quem ela falava. —, que tal uma festa?

— Depois do desastre da recepção? — Jason retrucou, ainda lembrando de toda a bagunça da casa. — Acho que não. Se querem passar a madrugada dançando, por favor, façam isso longe de mim.

— Não é nada disso. — Thalia revirou os olhos. — É apenas a festa estúpida de Luke. Ele não aceita meu “não”, então quero companhia.

— Eu adoraria, mas não estou a fim de ficar a noite toda de vela. — Jason respondeu sarcástico. — Não sou laranja o suficiente para ser uma lanterna de abóbora.

— Primeiro, não se preocupe em ser vela: com certeza vai ter uma fogueira enorme.

— Cuidado para não te jogarem nela quando descobrirem que você é uma bruxa, Thalia. — Jason a interrompeu e recebeu um gesto obsceno como resposta.

— É o dia das bruxas, não vão me queimar no meu dia, trouxa. — A Grace retorquiu, esticando a mão em sinal de “pare”, para calar o irmão. — Continuando, a festa vai estar lotada. Os Stolls vão estar lá, eles fazem qualquer festa encher. Com certeza pode encontrar alguém lá.

— Eu agradeço o convite, mana, mas tenho outros planos.

— O que? Passar a noite numa maratona de filmes de terror?

— Não. — Jason sorriu reluzente inclinando o corpo sobre a mesa, na direção da irmã. — Eu tenho um encontro.

— Um encontro? — Thalia ergueu a sobrancelha e Nico franziu a testa, também se aproximando do amigo.

— Com quem? — O italiano questionou, enfim se pronunciando com a curiosidade o corroendo.

— Uma garota, vocês não conhecem.

— Aposto que é a noiva cadáver. — Thalia implicou, sorrindo lasciva.

— Ou vai ser sacrificado em um culto pagão. — Nico se juntou em cumplicidade maléfica.

— Que fofinho, vocês dois. — Jason ironizou. — O casal vinte agora me implica?!

— Acho que não rola muito sacrifício. — Thalia continuou, o ignorando por completo. — Eles preferem anjinhos virgens. Talvez uma viúva negra esteja procurando a próxima vítima.

Ela olhou para Nico esperando alguma chacota, mas ele apenas sorriu um pouco constrangido, fazendo-a franzir a testa.

— Sério, com quem vai sair? — Thalia perguntou, realmente preocupada  com o irmão. Ele podia estar bem no momento, mas ela havia o visto machucado pela depressão, não deixaria que ele caísse de novo.

— O nome dela é Morgana Scream.

—— Scream?! — Thalia ergueu a sobrancelha. — Morgana Scream? Vai sair com alguém chamado Morgana Scream no dia das bruxas? Ok, absolutamente não.

— Não? — Jason perguntou, incrédulo.

— Não. — A Grace confirmou, quase gritando. — Eu não vou deixar meu irmãozinho sair com alguém chamado Morgana Scream! Ainda mais no Halloween!

— E desde quando você decide se eu vou sair ou não com alguém?! — O Grace mais novo retrucou, emburrado. — Seu filho se chama Dimitri, não Jason!

— Jason, isso é loucura!

— Thalia, Morgana não é a encarnação do diabo, sabia?! — Jason retrucou. — A gente se conheceu na igreja!

— Na igreja?! — Thalia continuou, incrédula. — Que igreja é essa?

— A mesma que eu vou a uma década. — Jason revirou os olhos. — Nós participamos do mesmo grupo, nos conhecemos há anos e decidimos sair. Não é nada demais.

— O que você tem a falar disso? — Thalia virou-se para Nico, os olhos azuis faiscando em busca de cumplicidade.

O italiano sentiu a boca seca e olhou com medo para o amigo, mas Jason também estava irritado e não seria de muita ajuda. Por fim, Nico apenas suspirou e corrigiu a postura, dando sua opinião.

— Morgana não é tão assustadora assim. — O italiano respondeu, olhando para os dois irmãos insatisfeitos. — Quer dizer, ela tem cachinhos dourados. Não pode ser tão ameaçadora.

— Você conhece ela? — Thalia questionou, surpresa.

— Jason tentou me arrastar pra esse grupo uma vez ou outra. — O italiano deu de ombros. — Não que tenha dado certo.

— Valeu a pena tentar. — Jason retrucou, sem dar muita importância. — Enfim, Morgana é legal e nós nos damos bem. Além do mais, eu quero encontrar alguém para ter um relacionamento; E não revirem os olhos, eu já sei o que vocês pensam sobre relacionamentos, apesar da óbvia hipocrisia aqui. Morgana pode ser a pessoa certa pra mim.

Ele finalizou, cruzando os braços e deixando claro em sua expressão que não ia mudar de ideia. Morgana tinha uma queda por ele há anos, era bonita e simpática, apesar do que seu nome dizia e, enfim ele havia decidido dar uma chance a garota. Iriam ter um encontro. Por mais que Jason preferisse procurar uma certa Pocahontas por aí no Halloween…

— Afinal de contar, o que é esse grupo? — Thalia questionou, parecendo ponderar uma rendição. — Você nunca me explicou direito.

— Não há muito pra se falar. — O loiro deu de ombros. — Somos poucos, pelo menos da nossa idade. Nós conversamos sobre tudo, somos um grupo de amigos normais. Não é algo voltado para a oração exatamente, é apenas algumas coisas que acreditamos em comum.

— Por exemplo? — Thalia pediu.

— Por exemplo…. almas gêmeas. — Jason explicou um pouco receoso, certo de que aquilo poderia levar a perguntas que ele não queria responder para a irmã. —  Nós acreditamos que cada um no universo tem uma pessoa especial, uma pessoa que vai te fazer feliz como nenhuma outra.

— Sério isso? — Thalia perguntou, um tanto incrédula e parecendo querer rir com escárnio.

— Sério. — confirmou. — E nós acreditamos em esperar essa pessoa.

— Esperar? — Ela definitivamente estava rindo com escárnio, pronta para fazer chacota. — Tipo...

Thalia arregalou os olhos ao processar o que o irmão deixava nas entrelinhas, um tanto quanto surpresa.

— Castidade? — Jason perguntou em um tom natural, tentando não ficar  vermelho. — Algo assim. Não é bem essa coisa de esperar o casamento, não para todos. É esperar a pessoa e o momento certo.

Ele apertou os lábios e abaixou o rosto, girando o anel de prata no seu dedo anelar, o símbolo de suas crenças. Não sabia bem o que esperar da reação da irmã, mas quase pulou da mesa quando a ouviu gritar:

— Você é virgem?!

Jason ficou ainda mais vermelho e pensou seriamente em matar a irmã ali mesmo, mas se contentou em olhá-la assustado, sem saber como reagir.

Nico parecia igualmente estático. Não com a revelação, afinal, ele sabia muito bem sobre os votos do amigo. Mas com a reação de Thalia.

— Thalia, pelo amor! — Jason sussurrou, olhando em volta a procura de alguém que tivesse escutado, mas todos em volta estavam alheios.

Talvez ela não tenha gritado e fosse apenas o pânico fazendo o cérebro de Jason pifar. Ele definitivamente não esperava uma discussão daquela com sua irmã, principalmente no meio de um shopping lotado.

— Você é virgem?! — Thalia perguntou novamente, sussurrando um tanto assombrada.

— Sim, eu sou! — Jason suspirou, dando-se por vencido.

— E eu sou de capiornio. — Dimitri apareceu na mesa, assustando os adultos. — Tia Silena que disse.

— Nunca pensei que diria isso, mas, abençoada seja Silena Beauregard! — Thalia suspirou, ajudando o filho a se sentar.

— O que é isso? — Hazel perguntou confusa, sentando-se ao lado do pai.

— Não sei. — Dimi deu de ombros sem se importar. — Tia Silena só disse que é vigem e eu sou de capiornio.

— Sim, você definitivamente é. — Jason murmurou. — Assim como sua mãe.

—  Chore um pouco mais, câncer. — Thalia replicou, revirando os olhos.

— Papai, o que é isso? — Hazel tornou a questionar curiosa.

— Nada, minha querida. — Nico respondeu, balançando os cachos da filha. — Nada de importante. Você e Dimi querem mais alguma coisa? Não vai pedir sorvete?

O nome do doce foi o suficiente para as duas crianças começarem a discutir bem alto e animadas quais sabores queriam. Thalia aproveitou a distração das crianças para finalizar o assunto:

— Jay, que dia é seu encontro com a tal bruxa?

— Tio Jay vai ter um encontro com uma bruxa?! — Dimitri  gritou, fazendo o tio o fuzilar com os olhos, ainda um tanto irritado pelo incidente na loja.

— Sim, e ela vai te transformar em um bolo e dar pros sapos comerem!

— Jason! — Thalia brigou.

— Eu não quero virar um bolo. — Hazel choramingou, abraçando o pai.

— Sapo não come bolo! — Dimi replicou, dando língua para o tio. — E só por isso eu não conto o nome da Pocahontas!

— Você sabe o nome dela? — Jason franziu a testa, aproximando-se mais do sobrinho.

— Que Pocahontas? — Thalia perguntou.

— Eu sei, mas não vou contar! — Dimitri fez um bico, os olhos azuis deixando claro que não havia negociação. Para completar, ele puxou a mão da doce Hazel de volta para o brinquedos, deixando de lado os sorvetes.

— Eu quero saber essa história direitinho, mocinhos. — Thalia comandou, mesmo sabendo que não conseguiria naquele momento. — Mas, Jason, responda logo: que dia é o tal encontro?

— Trinta e um, Halloween. — Jason replicou.

— Então está certo: a festa é no sábado. — Thalia sorriu vitoriosa, checando o dia no calendário e vendo que o encontro do irmão seria no meio da semana. — E você não vai estar nada ocupado, então, nós vamos à festa!

— Nós? — Jason retrucou. — Você aceitou isso, Nico?

O italiano voltou-se surpreso, sem saber o que dizer. Os irmãos Graces o encararam, deixando-o mais nervoso ainda.

— Bom, eu não concordei… — Nico começou, e Thalia apertou os olhos em uma ameaça clara. — Mas é claro que eu vou. Certeza.

Thalia sorriu dócil e Jason ergueu a sobrancelha:

— Belo começo, Di Angelo. —  Jason balançou a cabeça em negação. — Belo começo.

— Então, vamos aproveitar pra comprar as fantasias?! — Thalia sorriu diabólica, ouvindo-os reclamar.


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Notas finais do capítulo

Hoje eu faço oito aninhos de Nyah! e precisava postar algo, né?!
Então trouxe esse capítulozinho bem amorzinho!
Qual parte vocês gostaram mais? Qual parte gostaram menos? Curiosos com a Pocahontas?!
Alguém aí quer chutar quais vão ser as fantasias das crianças? Próximo capítulo já é Halloween, mas espero que saia bem antes que no dia das bruxas, haha'
Enfim, até mais. Beijinhos!