Fita Azul escrita por Helly Nivoeh


Capítulo 35
(Des)encontro Inesperado


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinhas!
Talvez alguns de vocês possam ter pensado que eu desisti de escrever nesse meu sumiço, mas a resposta é mais simples: Eu fiquei sem computador e bem no final de um dos piores semestres da minha vida. Eu sequer eu tive férias e minha vida se tornou tão bagunçada que escrever se tornou o maior desafio.
Mas agora estou de volta!
Sem mais delongas, boa leitura!


Recapitulando:
— Thalia está trabalhando há um mês na HTK Publicidades, empresa de Hylla, Bryce e Luke.
— Thalia e Luke namoraram no ensino médio.
— Nico e Thalia decidiram tentar um relacionamento, mas não decidiram o tipo e nem se são exclusivos.
— As crianças não sabem disso.



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— Jason, atende a porta! — Thalia gritou ao ouvir a campainha pela segunda vez, mas não houve resposta do irmão. Praguejou, vestindo o robe negro sobre a lingerie e saiu do quarto, ouvindo o barulho do chuveiro ligado no final do corredor.

Thalia deseja com todas as forças que não fosse uma visita ou vendedores enquanto descia as escadas com pressa. Quando abriu a porta de uma vez, quase preferiu que fossem escoteiras ao sentir seu coração acelerar e dar de cara com os dois Di Angelo.

— Oi. — Nico murmurou com as bochechas vermelhas e Thalia franziu a testa.

— Nós combinamos algo? — Ela se amaldiçoou assim que perguntou, percebendo como havia soado rude e Nico ficava mais vermelho, desviando o olhar.

Felizmente, Hazel avançou de uma vez, abraçando a cintura de Thalia sorrindo:

— Tia Thalia!

— Oi, Hazz! — Thalia retribuiu sorriso, inclinando-se com cuidado para abraçá-la.

— Tio Jason nos chamou! — A pequena Di Angelo explicou, alheia ao clima tenso. — Cadê o Dimi?!

— No quarto dele. Pode ir lá.

Hazel não esperou um segundo convite. Logo corria para dentro, deixando-os à sós na soleira da porta. Thalia se sentiu muito consciente do estado caótico que estava seu cabelo molhado, de quão curto e até transparente era o robe que usava, além de como não usava nenhuma maquiagem, sequer um delineador.

E, ainda assim, Nico parecia mais constrangido do que ela, o que não foi nenhum pouco mais tranquilizador.

— Então meu irmão está te usando como babá? — Thalia tentou quebrar o gelo, fazendo mais uma nota mental para matar o irmão.

— Achei que ele tivesse te avisado. — Nico resmungou embaraçado e com o rosto ainda mais vermelho, o sorriso tímido que Thalia adorava provocando-lhe também um sorriso.

— Eu queria que ele tivesse avisado. — Ela deixou escapar, se aproximando do italiano ainda parado na soleira da porta. — Assim você não me veria nesse estado.

— Mas você está linda. — Nico franziu a testa, no entanto, em seus lábios havia um sorriso quando Thalia se aproximou mais, tocando-o nos ombros, quase o abraçando.

— Gostei dessa resposta. — admitiu, roçando seus lábios nos dele. — E gostei dessa surpresa.

Eles trocaram um beijo rápido na entrada da casa, antes de Thalia puxá-lo para dentro, suas mãos unidas.

Era a segunda sexta-feira desde o final de semana na fazenda de Hera. Apesar de enfim terem tido o encontro no parque no final de semana anterior ,eles sequer haviam conseguido conversar — muito menos se beijar — com as crianças precisando de atenção, então ainda não sabiam ao certo se tinham um relacionamento ou como se portar quando estavam juntos. Mesmo que passassem quase todas noites conversando por chat ou mensagens.

— Então, o que planejaram? — Thalia perguntou, alarmes soando em sua mente que deveria se apressar, ao mesmo tempo que queria aproveitar a companhia de Nico.

— O de sempre. — Ele sorriu, ao mesmo tempo que examinava a casa, à procura da filha. — Filmes, jogos, comida… Vai se juntar à nós?

Havia um convite implícito, um convite que Thalia queria muito aceitar, mas ela apenas soltou um muxoxo, parando no meio da sala.

— Eu adoraria. — Ela resmungou, pondo-se de frente a ele para olhá-los nos olhos. — Mas tenho que sair.

Nico repuxou os lábios em uma expressão triste que se assemelhava muito à de um cachorrinho, fazendo-a rir e abraçá-lo pelo pescoço, beijando-o numa forma de consolo.

— É meio que um happy hour da HTK e, como ainda sou novata, não posso me dar ao luxo de faltar. — Thalia resmungou, tentada a usar uma desculpa para cancelar com os colegas. — Em vinte minutos Luke vai passar aqui.

Thalia se sentia meio estranha por citar o amigo que no momento visitava a mãe. Ela tinha certeza que Nico sabia que, tecnicamente, ela estava saindo com o ex. Mesmo que fosse algo entre amigos e até profissional e ela e Nico não tivessem chegado à conclusão de que tinham qualquer relacionamento estável ou nomeável. Não deixava de ser estranha toda aquela situação. Mas talvez fosse ainda mais estranho ela deixar de comentar com Nico isso.

De qualquer forma, o italiano não parecia afetado, principalmente quando Thalia ainda o abraçava e roçava seus lábios, aproveitando o pouco tempo que ainda tinham naquela noite.

— Você não deveria estar se arrumando? — Nico sussurrou, erguendo a sobrancelha, mas não fazendo qualquer esforço para incentivá-la a ir.

— Você está me distraindo. — Ela o culpou. — E só estou sendo uma boa anfitriã.

— Se toda vez que eu vir aqui for recebido assim, vou voltar mais vezes. — Ele brincou, fazendo-a rir e dar-lhe um tapa leve no ombro, enfim se afastando.

— Só me avise antes e posso mostrar como posso ser uma ótima anfitriã. — Ela replicou, piscando. — E podemos deixar Jason de babá sozinho, ele merece.

— Merecer mesmo. Mas, falando em babá, as crianças não estão muito quietas?

Thalia franziu a testa, não ouvindo nenhum outro barulho pela casa a não ser o chuveiro, estranhando logo em seguida.

— Isso é um péssimo sinal. — Ela resmungou, já subindo as escadas preocupada.

 

Enquanto Thalia e Nico conversavam no andar de baixo, Dimi puxava Hazel para o quarto da mãe, tentando convencê-la a brincar de exploração, o que estava se tornando sua brincadeira favorita.

Hazel ainda estava perguntando como fariam isso quando Dimi abriu a porta do closet, exibindo os cabideiros, gavetas e caixas perfeitas para escalar.

— Quem chegar por último é a mulher do padre!

O pequeno Grace gritou, equilibrando-se entre entre os espaços apertados, jogando no chão caixas e roupas que atrapalhavam sua subida, toda a valentia de criança em seus pequenos atos.

— Sua mãe deixa você fazer isso? — Hazel perguntou receosa, mas o menino apenas riu, mandando ela subir.

Ele olhou pra trás, vendo que Hazel balançava a cabeça que não, mas Dimi ignorou, chutando uma caixa pesada para se espremer onde antes ficavam as calças dobradas. Ele escutou o barulho de vidro quebrando quando a caixa atingiu o chão e arregalou os olhos, mas isso não o impediu de se pendurar por um cabide, tentando subir acima de mais uma gaveta.

— Dimi, sua mãe vai brigar. — Hazel tentou dizer novamente, no entanto, Dimitri só parou quando ouviu o grito da mãe o chamando.

— O tigue! — O menino gritou, fingindo que a mãe era uma fera e eles estavam numa floresta. — Se esconde!

Mandou para Hazel enquanto se encolhia atrás das roupas penduradas, fechando os olhos com força.

Infelizmente, nenhuma camuflagem foi suficiente e logo Thalia abria a porta do quarto de uma vez, junto com Nico. Dimi abriu os olhos e soltou uma gargalhada por ter sido pego, ainda brincando, e se encolheu mais no cubículo, puxando as roupas dos cabides para se esconder melhor.

— Dimitri Grace! — Thalia gritou depois de alguns segundos estática e Dimi percebeu que ela estava brava. — Desce daí agora!

Dimi fez um bico enquanto era puxado para o colo da mãe, ainda a ouvindo gritar.

— Eu não acredito nisso, Dimi! Eu já te disse mil vezes pra não ficar subindo nas coisas, quer cair e machucar?!

Ela o colocou no chão, mas ainda o encarava com o semblante nervoso e as mãos na cintura.

— Olha só a bagunça que você fez! Sabia que quebrou meu perfume favorito?! Eu quero ver quem vai arrumar essa bagunça! Você vai ficar de castigo a semana inteira!

Dimi sentiu seus olhos lacrimejarem com o grito da mãe, abaixando a cabeça com vergonha e arrependimento.

— Eu disse pra ele não subir. — Hazel murmurou e a vergonha de Dimi aumento mais.

Então, Dimitri fez a única coisa que podia: Gritou e deu língua pra mãe, antes de sair correndo para o quarto, empurrando Nico no processo.

Dimi bateu a porta do próprio quarto e se encolheu no canto, mandando Nico e Hazel irem embora quando eles quiseram entrar, não querendo ouvir mais broncas. Ele chorou com culpa e medo pelo o que pareceu uma vida inteira, até que Jason se ajoelhasse à sua frente.

— Ei, Dimi, o que aconteceu? — O tio perguntou com calma, vendo o menino abaixar o rosto úmido pelas lágrimas sem querer responder. — Não quer me contar?
— A mamãe tá triste comigo. — Dimitri fungou em um fio de voz.
— Por que? — Jason continuou em um tom baixo, olhando-o nos olhos com paciência. — O que aconteceu pra ela ficar triste com você?

— Eu quebrei o perfume dela. — O menino choramingou, mais lágrimas escorrendo pelos olhos azuis escuros. — Mas foi sem querer. Eu tava bincando com a Hazz.

Jason assentiu e passou os dedos pelos cabelos negros do sobrinhos em um afago leve.

— E você pediu desculpas pra sua mamãe? — perguntou com calma, vendo o menino fungar novamente e balançar a cabeça que não com veemência, parecendo mais arrependido do que nunca. — Você quer pedir?

Novamente Dimitri negou com a cabeça, chorando mais com a possibilidade. Jason apertou os lábios um pouco apreensivo, mas continuou:

— Por que não pede desculpas? — No entanto, Dimitri continuou em silêncio, olhando para o chão. — Você se arrepende de ter quebrado o perfume?

Dessa vez ele levantou a cabeça para a balançar afirmativamente várias vezes, levando Jason a interpretar quais eram as reações emoções do sobrinho.

— Você tá com vergonha de pedir? — O tio perguntou e logo o menino assentia, as bochechas um tanto vermelhas. — Você quer que eu vá lá com você pedir?

Dimitri balançou a cabeça novamente e levantou em um pulo, exibindo um sorriso tímido enquanto seguia o tio, a expressão sumindo assim que chegou na porta do quarto da mãe.

Jason bateu na porta e logo em seguida dizia para Thalia que Dimi queria falar com ela, abrindo espaço para o menino entrar com a expressão de choro e vergonha.

— O que foi, Dimi? — Thalia perguntou em um tom cansado e Dimitri olhou para a mãe contorcendo as mãozinhas e os olhos azuis lacrimejando.

— Desculpa, mamãe. — O menino pediu em um tom baixo, preferindo encarar os pés da mãe do que olhá-la nos olhos. — Eu não queria quebrar o perfume.

Thalia suspirou e se abaixou, como Jason havia feito, a expressão calma ao passar as mãos pelo o rosto do filho, secando as lágrimas.

— Eu te desculpo, meu amor. Mas você não pode ficar subindo nas coisas, já pensou se você cai e machuca? — A mãe argumentou e o menino fungou, arrependido. — Não é pra subir mais, tá? Agora pode ir brincar com a Hazel, ela deve tá te esperando.

Thalia deu um beijo na cabeça do filho, vendo-o sorrir e acatar a ordem correndo, toda a vergonha e culpa desaparecendo. Ela mesma sorriu, um pouco mais calma, contudo, ainda sentindo o coração ainda apertado.

Não gostava de gritar com o filho, tampouco bater, mas havia momentos em que agia por impulso ou sentia que não tinha escolha. No entanto, nenhum argumento diminuía a quantidade de culpa que sentia sempre que o via chorar ou cabisbaixo.

Thalia olhou para o irmão no canto do quarto, sorrindo em agradecimento por ter consolado Dimi. Não sabia o que faria sem Jason em momentos assim.

— Ele ficou com vergonha. — Jason explicou. — Não queria pedir desculpas sozinho.

— Levar bronca na frente da "crush" não é bom, né? — Thalia riu, cruzando os braços sobre o robe negro.

— Nunca é. — Jason concordou, sorrindo. — Falando em crush, melhor terminar de se arrumar. O seu tá mofando lá na sala.

— Engraçadinho. — Thalia deu língua para o irmão, trancando a porta assim que ele saiu e suspirando ao ver mais uma vez a bagunça no closet.

Ela tinha por volta de quinze minutos para terminar de se arrumar, havia conseguido alguns minutos a mais quando Luke ligou, por mais que ele tivesse pedido para que ela andasse logo, não aguentando as perguntas da mãe sobre quando ele arranjaria uma namoradinha.

Thalia ainda tinha que terminar de se vestir, faltando apenas colocar a saia, o casaco e os sapatos, além de dar um último retoque nos cabelos, o lado direito preso atrás da orelha por grampos. Então, era fora de cogitação arrumar aquela bagunça no momento.

Suspirou, abaixando-se para pegar a saia de couro preta no meio da bagunça — pretendendo vesti-la por cima das meias 7/8 escuras e do body azul escuro com um decote profundo em "v" na frente e uma abertura ainda maior nas costas, deixando-a completamente exposta sem a jaqueta —, mas sabendo que não conseguiria fechar sozinha o zíper nas costas.

Era só o que faltava.

Abriu a porta para chamar Jason, mas sorriu com uma opção bem melhor: Nico estava encostado na soleira da porta de Dimi, provavelmente observando as crianças brincarem.

— Ei. — Thalia chamou, atraindo a atenção do italiano que a olhou confuso. Ela sorriu maliciosa e ergueu a mão direita, flexionando o dedo indicador ao chamá-lo, em mais uma ordem que um convite.

Nico ergueu a sobrancelha, mas a seguiu mesmo assim, enquanto Thalia voltava para o quarto, sentando-se na cama e calçando as ankle boots enquanto ele entrava e fechava a porta com o comando dela.

Thalia se divertiu com o jeito desconfortável e tímido do rapaz, analisando o quarto dela com uma expressão de surpresa. Ela se lembrou que Nico havia entrado ali na "festa de recepção dela" e Thalia podia vê-lo comparando o quarto, um tanto diferente agora.

Para começar, Thalia havia pintado as paredes em branco e substituído todos os poster de Jon Bon Jovi por fotos da família e de amigos. Havia uma infinidade de fotografias de Dimi e Jason, mas Thalia também havia feito colagens com fotos de Silena e Bianca, suas amigas do colegial, além de uma ou outra com Percy, Luke e até Annabeth da mesma época.

Havia também fotos da infância com seu pai e Beryl e até recentes com Hera, mas Thalia devia saber que Nico iria se atentar as fotos que tinham ele e Hazel. Fotos que tiraram nos encontros, na noite em que jantaram com a família dela e até na fazenda.

— Gostou? — Thalia perguntou e se surpreendeu ao perceber que esperava que ele gostasse e aprovasse. Nico assentiu, se aproximando melhor para analisar as fotos.

Si, si... — ele murmurou, tão imerso em pensamentos que nem pareceu notar o uso do italiano. — Achei que não gostasse do seu passado.

— Não gosto. — Thalia retorquiu, se pondo de pé e já desamarrando o nó do robe. — Mas ainda tem momentos e pessoas que gosto. E confesso prefiro as fotos mais recente…

— Como as minhas? — Nico ergueu a sobrancelha com um sorriso, ainda parado enquanto Thalia se aproximava. Ela assentiu, sorrindo maliciosa e se lembrando de uma brincadeira do irmão.

— Sabe, Jason uma vez me disse que tinha uns "nudes" seus... — Ela brincou, espalmando as mãos sobre o peito de Nico e aproximando seus rosto, adorando o fato do salto a deixar quase da mesma altura que ele, os lábios bem próximos. — Eu adoraria adicionar algumas fotos à minha pequena coleção…

Ela lhe deu um beijo no canto da boca, se divertindo com as bochechas rosadas de Nico e os olhos ônix fixos em si. Ele parecia sem palavras quando ela se afastou alguns passos, ainda o olhando nos olhos e mordendo o lábio inferior, travessa.

— Preciso de um favor. — Ela pediu, empurrando o tecido do robe e deixando que ele deslizasse por seu corpo até tocar o chão.

Nico desviou os olhos e Thalia conteve o sorriso, sabendo que o body e as meias tampavam muito mais do que o biquíni que ela havia usado na fazenda. No entanto, não tardou a vestir a saia e se aproximar novamente de Nico, que tentava a todo custo não olhá-la. Thalia virou-se de costas logo que o alcançou, ainda sorrindo maliciosa.

— Pode fechar pra mim?

O decote do body nas costas era profundo. Thalia pode sentir os dedos de Nico roçando sua pele quando ele segurou o zíper da saia de cós alto, o toque a fazendo sentir calafrios pelo corpo e borboletas no estômago.

Ela ouviu o barulho do zíper subindo lentamente, sentiu a leve pressão dos dedos de Nico ainda o segurando na ponta da saia e, depois, o toque dele em sua pele novamente, dois dedos acima da cintura, ainda roçando no tecido como se ponderasse abaixar o zíper novamente.

Thalia o sentiu deslizar os dedos levemente por suas costas, subindo por sua coluna, causando-lhe arrepios visíveis. O compasso de sua respiração, bem como dos seus batimentos, subiu ligeiramente, e, então, para entorpece-la em reações, Thalia sentiu os lábios de Nico em sua pele.

Um beijo leve, na altura da cintura e sobre sua coluna, que, acompanhado da respiração suave e quente do rapaz, lhe roubou um suspiro, o qual ele tomou como permissão. Logo os lábios gélidos do rapaz traçaram-lhe a espinha em beijos lentos e suaves, as mãos cercando-a na cintura em sincronia aos outros carinhos, abraçando-a por completo no exato momento em que ele a beijou na ponta da espinha, onde os fios negros colocaram limite.

O coração de Thalia reagia acelerando, suas mãos apertaram os braços do italiano ao seu redor e ela podia sentir a respiração dele a afagar-lhe a pele por longos segundos em que o silêncio era espectador.

Então, com um leve sorriso, Nico a beijou também no ombro, pelo mesmo tempo que a havia feito esperar. A Grace suspirou novamente e acariciou a mão entre as suas, incentivando-o, e foi recompensada com um beijo suave no pescoço, onde o cabelo preso deixava à mostra a pele macia.

A boca de Nico não parou ali, tampouco as carícias. Ele percorreu todo o caminho da clavícula até que Thalia se rendesse, virando-se dentro do abraço, seus olhos se chocando. Demorou um longo segundo para que os lábios do Di Angelo encontrassem os seus.

Foi doce, lento, atordoante. A boca de Nico reivindicava a sua, intenso ao puxar-lhe os lábios, sucinto ao deslizar, novamente, as mãos por suas costas, a apertando contra si. Thalia se viu acariciando-lhe no rosto, abraçando-o pelo pescoço, como se o mínimo contato rompido pudesse fazê-la perder todo o equilíbrio e ir ao chão. Ela estava começando a se viciar nos beijos de Nico, a mente enevoada suplicando por mais, pensamentos pecaminosos dissolvendo-se e recriando-se a cada respiração, cada vez que ela ameaçava se afastar, mas se via aproximando mais, aprofundando o beijo.

E, como quem percebe as consequências que planejou, coube a Nico romper o beijo, ainda com a respiração descompassada, com o sorriso de canto tímido e sedutor, uma mão na cintura de Thalia e a outra nos cabelos, em carícias suaves.

— Essa é sua forma de me convencer a não ir? — Thalia perguntou soando rouca, sua respiração ainda estava acelerada e ela dizia a si mesma que isso não era porque o rosto do Di Angelo ainda estava tão próximo ou porque ela estava se perdendo nos olhos escuros. Se forçou a manter a sanidade e flertar, já que se via perdendo naquele jogo. — Uma forma de marcar território?

As bochechas de Nico coloriram-se em vermelho, um riso envergonhado que denunciava o nervosismo e fazia Thalia sentir mais borboletas no estômago.

No-no... — Ele gaguejou, o sotaque italiano forte, o timbre rouco. Thalia não se conteve novamente: puxou, levemente, o lábio inferior do rapaz com os seus, e logo o calava com um beijo, inebriada no sotaque.

Ele a puxou para si, as mãos novamente traçando a coluna de Thalia, aproximando-se sorrateiras do zíper e, depois, subindo para tocá-la nos ombros, na face, guiando-a e mais uma vez tomando controle do beijo. Ele poderia não estar fazendo de propósito, mas a cada vez que Thalia o beijava, sentia menos vontade de ir.

— De qualquer forma... — Ela sussurrou entre os beijos. — Está conseguindo...

Nico riu e foi a deixa para romperem o beijo, ainda que as carícias não parassem.

— Me sinto culpado. — Nico murmurou, não contendo o impulso de roubar-lhe um selinho. — Mas... — E roubou outro. — não.

Thalia riu e se obrigou a afastar, sabendo que era a última chance ou ela acabaria ligando para Luke e fingindo uma dor de cabeça. Não era de todo ruim, mas um dos motivos pelo quais ele não estava em Nova Iorque naquele momento, era para lhe dar carona.

— Eu adoraria. — A Grace suspirou, dando um passo para trás, porém, segurando as mãos de Nico entre as suas, um leve muxoxo escapando dos lábios do Di Angelo. — Mas dar bolo logo no começo é a pior forma de conquistar a chefe.

Nico assentiu com a cabeça, ainda com o semblante pesaroso, o que levava Thalia a se lembrar novamente de filhotinhos abandonados e roubar mais um beijo rápido.

— Podemos tirar um tempo para nós depois disso, o que acha? Prometo que sei te recompensar. — Ela sussurrou rouca, traçando beijos até o pescoço de Nico, deliciando-se com os arrepios do rapaz.

— Alguma vez vai me deixar te chamar para sair? — Ele resmungou, fazendo-a se afastar apenas para observar a expressão emburrada e corada do italiano. — Ou, pelo menos, vai me deixar tomar a iniciativa em algo?

— Não é minha culpa se você é lento. — Thalia retrucou, rindo da expressão ofendida de Nico. Ela aproveitou o estado estático momentâneo dele para juntar o que lhe restava de bom senso e virar-se, sentando-se na penteadeira para terminar de se arrumar.

— Eu sou lento?!

Ela apenas o ignorou, vendo-o, através do espelho, se aproximar e parar atrás dela. Nico parecia observar enquanto ela abria um por um cada batom, tentando decidir qual ficava melhor. Escolheu por fim um cor de rosa, a qual muito não usava. Contudo, quando aproximava-o dos lábios, foi impedida pelo toque suave de Nico, que segurava-lhe a mão.

No, esse não. — O italiano sussurrou com o sotaque forte, inclinando em direção à ela, tão próximo do ouvido de Thalia que suas palavras eram claras. Ele a guiou para depositar o batom rosa e depois recolher um dos primeiros que havia analisado. — Esse.

A Grace deu um sorriso de lado e se deixou convencer, deslizando o batom sobre os lábios lentamente, cobrindo-os em um tom de vinho tinto.

— Esse combinou muito mais... — Nico continuou a sussurrar-lhe no ouvido, seus olhos se encontrando através do espelho, o sorriso de canto malicioso mostrando as covinhas. — E eu vou adorar experimentá-lo quando roubar um beijo de você.

Thalia ficou sem reação por alguns segundos, vendo-o piscar no espelho e depois se retirar do quarto, com apenas uma promessa.

Afinal de contas, por que Thalia tinha que sair mesmo?!


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Notas finais do capítulo

Alguém aí estava com saudades?!
Vou tentar atualizar as demais fics o mais rápido possível, só preciso organizar minha vida no Nyah! e academica também.
Aproveitei que meu orientador está corrigindo meu artigo pra dar uma fugidinha pra cá, então, que tal melhorarem meu ego como escritora antes que meu orientador me massacre? Aceito críticas também!
Essa cena do Nico provocando é a minha favorita até agora, escrita antes mesmo do primeiro beijo (vocês não tem noção de quantos capítulos avulsos eu tenho!) e espero que tenham gostado. O que acharam?

Sei que estão acostumado com criancinhas fofas e quietas, mas o Dimi está longe de ser um anjo, apesar do nome :p (Lembrando que ele tem Gabriel no nome).
Isso dele subir no armário veio de uma priminha minha, a Fernanda, que esvaziou o guarda-roupa da mãe dela pra escalar. E ele todo acanhado pedindo desculpas com a ajuda do Jason veio da Hellena, outra priminha minha. Passei por uma situação bem semelhante em que acabei gritando com ela (e me sentindo ainda mais culpada que a Thalia) por um motivo justo e depois ela veio me pedir desculpas com o apoio do meu irmão.

Enfim, espero que tenham gostado e que comentem!
Até logo!

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