Fita Azul escrita por Helly Nivoeh


Capítulo 25
3º Encontro - Parte I


Notas iniciais do capítulo

SE VOCÊ NÃO LEU O CAPÍTULO EM QUE TEM O ENCONTRO DO NICO COM A CALIPSO NARRADO, VOLTE UM CAPÍTULO.
Tive alguns problemas com cortes de capítulos no Nyah! e tive que postar um capítulo a parte.
Olha eu aqui começando o ano com um capítulo novo!
Esse capítulo é dedicado à uma pessoa MARYavilhosa, que tá sempre disposta a me ajuda, a ouvir meus devaneios, meus novos plots e me ajudar em cada encruzilha. Ah, e me dar forças, porque sem ela, boa parte das minhas fanfictions já teriam sido excluídas, provavelmente. Espero que você goste, senhorita MaryDiAngelo, e que goste desse seu presente de aniversário!
Ah, e esqueci de dizer que ontem foi o aniversário do Dimi! Nosso bebê Grace nasceu no dia 31/12 as 23:55 e esse capítulo vai ter muita participação dele sim!

Link do polyvore no capítulo!

Ademais, boa leitura!



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— Papai, você tá fazendo de novo! — Hazel exclamou, interrompendo o discurso do pai.

— O que? — Nico questionou, franzindo a testa.

— Falando demais! — A menina completou, revirando os olhos escuros e  provando o sangue Di Angelo nas veias. — Tia Thalia não aguenta mais!

A dita Tia Thalia apenas riu, vendo Nico ficar vermelho e abaixar a cabeça, envergonhado.

— Desculpe. — Ele murmurou, fazendo as crianças gargalharem.

— Tudo bem! — A Grace riu, estendendo a mão sobre a mesa e alcançando a dele, apertando-a levemente. Nico pareceu ficar mais vermelho, mas não retirou a mão. — Você fica fofo quando começa a falar assim, ainda que eu não entenda nada!

Era o terceiro encontro deles e Nico estava uma pilha de nervos. Depois do encontro com Calipso na semana passada e a forma como ele foi confrontado com os próprios sentimentos, a ideia de realmente sair com Thalia Grace o deixava tão entusiasmado quanto medroso, afinal, era muito fácil estragar tudo.

Contudo, pareciam que as coisas iam bem. Eles haviam combinado de ir ao cinema, mas chegaram cerca de uma hora mais cedo, decidindo apenas lancharem e conversarem um pouco antes do filme começar.

— Eu tenho uma pofessora nova! — Dimitri contava todo sorridente. — A senhorita Piper!

— A minha é velha e enrugada. — Hazel dizia, recebendo um olhar de repreensão do pai:

— Hazel…

— O quê? — A menina rebateu. — Ela é velha e cheira a biscoitos!

— Igual a bruxa de João e Maria? — Dimi perguntou, arregalando os olhos.

— Não! — Hazel respondeu. — A bruxa não é legal, a senhorita Tengiz sim!

“Tengiz?”, Thalia moveu os lábios para perguntar para Nico, que apenas riu, assentindo.

— A senhorita Piper também! — Dimi contou. — Ela conta histórias e canta pra gente!

— A senhorita Tengiz só reclama. — Hazel continuou, ignorando o olhar de repreensão do pai.. — Sammy perguntou de onde vem os bebês e ela não respondeu.

— Por quê? — Dimi questionou e a menina Di Angelo somente deu de ombros.

Nico e Thalia trocaram um olhar. “De onde vem os bebês” era um assunto muito complexo, principalmente quando quem perguntava eram duas crianças pequenas. Aquela não era hora e nem o lugar para lidar com isso, mas, claro, nem Hazel e nem Dimitri sabiam disso.

— E de onde vem? — Dimitri Grace perguntou confuso, e foi a vez de Hazel virar para o pai:

— De onde vem, papai?

Os olhos amendoados e curiosos fizeram Nico engolir em seco, nervoso. Ele lançou uma olhar em pânico para Thalia, que se divertia rindo.

Invente uma história”, Nico pensou. “Invente uma história rápido!”.

Mas sua mente não conseguia processar com tanta pressão. Palavras aleatórias de sementes e cegonhas preenchiam sua mente, mas não havia coerência e nem coesão, nada que as ligasse para formar qualquer história que fizesse sentido e, tampouco, que satisfizesse as crianças.

— Papai? — Hazel chamou, e sua expressão era clara de quem não ia desistir.. Algo que Dimitri também demonstrava e, sendo um Grace, Nico sabia que nem valia a pena tentar desconversar.

— Hazel — Thalia chamou, indo ao seu socorro. Ela tentava abafar, em vão, o riso. —, acho que seu papai esqueceu de onde vem os bebês. — Ela lançou para Nico um olhar de chacota e um sorriso provocativo, o deixando vermelho. — Talvez eu possa explicar.

As crianças pareciam mais interessadas na explicação de Thalia, deixando tempo para Nico respirar em alívio. Depois, todo esse alívio se tornou curiosidade e diversão, querendo ver onde aquela história de Thalia daria. Ela não era muito normal, Nico sabia disso há anos, mas acreditava que ela não ia falar de todos os pormenores biológicos. Não quando o filho tinha quatro anos.

— Quando duas pessoas se apaixonam… — Thalia começou com o clássico e indispensável clichê. Ela sorriu para Nico, depois fixou o olhar nas crianças que estavam atentas. — as vezes elas estão tão felizes que pensam: “Uau! Eu quero ficar com você para sempre!” e eles podem pensar “que tal a gente fazer um bebê?!”.

Nico levou a mão aos lábios para abafar o riso, um tanto incrédulo ao ver Thalia vermelha. Contudo, ela tentava ao máximo ignorá-lo, não se dando ao trabalho de interromper a história.

— Então essas pessoas fazem essa… oração… tipo um pedido.

— Igual na igreja que a vovó vai? — Dimi fez uma careta, confuso.

— Não, querido. — Thalia riu, ainda mais vermelha. — É tipo um ritual, que duas pessoas fazem sozinhas.

— Tipo nos filmes de bruxas? — Foi a vez de Hazel perguntar.

— Um pouco menos estranho, mio amore. — Nico riu, ajudando Thalia que o olhou por um segundo, antes de desviar os olhos. Quem diria que Thalia Grace ficaria constrangida com um assunto assim?!

— É só isso, momi? — Dimi questionou, franzindo o nariz.

— Quase, amor. — Thalia continuou. — Quando eles estão sozinhos e fazem esse ritual, o homem… ganha… uma sementinha muito especial.  — Nico abafou o riso e foi claro que a Grace apertou os lábios para fazer o mesmo. — E ele coloca na mulher.

— Ela come? — Dimi fez uma careta confusa e Thalia olhou para Nico com a expressão maliciosa, piscando para ele.

As vezes”, ela soletrou para o italiano, sem que as crianças entendessem. Nico sentiu o rosto esquentar e desviou o olhar, tampando o rosto com as mãos para abafar o riso.

— Algo assim, Dimi. — Thalia continuou. — E essa sementinha vira o bebê, dentro do ventre da mãe. Ele fica lá alguns meses crescendo, até nascer.

— Eu sai da sua barriga, não foi? — Dimi perguntou sorridente e Thalia assentiu. — E se o bebê não tiver mamãe ou um papai? — Dimi continuou o interrogatório. — Tem como?

Thalia apertou o lábio um pouco apreensiva.

— Pra fazer o ritual, precisa de uma mulher e um homem, Dimi. — Thalia explicou. — Mas, às vezes, esse homem e essa mulher podem ver que não era a hora certa de ter um bebê, ou não eram as pessoas certas. Então, às vezes o bebê pode ficar só com a mulher. Ou só com o homem. Ou fica um pouquinho com cada um. Ou pode até ficar com nenhum dos dois.

As crianças assentiram, como se esse fosse o assunto mais simples do mundo e Thalia continuou:

— Às vezes, uma pessoa, ou um homem e uma mulher, ou duas mulheres, ou dois homens, ou até mais pessoas, eles querem muito ter um filho, mas escolhem de um jeito diferente. Eles procuram uma criança que já nasceu e a escolhem para ser filha deles.

— Os filhos do coração, não é, tia? — Hazel sorriu, olhando para o pai com amor.

— Uhum. — Thalia sorriu, apertando um pouco os olhos ao notar algo. — Vocês entenderam direitinho?

As crianças balançaram a cabeça que sim, com Dimi já mudando de assunto e perguntando se o filme ia demorar. Mais tarde, enquanto caminhavam em direção ao cinema, as crianças corriam na frente, deixando os pais um pouco atrás, com privacidade para conversar.

— Então, quando duas pessoas se apaixonam… — Nico implicou com um sorriso.

— Calado. — Thalia ordenou, rindo, e empurrando o ombro contra o dele. Ela sentiu um estranho formigamento por seu corpo, mas isso não a impediu de manter-se perto, seus braços roçando. — O que você queria? “Quando duas pessoas se amam…”... Nós dois já fugimos ao clichê. Quer dizer, eu acho.

Ela o olhou de lado, esperando alguma reação e Nico assentiu com a cabeça.

— Pode ter certeza. — Ele respondeu. — Acho que foi o mais perto que podíamos chegar da realidade.

Thalia assentiu com a cabeça, parte de sua atenção nas palavras de Nico, parte dela no quão perto seus corpos estavam, em como seus braços se tocavam a cada passo.

— Agora… Ritual. — Nico riu, fazendo chacota.

— Ei! — Thalia ralhou, também rindo e aproveitando para dar um tapa dele no braço dele. Os dois fingiram não notar que Thalia não tirou a mão dali, segurando-o levemente perto do pulso por alguns segundos antes de soltá-lo. — Mas é o mais perto.  Pensa bem: todos aqueles sussurros, resmungos e gemidos… — Ela abaixou o tom, quase ronronando. — E todos aqueles toques e movimentos em uma dança sensual…

Nico a olhou de soslaio, completamente vermelho, e não pode contar o riso ao vê-la sorrindo maliciosa, mas soando estranho enquanto tentava conter a gargalhada.

— Você adora me constranger. — Nico comentou e Thalia apenas deu de ombros.

— Não posso fazer nada se você fica fofo todo vermelho. — A Grace sorriu, encostando novamente o corpo no dele, rindo.

— Eu não sou fofo. — Nico resmungou. — Marshmallows são fofos. Gatinhos são fofos. Cachorrinhos são fofos. Mas eu não.

— Ah, é sim. — Thalia implicou e parte da sua atenção estava novamente no roçar dos braços, cada vez mais em contato. — Você parece um filhotinho fofinho.

— Isso deveria ser um elogio? — Nico retrucou, forçando-se a soar natural enquanto seus dedos tocavam os de Thalia.

— Claro, por que não? — Ela retrucou sorrindo, e sua mão tocou o antebraço de Nico, descendo até alcançar a mão do rapaz.

— Não parece muito. — Ele riu, abrindo a mão para acomodar a mão de Thalia na sua, palma contra palma, sentindo o calor. — E se eu te chamasse de fofinha?

Ela riu, fazendo uma careta e seus dedos encaixaram-se entre os de Nico.

— Ok, você ganhou essa. — Thalia admitiu, sentindo-o fechar a mão, acolhendo a dela. Agora sim estavam de mãos dadas e tentavam evitar admitir isso. — Mas não sei que outra forma dizer que você é… — Ela fez uma pequena risada e deu uma risada sapeca, fazendo-o erguer a sobrancelha em questionamento.

— Que eu sou…?

— Bonitinho. — Ela pontuou, apertando suas mãos unidas.

— Bonitinho? — Ele questionou, retribuindo o aperto.. — Só bonitinho?

Thalia riu sapeca e balançou suas mãos. Ela se perguntava se todas as pessoas ao redor estavam imaginando que eles eram um casal. Se perguntava se achavam que as crianças eram seus filhos e se perguntava qual seria a reação de Hazel e Dimi se os vissem de mãos dadas. Mas, claro, ela não deixava isso transparecer em seu sorriso.

— Por ora, sim. — Thalia replicou. — Me pergunte de novo no final da noite.

Nico apenas sorriu e Thalia sentiu seu coração saltar. Ela desviou os olhos, sentindo o calor na mão de Nico a envolver e seus batimentos acelerarem, envolvida pela presença dele.

— Então… — Thalia começou, suas mãos unidas ainda balançando levemente. — Fiquei sabendo do seu encontro ontem.

— Meu pai espalhou para todo mundo? — Nico fez uma careta divertida, seus olhos escuros fixos em Thalia.

— Só colocou no seu álbum de bebês. — Thalia implicou. — E, então, como foi?

— Foi… Legal. — O rapaz deu de ombros. — Ela era uma garota divertida.

— Era? — A Grace ergueu a sobrancelha. — Você a matou no final?

— Talvez, sou fã de Stephen King, sabe como é… — Nico riu, brincando. — Foi legal, realmente, mas…

— Mas? — Thalia incentivou, tentando não sorrir muito.

— Mas ela não tinha olhos azuis. — Ele piscou e Thalia mordeu o lábio inferior, enfim se dando conta de que estavam na recepção do cinema.


(...)

O filme era legal. Quer dizer, Nico achava que sim, sua atenção não estava realmente ali. Como Dimi havia cismado em sentar na ponta da fileira, Hazel sentou ao seu lado, depois Thalia para ficar de olho nas crianças e depois Nico. Não bastasse estarem lado a lado, a ideia era de que eles compartilhassem a pipoca a qual Nico recusou fazendo uma careta.

— Não gosta? — Thalia questionou, aproveitando que os trailers ainda nem haviam começado.

— Papai tem medo de pipoca. — Hazel contou rindo e Thalia ergueu a sobrancelha para um Nico muito vermelho.

— É mesmo?

— Digamos que eu não goste muito. — Nico retrucou, olhando com um certo nojo para as delicias salgadas.

— Algum motivo especial?

Nico foi salvo de responder quando as luzes apagaram de uma vez e as crianças gritaram em excitação. Thalia passou o pacote de pipoca para as crianças, abstendo-se também do alimento. Nico sorriu de canto, sem perguntar o porquê.

— Você devia ter contado da pipoca. — Thalia disse, aproximando-se do ouvido de Nico para não atrapalhar as pessoas que assistiam ao filme. — Podíamos ter comprado alguma outra coisa pra comer.

— Não precisa. — Nico responder, tendo que olha-la.

Como sussurravam, tinham que estar muito próximo, e bastava um centímetro ou dois para seus narizes se tocarem. Com os rostos tão próximos, era impossível para Nico não analisar os olhos azuis de Thalia, ou o traçado de pintinhas que os cercavam, ou, ainda, o formato de sua boca, com o lábio inferior volumoso. Ela estava com uma camada leve de batom, que Nico só pode notar estando tão próximos, e parecia ter cheiro de tuti-fruti. Teria também o gosto se ele provasse os lábios dela?

Thalia sorriu sapeca e se aproximou mais, seu nariz tocando a bochecha de Nico, seus olhar de uma forma sapeca.

— Mas aí não tem graça, como vou tocar sua mão “sem querer” durante o filme?

Nico sorriu envergonhado, mas tomou coragem para levar a mão direita até o colo de Thalia, e segurar as mãos dela.

— Que tal assim? — Ele sussurrou e Thalia assentiu, parecendo querer dizer outra coisa, mas foi interrompida pelo som alto da vinheta do filme.


Thalia adoraria dizer que prestou a atenção no filme, mas isso não seria verdade. Sua atenção estava focada nas mãos de Nico envolvendo as suas, no jeito que ele ria com as brincadeiras na tela, e nos seus pensamentos que iam e vinham, perguntando-se se deveria beijá-lo ou não.

Cinemas eram o melhor lugar para encontros por causa do escuro, por causa da privacidade e da proximidade, contudo, isso não adiantava nada quando você estava acompanhando crianças… Além do fato de que a sala estava cheia de pais com seus filhos, todos prestando atenção no desenho sobre algum cachorro. Thalia não pretendia beijar Nico na frente do seu filho, ou da filha dele, muito menos quando ele estava tão atento ao filme.

Entretanto, parte dela estava na conversa em Jason, em como havia dito que pretendia beijá-lo e em como ia se abrir para um possível relacionamento… O medo a afligia, lhe dava um frio no estômago, mas também dava a sensação de que ela estava viva. Não conseguia mais se lembrar se já havia sentido aquilo, tampouco se havia sentido em tamanha intensidade. Ela queria que realmente desse certo qualquer coisa que poderia vir a ter com Nico. Ainda que fosse uma simples amizade.

— Quando eu era criança — a voz de Nico soou em seu ouvido, a assustando e dando-lhe a sensação de um arrepio gelado por todo o corpo, deixando-a com os pelos eriçados. —, fui visitar os meus avós e eles me levaram com minha irmã pra uma fazenda dos amigos deles. Tinha um campo de milho lá, daqueles em um estilo de filme de terror.

— Deixa eu adivinhar. — Thalia respondeu, virando o rosto novamente para Nico, ambos perigosamente perto.—, você se perdeu.

— Também. — Nico admitiu. — Na verdade, nós voltamos pra fazenda, íamos dormir lá. Eu não lembro muito bem, mas… Acho que um amigo meu também foi. Lembro que Pietro disse que queria ver o espantalho de novo, então inventamos de fugir de noite.

— Meu Deus! — Thalia exclamou, levando a mão aos lábios.

— Acho que me perdi de Pietro. Só sei que me minha família só me achou no outro dia, embaixo do espantalho. Lembro da minha mãe desesperada com isso.

— Não é pra menos! — Thalia brigou. — Quantos anos você tinha?

— Uns cinco, talvez? Não era maior do que Dimi é agora. — Nico fez uma careta. — Quase não lembro dessa história, mas minha irmã não esquece.

— E onde veio a pipoca? — Thalia franziu a testa.

— Bom, eu fiquei a noite toda no meio do milharal sozinho. Mas, quando me encontraram, eu não estava com medo. Na verdade, tinha feito um amiguinho.

— Amiguinho? — Thalia perguntou e ouviu alguém sibilar um barulho de silêncio. Ela revirou os olhos e impediu-se de fazer um gesto obsceno. No entanto, foi a desculpa para chegar mais perto de Nico, praticamente colando sua boca ao ouvido dele.— Não me diga que conheceu um E.T.?

— Um pouco menos arquivo X. — Nico riu. — Na verdade, eu fiz amizade com uma das espigas de milho.

Thalia o olhou incrédula, depois começou a rir; Não podia acreditar naquilo, mas o sorriso de Nico era travesso, não deixando dúvida que havia feito tudo aquilo. Ele estava com o resto em frente ao dela, e Thalia não conseguia tirar seus olhos dos lábios finos. Pelo amor, ela realmente queria beijá-lo ali mesmo! No entanto, se obrigou a desviar os pensamentos e perguntar:

— Você fez amizade com um milho?!

— Eles me aceitaram como igual. — Nico riu novamente, seu sotaque parecendo mais charmoso do que nunca.. — Lembro que era um sociedade e tudo mais, e esse milho, o Senhor Milhordino…

— Milhordino?! — Thalia interrompeu, rindo mais alto e escutou alguém a mandando calar a boca. — Você chamou um milho de Milhordino?

— Senhor Milhordino, por favor. — Nico corrigiu, tentando ficar sério, mas não adiantava e seu sorriso logo se abria. Thalia queria morder aquela covinha. — Era meu melhor amigo. Levei ele pra casa da fazenda, dei banho e tudo mais.

— Meu Deus! — A Grace exclamou novamente, novamente puxando os pensamentos para o bom senso. — Não me diz que ainda tem esse milho?

— Infelizmente não! — Nico murmurou, fazendo uma carinha triste e um bico. É, ela realmente queria morder aqueles lábios.  — Quando estávamos indo embora percebi que meu novo amiguinho não estava no carro com a gente. Lembro que chorei e até fiz a gente voltar. Mas, quando cheguei na fazenda, procurei em tudo quanto é lugar e não achei.

Nico fez uma pequena pausa, checando as crianças e se aproximou mais dela. Thalia sentiu outro arrepio ao senti-lo tão perto, a boca tão próxima ao ouvido dela.

— Lembro que chorei tanto procurando, e que minha irmã ficou tão irritada que começou a gritar comigo. Ela disse que meu amigo Senhor Milhordino estava morto, que havia virado pipoca. E nós tinhamos comido ele de manhã.

Thalia ficou um segundo em silêncio, em choque, um pouco de compaixão no olhar.

— Não acredito! — Ela suspirou, mesmo que a súbita vontade de rir a estivesse tomando. — Tadinho de você!

— Não só descobri que melhor novo amiguinho estava morto, como também que comi ele. — Nico debochou, rindo. — Uma espécie de Hannibal Lecter do lado vegetal.

— Tadinho. — Thalia riu, afagando a mão de Nico. — Quer dizer então que você é canibal?

— Não… — Nico riu. — Agora eu me recuso a comer pipoca mesmo. Criei trauma. Thalia balançou a cabeça em negação, não conseguindo parar de rir.

— Ok, sem pipoca em nos próximos encontros! — Ela prometeu.

— Sem pipoca, sem McDonalds… — Nico implicou.

— Ah, você é um ótimo cozinheiro, tem muitas delicias que pode fazer por mim. — Ela piscou para ele, um sorriso malicioso e Nico se aproximou mais, quando mais uma pessoa pediu silêncio.

— Tem certeza que quer? — Ele ergueu a sobrancelha, seu sotaque italiano e rouco. — Quer dizer… Você viu que eu não sou muito normal. Minha imaginação é grande.

— Ah, a minha também é. — Thalia sorriu lasciva, dando-lhe um olhar de pura malicia ao deixar a voz rouca.

— Eu diria que a sua é bem maliciosa. — Nico riu, sentindo-se um pouco menos tímido no escuro.

— E a sua não? — Ela ergueu a sobrancelha por um segundo, depois voltou-se novamente para a tela do cinema, decidida a encerrar o assunto.


Minutos depois, a atenção de Thalia foi roubada por Dimi, que parecia preocupado.

— Momi? Como foi que o tio Jason ensinou?

Thalia franziu a testa, depois suspirou. Quem poderia imaginar o que seu irmão tinha ensinado agora? Jason Grace claramente queria corromper o sobrinho.

— Como assim, meu amor? — Thalia perguntou calmamente para o filho.

— O tio Jay disse pra fingir tá com sono..

O menino explicou e uma luz acendeu na cabeça de Thalia, fazendo-a rir.

— Ele disse pra você abraçar Hazel, não foi? — Ela perguntou e Dimitri assentiu com a cabeça, sério. — É só passar o braço por cima do ombro dela, assim.

Para exemplificar, Thalia se virou para Nico e passou o braço direito,  por trás da cabeça dele. Sua mão esquerda ainda tinha a mão de Nico entrelaçada, algo que ela não se abdicaria tão cedo.

— Entendeu? — Perguntou para o menino que balançou a cabeça em um sim novamente.

Thalia sorriu, esperando o filho cumprir com Hazel, mas o menino parecia mais interessado no fato de Thalia e Nico estarem de mãos dadas.

— Por que tá segurando a mão do tio Nico?

Dimitri perguntou, fazendo uma careta confusa.

Thalia sorriu o mais calma possível, inventando uma desculpa ao se inclinar para o menino e sussurrar:
— O tio Nico tá com medo do filme. — Ela contou, alto o suficiente para Nico escutar.

Dimitri o olhou atentamente por um segundo, uma ruga surgindo entre as sobrancelhas.

— Tio Nico. — O menino chamou. — Fica com medo não, é de mentirinha.

Thalia apertou os lábios e conteve o riso, escutando Nico também rir.

— Tudo bem, Dimi. Eu acredito em você.

Dimitri decidiu que parecia bom o suficiente se encostou direito na poltrona, enfim passando o braço por cima do ombro de Hazel.

A menina assustou e o olhou confusa, mas tudo o que Dimi respondeu foi que “Tio Jason mandou”. Thalia não pode deixar de rir, notando como o menino mal alcançava os ombros de Hazel, não demorando a tirar por causa da posição desconfortável.

— Esse é o pior truque de todos, não é? — Nico riu, atraindo a atenção de Thalia.

Ela balançou a cabeça que sim notando que ainda o abraçava. Ela não conseguia se lembrar se havia feito isso na adolescência quando ia ao cinemas. Na verdade, seus ex-namorados não eram muito de ver filmes, geralmente queriam mais enfiar a língua na boca dela, ou tocar em lugares indevidos. Certa vez, havia visto três vezes o mesmo filme, mas não conseguiu entender nem o enredo básico, de tão pouco a deixavam prestar atenção.

De certa forma, Nico era completamente diferente daquilo tudo. E isso era bom.

— O de bocejar e aproveitar pra colocar o braço é pior. — Thalia riu, lembrando da cena que havia visto em filmes. — Mas, você não pode dizer que não funciona, não é?

Ela ergueu a sobrancelha e aproveitou para acariciar os cabelos de Nico, antes de soltá-lo do abraço e pegar sua mão novamente.

É, ela esperava que dessem certo.


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Notas finais do capítulo

É amorzinho que vocês querem?! Pois comecem o ano com essa dose de fofura!
Então, gostaram? Se sim, o que mais gostaram?
Da Thalia e o Nico de mãos dadas?
Da história dos bebês?
Da história do Nico e dos milhos?
Dos flertes no cinema?
Do Dimi querendo fazer o que o Jason ensinou?
Ok, acho que teve muita coisa nesse capítulo. Enfim, espero que tenham se divertido e nos vemos em breve!

P.s.: Ainda estou com visita em casa, então ainda estou enrolada e tendo que corrigir pelo celular, enquanto arrumo casa. Por isso, se houver erros, por favor: me avisem!

P.s.²: Se você se sentiu incomodado(a) com essa história de onde vem os bebês da Thalia, por favor, me mande M.P. para conversarmos, ok?

P.s.³: Me desculpem pela confusão de postagens. Ainda não sei o que aconteceu.