Fita Azul escrita por Helly Nivoeh


Capítulo 21
Segundo Encontro


Notas iniciais do capítulo

Anteriormente:

Nico e Thalia acompanham Dimitri e Hazel em encontros;
Silena oferece um cargo como professor de dança para Nico e ele aceita;
Thalia está a procura de um emprego, mas, por mais que faça entrevistas, não conseguiu nenhuma vaga;
Jason é o maior Thalico Shipper que você respeita e está disposto a corromper o sobrinho para o shipp acontecer.
Boa leitura!



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— Então, — Thalia perguntou sorrindo de maneira doce, sentada em frente a Nico. — Fiquei sabendo que Silena conseguiu o que queria.

O italiano acabou balançando a cabeça e rindo, olhando pro pedaço de pizza ainda intocado no prato. Era o segundo encontro dele com Thalia e as crianças, desta vez, já era fim de tarde de um sábado e haviam marcado em uma pizzaria perto da casa de Nico, o qual ele escolheu por ser familiar e não ser um McDonald, a única exigência da Grace.

O local era até que agradável e acolhedor, combinava com o dia nublado visto de uma das janelas de vidro, e os funcionários eram prestativos e sorridentes. Estava até que cheio naquele dia, uma família particularmente barulhenta e grande havia se sentado na mesa ao lado, o que soava como um fundo musical se houvesse um silêncio incômodo, ainda que não tivesse acontecido.

Já estavam lá há quinze minutos e Nico estava se sentindo estranhamente confortável enquanto escutavam as crianças contarem como era nas escolas, causando risos quando exageravam que o desenho de Dimi era muito grande pra pintar ou Hazel havia achado muito ter que copiar cinco vezes o mesmo texto para melhorar a caligrafia.

Agora que a pizza havia chegado, Thalia estava disposta a deixar as crianças conversarem entre si e ela puxar assunto com Nico, o que estava causando um frio no estômago da garota.

— É… — Nico respondeu a pergunta de Thalia sobre o trabalho com Silena, se forçando a continuar o assunto. — Vou começar depois de amanhã, até fiz um teste essa semana, mas sei que na prática vai ser bem diferente.

— Nervoso? — Thalia perguntou, erguendo a sobrancelha e levando a pizza aos lábios. Nico observou, um pouco intrigado, a maneira como ela parecia tão à vontade, se sujando toda ao comer com as mãos. Ele queria se sentir tão à vontade perto de estranhos.

— Muito! — Ele se confessou, se obrigando a desviar os olhos de Thalia. — E com muito medo também.

— Por quê? — Thalia franziu a testa, realmente interessada no assunto. — Você vai se sair bem!

— Como sabe disso? — Nico ergueu a sobrancelha com um sorriso sarcástico.

— Eu sei que vai. E se não souber como, eu te ensino. — Thalia parafraseou as palavras dele quando ele a chamou para dançar na primeira vez, adaptando-as aquela situação. O italiano sorriu e balançou a cabeça, captando a referência e, quando deu por si, já respondia o flerte:

— Posso cobrar?

— À vontade! — A Grace retrucou com um sorriso malicioso, deixando-o sem fala por alguns segundos.

— E você? — O Di Angelo se lembrou da regra social, bem como do que já havia conversado com a Grace. — Conseguiu algum emprego?

Thalia suspirou pesadamente, pondo a pizza no prato antes de aceitar sua vez no monólogo, deixando espaço para Nico comer a própria pizza, até agora inteira. Ele teve um pouco de trabalho em comer normalmente com os olhos azuis de Thalia concentrados nele, mas, desta vez, não conseguiu derramar ketchup no rosto todo.

— Ainda não. — A Grace revelou em um tom pesaroso, retomando a conversa. — Mas ainda tenho esperanças. Talvez consiga em Nova Iorque, não é tão longe daqui.

Nico assentiu com a cabeça, pensando em o que mais poderia puxar assunto. Felizmente, os acordes de Blaze Of Glory começaram a soar, vindos da bolsa de Thalia. Ela pegou o aparelho celular e franziu a testa.

— Algum problema? — Nico perguntou, ainda ouvindo o telefone tocar.

— Número desconhecido. — Thalia franziu a testa, encarando a tela. — Desculpa, mas acho melhor atender.

— Tudo bem, eu fico de olho em Dimi. — Nico sugeriu e Thalia assentiu, agradecendo e se apressando para sair para uma parte menos barulhenta da pizzaria.

O Di Angelo, então, prestou atenção nas crianças que discutiam sobre os sabores da pizza.

— Eu não gosto de quejo. — Dimitri falou, o que fez Hazel franzir o cenho ao olhar para pizza de quatro queijos que comiam.

— Então por que quis essa? — A menina perguntou, parafraseando os pensamentos de Nico.

— É quato quejos, tem quejo em quato pedaços, no meu não! — Dimitri sorriu inocente, fazendo Nico abafar o riso.

— Quem disse isso? — Hazel perguntou, tentando entender a lógica daquilo.

— Tio Jay! — O menino respondeu e Nico só conseguiu pensar “tinha que ser!”.

Hazel resolveu deixar a questão de lado e o Di Angelo mais velho não teve coragem de contar para Dimitri que ele foi enganado pelo tio e estava comendo queijo, então apenas olhou para a janela de vidro atrás de si e encontrou Thalia do lado de fora, conversando no celular com o cenho franzido.

acha a mamãe bonita? — Dimitri perguntou subitamente, fazendo Nico se assustar e se virar para o menino, perguntando-se de onde ele teria tirado aquilo, apesar da resposta óbvia: Jason.

— O que disse? — Nico se fez de desentendido, tentando contornar a situação.

— A mamãe é bonita? — Dimi repetiu, olhando-o fixamente e impassível, o olhar de um Grace.

— Sim, ela é. — O italiano decidiu que era mais fácil responder logo. — Mas por que está me perguntando isso?

— Quer casar com ela? — Dimitri perguntou sério, ignorando a pergunta de Nico. Ele definitivamente era um Grace.

— Seu tio te mandou me perguntar isso? — Nico rebateu com outra pergunta, já xingado o melhor amigo mentalmente, mas Dimi balançou a cabeça que não.

— Eu perguntei a mamãe se ela quer casar. Ela disse que só comigo. Eu não posso casar com ela. Eu tenho a Hazzel.

— Hazel! — A menina corrigiu pela milésima vez, revirando os olhos.

— Querida, por que não diz para Dimi te chamar por um apelido? — Nico sugeriu, feliz com a oportunidade de trocar de assunto. A menina balançou a cabeça ponderando, antes de abrir um sorriso e anunciar:

— Me chama de Haz.

— Haz. — Dimitri repetiu sorrindo.

— Isso! — A menina exclamou e Nico não conteve o sorriso, ao ver a simplicidade das crianças.

Dimitri sorriu por alguns segundos, antes de ficar sério e voltar a atenção novamente pra Nico?

— Vai casar com a mamãe ou não? — O menino era impassível e Nico apenas suspirou, sabendo que não poderia desviar do assunto, mas, pelo menos, da pergunta conseguiria. — O enconto é pa casar!

— Não estamos em um encontro, Dimi. — Nico explicou calmamente, tentando achar as melhores palavras. — Só estamos aqui pra acompanhar vocês.

— O tio Jay disse que era um enconto. — Dimitri teimou, os olhos sérios. Nico pensou em dizer que Jason falava muita besteira e que o menino não devia ouvir o tio, mas preferiu ficar calado, tomando um gole de refrigerante. — E a mamãe também disse.

Nico engasgou com as palavras do menino, começando a tossir sem conseguir respirar direito.

— Papai? — Hazel perguntou preocupada, mas Nico já começava a melhorar. — Tá bem?

— Estou. — O rapaz conseguiu resmungar quando parou de tossir, mas sua garganta ainda queimava tanto quanto seus neurônios. Como assim ele estava em um encontro com Thalia? Por que ninguém lhe avisou isso?!

— Tudo bem aqui? — A voz de Thalia o fez sentir um calafrio pela espinha e se virar, quando a Grace se sentou ao lado do filho.

— Papai engasgou. — Hazel explicou e o pai corou.

— Quase… — Dimitri fez um barulho de decapitação quando passou o dedo pelo pescoço, como se fosse uma faca cortando, um gesto de “morreu” que Jason sempre fazia.

— Você está bem? — Thalia arregalou os olhos, fitando Nico assustada.

— Sim. — Ele conseguiu murmurar, bastante vermelho, diga-se de passagem. — Só um susto.

Thalia estreitou os olhos vendo-o tomar um gole do refrigerante, mas acabou dando-se por vencida e voltando a comer o pedaço de pizza.

Nico começou a entrar em pânico, se perguntando o que deveria fazer agora, principalmente quando a Grace começou a olhar para a parede de vidro, o olhar vago parecendo mais interessada nos próprios pensamentos do que nele. Nico se lembrou do telefone e pensou na melhor forma de abordar o assunto.

— E com você? — Usou a velha regra social, atraindo o olhar de Thalia que parecia surpresa ao perceber que lhe dirigiam a palavra. — Tudo bem?

— Ah, sim. O telefonema, você quer dizer? — Ela ergue a sobrancelha e Nico se perguntou se estava se intrometendo demais. Thalia aceitou o silêncio dele como um sim e continuou. — Era Luke, meu ex-namorado. Lembra dele?

Nico balançou a cabeça, se lembrando do rapaz que havia aparecido na festa dada por Jason na casa dos Graces, quando os irmãos haviam voltado. Havia sido há o que? Um mês? Passara bem rápido e, ao mesmo tempo, aquela noite parecia outra vida para Nico.

— Ele disse que tem uma vaga na empresa que ele trabalha. — Thalia continuou. — Viram meu currículo em um desses sites que eu coloquei e descobriram que nos conhecemos por causa das redes sociais. Parece que querem marcar uma entrevista comigo.

— Isso é legal, não? — Nico perguntou meio incerto.

— Eu não sei. — Thalia murmurou mais para si, os olhos no que restava da pizza no prato. Ela respirou fundo, antes de encarar Nico nos olhos: — Não seria mais fácil eles me ligarem em vez de Luke? Quer dizer, ele disse que pegou meu número no currículo. Por que o pessoal da empresa não me ligou, então?

Nico deu de ombros, sem conseguir pensar em uma resposta.

— Você vai? — O italiano perguntou. — Na entrevista?

— Não sei. — Thalia mordeu o lábio inferior e olhou para a pizza novamente, como se ali pudesse encontrar todas as respostas da questão fundamental da vida. — É em Nova Iorque, então tenho que pensar bastante.

— Por que não pede Jason pra ir com você? — Nico sugeriu, percebendo que a garota estava com receio de que fosse uma armadilha, ou algo assim.

— Eu não estou com medo dele me sequestrar, se é o que está pensando. — Thalia riu, fazendo Nico esboçar um sorriso. — Luke é legal, é uma das pessoas que mais confio na minha vida. É só que… Eu acho estranho eles me chamarem assim, principalmente porque investigaram minha vida, e a maioria das empresas não me querem por causa disso.

— O que eles encontraram? — Nico perguntou o mais casual possível, apesar de algumas ideias surgirem em sua cabeça. Ele havia conhecido a Grace no ensino médio, havia acompanhado, durante um ano e de perto, todas as confusões que a envolvia. Não eram poucas e, tampouco, algo do que se orgulhar.

Ela balançou a cabeça, como que para espairecer, antes de abrir um sorriso:

— Nada. Podemos mudar de assunto? Isso não é algo para conversar em momentos assim. — Thalia falou, o que fez Nico franzir a testa com medo. Com “momentos assim” ela quis dizer em um encontro?! —  Que tal conversarmos sobre filmes?

— Filmes? — Nico franziu a testa, um pouco desconfiado daquilo tudo.

Lançou um olhar rápido para as crianças, com medo que Dimitri contasse para a mãe sobre a conversa que haviam tido há pouco. Mas ele parecia mais interessado em discutir com Hazel sobre qual Tartaruga Ninja era mais legal.

— É, filmes. — Thalia sorriu, erguendo a sobrancelha. — Sabe? Geralmente é exibido em cinemas e televisões, tem pessoas interpretando personagens, conta alguma história…

— Eu sei o que são filmes. — Nico revirou os olhos, fazendo Thalia rir.

— Só estou brincando. — A Grace retrucou, os olhos azuis brilhando. — Você fica fofo quando faz isso, sabia?

— Isso o que? — Nico perguntou sentindo o rosto esquentar e se obrigando a olhá-la nos olhos. Ele não ia dar o prazer para Thalia de vê-lo desviar o rosto envergonhado.

— Revirar os olhos. — Ela respondeu, ignorando o embaraço dele e rindo sapeca. — Você fica de um jeito meio emburrado e quase sempre faz um bico. É fofo.

— Nós não íamos falar de filmes? — Nico requereu, erguendo a sobrancelha para fugir do assunto.

— Eu tentei. — Thalia respondeu. — Mas prefiro falar de você. — Ela piscou para ele, depositando o copo na mesa e vendo-o enrubescer mais. Ela estava começando a se sentir uma pessoa malvada, mas era tentador demais para resistir provocar Nico. — Posso pensar e conversar sobre você por horas.

Nico já estava absurdamente vermelho quando desviou o olhar, obrigando-se a tomar um copo de refrigerante. Thalia tentou conter o sorriso e falhou, decidindo parar de torturar o pobre rapaz.

— Tudo bem, vamos falar de filmes. — Se deu por vencida, dando de ombros. — Quais são seus preferidos?

— Terror. — Nico falou rapidamente, feliz pela troca de assunto e, enfim, voltando a olhá-la. — E o seu?

Thalia pensou em dizer “pornô” apenas para implicá-lo, mas se conteve por causa das crianças. Acabou falando a verdade:

— Ação. — Thalia sorriu. — Mas não dispenso uma boa comédia.

— Filmes históricos também são legais. — Nico sorriu e Thalia fez uma careta.  — Nerd demais?

— Desculpa! — Ela pediu, enrubescendo levemente. Nico ergueu a sobrancelha, tentado a implicá-la em uma vingança, mas se calou antes que o jogo virasse. Na disputa de provocação, ele não era páreo para Thalia Grace. — Faz tanto tempo que não vou ao cinema. — Ela comentou em um tom sugestivo, o qual definitivamente não foi pego por Nico. — Ultimamente é só pra levar Dimitri.

— Digo o mesmo. — O Di Angelo comentou, olhando para a filha. — A última vez foi pra assistir Procurando Dory.

— Dimi tem uma fixação por esse desenho! — Thalia respondeu, bagunçando os cabelos do filho. — Me fez ver mais de quinze vezes só no cinema. Podíamos ir no próximo, que tal?

— No próximo? — Nico murmurou, tentando parecer normal e não afobado. Missão fracassada.

— É, próximo encontro das crianças. — Thalia sorriu, o que fez Nico respirar mais tranquilamente. Ela havia dito encontro das crianças, então o encontro era só das crianças, não é?! Por algum motivo, o sorriso do rapaz se desfez. — Tem uma nova animação ótima. Que tal próximo sábado?

— O que acha disso, filha? — Nico perguntou para a menina, tentando ignorar o desânimo súbito. Ele se virou também para Dimitri, que prestava atenção. — Querem ir no cinema semana que vem?

— Sim! — As crianças responderam ao mesmo tempo, o que fez Nico sorrir novamente:

— Por mim, tudo bem.




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Notas finais do capítulo

Confesso que a parte do Dimi e A Teoria da Pizza de Quatro Queijos foi baseada em fatos reais. Mas, no caso, nem era um tio, foi minha mãe mesmo que me enganou.
Thalia tá terrível, não é não? Tem hora que eu tenho dó do Nico!
E então? Estão gostando?
Acham que a Thalia deveria seguir nessa linha de malícia e provocação? Acham que o próximo encontro vai dar treta? Não percam, sexta no Nyah!Fanfiction!