Fita Azul escrita por Helly Nivoeh


Capítulo 11
Você pode ser irritante, mas não será Will Solace


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores!
Que saudades de vocês!
Sei que andei sumida, mas minhas aulas acabam essa semana, então acredito que vou ter mais tempo de organizar minha vida de ficwriter!
Desejo um feliz ano novo atrasado e espero que gostem do capítulo!



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Você vai querer morrer amanhã.”, infelizmente Will não poderia estar mais certo: Nico acordou com uma dor de cabeça terrível e um gosto amargo na boca; Ele resmungou sentindo alguém balançar-lhe o corpo, chamando-o pelo nome. O Di Angelo se virou por um segundo para o ser malvado que o acordava, antes de voltar a abaixar o rosto, xingando a claridade demasiada.

— Vamos, Anjinho, você tem que trabalhar. — Nico reconheceu a voz de Will, mas isto não o deixou nada feliz. Sentindo o estômago embrulhar, ele ergueu o corpo, dando-se conta que estava deitado só de cueca com um Jason ainda ressoando ao seu lado na cama e Will ajoelhado na outra beirada. — Você precisa de um banho.

Nico grunhiu em resposta, levantando trôpego e indo em direção ao banheiro no fundo do corredor. Ele mal se viu abrindo o chuveiro, deixando a água quente cair e o despertar, sua mente girando tanto quanto seu estômago ao lembrar na noite anterior: Ele não podia acreditar que havia dançado tanto na frente de todos! E, justamente, com Leah!

— Você está vivo? — A voz de Will soou pelo banheiro, antes dele abrir a porta e deixar a mochila de Nico encostada na parede, pelo menos, era o que o Di Angelo pode ver através da silhueta do vidro do box.

— Acho que mortos não sentem tanta dor. — Nico gemeu, fechando os olhos e enfiando a cabeça debaixo do chuveiro. Will apenas riu e saiu, batendo a porta forte demais para o gosto de Nico.

Quando o Di Angelo saiu do banheiro, checou rapidamente o celular, encontrando uma chamada não atendida e várias notificações do despertador logo abaixo do relógio digital que marcava oito horas da manhã. Ele devia chegar no trabalho às nove e meia, uma vez que o Brunch seria servido por volta das dez, mas, a julgar por seu ânimo, esta tarefa seria particularmente complexa naquele dia. Nico nunca havia ficado tão feliz em não pegar o turno do Breakfast do dia.

Ele tropeçou até a cozinha e se sentou à mesa, enquanto o cheiro de ovos mexidos preenchia seu olfato. Aquilo lhe era particularmente familiar, como se tivesse voltado a uma das manhãs de sábado em que ele e Will passavam a madrugada jogando videogame no quarto de Jason e no dia seguinte o Solace acordava completamente enérgico e feliz com o nascer do sol, preparando o café da manhã para eles. Mas, normalmente, isto não incluía uma dor de cabeça atordoante e náuseas.

— Eu vou morrer… — Nico gemeu deitando a cabeça na mesa e fechando os olhos.

— Quase me esqueci como você é dramático. — A voz de Will soou animada no exato momento em que Nico sentiu o afago nos cabelos, os dedos finos a brincar com os fios negros antes do Solace se inclinar e depositar um beijo no topo da cabeça do amigo. — Você vai ficar bem, Anjinho. Só precisa se hidratar.

— Você não deveria saber me curar? — Nico reclamou, usando a mágoa do amigo o abandonar para ir estudar medicina do outro lado do país. — Achei que estudasse para isso.

— Eu estudo para achar a cura da AIDS, não pra melhorar ressaca! — Will revidou, rindo e se sentando ao lado do amigo.

— Inútil. — Nico resmungou.

— Mas talvez eu possa fazer algo pra te ajudar, só porque eu sou o melhor amigo do mundo.

Alguns amigos normais tentariam ajudar Nico; alguns amigos estudantes de medicina poderiam dar aspirinas; mas Will apenas pegou a mão direita livre do amigo e colocou sobre os cabelos dourados.

— Brilha linda flor, — Will cantou a música do filme da Walt Disney Pictures. — teu poder venceu, trás de volta já o que uma vez foi meu…

Nico apenas gemeu novamente e deu um tapa na cabeça do amigo com toda a força que ainda possuía, o que não era muita, e só causou risos em Will.

— Você é o pior amigo do mundo, Willian Joseph Solace. — Nico gemeu, puxando o braço para se enrolar mais. — Eu quero me encolher em um canto escuro e ficar lá até virar um dente de leão.

— Por que um dente de leão? — O Solace perguntou interessado, ainda afagando os cabelos do moreno.

— Porque um dente de leão não trabalha, não tem dor de cabeça e não sofre sendo seu amigo!

— Você tem sim, um sonho sim! — Will voltou a cantar outra canção do filme, fazendo Nico revirar os olhos mentalmente com medo de abrir os olhos escuros. — Ser um dente de leão é o maior sonho da sua triste e mórbida vida!

— Will, cante mais uma música de Enrolados e eu te mando pra Califórnia pelo atalho do Tártaro! — Nico ameaçou.

— Dimi adora esse filme, mas não lembro nada de Tártaro.

Nico ergueu a cabeça minimamente e percebeu que era Thalia quem estava no fogão, não Will como ele pensava — bom, isso explicava porque o cheiro era tão bom —. Ela se recostou no balcão que dividia a cozinha da copa e inclinou para a frente, os cabelos escuros fugindo do coque ao sorrir. Ela estava bonita de uma forma natural, tão bonita que fazia a cabeça de Nico doer.

— É uma nerdice. — Will explicou animado e Nico queria ter força para lhe dar outro tapa. — Meu Anjinho é viciado em mitologia grega.

— Will? — Nico chamou com a voz rouca.

— Estou aqui, querido. — Will falou calmamente, fazendo cafuné em Nico novamente.

— Cale a boca. — O Di Angelo resmungou e, mesmo sem olhar, podia visualizar o bico do amigo.

— Vocês são divertidos. — Thalia comentou rindo, antes de colocar um copo cheio de água na frente de Nico. — Tome um pouco de água, isso vai ajudar.

Nico resmungou e ergueu a cabeça lentamente, levando o copo aos lábios e se obrigando a tomar o líquido, mesmo com o gosto amargo na boca.

— Você faz a mesma cara que o Dimi quando bebe remédio. — Thalia riu, encostada ao lado da mesa. Com a cabeça meio abaixada, Nico tinha a visão clara das pernas nuas da garota tampadas apenas por um short muito curto. Ele normalmente desviaria o olhar, mas a cabeça latejava ao se mover, então ele só fechou os olhos.

— Meu Anjinho tem um sério problema com remédios. — Will comentou em um tom pesaroso, aumentando exponencialmente a vontade de Nico morrer. — Prefere beijar árvores a tomar xarope!

— Will, cala a boca, por favor. — Nico pediu em um tom choroso. — E pare de me chamar de Anjinho, eu já tenho vinte e dois anos!

— Meu bebêzinho! — Will exclamou, ignorando o fato de que ele possuía a mesma idade. Ele abraçou Nico de lado, fazendo o moreno resmungar em dor. — O mais dramático de todos! — Nico escutou a risada de Thalia e quis morrer. O Solace também riu baixo e acrescentou no ouvido de Nico, em um tom que só os dois podiam ouvir. — Posso te envergonhar na frente da crush?

Nico quis o xingar; Talvez lhe dar um tapa; Mas se contentou em querer morrer, principalmente quando sentiu vibrações em cima da mesa que faziam sua cabeça querer explodir.

Will capturou o celular um pouco brusco e rápido demais, antes de levá-los aos ouvidos já se afastando da mesa, soando nervoso. Nico ergueu a cabeça curioso e semicerrou os olhos, observando Will falar o mais baixo possível no aparelho, olhando para trás vez ou outra, há alguns metros. O moreno tentou fazer linguagem labial, mas só identificou um sorriso ao final da chamada, um sorriso bem diferente do sarcástico ou reluzente que Will tinha.

O Solace desligou o celular e enfiou no bolso, respirando fundo antes de voltar à mesa como se nada tivesse acontecido. Nico ficou o encarando, ainda com os braços apoiados sobre a mesa e com a cabeça por cima deles, uma expressão um tanto quanto confusa e emburrada.

— Então, o que estávamos falando? — Will perguntou como se nada tivesse acontecido e não notasse a expressão de Nico. — Ah, sim, sobre como você é meu bebêzinho. Não concorda, Senhorita Grace? Aliás, você é um pouco mais velha que nós né? — Ele se virou para a morena que havia deixado a mesa e estava de volta ao fogão, terminando de fazer panquecas. — Tá com quanto? Vinte e cinto?

— Vinte e quatro. — A Grace corrigiu, mordendo um pedaço tostado de panqueca. — Sou dois anos mais velha que Jason.

— O que significa dois anos mais velha que nós. Eu me lembro de você no ensino médio, Leah. — Will continuou tagarelando, mas Thalia não se importava, ela até ria e pareceu não notar pela forma como foi chamada. — Fui um dos primeiros a se juntar ao tumulto quando você decidiu agraciar a toda a escola com a belíssima visão do seu corpo seminu. Juro que fui um dos primeiros a tirar a calça!

— Eu deveria me sentir honrada? — Thalia perguntou, relembrando um dos dias mais importantes da sua vida. Aquela cena se encaixava na lista de maiores vergonhas que já passou e nas suas ações que mais a orgulhavam.

— Acredita que Nico e Jason quase me bateram? — O Solace continuou, assentindo com a cabeça para a pergunta da garota. — Eles reclamaram que era atenção de mais, que meu pai me mataria e que minha cueca com solzinhos era brega demais! Acredita?!

— Cueca de solzinho não são a melhor opção. — Thalia falou pesarosa, ainda focando nas panquecas.

— E o que acha de cuecas com caveirinhas? — Will deu uma piscadinha para Nico, mas o Di Angelo continuava a fitá-lo irritado e abismado. O loiro somente o ignorou.

— Desde que o que estiver dentro não esteja morto… — Thalia respondeu maliciosa e Will gargalhou.

— Vocês vão acordar as crianças. — A voz de Jason soou na entrada da cozinha. Ele vagou até a mesa, se sentando de frente para Nico, os cabelos loiros parecendo um ninho de rato, mas não estava com tanta ressaca quanto o Di Angelo, afinal, a do Grace era apenas por sono. — O que estão falando?

— Sobre quando sua irmã ficou nua na frente da escola. — Will falou sorridente, enquanto Thalia depositava um prato com panquecas em cima da mesa.

— Seminua, na verdade. — A Grace corrigiu sorrindo. — Eu ainda fiquei de calcinha e tampei meus seios, apesar de ter perdido meu sutiã.

— Não tinha um assunto melhor não? — Jason reclamou, se servindo de uma das panquecas.

— Eu achei algo muito corajoso. — Will opinou. — Quem era o garoto que você estava defendendo mesmo?

— Octavian Alguma-Coisa. — Thalia revirou a memória, colocando outro vasilhame com ovos mexidos na mesa. — Ele foi de saia e não deixaram ele entrar porque “saia é coisa de menina”. — A Grace remedou a inspetora, fazendo Will rir. — Então eu tirei minha calça e troquei com ele.

— Por que tirou a blusa mesmo? — Will perguntou, mesmo sabendo a resposta.

— Eles me disseram que eu não podia ficar só de camiseta. — Thalia deu de ombros, fingindo inocência. — Então eu tirei ela.

— Muito sábio de sua parte. E como foi parar sem sutiã?

— Se é pra tirar a roupa, — Desta vez, o sorriso de Thalia deixou a inocência e se tornou realmente malicioso. — vamos ficar nus logo! — Will gargalhou enquanto Jason fingia que vomitava e Nico ainda encarava o melhor amigo ao seu lado. — Só não tirei o resto porque Connor e Travis me tiraram dali.

— Poxa! Por que?

— Eles disseram que Luke não ia gostar disso.

— Você não me parece o tipo de garota que deixa o namorado dizer o que pode ou não fazer. — Will comentou, analisando-a metodicamente.

— Eu disse pra eles que se Luke não gostasse de me ver pelada, que fechasse os olhos de noite.

— Ew! — Jason exclamou. — Thalia, eu sou seu irmão!

— Desculpa, Maninho! — A Grace se desculpou, dando um beijo no alto da cabeça do irmão.

— Imagino que a reação de Luke não foi muito legal. — Will continuou o assunto, alheio a privacidade dos amigos.

— Pior que ele achou legal o que eu fiz! — Thalia respondeu, se sentando ao lado de Jason e de frente para Will. — Ele é um cara legal até.

— Faz tempo que não vejo ele.

— Ah, ele tava aqui ontem com os irmãos. — A Grace explicou, beliscando as panquecas. —Parece que tá trabalhando com algo de computador, sei lá, e os Stolls estão fazendo direito juntos. Não duvido que troquem de identidade durante as provas, de tão iguais que são!

— É bem provável. — Will concordou, balançando a cabeça. — Você é formada em administração, né?

— Uhum. — Thalia concordou de boca cheia, antes de engolir e completar: — E você?

— Sofrendo com medicina. — Will suspirou pesarosamente, pensando na quantidade de matérias acumuladas que tinha que estudar. — E você, Jay-Jay? Como vai engenharia?

A atenção se focou no Grace mais novo, entretanto, ele não respondeu, observando o Di Angelo ainda encarar Will com uma expressão quase ofendida.

— Nico? — Jason chamou, preocupado. — O que foi?

O Di Angelo lentamente se virou para ele, os olhos arregalados apesar da ressaca e o a boca aberta em surpresa.

— Nico? — Jason chamou novamente, apreensivo.

— Você sabia que Will tá namorando?! — A voz do garoto saiu mais fina que o normal, incrédulo.

— O que?! — Jason gritou, arregalando os olhos claros e erguendo-se da mesa. — Willian Solace, explique isso agora!

— Quem disse que eu estou namorando? — Will questionou, tentando fugir da pergunta.

— Eu te conheço, Will! — Nico exclamou exaltado. — Você tá namorando e não contou pra gente, seu bastardo ensolarado!

— Primeiro: Bastardo ensolarado? — O Solace perguntou, fazendo uma careta. — Segundo: Calma! Nem é tão sério assim!

— “Nem é tão sério assim” — Jason remedou. — Quando ia nos contar?! No casamento?! Ou só ia chamar seus novos melhores amigos?!

— Ai, não! — Will resmungou, abaixando a cabeça. — Vocês são meus melhores amigos!

— Somos mesmo?! — Nico questionou, antes de xingar em italiano devido a rapidez com que moveu a cabeça. — Pode ir passando o nome!

— Facebook, Whatsapp, Instagram! — Jason ordenou, completando. — Até Linkedin eu quero!

— Nem pensar! — Will se defendeu. — Eu gosto dele e não vou deixar vocês espantarem mais um namorado meu! Eu ainda me lembro o que vocês fizeram com o Ryan na formatura! Acredita que eles viraram para o garoto e disse que ele não era digno de ir comigo no baile porque tirou B- em álgebra?!

— É claro! — Nico se defendeu. — Você merecia alguém à sua altura!

— Você só tirava C-! — Will revidou, exasperado.

— Eu não disse que eu sou à sua altura!

— Gente, calma! — Thalia tentou apaziguar, apesar de estar morrendo de rir. — Vamos agir como adultos, ok? Acho que Will tem direito de namorar quem ele quiser.

— Sua traíra! — Jason reclamou.

— Não acredito que dancei com você! — Nico completou brincando. — Eu não posso deixar minha filha ser sua nora!

— Desiste, Leah. — O Solace suspirou dramaticamente. — Eu já o fiz faz tempo!

— Sinto muito, Will. — Ela respondeu pesarosa. — Boa sorte com seu namorado.

— Obrigado, minha linda.

— A única coisa ruim nisso é que minha amiga que dançou com você ontem vai ficar chateada. — A Grace comentou, fingindo um suspiro pesaroso.

— É uma pena, querida. Mas eu sou homossexual. — Will suspirou dramaticamente. — Pelo menos, a maior parte do tempo.

— A maior parte do tempo?

— É. — Will deu de ombros, dando seu sorriso mais sedutor. — Você é a única que me faz duvidar da minha sexualidade! Ah, e a Kaya Scodelario, porque aquela mulher...!

— Eu?! — Thalia questionou, erguendo a sobrancelha surpresa.

— É. — O Solace confirmou sorridente. — Ah! você sabe que a tríade das Rainhas Más alucinavam os sonhos de todos os meninos e muitas meninas dali! Silena sempre foi a mais bonita e Bianca a mais sexy, mas você quem tinha presença!

— Obrigada, eu acho. — Thalia riu, um pouco impressionada pela sinceridade de Will.

— Pare de cantar minha irmã, Solace. — Jason resmungou, remexendo no prato.

— Está vendo meu triste fardo, Leah? — Will suspirou dramaticamente. — Meus amigos querem que eu morra sozinho e encalhado!

— Não seja tão dramático, Sunshine. — Nico resmungou, olhando para sua panqueca como se ela fosse o monstro querendo devorá-lo. — Você já tem a gente. O que mais quer?

— Que tal amigos que não fiquem de ressaca tão fácil? — Will suspirou, vendo o estado deplorável do amigo que fazia careta para comida. — Vamos, Anjinho, tome um pouco de café da manhã. Meu pai quer que eu vá pra casa da namorada dele, então vai passar daqui a pouco, pra sua sorte fica pro rumo da sua casa.

— Eu não quero carona. — Nico resmungou, um pouco nervoso.

Ele odiava pegar carona porque sempre se sentia incomodando e incomodado pela obrigação de manter uma conversa civilizada. Ele adorava transportes públicos porque lhe inspiravam, ele sempre se sentia como em um videoclipe ao ver a paisagem passando rapidamente pela janela do ônibus, os fones de ouvido lhe poupando do tormento de ter que conversar com a idosa carente que sentava ao seu lado e queria falar da nova construção perto da rodovia.

— É apenas meu pai. — Will falou calmamente, sabendo dos problemas do amigo. — E ele só está vindo porque quer uma desculpa para ver Hazel.

— Ele viu ela ontem. — Nico resmungou.

Will era filho de uma cantora country, Naomi, e o médico pediatra, Apolo. Eles nunca foram casados, mas Will se dava bem com ambos, sempre viajando para o Texas para visitar a mãe desde o ensino médio, na época que morava com o pai, e continuava enquanto morava nos dormitórios da UCLA. Nico havia pego incontáveis caronas com Apolo quando eles voltavam tarde da casa dos Graces.

— Consulta de rotina? — Will perguntou, preocupado com Hazel e Nico assentiu com a cabeça, fazendo uma careta ao sentir a cabeça latejar.

— Foi lá que Dimitri pediu ela em casamento. — Nico lembrou. Isso o fez pensar em como, em menos de vinte e quatro horas, sua vida havia mudado tanto que parecia o ensino médio novamente, mas com Thalia não o ignorando.

— Então não foi tanta coincidência assim. — Thalia comentou, se infiltrando na conversa. — Jason que me recomendou o médico.

— Apolo é competente e legal. — Jason deu de ombros, antes de sussurrar baixo: — Principalmente quando não pergunta como foi que alguém deslocou o braço no final de semana e só coloca no lugar.

— Ou como você conseguiu um "galo" enorme na cabeça. — Nico riu, antes de gemer pela dor de cabeça.

— Que história é essa? — Thalia perguntou interessada, franzindo a testa.

— Nada! —Nico e Jason disseram ao mesmo tempo, entreolhando-se.

— Ah, minha querida Leah, — O Solace comentou, sorrindo mordaz. — você se surpreenderia como esses dois não são tão bem comportados assim.

— Cale a boca, Will.— Nico ordenou novamente.

—  Lembre-se do pacto. — Jason completou, um pouco nervoso.

— Tudo bem, meus queridos. — Will suspirou dramaticamente. — E eu sempre me lembro do pacto, Passarinho.

— Pacto?—Thalia tentou evitar a risada diante de tanta “nerdice”.

— Primeira regra do pacto: não fale sobre o pacto. — Nico advertiu, fuzilando Will com os olhos.

— Isso não é de clube da luta? — Os três se viraram assustados para Thalia, como se não esperassem que ela entendesse a referência. — O que é? Eu vi a nova versão! Tem a Helena Bonham Carter, gente! Até Harry Potter eu li por causa da Bellatrix!

— Eu não acredito que você sabe ler! — Jason exclamou e Thalia acertou um tapa no irmão.

— E eu não acredito que somos irmãos!

— Meu pai já está chegando. — Will advertiu para Nico, deixando os Graces discutindo. — Melhor ir buscar Hazel. Quer que eu a leve?

— Não. — Nico resmungou, se pondo de pé com uma careta, devido a dor de cabeça. — Já estou melhor.

Will deu de ombros, mastigando o que restava da panqueca, mesmo sabendo que o amigo estava em um estado deplorável.

— Vou te ajudar. — Thalia também se levantou e o guiou até o quarto, abrindo a porta para Nico entrar e pegar a filha.

— Obrigado por ter deixado ela ficar aqui. — Nico sorriu amarelo, pegando a filha no colo, que havia passado a noite dormindo com Dimitri e Thalia.

— Não foi nada, ela dorme como um anjinho. — A Grace sorriu, abrindo a porta para ele passar. — Ah, Nico? — o Di Angelo se virou, franzindo a testa ao fitá-la. — Obrigada por me fazer descer, eu me diverti muito.

— Disponha. — Ele sorriu envergonhado, em dúvida se também admitia que havia se divertido muito.

(...)

— Cara, ela tá tão na sua! — Will exclamou assim que entraram no carro.

— O que? — Nico murmurou, tentando se fazer de desentendido.

— Leah! — O loiro continuou, olhando para Nico através do espelho retrovisor. — Ela definitivamente está a fim de você!

— Ela prefere ser chamada de Thalia. — O Di Angelo resmungou, abaixando a cabeça para observar a filha, que dormia tranquilamente em seu colo. — E definitivamente você está errado.

— E você ainda não tem uma queda por ela!—Will exclamou sarcástico, revirando os olhos para imitar o amigo.

— Ainda com essa paixonite? — Apolo perguntou, rindo de Nico.

Ele era tão parecido com o filho — Tanto nas questões físicas, quanto nas psicológicas, mas, talvez, com Will um pouco mais responsável — que poderiam ser confundidos como irmãos, afinal, Apolo sequer havia chegado aos quarenta ainda.

— Will está insano. — Nico continuou resmungando, fechando os olhos por causa da dor de cabeça. — Acredita que ele está namorando?

— Obrigada por contar, Di Angelo. — Will imitou o tom mal humorado do amigo, apesar de manter seu perpétuo sorriso.

— Já estou sabendo disso sim, — Apolo respondeu, sem desviar os olhos azuis da pista. — Pollux é um bom garoto.

— Pollux? — Nico questionou. Ele só havia visto esse nome na mitologia greco-romana, logo usaria todas as referências para implicar. — Que diabo de nome é Pollux? Ele por acaso tem um irmão Castor? E uma irmã Helena? Fundaram Roma?

— Sim, é um nome. — Will replicou, se perguntando porque ainda tinha um amigo tão dramático. — E sim, ele tem um gêmeo chamado Castor, mas ele morreu, então não faça piada disso. E largue de mau humor! Quando eu te pedi em namoro você rejeitou!

— Porque você ia pra Califórnia! — Nico argumentou, controlando o tom pra não acordar a filha. Não que ele tivesse qualquer rancor ou arrependimento de ter dito “não”, apenas gostava de resmungar e achava esse argumento muito “golpe baixo”. — Eu não podia deixar Hazel. E o que temos não é esse tipo de amor, Sunshine.

— Eu sei, Anjinho. — Will olhou pelo espelho retrovisor, rindo do amigo que o fuzilava com os olhos, fazendo um bico inconscientemente. — Eu só uso como drama, principalmente quando discuto com o Lorde Supremo das Trevas e Melancolia.

Nico revirou os olhos, o que lhe causou dor, desistindo da briga.

— Will disse que o senhor está namorando. — O Di Angelo comentou casualmente, querendo mudar de assunto, e Apolo freou o carro de uma vez.

— O que?! — O pediatra gritou, olhando com raiva e assustado para o filho, que apenas deu de ombros, como se fosse normal os surtos do pai. O que era.

— Ele disse que o senhor ia para casa da sua namorada. — Nico completou, já se dando conta do que aquilo significava.

— Eu já disse um milhão de vezes que Ártemis é apenas minha amiga! — Apolo resmungou, ligando o carro novamente, ignorando o fato de que seu rosto estava vermelho de vergonha.

— Uma amizade mais colorida que a nossa. — Will piscou para Nico, implicando.

— Sempre shippei Apotemis. — O Di Angelo concordou, rindo da cara do pai do amigo.

Apolo sempre era amigável e nunca os levava a sério, mas quando o assunto era Ártemis Arrow parecia um adolescente cheio de espinhas, músculos flácidos, ego quebrado, insegurança e de nome estranho.

— Então, — Will decidiu mudar de assunto, antes que seu pai desse um ataque cardíaco. Ele não estava com ânimo pra fazer massagem cardíaca logo de manhã. — Por que será que Jason largou a faculdade?

— O que? — O Di Angelo questionou, surpreso. Ele ainda estava alheio à realidade, pensando na noite anterior e tentando lidar com a ressaca.

— Acorda, Nico! — O loiro reclamou, virando o corpo pra trás, para ter uma melhor visão do amigo. — Ele voltou do nada, não deu tempo de terminar o curso e não falou nada sobre aulas ou emprego. É do Jason que estamos falando!

— Não parei pra pensar nisso. — Nico refletiu pensativo. Aquilo era muito invulgar, Jason sempre foi de contar os mínimos detalhes.

— Estranho… — Will comentou, voltando-se novamente para frente e observando a janela.

Nico não respondeu, apesar de concordar. O silêncio no carro durou alguns segundos, antes de Will aumentar o volume do som do carro no máximo, a melodia de Total Eclipse Of The Hearth sendo veneno com a ressaca do moreno.

O Di Angelo o xingou em italiano, esbravejando para que abaixassem antes que sua cabeça explodisse por causa do barulho. Will apenas gargalhou e abaixou o volume, fazendo um coração com as mãos quando Nico fez um gesto obsceno e Apolo apenas revirou os olhos, tendo desistido de repreender o filho há muitos anos.

— Pai, você não vai acreditar com quem Nico dançou ontem. — Will voltou a importunar em menos de um minuto, fazendo Nico considerar pular do carro. Nem estava tão rápido assim mesmo, 80 km/hr não o mataria, né?

— Quem?

— Já ouviu falar de Silena Beauregard?

Nico revirou os olhos e encostou a cabeça no banco, afagando os cabelos da filha deitada em seu colo. Já não bastava as chacotas de Will, agora Apolo ajudaria com as piadas. Mas, tudo bem. Este era um pequeno preço a se pagar para a ótima noite que ele teve.


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Notas finais do capítulo

Gente, eu amo o Will Solace ♥
"Como fazer o Nico hétero" - pesquisar.
Gente, só consigo enxergar esse menino como bissexual!
Então, o que acharam?!
Eu adoraria saber a opinião de vocês!
~~~estou ficando assustada com as teorias. Tem gente que tá quase acertando~~~
Obrigada pela atenção!
Beijinhoskisskiss ♥