Fita Azul escrita por Helly Nivoeh


Capítulo 10
Bailando


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinhas,
Eu amei escrever esse capítulo, espero que vocês também amem e coloquem as músiquinhas lindas que escolhi para o capítulo.
Boa leitura!



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— Se metade dos meus alunos fossem iguais a você, eu não precisava ensinar ninguém a dançar! — Silena exclamou logo depois de ensinar os passos básicos do merengue¹ para Nico, enquanto ele a conduzia pela pista, a qual os dois ocupavam o centro e atenção da maioria dos espectadores, mesmo que alguns casais ainda se arriscassem ao seu lado. Até mesmo Will Solace conduzia uma belíssima loira e Jason Grace havia tentado uma música ou outra com uma morena.

— Eu adoro dançar!  — Nico revelou perto do ouvido da Beauregard para que fosse ouvido acima de música de Enrique Iglesias. — Minha mãe me ensinou desde criança.

— Já tinha dançado merengue? — Silena perguntou, um tanto impressionada com a maneira com que o di Angelo rebolava, a medida certa entre leveza e rapidez, tornando sensual. Isso a fez imaginar em como o moreno mexia os quadris em outras situações.

— Não. — Ele respondeu com um sorriso, a pele dourada brilhando de suor. — Minha mãe era italiana, me ensinou tango, valsa, bolero... Um pouco de cada. Mas latina eu só vi salsa.

— Gente! Se você aprender lambada eu vou te contratar! — Silena exclamou, pensando em como as alunas da sua academia iriam adorar ter Nico (tão perto) como professor. — Um rebolado desse não deve ser oculto do mundo.

O Di Angelo riu, mexendo os quadris e afastando levemente para Silena girar.

— Seu namorado não tem ciúme não?  — Nico perguntou, vendo Beckendorf conversando em um canto com Percy, vez ou outra olhando Silena.

— Não mesmo! — A Beauregard riu, depositando a mão no ombro de Nico. — Charles sabe que meu coração é só dele! Mas, como ele não gosta de dançar em público, então tenho que me virar!

— Pode dançar comigo sempre que quiser! — Nico ofereceu, sorrindo. — Faz tanto tempo que não danço! É bom encontrar uma parceira tão boa depois de tantos anos!

A música acabou e Silena o soltou, um pouco sem fôlego, o que era bem raro.

— Pode deixar que vou cobrar! — A morena avisou com um sorriso predatório. — E digo o mesmo sobre faltar parceiros de dança! Só não topo outra música porque estou um pouco zonza.

— Te dou uma música para descansar!

— Obrigada, Nico. — Silena se inclinou e o beijou na bochecha, deixando-o para ir em direção ao namorado.

Nico olhou em volta, a procura de uma possível parceira, quando sentiu uma mão no seu ombro.

— Quantos copos, Anjinho?

O Di Angelo se virou para trás, encontrando os olhos de Will fixos nele.

— O que? — Nico perguntou confuso, se perguntando se deveria chamar Will para dançar. Pelo o que ele havia visto, o Solace até tinha desenvoltura.

— Vamos dar uma volta. — Will convidou, apertando-o no ombro, o que já impedia os protestos que Nico formulou, mas desistiu, se deixando sair da pista de dança. Ele rumou para a mesa de bebidas, mas Will impediu que ele pegasse outro copo.

— Calma aí, Garoto das Sombras. — O Solace recomendou, dando seu melhor sorriso de futuro médico.  — Não queremos outro incidente envolvendo paredes.

— Eu só tomei três copos! — Nico argumentou, mas, por causa da sua baixa tolerância a álcool, Will sabia que um copo já era suficiente para deixá-lo embriagado e "feliz demais". Isso não era ruim, ruim era a ressaca que ele ficaria no dia seguinte.

— Que tal checarmos Hazel e comer alguma coisa? — Will sugeriu, tentando amenizar os futuros sintomas da manhã seguinte.

— Eu fui lá agora. — Nico mostrou o celular que estava programado para despertar a cada uma hora, quando ele ia ver se a filha estava dormindo. Ainda faltavam quinze minutos para a próxima verificação.

— Certo, mas vamos comer alguma coisa.

Nico já ia resmungar que não queria quando sentiu uma mão lhe bater levemente no braço.

— Você me deixou sozinha! — A voz de Thalia soou acima do som quando ela se pôs na frente dele, um tanto quanto irritada.

— Tinha muitas pessoas! — Nico explicou, soando um pouco histérico. — Eu tenho medo de pessoas!

— Você me fez descer! — Thalia argumentou, soando mais mimada do que queria. — Me faça companhia!

Antes que Nico pudesse retrucar, outra pessoa mau humorada se aproximou.

— Escuta aqui, Cara de Pinheiro, — Percy resmungou, irritado por causa do sono que sentia e a dor de cabeça provocada pelo som alto. — eu atravessei o país para vir aqui te ver, se você continuar me ignorando eu vou te tirar da lista de presentes de natal! Se você não quer falar de Cancum: Pra mim tá ótimo! Mas eu quero saber se você é ou não minha amiga!

Thalia olhou perplexa para o primo por alguns segundos, antes de começar a rir e envolvê-lo em um abraço.

— Só você mesmo, Nemo!

Thalia retrucou, chamando-o pelo apelido dado por ela. Percy pareceu feliz ao apertar a prima.

— Eu senti sua falta, Para-Raios! — Percy se afastou, coçando os olhos verdes. — Mas eu tô caindo de sono, podemos marcar um almoço amanhã pra colocar os assuntos em dia? Eu, você e Annabeth?

Nico percebeu como Thalia ficou tensa e seu olhar se dirigiu para a namorada do primo, que se aproximava com um sorriso.

— Leah! — Annabeth Chase exclamou se inclinando para abraçar Thalia. Nico não precisava ser um perito em abraços desconfortáveis para saber que aquele era um dos mais falsos que testemunhava. — Como vai?

— Eu vou bem. — Thalia murmurou constrangida. — E você?

— Bem! — Annabeth sorriu e Nico não sabia dizer se era verdadeiro ou não. Até onde sabia, Thalia nunca havia gostado da Chase. — Eu ouvi bem ou Percy estava te chamando pra almoçar com a gente?

— Qualquer coisa que não envolva frutos do mar, por favor! — O supracitado Percy ponderou, confirmando para a namorada o convite.

— Poxa, eu adoraria! — Thalia sorriu amarelo, olhando em volta a procura de uma válvula de escape. — Mas já tenho compromisso!

— Mesmo? — Percy murmurou cético. Até o rei da lerdeza havia percebido a mentira. — Qual é?

Thalia abriu a boca para inventar qualquer coisa, mas não foi sua voz que saiu.

— Eu! — Nico se ouviu dizer e, felizmente, Thalia foi a única dos três a não demonstrar surpresa. Se bem que até Nico demonstraria surpresa se não estivesse embriagado. — Nós vamos almoçar amanhã.

— É.  — Thalia completou.  — Desculpa, mas vou ter que passar.

— Tudo bem. — Percy murmurou, franzindo a testa. — De qualquer forma você vai amanhã para o jantar lá em casa não é? Seu pai já disse que vocês iam.

— Claro. — Thalia forçou um sorriso que pareceu verdadeiro o suficiente para Percy corresponder.

— Então nos vemos amanhã. Tchau, Cara de Pinheiro. — Percy abraçou a prima com força novamente que correspondeu desajeitada. Felizmente para ela, Annabeth apenas acenou um tchau e se retirou com o namorado, reclamando que o táxi já estava os esperando.

— Você vai querer morrer amanhã. — Will comentou animadamente para o melhor amigo.— Mas, não se prenda a isso: Vá dançar, eu fico de olho em Hazel.

— Obrigado Will! — Nico sorriu e o beijou na bochecha, antes de puxar Thalia pelo pulso em direção à pista de dança onde tocava Duele El Corazon².

— Não é assim que se chama pra dançar! — Thalia reclamou rindo e tropeçando com os saltos. Nico parou e a Grace foi de encontro às costas dele, se apoiando para não cair.

— Você disse que tenho que ficar perto de você! — Nico explicou, se virando quando Thalia conseguiu se equilibrar sem apoiar nele. — E eu quero dançar!

— Quem disse que eu sei dançar? — Thalia ergueu a sobrancelha, sorrindo alheia as pessoas lhe encarando com curiosidade.

— Eu sei que você sabe. — Nico deu de ombros, piscando. — E se não soubesse, eu te ensino!

— Tudo bem, Senhor Dançarino Número Um! — Thalia riu e estendeu a mão para ele, que a aceitou, levando-a mais educadamente para a pista de dança, de mãos dadas.

A prova concreta de Nico estava realmente embriagado se deu no momento em que ele colocou as mãos de Thalia no seu pescoço e colou a cintura na dela, a perna direita dela encaixada entre as dele, o corpo dela se movendo no ritmo dele, moldado-se à ele.

Ela podia sentir os dedos dele na pele nua da cintura dela entre o cropped e a saia, a mão dela lhe segurando no pescoço causando arrepios no rapaz; podiam sentir os batimentos e a respiração um do outro, o roçar de uma perna na outra, bem como os sexos se chocando entre um movimento e outro, os olhos se atraindo, preto e azul, como raio e sombra.

Nico havia reparado que o azul dos olhos de Thalia eram bem diferentes dos de Jason. Os do garoto era de um azul límpido, como o céu em um dia ensolarado, já Thalia era mais como em uma noite de tempestade, de um azul pouco mais escuro, mas como se possuísse eletricidades, raios tão faiscantes quanto a presença dela. E estarem tão perto, a respiração de Thalia a lhe afagar o rosto, fazia com que ele se perdesse nos olhos dela, os lábios ansiosos por provarem os da Grace, completamente atraído e enfeitiçado.

Mas, mesmo embriagado, ele não o faria, não só por respeito a Jason, mas também por Thalia, ela queria ser alguém completamente diferente e se agarrar com um cara em uma festa era algo que Leah faria, se Thalia quisesse beijá-lo, Nico apenas deixaria os lábios próximos.

— Você até que dança bem. — Thalia elogiou, um sorriso leve brincando nos lábios.

— E eu acertei o mesmo sobre você. — Nico respondeu com um sorriso presunçoso, se afastando para fazê-la girar bem lentamente, os olhos ainda fixos nos dela.

— Melhor que Silena? —A Grace questionou quando se encaixou novamente para voltar ao passo básico, dessa vez a mão esquerda sobre a omoplata dele e a direita entrelaçada à esquerda dele; Os dedos de Nico lhe tocando na omoplata, os braços roçando a cada movimento, nessa posição facilitava os giros que era o verdadeiro charme no merengue.

— Ela dança melhor. — Nico respondeu sincero, causando um riso em Thalia. — Mas eu prefiro dançar com você.

Ele a pressionou levemente nas costas, indicando que ela deveria se afastar para girar novamente e assim se seguiu uma música atrás da outra, ambos gargalhando e se movendo tão rápido quanto sutilmente, vez ou outra dando pausas de segundos para respirar, antes de voltarem a se enlaçar e rebolar, sincronizados até no olhar.

Mesmo quando o ritmo mudou e se tornou mais fácil dançar sozinho ao som de Ricky Martin, o casal não abandonou a pista de dança, se juntando à uma Silena demonstrando que não era à toa a profissão que escolheu, os pés já descalços para aproveitar melhor, um Jason ensopado de suor depois de dançar com a Beauregard e Will parecendo tão belo e animado quanto sempre, todos em um centro alheios à preocupações.

Eles nem perceberam quando a festa esvaziou, Nico só se deu conta quando foi checar a filha mais uma vez e percebeu que o sol nascia no horizonte e ele se deu conta de que a festa havia sido bem melhor do que imaginou ser possível.

— Cansado? — A voz de Thalia soou perto de Nico e ele se virou com um sorriso, encontrando-a encostada em uma pilastra com um copo na mão. Seu cabelo estava emaranhado e úmido de suor, a maquiagem desfeita e os pés descalços, mas ela parecia tão linda quanto fascinante para Nico.

— Nem um pouco! — Ele respondeu, apesar de já sentir um pouco de dor nas pernas de tanto dançar. — E você?

— Acho que consigo mais uma dança. — Ela sorriu, mordendo os lábios já despidos de batom. — Me acompanharia?

— Com prazer. — Ele esticou o braço e Thalia depositou a mão sobre a dele, caminhando lentamente até a pista improvisada. Apenas Silena e Charles estavam ali, envolvidos em um abraço ao deslizarem ao som de Eres Mi Religion³.

Thalia abraçou o pescoço de Nico e ele a enlaçou pela cintura, de forma que ela podia ouvir os batimentos do coração dele se sentir o perfume amadeirado sob o suor e álcool quando apoiou a cabeça no peito dele. Eles dançaram em círculos suaves, quase sem se mover, apenas sentindo as melodias leves e a brisa fria que os acalmava no amanhecer.

— Você até que não é tão tímido. — Thalia comentou, erguendo a cabeça para conseguir falar no ouvido de Nico.

— É só porque eu tô bêbado. — Nico riu, explicando e Thalia não resistiu em o acompanhar. A maioria dos caras que ela conhecia, ao ficarem bêbados, se tornavam babacas grosseiros e/ou chorões, Nico ficava mais fofo e espontâneo.

— Você não acha isso um mau exemplo pra sua filha? — Thalia perguntou depois de alguns segundos em silêncio. Nico demorou um pouco para responder também, refletindo sobre a questão.

— Eu acho que não temos que parar de viver por causa de nossos filhos. — O Di Angelo respondeu por fim, levando Thalia a olhá-lo nos olhos. — Eu quase nunca bebo e sei me controlar, eu sei qual o meu limite. Assim como meus amigos: eu sempre bebo do lado de Jason ou Will que não me deixam extrapolar. Eu não vou fazer nada idiota que me envergonhe ou envergonhe Hazel, ou que a machuque. Quando ela crescer vai ter a escolha de beber ou não, e se ela escolher o primeiro espero que possa se espelhar em mim e ver que tudo precisa de um limite, que ela pode se divertir com ou sem bebida alcóolica e até lá eu só posso ensinar as vantagens e desvantagens de cada um. Eu sei que temos que dar bons exemplos, mas também não podemos viver na hipocrisia de uma vida sem graça. Não dá pra viver de extremos.

— Esse é o meu problema. — Thalia confidenciou, suspirando. — Eu não sei viver no meio.

— Quando eu estou perdido, — Nico falou suavemente a olhando nos olhos. — eu procuro Hazel. Ela é o que me acalma, o que me evita de surtar. Ela é minha luz. Eu não entendo muito de espanhol, mas tenho quase certeza que essa música fala sobre isso.

— Eu não sei nada de espanhol, até conheci um cara que falava, mas as palavras não foram muito necessárias na ocasião. — Thalia riu, tentando entender algumas palavras da música, mas foi em vão. — O que eu sei que Dimi é o que me deixa sã. A maioria das pessoas podem me criticar por ter engravidado tão jovem, mas Dimitri é a melhor coisa que me aconteceu.

— Eu sei exatamente como se sente. — Nico sorriu para Thalia e ela apenas retribuiu, deitando a cabeça novamente no peito dele e se deixando guiar pela melodia. Ainda que não entendesse a letra, se a música falava sobre luz, ela só poderia dizer que Dimitri era a sua.


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Notas finais do capítulo

¹Merengue: O merengue é um tipo de musica e dança na qual um dos pés marca o tempo e o outro é arrastado no chão. É bastante popular em vários países latino. (Wikipedia)
²Duele El Corazon: Enrique Iglesias;
³Eres Mi Religion: Maná

Como o Leo é latino e passou as músicas pro Jay-Jay, não podia faltar esses ritmos incríveis né?!
Então? Gostaram?
Não sei se postarei algo ainda esse ano, então desejo à vocês um feliz ano novo e que 2017 seja bem melhor, pq esse ano tá...
Enfim, obrigada por lerem!