Killing Moon escrita por Arisusagi


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

O plano era socar tudo em uma história só e fazer uma compilação gigante, mas essa aqui e umas outras ficaram tão daoras que eu resolvi postar separado.
É isso, boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/713764/chapter/1

Quando acordou, Arakita estava deitado de bruços sobre o que parecia ser terra. Seu corpo inteiro doía e a cabeça latejava, e ele ainda podia sentir as garras voltando lentamente ao formato de unhas.   

Para Arakita, essa era a pior parte de ser um lobisomem. Bem, para falar a verdade, não havia nenhuma parte boa em ser um lobisomem. Ele odiava a irritação anormal que sentia durante todo o período de lua cheia, odiava a dor horrenda que sentia na hora de se transformar e, acima de tudo, odiava não se lembrar de absolutamente nada do que havia feito enquanto lobo.

Arakita grunhiu, e passou a língua pelos caninos ainda afiados demais para pertencerem a um humano. Sua boca inteira estava tomada pelo gosto de sangue, coisa que acontecia com frequência quando ele voltava para sua forma humana. Dessa vez, porém, havia algo estranho. E ele não sabia dizer exatamente o quê. Por mais que aquele sabor de ferro fosse conhecido, havia ali algo diferente do que ele costumava a sentir.

Arakita abriu os olhos, vendo a imagem tão familiar do solo da floresta. Sua cabeça doeu, mesmo que a claridade no local fosse baixa, e ele grunhiu mais uma vez. Passou a mão suja de terra pelo rosto.

Foi nesse momento que ele percebeu que ali estava faltando alguma coisa.

Toudou sempre esteve perto dele antes, durante e depois das transformações — por mais que Arakita dissesse para ele ficar o mais longe possível. Era ele quem o ajudava a se levantar e a se vestir quando Arakita acordava sujo e desnorteado no chão da floresta.

Normalmente, a essa altura, ele já estaria atazanando Arakita com seus comentários desnecessários e sua voz irritante, e limparia seu rosto com lencinhos de papel.

Mas, dessa vez, tudo estava silencioso.

Será que ele havia finalmente ouvido a sugestão de Arakita e ficado longe dessa vez?

Arakita fungou, e sentiu o cheiro de sangue misturado com o de terra molhada e o do perfume forte que Toudou sempre usava.

Aquele era, sem dúvida nenhuma, o cheiro de Toudou. Ele estava por perto, com certeza.

Mas por que não havia falado nada até aquele momento?

Arakita usou os braços doloridos para se erguer o máximo que pôde, tentando apreender o que estava a sua volta com maior atenção.

E Arakita viu o que ele temia ver desde que Toudou passou a acompanhá-lo em suas transformações.

Um rastro de sangue ia de onde ele estava deitado até uma árvore à sua direita. E, encostado no tronco, estava o corpo de Toudou.

Arakita sentiu uma vontade imensa de vomitar. A barriga de Toudou estava rasgada, e tinha sangue para todos os lados. Mas o pior de tudo era que Arakita sabia que ele mesmo havia feito aquilo.

Há quanto tempo havia acontecido? Horas? Minutos? Ele não fazia ideia, mas parecia ser tarde demais para procurar ajuda.

— Toudou! — Arakita gritou com a voz rouca, enquanto tentava se arrastar até ele. — E-Ei, Toudou!

Ele pôde jurar que viu as pálpebras dele se mexerem.

— Toudou! V-Você… — Ele se engasgou com a própria saliva. Saliva misturada com o sangue do Toudou.

Com muito esforço, Arakita conseguiu chegar até a árvore. Ele se ajoelhou ao lado de Toudou, apoiando-se no tronco com uma mão.

Os olhos de Toudou estavam abertos, foscos, mas pareciam encará-lo. Arakita tocou o rosto dele delicadamente, dando-se conta das lágrimas que corriam pelas suas próprias bochechas.

— Toudou, não… — ele sussurrou.

Os lábios de Toudou se moveram, como se ele estivesse tentando dizer algo, mas o único som que saiu deles foi um gemido baixo.

Arakita encostou a testa na dele, como já havia feito milhares de vezes antes.

— Idiota! Eu… — ele soluçou. — Desculpa…

Toudou colocou a mão, terrivelmente gelada, no joelho de Arakita, e ele sentiu seu coração apertar.

— Desculpa, Toudou, desculpa.

Segurando sua mão, ele beijou seus lábios uma última vez.

Arakita nunca se perdoaria. Nunca. Ele não fazia ideia do que iria acontecer depois, mas o peso da morte de seu noivo ficaria em seus ombros pelo resto de sua vida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Rest in fucking pieces Toudou.
Feliz Halloween e dia do Saci pra quem leu.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Killing Moon" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.