Seelen Haus escrita por Semideusadorock, MaryDiAngelo


Capítulo 6
Clóvis, o saco de pancada


Notas iniciais do capítulo

Hey cerejinhas e amorinhas.
Sem mais delongas, sei que estão ansiosos para verem Clóvis divar mais uma vez, então é só subirem no trem, por que ele já está a caminho do inferno.
Boa leitura!



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— Grace? – Nico chamou a menina baixinho, esperando que ela realmente acordasse.

— Hum?

— Eu preciso ir embora. – Ele confessou, vendo a menina levantar a cabeça, tentando ficar séria.

— Você vai mesmo ir embora depois da gente transar?

O moreno deu risada, aproximando seus rostos e roubando um selinho da menina, que não conseguiu manter a pose séria, deixando que um sorrisinho brotasse no canto de seus lábios.

— Eu passei a noite toda aqui, e com absoluta certeza eu vou voltar depois do que fizemos ontem, nem se você não quiser.

— Eu sou espetacular, né? – A Grace deu uma leve risada, voltando a deitar sua cabeça no travesseiro, estando de bruços, apoiando-a em um de seus braços que estava dobrado em cima da superfície macia.

— E bem sexy, devo admitir. – Ele desceu os olhos pelo corpo nu dela, que estava coberto apenas por um lençol, que estava na base de suas costas, fazendo-o morder o lábio inferior levemente.

— Você pode ir embora, mas vai ter que pagar por ter passado a noite aqui. – A morena molhou os lábios de um jeito provocativo, movendo o quadril com um tranco para o lado, por consequência, fazendo o lençol deslizar por seu corpo, deixando sua bunda a mostra.

Nico deu uma rápida olhada para o local descoberto, entendendo de imediato o que a garota queria dizer, e ficando meio incrédulo por ela querer transar as plena cinco da manhã.

— Desculpa, Thals, mas eu não tenho dinheiro. – Ele sorriu provocativo, mostrando que havia aceitado o jogo e entrado nele de bom grado.

— Se vire, Di Ângelo.

— Eu tenho algo que vai ter que servir. – O moreno se aproximou mais, se sentando na cama, para logo em seguida subir em cima da garota e sentar em sua bunda, começando a beijar suas costas, vendo-a sorrir e fechar os olhos. – O que acha? – Sussurrou roucamente perto de seu ouvido, vendo-a se arrepiar.

— Deve servir por hora.

Ali perto, no quarto ao lado, Jason conversava animadamente com sua namorada em uma chamada via Skype, ignorando totalmente o fato de ser cinco da manhã de um domingo.

— E quando você vai vir aqui? – Questionou o loiro, vendo a garota arrumar o computador na cama, de uma forma que conseguisse ficar de um jeito confortável.

— Não faço ideia, Silena se empolgou novamente com aquele curso de maquiagem que ela tá fazendo, então sempre me arrasta para ele, me fazendo sua cobaia!

O garoto riu baixo, se enrolando mais ao cobertor que usava para espantar o friozinho da, ainda, noite; mesmo estando em uma cadeira, tendo a possibilidade de cair.

— Sinto muito por você, gatinha.

— Deve sentir mesmo, não aguento mais voltar daquelas aulas parecendo um palhaço de tanto pó que tem enfiado dentro dos meus poros! – Piper arregalou os olhos levemente, balançando a cabeça de uma forma exagerada.

Um breve silêncio irrompeu-se no ar, para logo Jason o corta:

— Você sabe que uma hora vai ter que contar para os seus país, né?

A morena assentiu, suspirando.

— Sim, eu sei, Jay. Mas sei lá, Afrodite é muito obcecada comigo e com Silena, talvez ela ache ruim...

— Bom, Dite me conhece e, convenhamos, me adora, não acho que ela vá achar ruim eu estar namorando com sua filha.

— Porém, se Afrodite sabe, Ares sabe...- Piper sorriu levemente. – Dez anos de diferença? Sinto que ele que não vai deixar.

— Bom, não sei, para mim idade não muda nada, mas né, Ares gente, deixa isso de lado. – O loiro engoliu em seco, lembrando da aparência monstruosa que o pai da garota tinha, por ser enorme e possuir muitos músculos.

— Falta pouco para eu fazer dezoito e isso vai ser mais fácil de contar. – A garota sorriu, fazendo o namorado de vinte e sete anos assentir, mas também faltava menos ainda para ele fazer vinte oito.

Mais um breve momento de silêncio, que dessa vez foi cortado por um gemido um tanto alto, fazendo Jason segurar a risada o máximo possível, vendo a namorada arregalar os olhos e tentar conter a risada também.

— Você tá vendo pornô? – Piper questionou, dando a deixa para o loiro desabar a rir.

— Claro que não! É a Thalia, o namorado dela está com ela.

— As cinco da manhã?

— Bom, não podemos falar muito, né? Estamos em uma chamada no Skype as cinco da manhã.

— Mas não fazendo obscenidades. – Ela disse um tanto incrédula.

— Não agora...- Jason sorriu de canto, deixando a frase no ar.

***

— Cadê seu namorado? – Hera foi a primeira a questionar, assim que Thalia cruzou o arco da porta da cozinha, onde todos estavam sentados na mesa para o tradicional almoço de família de domingo, fazendo a garota arquear as sobrancelhas um tanto surpresa e incrédula.

— Primeiramente: Bom dia para você também. Segundo: Ele foi embora. – Respondeu, passando pelas pessoas sentadas na mesa.

— Ir embora depois de uma transa? Mais que clichê! – Jason soltou em alto e bom som, fazendo Hera e Zeus encararem Thalia com um semblante fechado, que indicava que iria vir uma longa e demorada lição de moral. 

A menina arregalou os olhos e aproveitou que estava passando pelo seu irmão, deixando a mão livre e dando um tabefe em sua cabeça, fazendo-a ir para frente, dando a chance de ele cheirar a comida melhor, quase enfiando o nariz ali.

— Jason!

— O que? Eu só tenho uma perguntinha: vocês transaram duas vezes ou passaram a noite INTEIRINHA transando até as CINCO da manhã? – O loiro deu ênfase nas palavras, fazendo-a arregalar mais os olhos e querer acabar com a raça do seu irmão.

— E você, o que fazia acordado a essa hora? Estava batendo punheta pelo Skype com a sua namoradinha menor de idade DE NOVO? – Thalia repetiu o ato de Jason, dando ênfase na palavra, para que tivesse certeza que os adultos presentes escutariam.

O Grace arregalou os olhos azuis céu e comprimiu os lábios, dando a clara resposta do que fazia acordado.

— De novo? – Hera questionou com os olhos intimidantes.

— Menor de idade? – Zeus questionou do mesmo jeito que a esposa, mantendo os olhos firmes no filho.

— Por chamada? – A matriarca da família repetiu.

— Batendo uma? – O pai negou em reprovação, fazendo Thalia sorrir e resolver se mandar dali, tendo em mente que apenas o garoto iria se fuder.

— Tchauzinho. – Acenou para o irmão, saindo pela porta dos fundos e indo para as ruas não movimentadas daquele pedaço.

Andando sem ter pressa, a garota se dirigiu para a tão amedrontadora casa que de amedrontadora não tinha nada, repassando cada momento que teve na última noite, levando involuntariamente as mãos para os lábios, balançando a cabeça logo em seguida e avistando a porta, passando por ali e olhando em volta, vendo que tudo estava quieto demais, parado demais.

Porém, além do olhar da garota, Bianca estava sentada apoiada as pernas em uma alma que estava de quatro no chão e com um chicotinho, ordenava que outra fizesse uma massagem em seus pés.

A filha mais velha do capeta analisou Thalia de cima abaixo, compreendo quase que de imediato o porquê seu irmão gostava dela, realmente ele tinha motivos para isso.

— Nico? – A Grace chamou, estranhando o silêncio.

— Tá em casa não. – Bianca respondeu ríspida, mesmo sabendo que a garota não iria a ouvir.

— Hum...então tá. – A morena deu de ombros, dando meia volta e saindo da casa, determinada a ir para um parque que tinha chego na cidade.

A Di Ângelo arregalou os olhos, virando-se na direção das almas que serviam de escravas.

— Ela me ouviu?

Não! Ela é estranha assim mesmo. – A alma que fazia massagem no seu pé murmurou, fazendo pouco caso.

— Espera...- Bianca franziu o cenho e semicerrou os olhos, aproximando o rosto da alma. – Clóvis?

Clóvis, por sua vez, arregalou os olhos ao ver a filha do capeta pronunciar seu nome.

Eu?

— Clóvis! – Bianca assentiu começando a afinar a voz, fazendo a alma ir um pouco mais para trás.

Eu...?

— Clóvis! – A garota começou a apontar para ele de uma forma sugestiva.

Francisco...eu to com medo!— Clóvis se virou para a alma que servia de mesinha para a filha do capeta, que apenas assentiu concordando.

— É que você é famosinho, mas então, ainda bem que não te matei, você faz uma massagem muito boa!

Ela fechou os olhos e pendeu a cabeça para trás, pedindo para que ele continuasse o serviço; quando voltou a abrir os olhos, teve a enorme surpresa de ver um menino parado ali, a olhando com uma cara interrogativa.

— Oi?

Bianca arregalou os olhos e chutou a cara de Clóvis, nocauteando-o na hora, fazendo a cabeça da alma cair para trás; não satisfeita, com o susto que levara ao ver a aura branca do garoto, acabou por chutar Francisco também, que caiu no chão desmaiado.

Ela se levantou correndo, entrando em modo de defesa erguendo os punhos pronta para batalhar com o chicotinho.

— CLÓVIS! ALMA SEM NOME QUE NÃO CONHEÇO! – O desconhecido berrou ao ver a cabeça da alma fora do lugar. – Meu santo Pai!

— Até você sabe quem é Clóvis? – Bianca berrou para o menino, olhando de relance para a alma e arregalando os olhos, soltando um gritinho. – CLÓVIS!

A filha mais velha do capeta jogou o chicotinho para o alto que bateu com tudo na cara inconsciente de Francisco e saiu correndo para ajudar a alma que a pouco tinha nocauteado, vendo o da aura branca tocar em Clóvis, que começou a gritar queimando.

— LARGA O CLÓVIS!

— VOCÊ QUE NOCAUTEOU O CLÓVIS, COITADO, TA SEM CABEÇA! – O desconhecido berrou de volta, porém se afastou.

Bianca berrou novamente, pegando a cabeça da alma que estava no chão e a colocando rapidamente, fazendo um som de alívio; mas ao ver que estava do lado errado, berrou novamente arregalando os olhos e virou a cabeça para o lugar certo, analisando-o por inteiro, tendo certeza que o Clóvis estava inteiro.

— Ai que sufoco! – Suspirou passando a mão na testa como se estivesse enxugando um suor imaginário.

Ela franziu o cenho e virou para o lado, vendo Francisco ainda desmaiado, indo para acudir a alma no mesmo tempo que Clóvis viu o amigo morto no chão, indo para ajudar também, resultando em uma colisão nada legal.

— PORRA CLÓVIS! Como você quer que eu não te machuque assim? Tu tá bem?

A figura parada ali, deu risada, se virando para a alma.

— Sério, eu vou mudar seu nome para: Clóvis, o saco de pancadas.

Eu estou bem.— Garantiu Clóvis, vendo a princesa do inferno começar a cutucar Francisco desesperadamente.

— Não morre, pelo amor, você é uma boa mesinha!

— Eu me vou, depois de ter a cabeça arrancada, nada mais me surpreende hoje. – Clóvis se sentou em uma poltrona ali, o mais longe possível da menina, esperando até que reanimassem seu amigo falecido.

Meu pai vai me matar, você não pode morrer! – Bianca estava quase fazendo um buraco na alma de tanto que a cutucava.

Parece que o jogo virou, não é mesmo? – Uma alma comentou, fazendo a menina olhar de um jeito reprovador.

Tulio cala a boca e me ajuda a reanimar o Francisco!

Eu não, se fode aí. – Tulio respondeu, prestes a entrar novamente dentro da parede.

Não se esqueça que eu sou a melhor torturadora do inferno. – Bianca assumiu a aura negra, deixando seus olhos totalmente negros e ressaltando as veias roxas embaixo de seus olhos, fazendo até o desconhecido ir um pouco para trás.

AMIGUINHO! – Tulio saiu da parede rapidamente, acabando por empurrar Clóvis que xingou baixo. – AMIGUINHO ACORDA!

Antes mesmo de alguém fazer algo, Tulio acertou um tapa na cara de Francisco, que abriu os olhos e se sentou de supetão, puxando o ar para dentro do corpo.

Que que houve?

Bianca suspirou de alivio, levando as mãos para o rosto.

— Amém!

— Que irônico, não? – Questionou o da aura branca, vendo Clóvis assentir. – E olha que eu só disse oi, imagina se tivesse entrado gritando declarando uma guerra! Ela iria botar fogo em tudo.  

A princesa do inferno levantou o olhar para o desconhecido ainda ali presente, arqueando a sobrancelha e se levantando, mantendo seu aspecto sombrio, com seus olhos totalmente negros e as veias ali presentes, fazendo as almas terem a deixa para se afastarem por completo e sumir dali; o que foi exatamente o que fizeram.

O homem desceu os olhos para a garota, vendo o quão atraente ela estava: seus cabelos negros caiam em cachos perfeitos por seus ombros, vindo a parar um pouco antes da cintura; sua pele extremamente pálida dava o maravilhoso contraste com seus olhos de demônio e as veias roxas saltadas, dando um toque selvagem; suas vestes eram uma camisola de seda preta, que batia na metade de suas coxas. E para completar, ela estava em uma pose ameaçadora, mantendo-se reta, com uma das pernas um pouco mais à frente do que a outra, dando uma leve inclinação para o lado com o quadril, tornando aquilo um tanto...

— Sexy. – Concluiu em voz alta.

A morena piscou incrédula, abandonando seus dotes demoníacos e apenas permanecendo em sua pose.

— Que? – Disse surpresa.

— Você está sexy. – Ele repetiu, fazendo-a arquear a sobrancelha.

— Ah...tá...- Bianca disse desconfiada. – Mas quem é você?

— Como você já viu, eu sou um anjo. – O desconhecido se aproximou levemente. – Sou Leo Valdez, prazer em conhece-la, Bianca Di Ângelo.

— E não é que eu me surpreendi? – Clóvis comentou, arregalando os olhos ao ver o quão próximos os dois estavam.

Aí que clima! Shippo forte, se agarrem. – Uma das almas comentou, fazendo todos olharem em sua direção, até mesmo Leo e Bianca, que pararam de se encarar e realizaram tal.

Leo, sem aviso prévio, colocou a mão na cintura da princesa do inferno e a empurrou para trás, fazendo-a ter um ataque do coração antes de colidir com o sofá, sentando-a ali e se sentando a sua frente, ainda a segurando.

— Porque ficou ofegante? – O Anjo questionou ao vê-la colocar as mãos sobre o peito.

— Tu quase me matou de susto, menino!

— Ah sim! – Ele concluiu. – Mas então, preciso conversar sério.

Bianca se recompôs, respirando fundo e o observando, em uma forma silenciosa de pedido para continuar.

— É o seguinte, não surta: a namorada do seu irmão é um Anjo.

— Isso explica a beleza. – A garota mordeu o lado de dentro da boca, planejando contar para seu pai só para ver o irmão se fuder.

— Espera, isso foi uma cantada?

A morena arregalou os olhos se tocando do que havia falado, mas logo relaxou e ergueu uma sobrancelha, dando um sorrisinho de canto.

— Interprete como você quiser.

O Anjo sorriu de canto, também arqueando uma sobrancelha, quase correspondendo ao flerte dela.

— E se nós interpretarmos de jeitos diferentes?

A princesa do inferno se aproximou dele, deixando seus rostos próximos, não deixando de esquecer que a mão dele ainda estava em sua cintura, e quando estava muito próxima, ela desceu o olhar dos olhos do garoto a sua boca, voltando novamente a encara-lo nos olhos.

— É só tirarmos a prova. – Sussurrou, fazendo sua voz sair inevitavelmente sexy.

— E o que você pensou? – Leo questionou, mantendo o olhar fixo nos dela.

Por fim, a garota arregalou os olhos e notou que estava flertando descaradamente com o anjo, e ela não poderia negar o desejo que atraia ela. Seus músculos relaxaram e sem querer, a menina entreabriu os lábios, fazendo os olhos do garoto descerem para sua boca no mesmo instante.

— Entendo. – Leo concluiu, fazendo-a sorrir levemente.

— Que você é trouxa de achar que eu flertaria com um Anjo?

— Quem mostrou todos os sinais do que queria foi você, até então, quem arregalou o olho de uma forma surpresa foi você, não eu. – Ele retrucou com um sorriso de canto.

Bianca levantou indo em direção ao garoto, fazendo com que ele deitasse lentamente no sofá, ficando apoiado nos cotovelos, parando em cima dele de quatro, com seus lábios próximos ao dele e ela falou cada palavra de forma lenta e clara olhando no fundo de seus olhos:

— Valdez, se eu quiser algo, eu vou direto ao ponto, não fico enrolando com flertes.

Ela se levantou, assumindo a postura normal e cruzando os braços.

— Mas então, o que você queria? Porque me contou que ela é um anjo?

A Thalia não é um anjo propriamente dito, ela é a junção de um  anjo com um humano...- Leo começou, mas foi cortado pela cria.

— Então ela é um nefilim. – Bianca concluiu.

— Não. – O Anjo cortou o barato da menina, que rolou os olhos. – Não foi um anjo caído que lhe deu a luz, trazendo-a a vida, e sim um anjo que ainda tinha suas asas, considerado puro, com seus poderes em perfeito estado.

— Então ela tem todos os poderes de um anjo, e tem todas as vantagens de ser humana?

— Exato. – Concordou.

— E onde eu entro nisso tudo? – A princesa do inferno questionou rolando os olhos.

— Eu preciso da sua ajuda para impedir que uma bomba relógio exploda.

— Porque?

— Eu não posso interferir diretamente nas coisas, portanto você seria meu meio indireto. – Leo concluiu, fazendo a menina arquear a sobrancelha.

— E o que te faz pensar que eu iria fazer isso?

— Quanto tempo você acha que vai demorar para o seu irmão e ela terem a primeira briga? – Ele questionou, se sentando e cruzando os braços sob o peitoral.

— Não faço ideia, mas o que isso tem de importante?

Em um segundo, Bianca estava parada no meio da sala, e no outro, seu corpo estava preso contra a parede, sendo prensado ali pelo do garoto, sentindo uma dor suportável, porém muito incomoda no braço.

Ela observou as asas grandes e brancas que haviam se projetado de seu corpo, respirando forte ao ver e sentir ele queimar seu braço.

— Eu não to fazendo nenhum esforço para você sentir o que está sentindo. Agora imagina a Thalia, uma menina que não faz ideia dos poderes angelicais que possui, descontrolada. O que ela pode fazer com o seu irmão, Bianca?

Leo a largou, se afastando levemente e a vendo afagar o pulso, que estava vermelho.

— Porque se importa com o meu irmão?

— Eu não me importo, mas quando ela perder o controle, acho difícil isso se manter em quatro paredes, isso vai se espalhar e os humanos vão descobrir que nós, criaturas celestiais e sobrenaturais não somos apenas lendas, somos reais, que realmente existe um inferno na terra.

A morena começou a pensar na quantidade de humanos que começariam a aparecer na casa, o caos que tudo aquilo iria virar, as frustações alheias e combates que iriam ser gerados, as polêmicas e tudo mais que a menina era completamente contra.

— Onde ela está mesmo?

Leo sorriu de canto.

— Bom, não acho que você iria para um parque com essa camisola curta.

— Na verdade, eu iria sim, mas vamos ser descentes né? – Ela caminhou até o sofá, colocando suas pantufas e se virando para ele. – Aliás, arranja um jeito de eu deixar a casa sem ter que avisar mais alguém, isso fica só entre nós dois.

— Pantufas de anjinho? Sério, Di Ângelo? – O Anjo arqueou as sobrancelhas debochado, fazendo a menina praguejar por ter vindo com essa pantufa e não a de capetinha.

 - É só para eu ter a sensação de estar pisando em cima de vocês!

— Aham, tá. – Assentiu então, dando risada e vendo-a sumir escada acima.

***

Os dois novos aliados observavam a distância o casal que esperava em uma fila para uma barraquinha qualquer do parque, quando Bianca se estressou e virou para o Anjo.

— Qual o problema dessas crianças que não param de chorar desde que chegamos aqui?

— Você. – Leo respondeu obviamente, fazendo a morena levar as mãos até o coração de uma forma incrédula.

— EU?

— Sim, você. – Prosseguiu. – Bianca, as vezes eu acho que você se esquece que tem uma aura negra ao seu redor, né?

— Mas eu sou um amorzinho, porque elas estão chorando? – A menina disse totalmente incomodada.

— Tão amorzinho que queria torturar o Clóvis! – Ele rolou os olhos, passando um dos braços pelos ombros dela, puxando-a para si, que o olhou feio. – Minha aura cobre a sua.

E aos poucos, as crianças foram parando de chorar, fazendo a garota revirar os olhos e mostrar a língua para o anjo, começando a caminhar com ele daquele jeito.

Nico, por sua vez, sentiu algo estranhamente familiar a sua volta, levantando o olhar.

No momento seguinte, Bianca arregalou os olhos e notou que o irmão iria virar em sua direção, já que o pouco que sua aura exalava, com certeza havia chamado sua atenção. Então fez a única coisa que veio em sua mente no momento: selou seus lábios ao do anjo, que travou no lugar.

A garota teve que puxar as mãos dele e colocar em sua cintura, já que ele não reagia e não encenava, fazendo, finalmente, o anjo retribuir o beijo da morena.

O filho do capeta, apenas olhou para trás e viu apenas a aura branca, dando de ombros e pouco se importando com um anjo qualquer que deveria estar passando por ali, afinal era bem comum se encontrar anjos da guarda passando pela terra.

— Nem para você me ajudar a encenar, porra! – Bianca repreendeu assim que seus lábios desgrudaram.

— Ah, cale a boca! – Ele murmurou rolando os olhos.

— O que foi? O anjinho ficou irritadinho porque não sabia o que fazer? – A princesa do inferno provocou, continuando a centímetros do rosto do garoto.

— Eu não sabia o que fazer? – Questionou o anjo.

— Exato! Você ficou parado aí que nem um retardado, fazendo cosplay de estátua.

Leo rolou os olhos e, dessa vez, tomou a iniciativa, selando seus lábios, deixando, agora, a filha do capeta sem reação. Segundos depois, ela se tocou que ele realmente havia a beijado, não demorando a jogar os braços ao redor de seu pescoço e retribuir o beijo.

 - QUE ISSO VALDEZ, PERDENDO O BV, EM? – Travis berrou ao ver o amigo se pegar com uma desconhecida por ele, fazendo os dois a se separem graças a crise de risos que atacou a menina, fazendo o anjo lançar um olhar fulminante para o menino.

— Oi Travis, oi Connor.

Os Stolls sorriram maliciosos e desceram o olhar pelo corpo da morena, que estava realmente valorizado com a roupa que ela usava, que se resumia em uma calça rasgada preta justa, um coturno e uma regata transparente que parecia uma meia arrastão, pela semelhança nos desenhos e cortes, mostrando o sutiã preto que ela usava.

Bianca, percebendo o olhar dos dois nela, arqueou uma sobrancelha e rolou os olhos, ficando um tanto constrangida, mas ocultando essa parte.

— Você não quer nos apresentar sua amiga? – Connor questionou dando seu melhor sorriso, que na opinião de Bianca, tinha que melhorar muito.

— Não! – Leo respondeu sincero, dando um sorrisinho e pegando no braço da princesa do inferno, começando a caminhar para longe dos amigos, dando um aceno de cabeça. – Estamos perdendo eles de vista.

— Não, a aura dele dá para ver a distância, nós não estamos perdendo eles. – Ela contradiz. – E era só me apresentar que eu faria eles chorarem que nem bebezinhos.

— EI, VALDEZ! – Connor berrou o amigo, o fazendo desacelerar o passo, se virando por cima do ombro. – VAI TER UMA FESTA LÁ EM CASA HOJE, APARECE LÁ! E LEVA ELA.

Com a frase do Stoll, Leo acabou cometendo o erro de afrouxar o braço em volta da princesa que se soltou em um movimento ágil e repentino, correndo em direção aos dois garotos.

— Meu nome é Bianca Di Ângelo. – A morena disse com um tom meigo na voz. – E pode ter certeza que eu estarei presente nessa festa. – Ela concordou apertando a mão do Travis.

— Não, você tem...compromisso Bia, esqueceu? – Leo tentou mentir, mas era péssimo, assim como qualquer anjo, vendo-a cumprimentar Connor.

— Não tenho não. – Bianca disse dando de ombros. – A gente ficou uma vez Leo, não pode tentar me prender em uma coleira.

— Não se preocupa, o Leo tá sendo ciumento assim porque você é a primeira garota que dá bola para ele. – Connor zoou o amigo que olhou com cara de taxo para o que disse.

— Muito engraçado Connor. – Leo disse revirando os olhos, como anjo ele não deveria ficar por ai ficando com garotas e nunca teve o interesse de tal, não que ele fosse um rejeitado, pelo contrário normalmente as garotas caiam em cima do garoto.

— É, mas se continuar desse jeito eu vou partir para outra. – Bianca disse dando uma longa olhada em Travis, mesmo não achando o garoto nada demais.

— Eu to falando sério, Bianca. – Leo disse a repreendendo com um olhar severo.

— Eu também to falando sério Leo. – Bianca disse se virando completamente para o anjo. – Eu vou na festa. – Ela falou lenta e pausadamente deixando que cada palavra saísse clara e em bom som de sua boca.

Valdez se repreendeu por enquanto aquelas palavras saiam da sua boca, ele a olhava atentamente, mesmo sendo um desafio, cada palavra e movimento dos lábios da Di Ângelo o provocavam de um jeito que não deveriam provocar.

— Não, não vai. – Ele se recuperou e olhou na imensidão negra dos olhos da garota.

Qualquer humano que encarasse e desafiasse a princesa do inferno provavelmente teria sua sanidade arrancada ao olhar no fundo daqueles olhos, que por tanto tempo passado no inferno, torturando e se divertindo com tal ato, com almas que causaram horrores no seu tempo de vida, ali podia se ver o sofrimento das almas que passaram por sua vida, naquela imensidão de escuridão, quase podia ser ver as almas eternizadas no inferno em agonia e sofrimento muitas vezes causados pela garota.

A garota bufou e revirou aqueles lindos olhos se dirigindo aos irmãos que encaravam o clima tenso entre os dois, para logo ela sorrir envergonhada.

— Se eu não tiver nenhum compromisso eu apareço por lá. – Afirmou se virando e começando a caminhar na direção da aura negra de seu irmão.

Leo sorriu para os dois amigos e mandou um olhar claro de: fiquem longe dela, e se virou indo atrás da morena que já estava bem a frente. O anjo chegou saltitando na garota, passando o braço por seus ombros, que revirou os olhos e sorriu.

— Eu falei a verdade, se eu não tiver nenhum compromisso eu vou a festa. – Ela disse olhando suas unhas que começavam a descascar o esmalte preto. – Adivinha estou livre.

— Não, não, não. – Leo disse gesticulando exageradamente. – Você não vai aparecer em uma festa cheio de humanos bêbados com sua aura aí que causa caos e pavor e ainda por cima induz as pessoas a fazerem os seus desejos mais obscuros.

— Ué, nós já sabemos como controlar minha aura. – Bianca disse sorrindo safada para o anjo que olhou surpreso.

— Bianca, os gêmeos vão cair matando em cima de você. – Leo comentou parando novamente e olhando fixamente para a princesa.

— Valdez, eu já deixei claro, se eu quiser fazer algo eu faço e como eu não estou lá beijando um deles é óbvio que eu não quero. – Esclareceu cruzando os braços e sustentando o olhar do anjo.

— Mas vai lá que você muda de ideia, eu nã...- Leo foi cortado pela garota o puxando para um beijo, que dessa vez ele não hesitou em corresponder.

Valdez levou a mão para a cintura da garota a puxando para si, enquanto ela tirava a mão da sua blusa, por onde ela o havia puxado e subindo para envolver seu pescoço, deixando que sua mão infiltrasse seu cabelo. A morena sorriu por entre o beijo descendo uma de suas mãos pelo abdômen dele e quando chegou na cintura ela passou para suas costas e apertando a bunda do anjo, que era durinha, com força.

— Bianca! – Ele a repreendeu de imediato separando o beijo.

Uma gargalhada gostosa saiu da boca da garota, que pegou o braço do anjo passando pelo seu próprio ombro o fazendo voltar a andar.

Um pouco mais a frente, Thalia e Nico riam da queda de um garotinho que corria para uma fila, mas no momento quem quase caia era Thalia que gargalhava tanto que se Nico, que também estava rindo, não estivesse a segurando ela já teria se espatifado no chão e ainda por cima levado o filho do capeta.

Di Ângelo tinha a mão sobre a bunda da garota, que começava a voltar ao normal no quesito da queda.

— HUM A MÃOZINHA NA BUNDA! – Travis gritou afinando a voz. – É O CARA DA VEZ!

Thalia parou de imediato reconhecendo a voz do amigo e se virando para ele, vendo Nico subir a mão para sua cintura também parando completamente de rir.

— Ele só disse isso porque foi o primeiro e tem ciúmes de te ver com outro, mesmo sempre acontecendo. – Connor comentou normal chegando mais próximo do casal.

Grace arregalou os seus lindos olhos azuis elétricos com a frase do gêmeo.

— Connor, Travis, esse é meu NAMORADO Nico. – Ela disse dando ênfase na palavra para deixar claro que era para parar com as piadinhas.

— Relaxa Lia, o Connor é babaca mesmo, sabe que não sinto ciúmes de você com outros caras. – O Stoll que já tinha pego a garota falou notando que o namorado dela não tinha gostado da brincadeira.

— Estraga prazer. – O irmão disse revirando os olhos. – Relaxa migo é piada, Travis tá em outra.

— LIA!- Travis gritou do nada se lembrando. – Você não sabe o que a gente viu.

— O que? Conta! Anda! - Thalia se animou com a fofoca.

— Sabe o Leo? – Connor se empolgou também, fazendo a menina assentir.

— Ele estava aos pegas com uma maior gostosona aqui no parque. – O gêmeo complementou a frase do irmão animado.

— Leo? Leo Valdez? Nosso Leo fofinho? – A única menina no grupo perguntou pasma, todos sabiam que o garoto era só de falar e menos de fazer, por algum motivo ele sempre recusava qualquer garota que chegasse nele, assim como era sempre o sóbrio do grupo.

— Sim, nosso Leo. – Connor concordou também com cara de surpresa. – Eu juro que se não tivesse visto com meus próprios olhos eu não acreditaria.

— E pior que ela realmente era bonita, mas não tipo nossa que bonita, tipo PUTA QUE PARIU QUE MULHER GOSTOSA PARA CARALHO! - Travis disse gritando a última parte.

— Qual o nome dela? – A morena perguntou curiosa, tendo em mente que iria fazer um interrogatório com o Valdez mais tarde.

— Alguma coisa com B...Bethanny, Blake...sei lá! – O gêmeo responde-a, não fazendo questão de se lembrar.

Ali, sabe, ali do lado atrás de uma barraquinha, Leo e Bianca ouviam e assistiam a conversa dos amigos o que fez a princesa do inferno assentir.

— É você estava certo sobre eles. – Bia disse olhando o anjo que estava colado a ela para que Nico não sentisse a aura da garota.

— Eu disse. – Valdez concordou mudando o olhar por alguns segundos da conversa para a menina colada ao seu corpo.

Mas voltando a conversa que importa e que os dois novos aliados prestavam atenção.

— Tá, mas vamos ao que interessa. – Travis disse se lembrando do porque tinha gritado aleatoriamente e envergonhado ela perante seu novo namorado. – Festa, hoje, a fantasia para compensar o fiasco de Halloween que acabou com você indo para uma casa mal-assombrada e quebrando o braço.

— E leve seu namorado. – Connor disse como se ele não estivesse ali.

— Tá claro. – Thalia comentou também ignorando o moreno que estava abraçado a si.

— Agora vamos. – Os Stolls falaram em uníssono, como de costume os gêmeos faziam e foram embora sem se despedir com os abraços e beijos nas bochechas costumeiros da garota por conta do namorado presente.

— Nico Di Ângelo. – Thalia disse séria virando de frente para seu namorado. – Se...

— Eu vou a festa. – Ele concordou cortando a garota que sorriu.

— Muito bem, meu bebê tá virando sociável, que bonitinho. – Ela zoou o garoto o puxando para um beijo.

— Então é melhor eu ir para casa e vê se acho alguma roupa e a gente se encontra na festa. – O guardião do inferno deu a ideia fazendo Bianca que estava ali perto arregalar os olhos.

— Ele vai para casa, eu preciso ir para casa. – A garota disse em desespero.

Leo não esperou mais nada para pôr suas asas brancas para fora e pegar a garota no colo voando para a porta do inferno. A torturadora por si quase morreu do coração, ela em um ato de autodefesa se agarrou a ele escondendo seu rosto na curva do pescoço do anjo, mantendo seus olhos bem fechados.

— Ai caralho, inferno, filho da puta, eu não nasci para voar, eu nasci para ficar no chão, filho da puta, desgraçado, infeliz, puto. – E foi assim o percurso até que eles pousassem em seu destino.

— Medo de altura? – Questionou surpreso, pondo-a em pé no chão, fazendo os olhos negros da garota serem revirados.

— Idiota. – Ela disse andando em direção a casa apressada.

— Bianca! – Leo apareceu puxando a menina com força pela cintura antes dela atravessar a porta. – A barreira não impede apenas que as almas saiam, mas que qualquer um passe pelas fronteiras da casa, você quase se matou queimada.

— Tira logo isso, meu irmão vai estar aqui daqui a pouco e você tem que ir embora. – Vociferou irritada fazendo dessa vez o Valdez revirar os olhos e remover a proteção da casa para ela.

Bia se soltou e passou pela porta deixando o anjo ir embora, logo vendo Clóvis passar com uma prancheta em mãos.

— Senhorita Di Ângelo, eu montei um campeonato de buraco aqui na sala, um de truco na cozinha e de domino no corredor, algum problema?— A alma perguntou analisando o controle do torneio em sua prancheta.

— Não nenhum, mas nada que aconteceu hoje pode ser dito em voz alta novamente. – Bianca disse fazendo a alma dar de ombros.

Claro, claro.— Ele não se importava.

Bianca puxou Clóvis pela blusa polo branca que ele usava fazendo a alma arregalar seus olhos assustado e surpreso, os olhos negros da morena ganharam a tonalidade demoníaca assim como as veias roxas destaque na pele pálida dela.

— Se qualquer alma abrir a boca para alguém, quem quer que seja, não importa o que meu pai ache de como o inferno deve ser lidado, eu mesma cuidarei de cada um dessa casa independente de quem teve a audácia de falar e eu juro que qualquer tortura que você já ouviu falar que eu faço vai ser uma brincadeira de criança comparado ao que eu vou fazer. – Bianca disse séria, sua voz se espalhando por todas as almas da casa que ficaram tensas de imediato. – Entendido?

Entendido sim senhora, sim, sim, mais claro do que água. — Clóvis se apressou a falar e a morena empurrou a alma a soltando e indo até seu sofá jogando-se ali a espera de seu irmão mais novo.


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Notas finais do capítulo

Sobreviveram a essa ida no inferno? O que acharam de lá? Nos contem como foi? Se acabaram por ficar no meio do caminho? Nos conte como está sendo a estádia.

Beijos e até!

Cuidado com que caminho escolhe, eles podem te levar ao mais profundo inferno e te fazer descobrir as piores torturas.



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