O Legado escrita por Luna


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Vinte e quatro pessoas acompanhando e cadê os comentários? Não estão aparecendo aqui. Ai ai... me façam felizes, please. Me digam o que estão achando. Não custa nadinha de nada
Capítulo dedicado à linda Mazu que me deixou um comentário lindo e muito valioso (sigam o exemplo)



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Às vezes, o melhor que podemos fazer é pedir desculpas, e deixar o passado no passado.

Josh Schwartz

 

As semanas em Hogwarts logo se tornaram meses. Foi fácil para os alunos se perderem no tempo, a carga de exercícios estava exaustiva, as aulas escruciantes. O tempo livre era gasto na biblioteca com leituras por prazer ou no terreno da escola.

Os alunos do primeiro ano tinham permissão para pegar as vassouras da escola e a usarem no campo de quadribol se nenhuma casa tivesse requisitado o seu uso para treino e para uma boa parte dos alunos aquele era o passa tempo preferido, para outros nem tanto.

Logo nas primeiras semanas de aula quando teve a primeira aula de voo Albus percebeu como aquela conduta se repetia outra e outra vez. Os professores faziam a chamada e quando chegavam ao seu nome paravam para olhá-lo, diziam como ele era parecido com o pai, e falavam sobre como Harry Potter foi um exímio jogador de quadribol, que era ótimo em poções, que conseguia realizar feitiços muito complexos para a sua idade.

Depois de enaltecer as qualidades de Harry Potter eles olhavam para Albus esperando que o menino dissesse algo, mas ele nunca dizia o que os professores pareciam esperar. Na maioria das vezes ele apenas dava o mini sorriso e esperava o professor continuar.

Ele sabia que a matéria favorita de Harry na escola era DCAT, a que ele tinha se saído melhor em todos os seus anos de escola. Albus já estava se preparando para uma repetição do que aconteceu na aula de Slugorn, uma comparação e no fim uma intimação para que Albus fosse tão bom quando o pai fora.

Mas o garoto se surpreendeu ao estar de frente para a figura imponente de Melanie Green. Ela é uma mulher jovem, longos cabelos castanhos e seu rosto demonstrava força. Ela controlou a turma com apenas algumas palavras e um olhar duro. E quando chegou ao nome de Albus ele percebeu que a sobrancelha dela se ergueu um pouco, mas ela continuou a até o último nome.

As pessoas também pareciam estar se acostumando a ter pessoas de outras casas sentadas em mesas que não lhe pertenciam e eles notaram que era algo que já estava ficando comum. Os olhares também diminuíram, parece que ver o filho de Harry Potter andando com o filho de Draco Malfoy não era mais grande coisa.

Mas Scorpius ainda notava como as pessoas pareciam se retesar ao ele chegar perto demais. Nas aulas de Herbologia que eles faziam com a Lufa-Lufa ele notou que não devia sentar muito próximo a pessoas da outra casa. Sua mera presença deixava os lufanos muito agitados e o garoto loiro não queria ser a causa de um acidente.

Scorpius sempre sorria quando algum professor parava para falar com Albus sobre Harry. Ele só não esperava que isso acontecesse consigo também. O fatídico dia veio na primeira aula de Herbologia, Scorpius reconheceu o professor como sendo o Chefe da Grifinória e só esperava que ele não fosse adepto a proteger sua casa e antagonizar as outras.

Quando ele passou os nomes na lista, ele deu a típica parada ao ver o nome de Albus, mas sem qualquer comentário só um singelo sorriso. Mas ao chegar ao nome de Scorpius ele ergueu a cabeça e parecia procurar pela pessoa até seus olhos pararem e se fixarem nos olhos azuis do menino.

— Scorpius Malfoy?

— Hã… Sim Senhor. – Scorpius respondeu e inconscientemente coçou a cabeça.

— Hum… Você é muito parecido com o seu pai.

Scorpius não sabia o que falar depois disso. O tom dele não passou raiva ou indignação, era mais uma constatação, pareceu o som que os outros professores usaram ao dizer que Albus era parecido com Harry, mas claro que sem o tom usual de adoração.

— Sabe alguma coisa sobre plantas, Scorpius? – Neville perguntou.

As mãos do garoto começaram a suar.

— Temos em casa algumas estufas, senhor. Minha mãe…

— Astória, sim, ela já era muito boa em herbologia na escola. Ela lhe ensinou algo?

As pessoas pareciam nunca lembrar de sua mãe, Scorpius notou isso com o tempo. Parecia que depois que ela virara uma Malfoy ela era apenas isso. Ele sabia que sua mãe não se importava, mas ele não achava justo. Astória fazia um ótimo trabalho com plantas e por vezes dava consultas para hospitais e boticários, quando esses tinham alguma dúvida sobre alguma espécie ou quando queriam fazer uma fusão entre plantas.

Claro que ela não precisava fazer isso e Draco se incomodava um pouco. Mas Astória nunca foi uma típica Malfoy, motivo pelo qual Lucius e Narcisa a desaprovavam. Ela fazia pelo gosto de mexer com as plantas, não precisar do dinheiro era só um detalhe.

— Ela tentou, senhor. – Scorpius respondeu envergonhado. Ele pensava que devia ter dado mais atenção quando sua mãe falava.

— Reconhece essa? – Neville falou apontando para um conjunto de flores azuis que possuíam alguns pontos brancos, sua folhagem era de um verde nunca visto.

— Flor de Isis. – Scorpius respondeu.

— Dez pontos para a Sonserina. – Neville falou com um casto sorriso. – Na verdade, vocês só irão ver sobre isso no 3º ano. Mas essa é a Flor de Isis, como o sr. Malfoy disse, ela foi uma combinação de duas outras plantas que vocês conhecerão mais a frente. Já foi comprovado que seu cheiro tem um efeito calmante e que o chá de suas folhas tem propriedades medicinais. – Ele sorriu mais abertamente. – Desculpem por isso, estou fugindo do nosso tema.

O professor se virou em direção a uma mesa que tinha outros exemplares de plantas, quando pareceu se lembrar de algo.

— Ah, sim. A flor de Isis foi uma das muitas criações de Astória Malfoy. – O professor fez uma mensura na direção de Scorpius, que apenas sorriu envergonhado. – Hoje nós iremos ver…

Albus olhava para Scorpius surpreso, assim como alguns outros alunos. Quando o loiro desviou os olhos para não precisar ver os olhares que seus colegas de classe lhe davam ele encontrou Thomas lhe olhando. O rosto dele transparecia mágoa com uma mistura de raiva e pela primeira vez em muito tempo Scorpius não foi o primeiro a desviar o olhar.

Rose e Albus viviam em um impasse de responsabilidades. Todos esperavam que eles tivessem características de seus pais. A cada pergunta feita Rose percebia como os professores lhe olhavam, provavelmente esperando que ela erguesse a mão e dissesse a resposta correta. E isso trazia um peso maior para ela.

E se ela não desse a resposta correta? Todos a olhariam e pensariam que se fosse Hermione Granger ela saberia. Ela não era a mãe, ela não era o pai. Ela era só Rose, apenas Rose. Era inteligente, mas não tinha o cérebro de Hermione; era divertida, mas não era engraçada como Ron.

E com o passar do tempo ela foi percebendo a leve frustração por parte dos seus professores e também de alguns colegas de casa. Sempre que alguém tinha alguma dúvida e ela não sabia a resposta eles ficavam trocando olhares e logo se afastavam. Ela se perguntava porque eles não se ofereciam para estudar juntos.

Uma vez Zara deixou soltar que pensava que Hermione tinha ensinado tudo para Rose e a ruiva não soube como reagir. Disse apenas que tinha que estar em outro lugar e saiu o mais rápido que pode de perto dela.

É isso que eu sempre vou ser? Só uma margem a sombra dos meus pais? Era o que Rose pensava. Ela encontrou Scorpius em um dos corredores e lhe falou tudo que estava acontecendo.

— Eles ao menos esperam coisas boas de você, Rose. Nos ensinam feitiços e já esperam que eu comece a lançá-los contra nascidos trouxas.

Rose se sentiu mais triste ainda. Scorpius se desculpou dizendo que nunca soube consolar ninguém, mas isso também não a alegrou. Albus já tinha falado a ela sobre alguns problemas que eles estavam tendo nas aulas. Parecia que todos fugiam dos dois, mas ela sabia que todos fugiam de Scorpius. Mas Albus jamais diria isso.

A verdade é que quase ninguém acreditava que Scorpius era sincero quando o viam conversando com Amélia ou alguma pessoa que não tivesse um conhecido sobrenome bruxo. Eles entendiam o motivo da amizade dele com alguém como Albus. Mesmo ainda sendo considero escória na sonserina Albus era filho de pessoas importantes na comunidade bruxa, era uma ponte.

Mas quando o viam conversando com Amélia eles ficavam imaginando que ele devia fingir ser uma boa pessoa, mas que logo daria o bote.

O ruim é que ainda havia muito preconceito na Sonserina. Alguns alunos mais ousados o rechaçavam publicamente, mas outros faziam brincadeiras veladas. Mesmo tendo uma mancha na reputação de sua família Scorpius ainda era um Malfoy e por fora ele aparentava ter toda a pose que sua família se orgulhou por tantos anos.

 

Longe das masmorras em uma das torres de Hogwarts estava localizado o Salão da Grifinória, com seu aspecto rústico e acolhedor.

— Ela falou isso para você? – Fred perguntou.

— Isso aconteceu por toda a semana. Dias em que eles eram atormentados. – James bufou. – E ele não me disse nada.

Fred também não gostou nada daquilo, mas ele logo se sentiu um hipócrita. Ele já tinha atormentado muitos alunos no Castelo. Ficou imaginando como era para eles não se sentirem seguros andando por lá podendo ser alvos de brincadeiras a qualquer momento. E o pior foi o sentimento que surgiu quando notou que as muitas crianças que ele atormentou não tinham alguém para defendê-las. Elas não tinham uma Molly.

— … isso não pode ficar assim. Temos que fazer alguma coisa. – James falava dando voltas. – Ele não pode simplesmente não sofrer nada.

— Pelo que me disse ele já sofreu. – Fred falou.

— Amanhã é o jogo. Vamos dar nossa vingança pessoal no campo. – James não parecia escutá-lo.

— Se você fizer algo que o faça ser expulso no meio do jogo Laurel vai matá-lo. – Fred declarou.

James pareceu pensar em algo e todo o plano pareceu formado na sua mente quando uma menina de cabelos escuros passou pelo retrato da Mulher Gorda.

— Ana! – James gritou e viu a menina ir andando em sua direção. – Preciso que faça algo por mim.

— O que você quiser, apanhador.

— Preciso que você derrube Damien Flint da vassoura.

O sorriso da menina não poderia ser maior. Ela não precisava de motivos para fazer isso, ela já o faria pela simples motivação de vencer o jogo e olhar para a cara de idiota do Flint. Mas se isso fosse ajudar James em algo, ela o faria com mais força de vontade ainda.

— Tenho a manobra perfeita para isso, Jamie. Só tenho que falar com o Luke, Flint mal vai saber o que o atingiu.

Por James ele iria atrás de cada um que infernizou o começo daquele ano para Albus. Mas ele sabia que derrubando o líder os outros logo sumiriam e ele tinha certeza que Flint comandava a trupe. James tentou ignorar aquela pontinha de dor que surgia toda vez que lembrava que não estava lá por Albus.

— Jamie, posso saber o motivo? – Ana perguntou.

— Ninguém mexe com um Potter.

 

Os quatro caminhavam desapontados pelas arquibancadas. Horas antes houve uma pequena discussão sobre onde eles sentariam para ver o jogo. A primeira hipótese era que cada um sentasse em sua respectiva arquibancada, mas logo foi rejeitado, eles não queriam se separar. E foi quando a confusão começou.

— Vocês podem tirar na sorte. – Sugeriu Zach.

Eles quatro se entreolharam e agradeceram a sugestão. Eles iriam colocar só as três casas, mas Rose insistiu que também colocassem a Lufa-Lufa, o que atendido.

Agora eles caminhavam até a arquibancada amarela, sem entender realmente como eles chegaram aquela situação inusitada. Freya vinha caminhando ao lado de Albus animada com a perspectiva de sentar em outro lugar que não a Sonserina. Ela viu seu irmão olhar quando ela passou pela arquibancada verde e seguiu adiante, ela lhe deu um sorriso e continuou o trajeto. Zach também concordou em ver o jogo, Emílio disse que tinha algumas coisas para ver na biblioteca e se despediu do grupo ainda no Salão Principal. Steph não parecia a vontade, mas ela não tinha companhia para ver o jogo então acompanhou Rose.

Os lufanos olharam para aquele estranho grupo, suas vestes logo entregaram a onde cada um pertencia. Entre olhares enviesados eles acharam um lugar vazio o suficiente para se sentarem em fila.

O jogo não havia começado ainda quando Thomas surgiu na frente do grupo. Albus o olhou duramente, Rose ficou esperando que ele falasse algo, Amélia fez o mesmo. Scorpius tratou de observar as pessoas que ainda procuravam um lugar para sentar.

— Amélia, poderia ficar com vocês?

Amélia olhou rapidamente para Scorpius que fingia não observar o diálogo, mas ele deu de ombros.

— Claro. – Ela respondeu insegura.

O resto do grupo olhava aquilo sem entender o que se passava. Thomas tomou um lugar ao lado de Rose e ficou olhando para baixo sem saber como deveria proceder.

O desconforto passou quando os times entraram em campo. Ninguém parecia se preocupar com quem estava sentado ao lado, só observavam os jogadores indo de um lado para o outro.

— Para quem você está torcendo? – Freya perguntou a Albus.

— Hã… é complicado… – Ele respondeu optando por não mentir.

Ele queria que a Sonserina vencesse, mas, ao mesmo tempo, tinha James e Fred jogando e por mais que quisesse enfiar um balaço no meio das costas do irmão mais velho Albus ainda queria que ele se desse bem.

O jogo continuou difícil para ambos os lados. Uma hora sonserina estava a frente e no minuto seguinte grifinória passava. Houve um suspiro coletivo quando uma das artilheiras da Grifinória se chocou com o artilheiro da Sonserina para logo em seguida um balaço o atingir o derrubando da vassoura.

A professora de Voo, Srta. Amber, estava a postos e o parou antes que ele atingisse o solo. Mas o garoto se contorcia no chão. Acima o jogo estava parado, o time da sonserina olhava para a equipe de vermelho com fúria.

— Eu disse que isso ia acontecer. – Falou um garoto que estava mais atrás.

— Acha mesmo que isso foi armado? – Perguntou o outro.

— É claro. Eu disse. Eu vi a Smith conversando com o Wilson, eles derrubariam o Flint.

— Eles já fizeram isso antes, Cole.

— Mas nunca o derrubaram da vassoura, não é? Não. Smith disse que ele tinha que derrubar o idiota da Sonserina.

— Grifinória poderia ser punida. Porque eles fariam isso?

— Só o que eu ouvi é que ele irritou James Potter. – E fazendo aspas com a mão ele completou. – E ninguém mexe com um Potter.

Os meninos pareciam alheios que logo a frente havia um grupo de crianças muito interessados na conversa dos dois. Freya apertou a mão de Albus gentilmente, Rose parecia olhar para ele com atenção.

O jogo já havia voltado e com alguns minutos James conseguiu capturar o pomo de ouro.

— E James Potter captura o pomo de ouro trazendo vitória para a Grifinória. – O locutor gritou – Ele realmente herdou o talento de Harry Potter.

Albus estava feliz pelo irmão e o primo. Rose começou a pular e bater palmas, Amélia também parecia feliz. Os sonserinos não estavam tão animados, o lufano deu os parabéns a Rose que o cumprimentou com um grande sorriso.

Todos pareciam alheios e algumas pessoas já se encaminhavam para a saída. Mas Albus tinha os olhos fixos no irmão que antes estava com um sorriso aberto e brilhante, mas quando o locutor falou a última frase Albus viu o sorriso do irmão diminuir e se tornar forçado. Ele não era o único incomodado por viver a sombra do sobrenome Potter e se perguntou se toda aquela pose confiante de James era realmente real.


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Notas finais do capítulo

Comentários, não esqueçam. Não faz mal e alegra a alma dessa pobre moça desamparada :)



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