O Legado escrita por Luna


Capítulo 82
Capítulo 81


Notas iniciais do capítulo

Queria ter entregue esse antes do Natal.
Espero que o feriado esteja sendo bem aproveitado por todos, vou tentar colocar o próximo capítulo antes do ano novo, ele está quase finalizado já.
Beijinhos



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Nunca quis começar uma guerra

Só queria que me deixasse entrar

E ao invés de usar força

Acho que devia tê-lo deixado ganhar

Wrecking Ball – Miley Cyrus

 

Timothy estava metido em um pijama listrado, deitado no colchão desconfortável da enfermaria. Queria sair dali o mais rápido possível, mas sabia que tinha algum feitiço de monitoramento que impedia que os pacientes fugissem da ala hospitalar. Também não estava animado com a perspectiva de encontrar seus amigos ou ex-amigos, não sabia bem como eles estavam naquele momento.

Pensava sobre suas atitudes desde que finalmente tivera coragem para romper com Rose, seu comportamento só veio a piorar daquele momento em diante. Era difícil explicar a qualquer um – Scorpius era o que mais se esforçava para entender – o que estava sentindo, colocar em palavras toda a sua confusão, o medo brotando no fundo de seu ser, a ilusão que tampava os olhos dos outros de que estavam bem e seguros. Ele entendia melhor que qualquer um ali o medo que Albus sentia a cada nova carta recebida e não queria pensar no que a demora de cartas poderia significar. Não que ele e o irmão fossem do tipo que se correspondiam semanalmente, mas algo tinha mudado entre os três. Sabia que Nicholas constantemente enviava cartas ao irmão, sentia vontade de fazer o mesmo, colocar no papel o que estava sentindo, mas sempre que pensava em fazer isso se lembrava do irmão que tinha conhecido em todos os anos anteriores e só conseguia imaginar Eric revirando os olhos para sua bobeira infantil. Não podia escrever para sua mãe e muito menos para o pai, Eric disse que o melhor era manter um pouco de distância, tentar que com isso eles pudessem tomar o lado deles de uma vez.

Seu momento de reflexão foi interrompido pela entrada dramática de Eric, as portas se escancararam e o homem entrou esbaforido por ela, tinha o rosto vermelho e os olhos febris ao encarar o garoto deitado na maca. Se aproximou com passos apressados e olhou toda a extensão do corpo enfermo do irmão, havia um corte na testa embaixo de uma pasta laranja e o braço estava enfaixado também.

— Você pode me dizer o que aconteceu? – A voz dele estava controlada, mas dava para perceber o esforço por sua respiração pesada.

— Tenho certeza que Nicholas já contou tudo que você precisa saber. – Um ardor no fundo do estômago o fez desviar o olhar.

— Você atacou o nosso irmão. – Eric falou com os dentes cerrados e recebeu em troca o olhar irritado do irmão.

— Ele me atacou primeiro, o que você-

— Você deveria tê-lo desarmado, é isso que você deveria ter feito. – Ele andava na frente da cama, passando a mão na cabeça. – Não acredito que você usou as palavras de Sebastian apenas para feri-lo.

— Eu não menti. – O ardor foi subindo pelo seu estômago. – Você fugiu e-

— Por você, por Nicholas e por mim. Porque aquela família é como um dementador sugando tudo de bom que existe em nós e não podia deixar que vocês fossem sugados também. Não pense que eu permitirei que você seja uma maldita marionete na mão daquele comensal desgraçado. – Eric nunca tinha falado daquela forma e aquilo meio que assustava Timothy, ouvi-lo se referir ao avô com tanto ódio.

— Você não pode... nós não podemos fugir para sempre. – A voz dele soou tímida e insegura.

— Não, Sebastian estará na prisão ou morto antes disso. – Era como uma resolução.

— Ou ele pode matar você antes e nos tomar para ele. – Timothy sentia as lágrimas querendo vir, trincou o maxilar tentando impedir um soluço.

— Nesse caso você e Nicholas estarão seguros, eu já tomei providências para caso isso aconteça. – Eric foi caminhando até ele e se sentou na cama, ele segurou a mão do irmão, quando viu seu rosto ser tomado pela angústia e dor. – Não estou dizendo isso para assustá-lo e nem que Sebastian planeja algo, a vida é imprevisível de várias maneiras, Timothy e ela é tão frágil. Quero apenas garantir que se algo me aconteça vocês estarão assistidos e seguros.

— Você não vê? Estará seguro se Sebastian pensar que não precisa mais de você. Eu posso ajudar, me deixe ajudar. – Tim pedia com súplica, a ideia de perder Eric naquele momento o aterrorizava. Eric o puxou e o irmão deitou a cabeça em seu ombro.

— Se você quer ajudar comece a não se colocar em problemas como duelar com nosso irmãozinho em um corredor. – Eric passava a mão nas costas de Tim, sentia o corpo tremendo. – Nesse momento somos só nós três, Tim. Temos que estar unidos.

— Você fez, por que eu não-

— Porque você tem a mim. – Eric o afastou para poder olhá-lo nos olhos. – Você tem a mim e eu vou fazer tudo que puder para controlar as coisas, para manter você e Nicholas em segurança, para terminar a escola e seguir com sua vida da forma como quiser, trabalhando com o que lhe deixa feliz, para que você possa amar qualquer pessoa e começar uma vida com ela, sem ter medo que sua família louca faça algo. Para que você e Nicholas sejam livres para ser quem quiserem ser. Esse é o meu trabalho.

— Eu nã-ão quero... – Timothy odiava estar chorando naquele momento enquanto Eric se mantinha tão impassível lhe olhando com compreensão e sem julgamentos. – Não que-ero que você morra... Eu não posso... Nicholas...

Eric o abraçou novamente. Quando tudo aquilo começou pensou que Nicholas seria o irmão difícil, tão preso dentro de si mesmo, pensou que o irmão caçula seria mais complicado de alcançar, mas estava enganado. Era fácil com Nicholas, ele parecia estar se esforçando para esquecer todos os anos anteriores e querendo construir algo novo. Tim ainda tinha muitas barreiras erguidas, quando pensava que estava conseguindo derrubar uma, outra surgia mais resistente, sentia as vezes que ele não queria abraçar aquela família de três, ou talvez ele não queria se acostumar aquele ambiente livre e depois ter que voltar para a jaula que era ser um Nott.

— Eu queria prometer que vou ficar bem, mas não posso mentir para você.

— Eu sei... – Ele segurava o braço de Eric com força, não sabia quanto tempo o irmão podia ficar ali, mas não queria vê-lo partindo novamente.

— Você vai se desculpar com Nicholas. – Eric falou depois de um tempo em silêncio, Tim apenas assentiu, com a cabeça no seu ombro ainda. – E os dois estão de castigo.

Por mais quanto tempo Eric teria permanecido ali Timothy não saberia dizer, mas um tempo depois a enfermeira chegou querendo olhar os seus ferimentos e ele teve que se afastar do calor que Eric emanava.

— Eu tenho que ir, Tim. – Eric falou depois da mulher garantir que amanhã pela manhã ele já estaria bem.

— Eu sei. – Olhou para suas mãos, não sabia como encarar o irmão depois daquela conversa.

— Me escreva, sim? – Eric pediu, algo que pegou Tim completamente desprevenido.

— Eu vou... – Ele assegurou e sorriu. O irmão já estava andando na direção da porta quando se voltou novamente depois de ouvir o chamado de Tim. – Obrigado por ter nos tirado de lá. Eu sinto falta dos nossos pais, mas... Eu realmente gosto da nossa família... de nós três...

Ele pensou ter visto algo passando nos olhos de Eric, um brilho diferente, mas o irmão foi embora antes que ele pudesse identificar o que aquilo poderia significar. Sentia-se tão ridículo naquele momento, e não apenas por ter chorado feito uma criança na frente do seu irmão mais velho, mas pelas atitudes que o tinham trazido até ali.

Em algum momento adormeceu, sua consciência foi trazida de volta por uma voz suave que conhecia muito bem, por um segundo pensou que talvez ainda estivesse sonhando.

 – Mas ele está bem mesmo? – A voz chegava baixo até ele, talvez ela estivesse distante ou então não queria incomodá-lo em seu sono.

— Ele ficará essa noite apenas por precaução, foi atingido muito forte na cabeça e quero garantir que não faça nada que prejudique a recuperação daquele braço.

— Que bom... – Quando Rose se virou para olhar para Timothy viu dois bonitos olhos azuis lhe fitando com curiosidade e receio. – Timothy!

A voz dela espelhava a surpresa por vê-lo acordado, não sabia se queria de fato que ele tivesse desperto naquele momento, tinha caminhado até ali apenas para aquietar seu coração doído de preocupação. Sabia que seus outros amigos estavam muito chateados naquele momento, não queria deixar Tim sozinho, mas não sabia se sua presença seria desejava pelo garoto.

— Rose. – O nome escapuliu de seus lábios, fazia tantas semanas que ele não falava o nome dela que parecia estranho fala-lo naquele momento, quase como se ele não tivesse mais o direito de fazê-lo.

Não era segredo para ninguém que Rose Weasley e Timothy Nott estavam envolvidos em algum tipo de namoro adolescente, e tal informação não passava despercebido para Sra. Flitz, mesmo ela quase nunca saindo da enfermaria. Era surpreendente o quanto se podia saber através de jovens adoentados quando não tinham nenhuma outra companhia além de uma jovem senhora lhes dando remédios amargos ou limpando seus ferimentos.

Ela convocou uma cadeira a deixando perto da cama que seu único paciente ocupava, informou aos dois que eles tinham apenas alguns minutos antes que Rose tivesse que voltar para o seu dormitório, duvidava que um dos dois tivesse ouvindo estando tão presos naquela bolha desconcertante.

— Eu queria saber como você estava. – Ela se aproximou da cama. – Estive com Nicholas mais cedo, ele está bem.

— Claro que ele está. – Tim jogou mal-humorado, todos pareciam especialmente preocupados com seu irmão, não notavam que ele tinha sido o machucado naquela situação?

Era estranho ter Rose ali, parada, lhe olhando daquela forma questionadora, esperando por algo que ele não sabia o que era. Quase conseguia ver o filtro na sua cabeça e todas as ofensas que ela tinha contra ele, toda a bronca que ela queria lhe dar, mas não sabia se ainda tinha o direito de fazer.

— Foi um duelo para valer então? – Ela sentou na cadeira por fim, apoiando os cotovelos nas pernas, com uma expressão cansada. – Nós não sabíamos se você tinha mesmo a intensão de atacar o Nicholas, Freya disse que considerando o quão ruim você é no clube de duelos não era uma surpresa ele ter se dado melhor.

— O que você está fazendo aqui? – Ele queria cruzar os braços, mas sentiu uma fisgada quando tentou mover o braço machucado, isso fez com que ele não soubesse o que fazer com suas mãos.

— Eu não sei. – Ela respondeu derrotada. – Como você chegou até esse ponto? Como você pôde tentar machucar o seu irmão?

— Todos parecem ver o Nicholas como a vítima aqui. Ele me atacou primeiro, o que você queria que eu tivesse feito?

— O mesmo que James caso o Albus fizesse algo assim, a mesma coisa que eu faria se o Hugo me atacasse: nada. – Ela o olhava triste, como se não reconhecesse a pessoa diante dela e talvez agora não conhecesse mesmo. – Ele não nos disse o que aconteceu, mas não importa, por que ele é seu irmão e você deveria tê-lo defendido, Timothy. Lembra quando Eric foi agressivo com ele e você o atacou? Você fez isso para proteger o seu irmão, como pode ter tentado feri-lo agora? Como você pôde machucar o Nicholas?

Rose conseguia ser bem pior que Eric, talvez por seu irmão ainda ter muitos entraves, coisa que Rose não tinha. Lá estava ela tentando puxar alguma justificativa para sua atitude horrível, tentando buscar um motivo que não o fizesse ser tão terrível diante dos seus olhos.

— Eu pensei... – Ela deixou sua cabeça cair, usava tudo que aprendeu com Freya todos aqueles anos para não chorar na frente dele. – Eu pensei que quando as coisas passassem pudéssemos voltar a ser amigos, andar pelos jardins em dias ensolarados, sentar na biblioteca e fazer os deveres juntos. Eu pensei... Que ainda o teria.

— O que você veio fazer aqui, Rose? – Não tinha mais o tom de acusação, ele só queria que ela jogasse para fora tudo que vinha guardando todo aquele tempo.

— Diga alguma coisa, qualquer coisa, porque todos acham que eu deveria desistir de você. – Ela voltou a olhá-lo, buscava qualquer centelha que a fizesse ver aquele garoto que tinha conhecido quatro anos antes. – Me diga que você ainda é a mesma pessoa que defendeu seu irmão, que me falava sobre rosas e que queria conhecer o mundo.

— Rose...

— Me diga algo, Tim, porque eu estou desistindo de você e eu não quero isso. Eu esqueceria todas essas semanas, suas grosserias, o que você tem feito com a Burke e o Flint. Diga alguma coisa.

O que ele poderia dizer? A baixa luz da enfermaria fazia com que uma sombra cobrisse metade do rosto dela, podia perceber o brilho incomum em seus olhos, das lágrimas que ela com tanto esforço impedia de cair. Seu irmão disse que queria garantir um futuro onde ele poderia gostar de qualquer pessoa, sem medo, mas esse futuro ainda parecia muito distante de si.

— Você deveria desistir, Rose. – Sua voz monocórdia foi como uma mão fechada no pescoço de Rose. – Sempre imaginei que houvesse um futuro para nós, mas não acho que haja esperança mais.

— Sempre há esperança, Tim. – Ela sentou na ponta da cadeira, suas mãos fechadas, riscos de lágrimas manchando seu rosto.

Algo quente parecia descer pela garganta do garoto, ele escutava aquele fulgor vindo dos outros também, a repetição do que ouviam em casa. Mesmo com os corpos se empilhando, com os ataques se tornando mais frequentes, com o perigo imediato, eles ainda repetiam que havia esperança. Agora via isso até mesmo em Nicholas e Eric e não entendia como eles podiam se deixar levar por um sentimento tão vazio, como ela podia estar ali olhando para ele com aqueles olhos pedintes dizendo que ainda havia esperança.

— Eu estou tão cansado de ter esperança, de ficar aqui esperando que algo de bom aconteça. Adivinha só, Weasley, esperança é um saco. O mais provável que aconteça é um dia eu receber uma carta dizendo que meu irmão está morto. Pegue sua esperança e saia daqui!

Ele ainda era um Nott, sua família adorava a arte das trevas, defendia a supremacia do sangue bruxo, eram formados por comensais e por covardes e ela ainda era Rose Weasley, a garota que tentava enxergar algo de bom em cada pessoa que conhecia, que sorria com a vitória dos amigos e que tinha esperança. Como alguém como ele poderia ficar perto de uma rosa?

Ele não poderia se permitir ter esperança, pois isso faria com que ele a quisesse de volta e nada tinha mudado naquele quesito, ele ainda era um perigo para ela. Então era mais fácil ele expulsá-la da sua vida daquela forma brusca e insensível, do que perdê-la de outra forma.

Ela se levantou lentamente e andou até ele, não o olhava diretamente, mas segurou a mão dele com gentileza.

— Eu sei que você nunca mais vai machucar o Nicholas, mas caso pense em fazer algo parecido novamente lembre-se que ele é um de nós e nós protegemos os nossos. – Ela o tinha olhado finalmente. Tim se perguntava se ela conseguia ver o quanto ele estava perdido naquele momento, o quanto queria puxá-la para si e garantir que aquele era seu lugar de direito, mas ele a deixou sair sem dizer nada.

­0o0

Aquela era a última aula antes do recesso de Natal, no dia seguinte eles estariam partindo para suas casas, para junto de suas famílias, haveria uma árvore para ser enfeitada e biscoitos para serem decorados, presentes para enviar de última hora. Olhando em volta Arwen percebia como seus colegas estavam sem qualquer vontade de estar naquela sala, e se fosse ser sincera nem ela mesmo sabia o que estava fazendo ali.

O único motivo de não ter desistido daquela matéria ainda era saber que Eveline consideraria isso uma afronta pessoal e por saber que ela era a única naquela turma que tinha algum talento real para a arte da adivinhação. Era cansativo ver seus colegas tentando ver algo significativo em borras de chá ou qualquer outra coisa, eles eram simplesmente péssimos.

Enquanto isso ela tinha que mentir sobre as coisas que via, como dizer a eles as coisas horríveis que continuava vendo sempre que espiava o futuro? Scorpius continuava sendo sua âncora, quando estava cansada demais pensava nele até ver algo em seu futuro, ela nunca ia muito longe, viu suas notas nos testes de poções e DCAT, viu ele e Albus na torre de astronomia, levando uma detenção por ter derramado farelo de comida na biblioteca. Poderia tê-lo avisado de todas essas coisas, mas que graça teria?

— Atenção, crianças. – Algumas pessoas sempre resmungavam quando Eveline os chamava assim, mas ela continuava de qualquer maneira. – Hoje continuaremos a tentar ver algo na Bola de Cristal, sei que muitos de vocês não conseguiram captar nada na aula passada, mas tentem se esforçar mais hoje.

Os alunos foram colocados em dupla, cada um estava sentado em almofadas e na sua frente uma mesa baixa redonda coberta com um pano roxo e no centro uma bola de cristal.

— Eu sei que hoje eu consigo ver algo. – A lufana falou animada, Arwen sabia que ela tinha zero potencial, mas a encorajava mesmo assim.

— Tenho certeza que sim, Miranda. – Ela sorriu.

Deixou a garota ser a primeira, manteve suas mãos nas dela pelo tempo que achou necessário para fingir que realmente acreditava que ela conseguiria alguma coisa, viu quando ela tocou a esfera e pensou em corrigi-la, mas que bem isso faria, quanto antes ela terminasse com aquilo mais cedo Arwen poderia ir comer.

A fumaça que rodopiava no centro da esfera continuava cinza, sem qualquer alteração. A menina espremia os olhos, como se isso fosse fazê-la ver alguma coisa, Arwen deu um suspiro entediado, não entendia por que Miranda tinha tanta vontade de ver algo, enquanto ela própria queria se livrar do seu dom.

— Ah, desisto. Vai você. – Ela deu de ombros e sua expressão mostrava seu descontentamento.

Segurou as mãos dela novamente, dessa vez por um pouco mais de tempo, prendeu seus olhos nos amendoados da menina, queria captar o máximo de energia possível. Miranda era tão comum, uma boa pessoa, querida, sensível e leal aos amigos, gostaria de ver o futuro de alguém assim, mesmo que não fosse confidenciar a ela o que tinha visto.

A soltou e tomou cuidado para não tocar na bola, passou suas mãos suavemente ao redor, transferido para o artefato mágico a energia que tinha captado da garota, suas mãos passeavam pelo objeto como uma carícia.

Geralmente ela fingia falhar como todos os outros, não queria chamar a atenção para si, mas naquela tarefa em particular era realmente difícil fingir que não conseguia qualquer efeito, quando a fumaça começava a mudar de tonalidade para quem quisesse ver.

— Como você conseguiu? – Miranda cruzou os braços irritada, mas Arwen não dava atenção a ela.

A fumaça cinza tornou-se colorida e ela começou a ver silhuetas, os traços foram tomando forma e se tornando mais nítidos, um grito ficou preso em sua garganta e com muito esforço conseguiu controlar sua feição.

— Eu vejo um homem, ele parece alto, trabalha no Ministério pelas suas vestes. – Mentiu.

— Meu pai. – Miranda falou dando um pulo, esquecendo sua irritação e se animando com que a outra via. – Esse é o meu pai.

— Ele está... – A fumaça rodopiou novamente, não poderia falar aquilo para Miranda, tentou puxar em sua memória qualquer coisa para fugir daquela situação. – Ele parece estar em uma loja de animais. – Ela tentou sorrir e dar de ombros. – Eu não faço ideia.

Miranda riu junto dela, não era novidade para garota aquilo, para ela ninguém conseguia ver muita coisa ali. Elas gastaram o resto do tempo com Miranda falando que não poderia ser real, a mãe dela era alérgica a gatos e eles já tinham uma coruja e era impossível seu pai estar pensando em lhe dar um sapo. Arwen apenas sorria, procurou Eveline com o olhar e soube quando a mulher percebeu que ela tinha visto algo.

E ela pensando que poderia ir para casa decorar a árvore e enfeitar biscoitos.


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