O Legado escrita por Luna


Capítulo 74
Capítulo 73


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas o/ Quem é vivo aparece :)
Então, eu tive que me virar para terminar o meu período cabroso, os professores botaram foi p matar mesmo, depois eu tirei uns dias para mim, fiquei sem fazer nada, só assistindo umas coisas, lendo um pouco, mas aqui estamos novamente.

Capítulo novinho, espero que gostem.
Quem aqui acompanha também Old Scars, Future Hearts até domingo sai capítulo novo. Quem não acompanha, ta fazendo o que? Vai lá ler! Sim, é uma ordem.

Beijinhos e me digam o que acharam.



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“Ouça a dor. Ela é professora de história e adivinha. A dor nos ensina quem somos, Wade. Às vezes é tão ruim que sentimos que estamos morrendo, mas não podemos viver até morrermos um pouco, podemos?”.

Deadpool

 

Durante toda a manhã o pequeno bilhete pesava no bolso interno do casaco de Nicholas, ele sentia como se alguém estivesse o observando por onde andasse, quando ia pelos corredores em direção a salas de aula e até mesmo quando estava protegido por grossas paredes de pedra, a sensação nunca o abandonava.

A hora que o bilhete dizia que ele deveria encontra-la se aproximava com lentidão, era como se o próprio tempo soubesse o quanto Nicholas queria adiar o encontro, mas nem mesmo ele poderia pará-lo. Por isso, enquanto seus colegas de casa se dirigiam ao Salão Principal Nicholas subia as escadas em direção ao quarto andar.

Arwen estava de costas quando ele chegou, seus ombros estavam caídos e o casaco jogando em cima de uma cadeira, ela batia seus dedos no tampo da mesa de forma ritmada, Nicholas reconheceu o som assim que o ouviu e um arrepio passou por sua coluna, a lufana o assustava e o deixava curioso em medida desproporcional.

— Há meses eu falei o que eu vi, sobre como você ajudaria seus amigos. – Ela falou.

— Eu sei.

Ela se virou para ele, seu rosto sempre pálido se mostrava doente, seus olhos brilhavam de forma perigosa, como se ela estivesse no limite da sanidade. Ninguém havia percebido que a garota gritava por ajuda?

— E mesmo assim você ainda não fez nada. – Ela acusou.

— Não é tão simples, é proibido pelo Ministério fazer testes sem supervisão e autorização, eu ainda não falei para ninguém...

— Lily Potter sabe, ela o ajudaria se pedisse.

Nicholas a olhou com raiva por supor que ele usaria a amiga de uma forma tão inconsequente.

— Eu posso acabar machucando Lily. Não. Não farei isso com ela.

— Você a ama. – Ela falou como se tivesse solucionado um mistério. – Você ama Lily Potter. Coisas horríveis e magníficas aconteceram no mundo por causa do amor, pessoas são guiadas pelo sentimento tão avassalador que até mesmo o medo da morte se torna irrelevante.

— O que tudo isso quer dizer? – Nicholas não negou o sentimento. Quem acreditaria se ele negasse?

— Eu vou ajudá-lo. – Ela o encarou com seus sinistros olhos.

— O que? Não. O que a faz achar que eu também colocaria sua vida em risco?

— Por que sua querida Lily irá morrer se você não tiver êxito, assim como Rose, Albus, Amélia. Seus irmãos também, principalmente Eric, a essa altura seu avô espera apenas ter a oportunidade para atingir seu irmão, ele se tornou um risco e é descartável.

— Eric não é descartável. – Nicholas nunca tinha sentido uma fúria tão grande direcionada a alguém.

— Sim, ele é para seu avô. Ele ainda tem Timothy, uma mente jovem que pode ser moldada, com a morte de Rose e um incentivo certo que seria ameaçar sua vida seu irmão faria o que Sebastian quisesse. É assim que será Nicholas. Então, quando começamos?

O dia tinha amanhecido escuro, era impossível definir as horas apenas olhando para o céu, poderia muito bem ser fim de tarde, mas todos sabiam que estavam no meio da manhã. Para o grande desgosto dos alunos o tempo ruim não fez com que a aula de Trato das Criaturas Mágicas fosse cancelada, por isso eles tiveram que abandonar o conforto do Castelo e se dirigirem até perto da Floresta Proibida.

Algumas estruturas de pedras estavam dispostas e nelas uma pequena fogueira queimava, para acalentar o frio os alunos se aproximaram do calor das chamas, esperando que o professor aparecesse de uma vez. Para a grande surpresa de todos quem apareceu não foi Hagrid, mas um homem de tamanho normal, que tinha uma aparência jovem e feliz, seu sorriso era amplo e estava visivelmente animado, a única coisa chamativa em seu vestuário era a jaqueta amarela e a gravata com desenhos. Ele esfregava uma mão na outro e soprava querendo espantar o frio.

— Vocês chegaram, que bom, maravilha. – Seu sorriso nunca diminuía de tamanho. – Eu sou Spencer e serei seu professor de Trato das Criaturas Mágicas.

— Onde está o professor Hagrid? – Albus perguntou curioso.

— Rúbeo? Ah, ele pediu uma folga e foi até a França, acho que ele queria fugir desse frio. – Ele riu de sua piada, ninguém o seguiu. – Ah, vejo que vocês já estão aproveitando o calorzinho, isso é bom, isso é bom.

Os alunos começaram a se entreolhar.

— Vejam, hoje nós estudaremos sobre as salamandras de fogo, se vocês olharem com mais atenção para o fogo vão ser capazes de vê-las. Lindas, não? – Ele apontava para a fogueira mais próxima. – Se dividam em trio, vocês terão que retirá-los daí, alimentá-los e se der tempo vamos ver se conseguem tirar um pouquinho de sangue, tenho certeza que o professor de poções seria muito grato.

— Vocês ficam juntos. – Freya disse antes que Scorpius falasse alguma coisa.

— Mas e você? – Timothy perguntou.

— Ah, falta uma pessoa na equipe do Thomas, acho que vou ver se ele me aceita. – Ela deu de ombros como se não fosse importante.

Os três sorriram e ela revirou os olhos. Freya estava bem consciente do lufano, mesmo que tenha evitado ficar olhando para o lado que a casa amarela tinha decidido ficar, ela percebeu que o garoto com quem ele costumava andar não tinha ido para a aula, o que dava uma chance para ela.

— Não sejam idiotas. – Ela resmungou e saiu.

Andou por entre os lufanos com seu nariz em pé, ignorando os olhares que iam em sua direção. Thomas estava de costas falando com uma garota, viu a menina batendo no braço dele e seu corpo se virar.

— Freya! – Ele parecia genuinamente surpreso.

— Oi, vocês estão precisando de mais alguém? – Ela olhou dele para a garota, esperando que um dos dois falasse algo.

— Claro. – Thomas falou e olhou para a garota esperando que ela concordasse.

— Claro, Trevor está na enfermaria, vai ser bom ter mais mãos para mexer com esse bichinho. – Ela sorriu sem graça. – Sou Abigail.

— Freya.

— Eu sei. – Mais sorriso sem graça.

Abigail tinha cabelos muito curtos, olhos castanhos e redondas e uma boca carnuda, adorava flores e por isso seu cheiro parecia tão fresco, ela sempre andava com alguma flor em sua bolsa. Ela parecia representar o que tinha de melhor de sua casa, era calma e gentil, mas Freya tentava não se enganar mais, sabia que lufanos não deviam ser subestimados.

Eles começaram a trabalhar, o primeiro empecilho seria tirar o animal de perto da chama, a salamandra parecia uma extensão do próprio fogo, era linda e feroz. Em um movimento mal calculado Abigail acabou se machucando.

— Isso queima. – Ela reclamou.

— O professor trouxe pomada. Olhe, ele está aplicado no Tim. – Ela apontou para onde o sonserino estava segurando o pulso vermelho já apresentando bolhas.

Abigail foi até lá segurando as lágrimas.

— Acho que devíamos tentar levitá-lo. – Tom propôs, erguendo a varinha e proferindo o feitiço, seu movimento era delicado, não queria assustar o animal ainda mais, Abigail já tinha feito isso muito bem.

Eles começaram a jogar as pimentas, depois de um tempo a salamandra as estava pegando no ar, eles estavam se divertindo.

— Eu estava pensando, acho que deveríamos ir ao povoado juntos. – Thomas falou encarando sua pimenta, esperando que o animal comesse a que Freya tinha dado para poder jogar a dele.

— Ia ser legal, tenho certeza que eles vão gostar de Abigail e Trevor.

— Não, eu e você. – Ele a olhou. – Juntos, só nós dois.

Ela ficou em silêncio sem saber o que responder. Havia algo na forma como Thomas sorria, mas talvez fosse apenas porque ele sorria para ela. A garota sentia dificuldade de negar quando ele a olhava daquela forma, com tanta expectativa e timidez.

— Isso... Eu gostaria, Tom.

— Ótimo.

A sala estava escura, apenas pequenos pontos de luz entravam através das frestas entre as cortinas, havia um cheiro forte de ervas devido aos diversos chás que eram preparados ali, mas pelo menos o local onde estava sentada era confortável, confortável demais. Estava difícil manter a concentração, sabia o que tinha que fazer, levar sua mente para longe, mas sua mente naquele momento estava embolada, pesada.

Arwen tentava se manter focada, mas estava ficando cada vez mais difícil. Ela sentia como se sua mente estivesse muito distante, até suas memórias estavam desfalcadas, lembrava-se de acordar cedo e ir para o Salão Principal, teve aula de poções e feitiços, depois almoço e foi se encontrar... Nicholas, ela foi se encontrar com Nicholas. Ele estava zangado com algo, irritado, eles fizeram algo importante. Sua mente estava um nó, ela tentava desvencilhar os fios, ele tinha tocado para ela, era bonito, lento, entrava em sua mente como se a possuísse, ela se sentiu cansada, lenta, seus olhos se fecharam mesmo que ela se esforçasse para que não.

— Já chega! – A voz imperiosa de Eveline a assustou. – Você não está focada, o que aconteceu?

Os efeitos da magia de Nicholas perduravam mesmo depois de horas, se sentia diferente da última vez, tinha que anotar isso e informa-lo sobre a confusão que sua mente estava.

— Só estou cansada.

— Cansada? Mas o ano letivo mal começou, como já pode estar cansada? – Ela perguntou desconfiada.

— São os N.O.M.s, os professores...

— Arwen, pare. – Eveline apertou a ponta do nariz. – Levante-se, venha aqui.

A garota soltou sua respiração lentamente, queria continuar sentada ali, talvez deitar um pouco. Não queria conversar com sua mentora, responder seus questionamentos e talvez implicar o corvinal.

— Eu garanto a você que estou bem, só cansada. Posso ir para o dormitório? – Ela torcia para que a mulher, sempre tão desconfiada, deixasse essa passar.

— Me diga o que aconteceu para você estar assim hoje. E não me fale sobre estudos e N.O.M.s.

Arwen ficou em silêncio durante vários segundos. Não sabia como Eveline iria reagir, poderia supor que não seria da forma como ela preferiria, provável que a mulher soltasse fogo pelas narinas e tentasse impedi-la de continuar com aquela insanidade. Na sua cabeça as palavras de Eveline eram muito parecidas com as de Nicholas.

— Estou ajudando Nicholas Nott com sua magia. – Simples e direta.

Eve estava levando uma xícara de chá aos lábios quando a lufana falou e o movimento parou. Ela baixou a xícara lentamente até o pires e ficou olhando para a menina a sua frente. Ela notou assim que a garota chegou como seus movimentos pareciam mais lentos, cansados de fato, a viu sentar e se fazer confortável, fechar os olhos, mas sentia o quanto de esforço ela estava colocando para manter sua mente no presente, sua consciência estava vagando em várias direções.

— Não vai dizer nada? – Arwen não aguentou o silêncio por mais tempo.

— Diante da sua teimosia constante qualquer coisa que eu diga é irrelevante. Imagino que o rapaz tenha se recusado a testar sua teoria na menina Potter.

— Sim, ele se negou veementemente.

— Não imagino que vocês sejam amigos, mas acredito que ele também não gostaria de colocar sua segurança em risco. – Ela bebeu um pouco do chá.

— Eu fui muito persuasiva. Disse que os amigos estavam em perigo. – Arwen desviou o olhar.

— E o que mais? Que os amigos estão em perigo ele já sabe há meses, mas isso não o fez progredir na magia.

— Disse que seu irmão também está, que Eric provavelmente morreria se ele falhasse nisso. – Arwen encarou Eveline, seu rosto em uma máscara dura, queria que a mulher dissesse que o que fez era horrível, injustificável, que estava envergonhada de seus estratagemas para conseguir o que queria.

— Levando em conta que até o momento você não conseguiu ver nada sobre o futuro de Eric Nott imagino que tenha mentido.

— Fiz o necessário para ele avançar. Eric pode não estar em perigo, mas os outros estão. E até onde isso é uma mentira? Não é de conhecimento de todos que o velho Nott está apenas esperando pela oportunidade para limpar seu nome?

— Calma, Arwen. – Ela encheu outra xícara com um líquido quente e escuro e colocou na frente da menina. – Beba um pouco.

— Você não está chateada?

— Eu sinto muitas coisas, chateação é uma delas? Talvez. Mas não é relevante agora. Eu já disse isso antes a você, mas irei reforçar até que eu veja que compreende de fato. Fomos agraciadas com uma magia que deveria ser contida, ver o futuro, o nosso e de outros é perigoso de várias maneiras. Todos os nossos passos devem ser calculados, algumas coisas devem ser impedidas e outras devem seguir o seu rumo, cabe a nós decidir isso. Acácia Pentaghast está morta, pois interferir poderia trazer mais mortes, Scorpius Malfoy está vivo por um erro meu, interferi em algo e com isso trouxe males para todos. Você está certa que a magia de Nicholas ajudará a salvar os outros, então interferiu para que isso acontecesse. Talvez sua interferência já estivesse marcada no destino de ambos, o que você tem que entender é que suas escolhas são suas, assim como as consequências.

— Eu entendo.

— Entende? – Eveline estreitou os olhos.

— Eu entendi com Acácia.

— Não, você fez o que mandei que fizesse, por sua escolha teríamos avisado todos do perigo que ela corria. E o que isso teria trazido?

— Ela estaria viva... – Ela falou e até mesmo para si soou muito com a fala de uma criança repetitiva.

— Sim, mas não podemos saber quem mais teria morrido.

— Eu sei, eu sei.

Eveline terminou o conteúdo do seu chá.

— Não, minha pequena criança, você ainda não sabe. Mas vai saber, um dia você terá que tomar suas próprias decisões, irá errar, carregará o peso da verdade e do silêncio em seu coração, então ele ficará pesado e será difícil carrega-lo por aí, e a escolha mais importante que fará será se deixará seu coração de lado ou se andará com ele carregando o peso de suas escolhas.

— O que você escolheu? – Arwen perguntou cautelosa.

Eveline lhe deu um de seus sorrisos tristes, não era bem um sorriso, era um leve movimentar de lábios.

— Você deve ir descansar agora. Marque seu treinamento com Nicholas em dias diferentes, não quero vê-la nesse estado novamente.

Arwen saiu da sala, seu coração parecia pequeno e gelado. Ela sabia qual escolha Eveline tinha feito, sabia que o peso que ela carregava era diferente do que a própria Arwen levaria um dia, sabia que o peso dos mortos era muito pesado, não a julgava por tomar essa decisão, apenas temia o dia que teria, ela própria, de fazê-la.


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