O Legado escrita por Luna


Capítulo 73
Bônus - Eric e Dominique


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem pela demora, eu realmente queria ter vindo antes, mas to no final do período e as coisas estão se acumulando. Muitos trabalhos, coisas para estudar...
O bônus está incompleto, mas se finalizasse era capaz do capítulo só vir no próximo mês, então resolvi postá-lo logo.
Espero que gostem.
Beijooos!!!



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“Porque amor, amor não é sentimento... Amor é uma promessa.”

Doctor Who

 

Eric tinha tomado direção à lareira de um bar imundo da Travessa do Tranco, saiu com um capuz tampando seu rosto para que nenhum daqueles homens pudesse reconhecê-lo, Sebastian tinha lhe dado um prazo, mas não seria tolo em confiar no homem. Andava com seu porte altivo, transpassava segurança, os passos eram compassados, mas rápidos, não era diferente de muitas pessoas que andavam pelo lugar para fazer suas negociações sujas.

Ele saiu do ambiente escuro da Travessa e foi para a área digna do Beco Diagonal, o dia já estava se encerrando, algumas lojas já estavam fechando e poucas pessoas circulavam pela rua. Ele foi andando com mais calma até a rua em que morava, com a varinha segura em sua mão para possível necessidade.

Não esperava vê-la sentada na porta de sua casa, mas não estava surpreso. Ela levantou rapidamente e também não foi surpresa quando ela se adiantou e jogou os braços por cima dos seus ombros, ela tinha o costumeiro e irritante hábito de abraça-lo, ele estava quase acostumado com isso depois de semanas.

— O que faz aqui? – Ele sempre perguntava isso.

— Vim ver como estava, não pude ficar no Ministério, tinha que voltar para o Banco. –Ela o olhava preocupada. – Devíamos entrar.

Ele passou por ela e entrou no apartamento. O ambiente pequeno ainda era estranho para ele, comparado a sua casa aquela poderia pertencer a bonecos, mas ele se sentia em paz lá mais do que sentiu por anos vivendo sobre o teto dos seus pais.

— Eric?

Dominique estava parada perto da porta, ela parecia aflita. Normalmente ela jogaria sua bolsa na mesa e iria ocupar metade do sofá ou iria para cozinha ver o que tinha para comer, mas agora ela estava lá estática segurando a bolsa como se não soubesse o que fazer.

— Hermione disse que conseguiria um lugar seguro, pediu que eu arrumasse uma pequena bolsa por enquanto.

— Então ele o ameaçou? – Ela jogou o cabelo por cima do ombro, ela estava agitada.

— É só o que ele sabe fazer.

— Mas que tipo de ameaça? – Ela ousou perguntar, mas Eric não respondeu, apenas deu aquele olhar que dizia que ela não gostaria da resposta. Domi engoliu em seco. – Vamos arrumar suas coisas então.

Ela jogou a bolsa no sofá e partiu em direção ao quarto sem pedir a permissão dele. Mas se Eric fosse pensar Dominique nunca pedia sua permissão para nada, ela entrava em sua sala quando queria, comia suas coisas quando estava com fome, se lhe desse acesso podia imaginá-la invadindo sua casa quando lhe desse vontade.

Ela estava voltada para seu guarda-roupa e ele passou a observá-la. Ele fazia muito isso. Ela tinha colocado o cabelo para trás da orelha, mas deixava o outro lado solto lhe cobrindo parte do rosto, ela fazia isso com frequência, sempre que não estava confortável com alguma coisa. Ela não sorria, o que era uma pena, ele gostava de vê-la sorrir, do pequeno sorriso, aquele leve esticar de lábios, até o mais aberto, quando uma pequena covinha se formava em seu rosto.

— Você já sabe o que ela fará? – Ele ouviu ela perguntar.

— Não. – Ele passou a dobrar as roupas que ela estava jogando na cama, poderia fazer isso com um movimentar de varinha, mas tinha algo peculiar em fazer de forma comum, como imaginava que os trouxas faziam, era lento e demorado. Não tinha nada a ver com querer aumentar seu tempo ao lado da ruiva.

— Tudo vai ficar bem, tia Hermione é muito inteligente, ela pensará em algo esperto. – Domi falou com falsa animação.

Ele deixou que ela escolhesse as roupas que ele levaria, que fosse buscar algo para eles comerem, que fizesse o que quisesse, percebia como ela estava nervosa com aquela situação e não queria adentrar no motivo para a garota se sentir assim, sendo que eles se conheciam há tão pouco tempo, pois pensar nos motivos dela faziam algo acontecer no seu estômago e seu coração bater rápido demais e também não queria pensar nisso.

Ele tomou banho enquanto ela saiu, aproveitou dos minutos de solidão para pensar no que faria agora. Ele tinha um prazo e quando este acabasse estava definitivamente ferrado, não poderia contar com seus pais e essa realidade fazia com que seus olhos ardessem, mas ele se recusava a chorar. Chorar só faria com que se sentisse mais fraco e pequeno diante de Theodore e Sebastian e ele não poderia ser fraco agora, não quando tinha Timothy e Nicholas.

Quando chegou a sala Dominique já estava pondo a mesa, ela arrumava tudo com simplicidade, mas ainda sim de uma forma que sabia que sua mãe aprovaria.

— Tia Hermione apareceu na lareira. Nós conversamos e decidimos que seria melhor você ficar conosco por um período, até as coisas se firmarem.

— Do que você está falando? – Eric segurou a cadeira e apertou tentando controlar seu gênio. Tinha certeza que não gostaria do que viria a seguir.

— Ela deu algumas opções, você poderia ficar na casa dela, na Sede da Ordem, na casa do tio Harry, todos os lugares tem as melhores proteções que eles podem oferecer, mas não acho que você se sentiria a vontade com isso.

— Você não acha? – Ele estreitou os olhos, pois sabia que tinha mais vindo.

— Minha casa é pequena, menor do que aqui. Mas Victorie tem um bom espaço. – Dominique evitava lhe olhar, ela estava colocando os talheres com precisão milimétrica. – Eu disse a tia Hermione que você se sentiria mais a vontade estando na casa da Vic.

— Você disse? – Ele respirou fundo, passou pela mesa e tirou o guardanapo que ela segurava a forçando a olhar para si. – Você não deveria falar por mim, Dominique. Essa decisão deveria ter sido minha.

— Você seria cabeça dura e aceitaria ficar com eles, mas eu sei que se sentiria desconfortável com a situação. Eu conheço você.

— Você me conhece? – Ela soltou o ar pelo nariz e sorriu debochado. – Você me conhece?

Ela virou o rosto envergonhada.

— Não seja grosseiro. Victorie vai respeitar seu espaço, deixará você em paz. É a melhor alternativa.

— A não ser que meu avô resolva nos atacar, então todos estaremos mortos.

— A casa dela também é protegida. Papai é muito protetor e mamãe é muito sensível, só aceitou que Vic saísse de casa quando tinha certeza que ninguém indesejado poderia adentrar o local, e tem Teddy que é um auror. Você ficará bem, Eric.

A casa de Victorie ficava em um bairro trouxa, era uma casa de família, mesmo que ainda fosse apenas ela e Ted. Era espaçosa, tinha um pequeno jardim na frente e uma área atrás, havia três quartos, uma sala, cozinha, tudo que um jovem casal precisava e agora um hóspede.

Victorie já conhecia o suficiente de Eric para saber que deveria dá-lo o espaço que desejasse. Deixou claro que ele poderia invadir a cozinha a hora que quisesse, transitar pela casa, fazer as refeições com eles, se assim fosse de sua vontade. Mas nos primeiros dias eles mal percebiam que tinha alguém em casa.

Eric saía muito cedo para o Ministério e voltava muito tarde, era como se ele quisesse ficar a menor quantidade de tempo possível sob o mesmo teto que Victorie e Ted e quando estava lá fazia o mínimo de barulho possível.

Dominique aparecia de vez em quando, mas sempre só falava com a irmã e o cunhado, nunca ia até Eric, sabia que ele ainda estava irritado e como ele poderia ser ferino nos melhores dias, não queria ser alvo do seu sarcasmo e maldade.

— Você tem certeza que não quer que eu vá chama-lo? – Vic perguntou um dia, vendo como sua irmã sempre olhava na direção que os quartos tomavam.

— Sim, não precisa. Eu falo com ele depois.

— Vocês pareciam bem próximos antes. – Ted falou por cima da xícara de chá, a suposição em sua voz era clara.

— Ele parecia sozinho e eu não conhecia muitas pessoas aqui. – Ela continuou depois de ver a expressão de Ted. – Pessoas da família não contam, Ted. Meus amigos ficaram na França, pensei que ele queria uma amiga, como eu queria um amigo.

— Amigo hum?

— Não a atormente, Ted. – Victorie bateu no braço do namorado. – Está tudo bem, Domi.

A ruiva estava absurdamente vermelha, não precisava ser muito inteligente para perceber que o sentimento tinha evoluído rápido demais e que Dominique gostava de Eric mais do que uma amiga deveria.

Ela retornou no dia seguinte decidida a falar com Eric, já fazia duas semanas que ele estava com Victorie e segundo a irmã ele ainda era distante e silencioso, falava o essencial ou quando tinha que responder alguma pergunta. E durante esse tempo ele não a procurou de qualquer forma, o que era um ultraje. Então ela falaria com ele apenas para brigar.

Mas nesse dia Hermione decidiu aparecer. Eric foi chamado e pareceu realmente surpreso em ver Dominique sentada ao lado de Ted no sofá, eles se encararam por vários segundos, antes dele perceber o que fazia e voltar sua atenção para Hermione. Hermione tomou seu próprio lugar em uma poltrona e como não solicitou que a conversa fosse particular os outros três permaneceram na sala curiosos.

— Você irá para França. – Ela foi direta.

— O que?

— França? – Dominque perguntou com um muxoxo.

Hermione ignorou a sobrinha e respondeu para Eric.

— É comum que integrantes do DELM façam uma correlação em outros países, como uma forma de completar seu desenvolvimento e instrução, inicialmente pensei em manda-lo ao MACUSA, mas diante dos recentes eventos, prefiro deixa-lo em um lugar mais seguro.

— E isso seria na França? – Eric perguntou.

— Ele ficará com nossos avós? Acho que não seria sensato deixa-lo sozinho, ainda é um risco, poderiam segui-lo até lá e...

— Calma, Dominique. – Hermione a interrompeu. – Não, pensamos que deixa-lo com os Delacour poderia ser muito arriscado. Ele ficará na companhia de Eliza Hall, a casa dela é plenamente segura e ninguém desconhecido sabe a localização.

— A mãe de Amélia? – Ele perguntou apenas para confirmar.

— Sim. – Hermione respondeu. – É o melhor que posso fazer no momento, Eric. Lá você estará seguro e ainda completará sua educação.

— Quando irei partir? – Ele perguntou resoluto, Hermione não parecia surpresa, ao contrário dos outros que esperavam um Eric mais relutante em aceitar aquilo.

Ela não bateu, de novo, quando entrou no quarto dele, mas dessa vez sabia que não era necessário, Eric tinha deixado a porta aberta, provavelmente já antecipando que ela o seguiria até lá. Ele estava parado perto da mesa, fingindo mexer em uns livros, não sabia como deveria agir agora.

— França então... – Dominique estava se balançando nos pés. – Você vai gostar, o clima é bom, as pessoas são educadas, apenas um pouco mais calorosas.

— Devo esperar abraços, então? – Ele lhe deu um pequeno sorriso, quase insignificante.

Ela lhe deu seu sorriso aberto, aquele que fazia a covinha aparecer.

— E convites para almoços e jantares. – Ela deu alguns passos pelo quarto. Ele se recostou na mesa. – Me desculpe, eu sei que agi mal.

Ele baixou os olhos. Era diferente vê-la longe das roupas escuras que o trabalho no banco a obrigava a usar, ele sempre tinha que se lembrar de desviar o olhar, sempre a achava parecida com um anjo, ou como ele imaginava que era um anjo, quando a via envolta de roupas claras. Ela parecia muito singela e pura naquele momento, ele nem se lembrava porque estava chateado com ela para começar.

— Eles sempre tomavam as decisões por mim, só é muito irritante quando mais alguém faz isso. – Ele confidenciou. – Mas entendo que você queria ajudar.

— Sim, eu realmente achava que era a decisão correta.

— Eu sei. – Ele levantou o rosto e percebeu que ela estava muito perto. Ele reprimiu a costumeira vontade de tocá-la. Geralmente sentia o ímpeto de fazer quando ela prendia o cabelo e deixava alguns fios na frente do rosto.

Ela falou mais algumas coisas sobre a França, sobre os lugares que ele deveria conhecer e sobre os costumes, algo sobre a comida, sobre sempre falar em francês, do contrário eles podem acabar se sentindo ofendidos.

— Defenda sua opinião, mesmo da sua forma sonserina dúbia, não se envolver vai fazer parecer que você é estúpido. – Ela continuou. – Eric, você está prestando atenção?

— Sim. – Ele sussurrou, sua respiração estava um pouco alterada. Ele engoliu em seco, seus olhos passeavam pelo rosto dela, parando na sua delicada boca rosada. Eles estavam próximos, alguns centímetros os separavam, quando ela tinha se aproximado tanto? – Franceses são esquisitos, entendi. – Ele respondeu baixo. Desejava em seu íntimo que não houvesse distância alguma entre eles, mas seu corpo parecia preso, seus braços pesados demais para se mover na direção dela e seus olhos presos nos lábios levemente afastados.

— Quando notar estará aqui novamente. – Ela tocou seu braço e deixou a mão ali. – Todos manterão um olho nos seus irmãos.

A menção dos irmãos despertou Eric, Dominique percebeu a diferença. A vontade que tinha surgido de toma-la em seus braços foi embora quando a realidade se firmou. Ele era uma ameaça, seria injusto estendê-la para a garota também.

— Tenho que pensar em uma forma de deixa-los longe de Sebastian. – Ele falou para si mesmo.

— Nós pensaremos em algo. – Ela lhe deu seu sorriso de conforto.

— Tenho que arrumar minhas coisas. – Ele se afastou dela, não queria que ela se envolvesse em seus problemas, não só porque não queria ser responsável por qualquer coisa que acontecesse, mas porque sabia que os Weasleys poderiam culpa-lo e aquela era uma família muito grande.

— Eu tenho que ir. – Ela falou sem ânimo. – Gostaria de estar por aqui para me despedir, mas tenho um trabalho no banco e terei que viajar.

— Tudo bem, não é uma questão. Como você disse logo estarei aqui. – Ele estava de costas para ela.

— Eu quero lhe dar algo. – Ela disse e Eric se virou, pois a voz dela transparecia insegurança.

— Você não sabia que eu ia embora logo, como pode ter trazido algo? – Ele perguntou desconfortável, não queria um presente.

— Bem, é algo que tenho carregado comigo sempre. – Agora ela estava envergonhada e Eric cada vez mais desconfiado. Ela se aproximou, com passos curtos, como se temesse que ele fosse fugir caso ela fosse mais rápida. Logo ela estava novamente perto, só que a uma distância quase insignificante, ele estava surpreso e sem conseguir emitir qualquer reação.

No início foi apenas um selar de lábios, mas não demorou a evoluir para um beijo completo. Eric não conteve suas mãos que agora prendiam Dominique próxima ao seu corpo, enquanto as mãos dela seguravam seu rosto temendo que ele fugisse. Claro que ele não faria, já fazia algum tempo que ele se pegava pensando em fazer exatamente aquela mesma coisa, mas coragem nunca foi um ponto marcante em sua personalidade e as consequências daquela atitude eram muito complexas para que ele a tomasse sem pensar muito bem antes, o problema é que cada vez que o pensamento surgia ele tratava logo de tirá-lo da cabeça.

Mas naquele momento, sem pensar nas consequências, sem pensar em nomes, sangue ou Sebastian, ele retribuiu o beijo, deixou que seus lábios fossem consumidos pelos de Dominique. Era inegável a atração que sentia pela ruiva, ele tentou evitar se sentir assim, mas não era forte o suficiente para ir contra algo tão intenso. Sentiu a língua dela tocando a sua e a apertou mais, ele a sugou como se a boca da ruiva o pertencesse e como resposta recebeu um gemido satisfeito.


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