O Legado escrita por Luna


Capítulo 72
Capítulo 72


Notas iniciais do capítulo

O capítulo era p ter saído mais cedo, mas me esqueci totalmente.
Me deixem saber o que acharam.
Beijinhos!!!



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“Ninguém permanece o mesmo.”

Perigosa Amizade

 

O verão parecia ter ido embora antes do previsto, havia parado de chover a poucas horas e o céu estava claro com um sol brilhando no alto, mesmo assim a temperatura não era boa o suficiente para eles terem dispensado casacos. Caminhavam entre as pessoas tentando passar despercebidos, eram cinco, tinham duas corujas e um gatinho, além é claro de três aurores que vinham os seguindo desde que saíram de casa. Eles tentavam ser discretos, é claro, mas as crianças já estavam muito acostumadas com suas presenças para não notar o homem que andava olhando por cima do ombro e que segurava algo dentro do casaco, ou a mulher que mantinha a mão dentro da bolsa e batucava o pé demonstrando um pouco de ansiedade e tinha ainda o jovem rapaz que bateu no ombro de Harry, pediu desculpas rapidamente, mas James percebeu quando seu pai guardou um papel no bolso do casaco.

Eles atravessaram em pares, primeiro James com Lily, depois Gina e Albus e por fim Harry. A plataforma estava atulhada de pessoas, crianças correndo encontrando amigos, pais preocupados se seus filhos não tinham esquecido algo e mesmo que todos estivessem fazendo suas próprias coisas parecia que assim que a família Potter atravessou o muro um farol se acendeu. Alguns eram discretos, outros não viam problemas em encará-los descaradamente.

— Vamos. – Harry colocou a mão no ombro de Albus e o guiou para perto dos outros.

Um pouco afastados da movimentação estavam os Malfoys, Draco com uma veste negra que contrastava com sua palidez e cabelos loiros, Scorpius estava ao lado do pai, tão parecido com ele que assustava, ao lado do menino estava Astória, com um vestido verde que parecia realçar a cor de seus olhos e com o cabelo jogado em cima de um ombro e em seus braços a pequena Adhara que olhava para tudo com maravilhosa fascinação.

— E como está nossa pequena cobrinha? – Albus avançou alguns passos com rapidez e estava na frente de Astória com os braços estendidos. A menina sabia o que ele queria já que se jogou dos braços da mão para ser recebida pelo sonserino.

— Al, Al. – Adhara balbuciava as palavras ainda no auge de seus dois anos.

— Oi, princesa. – Albus fez um barulho com a boca no braço dela e isso sempre fazia a menina sorrir.

A atenção de Albus foi para o pai que conversava muito baixo com Sr. Malfoy, eles mal moviam a boca, provavelmente para não chamar ainda mais atenção. Ainda era muito estranho para a população ver Potter e Weasley próximos aos Malfoys sem que feitiços estivessem envolvidos.

 – Eles virão com dois aurores os acompanhando. – Harry falou e Draco assentiu.

— Nós poderíamos ter os trazido conosco. – Draco reclamou, não pela primeira vez.

— Não queremos muitos alvos juntos, isso pode dar ideias para eles. – Gina respondeu no lugar do marido.

— Se meu pai estiver mesmo envolvido ele não colocaria em risco sua linhagem.

— Desculpe não confiar à segurança de vocês baseado no amor de Lucius pela família. – Harry reclamou.

— Amor? – Draco bufou. – O que acha que somos? Lufanos?

Scorpius tossiu para chamar a atenção dos adultos e mexeu com a cabeça levemente apontando um grupo de pessoas que se aproximava de onde eles estavam. O assunto morreu por ora.

Blaise chegou um tempo depois com suas filhas, elas não pareciam animadas em voltar para a escola, mas até aí nenhum deles estava, então tudo normal. Depois dele foi a vez de Hermione e sua família, Ron e Hugo continuavam a conversa que deveria ter começado no trajeto, algo sobre quadribol e as chances de seu time preferido ganhar o campeonato aquele ano.

A chegada dos Nott foi anunciada com um certo alvoroço vindo de Lily, ela tinha ficado estranhamente calada durante todo o percurso até ali, mas assim que identificou Eric na multidão e viu que Nicholas e Timothy vinham ao seu lado quase foi possível ouvir seu suspiro de alívio.

— Atrasaram a saída? – Hermione perguntou ao Eric.

— Não, Eric achou que poderíamos ter sido seguidos, então alterou a rota. – Timothy deu um olhar estranho para o irmão.

— Você tem certeza?

— Não, ele está apenas sendo paranoico. – Nicholas respondeu antes do irmão.

— Eu me chamaria de cuidadoso. – Ele estreitou os olhos na direção do corvinal. – Foi apenas uma impressão, mas não quis correr o risco.

— Tudo bem, é melhor pecar pelo exagero.

— Oh não. – Rose arregalou os olhos e quem estava de costas se virou para ver o que ela tinha visto.

— Mamãe... – Nicholas falou em um sussurro e sua expressão demonstrava toda a saudade que ele sentia dos pais. Esse era um dos raros momentos onde se podia ver algo de infantil em sua expressão sempre tão concentrada e fechada.

As crianças passaram poucas semanas com os pais, o suficiente para que Theodore e Robin fossem convencidos que a segurança deles estava comprometida e que o melhor seria afastá-los da influência nefasta de Sebastian. Não foi uma conversa bonita ou pacífica, depois de algumas ameaças eles concordaram em deixar seus filhos nas mãos eficientes de Hermione, alguém que Robin estava começando a detestar.

Robin vinha a frente, sua postura impecável, seu vestido parando pouco abaixo dos joelhos, com seu cabelo curto em um penteado simples. Bonita e refinada. Theodore tinha uma expressão de profunda insatisfação.

— Robin, Theodore, que surpresa agradável. – Astória deu um pequeno sorriso. – Não estávamos esperando encontra-los hoje.

Robin olhou para a mulher e entendeu o que ela queria dizer, sua presença não era bem-vinda até eles decidirem de que lado estariam nessa confusão. Algo que já era muito claro para Robin, mas sua lealdade ao marido a impedia de falar o que gostaria.

— Queria me despedir das crianças. – Ela se voltou para Nicholas e Timothy que estavam mais perto. – Estava com muita saudade.

— Nós também, mamãe. – Nicholas confessou e Tim apenas assentiu.

Ela olhou para Eric, que estava ao lado de Hermione. A presença dela a irritava cada vez mais, era injusto culpa-la por tudo que estava acontecendo em sua família nos últimos meses, mas não conseguia não fazê-lo, ainda mais quando via seu filho mais velho tão confortável ao lado da mulher.

— E como você está, Eric?

— Muito bem, mãe. E você?

Mãe, não mamãe. Ela respirou fundo, ainda com um sorriso enfeitando o rosto. Ela o tinha visto sair de casa e não fez nada para impedir, sabia que ele estava morando em algum lugar pequeno no Beco Diagonal e nunca tinha ido até lá, não tinha tentado qualquer movimento para manter o contato. Achava que fazia isso para mantê-lo seguro, seria bom não fazer movimentos que irritassem ainda mais Sebastian, mas cada dia achava que tinha aberto mão de seu menino e que o estava perdendo. Ela temia na verdade já o ter perdido.

— Estou bem. Soube que viajou, está de volta de forma permanente?

Eric demorou a responder. Sentia como se seu estômago estivesse se revirando. Por muitos anos sua mãe era seu ponto de apoio, ela conhecia suas fraquezas e medos. Ele achou que sempre a teria na sua vida, mas agora não sabia o que responder. Era a mãe saudosa que estava perguntando ou seria alguém que buscava informações para dar ao inimigo?

— É você que quer saber ou Sebastian?

— Eric. – Theodore falou em tom de aviso. Era a primeira vez no dia que voltava seus olhos para seu filho e recebia o olhar de volta, não era o que esperava. Se acostumou a receber certos olhares dos três filhos, Eric era sempre irritado, mas respeitoso. Agora ele o olhava em desafio, de igual para igual.

— Olá, papai. Você encontrou o que foi procurar no meu apartamento?

— Eric. – Hermione colocou uma mão no braço dele. – Há muitas pessoas aqui, não queremos chamar mais atenção.

— Você não deveria ter voltado. – Theodore falou. – Esse foi seu pior erro.

— Não, meu pior erro foi achar que você faria algo para proteger seus filhos. Olhe bem para eles, se depender de mim você nunca mais os verá.

— Acho que vocês deveriam ir. – Draco deu um passo à frente.

Theo olhou para a esposa e deu as costas simplesmente. Robin deu um longo suspiro e voltou-se para o filho.

— Ele está certo, ainda é perigoso para você estar de volta.

— Você quase faz soar como se se importasse. – Eric deu um sorriso de canto.

— Não fale assim, você sabe que me importo. – Ela parecia ofendida. – Como deve saber seu apartamento não é mais um lugar seguro, não deve voltar lá em hipótese alguma.

— Ele não vai. – Hermione assegurou. – Eric ficará em segurança, eu garanto isso.

Robin tentou sem sucesso esconder o quanto a mulher a desagradava.

— Eu tenho um lugar, nenhum deles o conhece, é protegido por magia antiga. É confortável e mais digno. – Robin propôs.

— Eu não confio em você, mãe. – Eric foi sincero. Dizer aquilo doía mais nele, do que na mulher.

— Eu sei, vou passar as informações para sra. Granger, ela pode confirmar que o lugar é seguro. – Robin se aproximou o suficiente para pegar na mão de Eric. – Estou tentando, filho, mas Theodore está relutante. Lembra-se do que conversamos? Eu ainda penso assim. Eu morrerei antes de ver qualquer um de vocês se machucar. Eu vou garantir que nossa família ficará junta novamente.

Ela apertava a mão de Eric tentando transmitir um pouco de confiança, mas saiu de lá sem saber se tinha conseguido alguma coisa. O filho era muito bom em esconder seus sentimentos.

[...]

— Vocês estão bem? – Rose perguntou aos Nott quando acharam uma cabine.

— Sim. – Timothy respondeu.

— É claro. – Nicholas falou, embora parecesse perdido em seus próprios pensamentos.

— Nick, podemos procurar outra cabine? Essa está muito cheia. – Lily propôs, ela sabia como o amigo se sentia desconfortável em lugares tão lotados.

Logo depois deles foi a vez de James sair dizendo que procuraria Fred e que os encontraria depois. Deu um beijo em Amy e falou que se ela precisasse de qualquer coisa para mandar uma mensagem. A cabine ficou silenciosa por alguns instantes, todos querendo assimilar o que tinha acontecido na plataforma, ninguém querendo jogar seus pensamentos para fora e acabar magoando Timothy mais do que ele já deveria estar magoado.

— Como foram essas últimas semanas com Eric? – Amélia perguntou baixo.

Timothy deu um sorriso sem graça.

— Qual é, eu convivi com ele durante um tempo, ele não pode ter sido mais terrível com vocês do que foi comigo. – Ela emendou, o fazendo rir de verdade agora.

— Ele está... Diferente. Quase preocupado, sabe? – Tim olhava para suas próprias mãos. – E ele tinha muito trabalho do Ministério, todos os dias chegavam três corujas com coisas para ele ler e mandar de volta para senhora Hermione. Nós nos víamos mais nas horas das refeições.

— Mamãe o deixou de guarda para saber se eu fazia minhas lições. Ele pode ser pior que a srta. Green. – Amélia balançou a cabeça em negação.

— Sim, Eric é muito exigente.

Todos se viraram para a porta quando ela se abriu e uma cabeça loira apareceu. Ele tinha crescido uns bons centímetros nas férias, como todos, aliás.

— Posso entrar?

— Claro, Tom. – Amélia respondeu e foi mais para o canto para permitir que tivesse espaço ao lado da sua irmã.

— Você não me escreveu. – Freya falou, não foi em tom de reclamação, até porque ela não esperava que eles ficassem trocando cartas durante as férias. Foi apenas a constatação de um fato, uma busca de informação, talvez.

— Minha mãe confiscou minha coruja. Ave ficou bem chateada por não poder voar como antes.

— O nome da sua coruja é Ave? – Albus perguntou segurando o riso.

— Algum problema com isso, Potter?

— Bem... – Ele começou, mas recebeu uma cotovelada de Scorpius. – Não, é claro que não. Ave é um nome tão bom quanto qualquer outro.

— Eu sinto muito, Tom. – Amélia disse.

— Poderia ser pior, ela ameaçou me tirar da escola. – Ele falou no que deveria ter sido uma tentativa de parecer displicente, mas todos perceberam como seu rosto ficou tenso.

— Mas como foram suas férias no geral? – Scorpius perguntou para fugir daquilo.

— Imagino que bem melhores que a de vocês pelo que li no jornal. – Ele cruzou os braços. – Deixe-me adivinhar, você se esqueceu de mandar o presente de natal para sua vozinha e ela se irritou?

— Nós já conversamos sobre seu humor negro. – Freya o olhou de canto de olho.

— Na dúvida eu não devo falar nada. – Ele falou o que ela já tinha lhe dito inúmeras vezes e a menina afirmou com a cabeça. – Eu sinto muito pela auror, ela parecia legal.

O silêncio se perpetuou por mais um tempo.

— Então, vocês tem alguma novidade? – Thomas perguntou, o silêncio era muito desagradável para ele.

— Ao que parece meu pai não se importa se um de seus filhos morrerem. – Tim falou de seu lugar perto da janela.

Thomas começou a rir.

— O que...?

— Ah, perto de vocês meus problemas se tornam tão pequenos. – Ele respondeu ao tempo que entrelaçava sua mão na de Freya.

[...]

Albus sentia o olhar raivoso de Scorpius em cima de si, era tão forte que quase se tornava físico. Mas toda aquela situação estava fazendo com que o moreno quisesse rir, então ele olhou para o namorado ao seu lado com um misto de satisfação e inocência, o que aumentou a carranca de Scorpius.

— O que foi? – Ele ousou perguntar baixinho.

— Você disse que ninguém ia até aquela cabine, que poderíamos ficar lá e que eu deveria relaxar. Agora estou muito relaxado, obrigado, Al. – O sarcasmo pingou nas palavras de Scorpius. Ele se mexeu incomodado com a cadeira desconfortável.

— Eu não tenho culpa, eu realmente achei que ninguém ia até lá. – Albus tentou falar, mas Scorpius ainda estava reclamando.

— Vamos lá, Scorp... Nossa cabine está tão cheia. Quero só um momento a sós com meu namorado. – Scorpius tentou uma imitação fracassada da forma como Albus tinha falado para convencê-lo a ir.

— Você é o melhor em feitiços, deveria ter colocado um encanto para detectar a aproximação de pessoas. – Albus sorriu. – Não esqueça isso da próxima vez.

— Próxima vez? – Scorpius estreitou os olhos. – Eu poderia ter pensando em algo assim se não fosse sua língua dentro da minha boca ou suas mãos dentro na minha camisa. Eu nunca consigo me concentrar quando você começa a fazer essas coisas.

A fala dele desconcertou Albus por um instante e ele sentiu os lugares onde as mãos de Scorpius percorreram formigar. Ele sabia que seus cabelos deviam estar bagunçados, se os de Scorpius era algum indicativo, a boca do loiro estava vermelha pelos beijos intensos que tinham trocado, a sua não deveria estar muito melhor. Ainda se lembrava dos sons que saíam da boca do loiro quando suas mãos se embrenharam por dentro das roupas, mas foram interrompidos antes de conseguirem ir um pouco mais além. O que foi algo bom, se a professora Melanie tivesse chegado minutos depois a situação ia ser bem mais embaraçosa.

— Tudo bem, eu sei que consigo fazer coisas maravilhosas com a boca. – O tom de Albus foi bem sugestivo e trouxe um tom rosado ao rosto de Scorpius.

— Espero que a próxima coisa maravilhosa que consiga fazer com sua boca seja explicar para professora Minerva toda essa situação.

Albus sorriu divertido. Não era tão ruim quanto Scorpius fazia parecer, Melanie os tinha pego no meio de um amasso, ela não parecia ter gostado muito da situação, mas apenas os fez ficar no vagão destinado aos professores, segundo ela para garantir que ambos chegassem vestidos a escola.

[...]

Hermione tinha voltado para o Ministério logo que o trem partiu. Ela ainda sentia falta da presença de Eric por perto, agora ela tinha sempre que mandar correspondências para deixa-lo por dentro do que estava acontecendo e estava enchendo Victorie de obrigações que antes ela dividia com o rapaz. A garota nunca reclamava, mas o cansaço era visível em seu rosto.

Batidas suaves soaram na porta, o que era estranho, já que Sofia deveria anunciar entradas e não estava esperando ninguém. A pessoa não esperou por permissão, abriu a porta e avançou.

Era uma mulher. Ela usava um longo vestido azul petróleo e uma capa que arrastava um pouco no chão, tinha um colar enfeitando seu pescoço e Hermione percebeu as runas lá gravadas. Ela olhava tudo com atenção e fixou seus olhos na pessoa curiosa sentada atrás da mesa que a encarava sem entender o que estava acontecendo.

— Desculpe, senhorita, mas acho que sua presença deveria ter sido anunciada.

— Ah sim, sua simpática secretária queria o mesmo, mas eu a convenci de que ela deveria ir comer algo no outro lado da rua. – Ela sorria com graça.

— Você enfeitiçou Sofia? – Hermione se levantou e segurou a varinha com firmeza.

— Não queria que fôssemos interrompidas. – Ela avançou olhando para a estante repleta de livros.

— Senhorita...

— Não precisamos de tantas formalidades, Hermione. – Ela se voltou para a bruxa novamente. – Tenho certeza que seremos boas amigas. Por favor, me chame de Morrigan.


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