O Legado escrita por Luna


Capítulo 52
Capítulo 52


Notas iniciais do capítulo

Olá, capítulo novinho, espero que gostem.
Obrigada pelos comentários, já estou correndo p responder ;****
Me digam o que acharam.



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“Nada que vale a pena é fácil. Lembre-se disso.”

Nicholas Sparks

 

Amélia encarava a parede de pedra fixamente, o ar estava tão carregado que as pessoas nos quadros saíram de perto indo visitar os outros quadros espalhados pelo corredor. Isabelle estava parada a uma distância respeitosa, ela fez um meneio com a cabeça quando viu os três jovens se aproximar, ela deu um longo olhar para a corvinal, mas desviou o olhar em seguida, sentia-se invadindo um espaço privado.

— Amy? – Rose se aproximou.

— Eu a vi, por uns 10 segundos. – Amélia engoliu em seco. – Ela parecia bem, não havia nada de errado com ela.

— Isso é bom, ela está segura agora. – Albus tentou soar positivo.

— Segura? Então porque havia seis aurores com ela? Por que seu pai parecia tão preocupado? Por que não me deixaram sozinha ou me permitiriam ir para casa com ela?

— Porque estamos no meio do ano letivo, não podemos ir para casa senão nos feriados. – Scorpius ignorou as outras perguntas de propósito.

— Se ela foi sequestrada como ela pode estar bem?

— Talvez ela tenha conseguido fugir. – Rose disse rápida. – Talvez ela não tenha sido pega e só estava se escondendo.

— Então por que ela está sem memória?

— Talvez ela tenha batido a cabeça. – Scorpius falou. – Lembra quando Ellaria levou um balaço na cabeça ano passado? Ela passou alguns dias sem se lembrar do que tinha acontecido nos últimos dias.

— O importante, Amy, é que ela voltou. – Rose tentou sorrir. – Isso é maravilhoso, não?

— Ninguém parecia feliz. – Amélia ainda encarava a parede, era como se apenas uma parte mínima da atenção dela estava sendo direcionada a eles. – Eles deveriam parecer felizes.

— Amy, a professora McGonagall chamou a todos, disse que tem que dar um aviso. Temos que ir para o Salão Principal. – Albus estendeu a mão para ajuda-la a levantar.

Vendo a falta de resposta da menina Scorpius se abaixou, ficando na mesma altura que ela estava.

— Amélia, eu sei que essa situação é confusa e que muitas coisas ainda têm que serem explicadas, mas agora nós temos que ir para o Salão Principal.

***

A chuva caia forte, Anthony tinha erguido a varinha para evitar se molhar, era uma pena não poder aparatar mais perto, mas desde o sumiço de Eliza que a segurança tinha aumentado ainda mais e todos pareciam a espera de um novo ataque. Ele estava atento no movimento das pessoas próximas a ele, mas pelo visto eram apenas moradores do povoado andando pelas ruas, indo ao supermercado, fazendo visitas à amigos, ou era isso que aparentavam.

Ele andou até a casa e bateu na porta esperando que alguém viesse permitir sua entrada, não demorou até ele ver a figura esbelta de Gina Weasley. Ela lhe deu um sorriso e passagem, ele esperou para acompanha-la, mas Gina pegou seu rosto em suas mãos e o encarou por alguns segundos.

— Graças a Merlin você voltou, sua mãe está há horas andando em círculos. Sinceramente, ela está enlouquecendo a todos nós.

Anthony acompanhou o sorriso da mulher, sabia melhor do que muitos ali como Mary ficava ansiosa.

Mary correu afoita quando ele apareceu na sua frente, Blaise respirou aliviado e todos pareciam mais calmos. Deixaram que ele se sentasse antes de começar a falar o que sabia.

— Eric não parecia disposto a cooperar, os Nott parecem indecisos sobre o lado que irão tomar, mas ele disse que Robin não está favorável aos ideias de Sebastian. – Anthony começou.

— Você conseguiu as informações afinal? – Ron perguntou com urgência.

— Sebastian está fora do país, deve voltar em algumas semanas, Eric foi vê-lo no dia após a srta. Hall desaparecer a pedido de Theodore e ao que parece ele não estava sabendo de nada.

— E podemos confiar nele? – Ben perguntou a Harry.

Mas Harry não sabia responder aquilo, ele nunca tinha sido próximo dos Nott, havia visto Eric de longe poucas vezes. A ideia de ir procura-lo partiu de Draco e com o apoio de Blaise eles concordaram com aquilo. Mas confiar na informação que Anthony trazia parecia um movimento arriscado demais.

— Nott, como a maioria de nós preza pela família e irá ficar do lado que melhor trouxer benefícios. – Astória começou a falar atraindo a atenção de todos na mesa. – O jovem Tim está em um relacionamento com Rose, o pequeno Nicholas parece ter uma forte amizade com Lily, Eric é um rapaz difícil, ele seguirá o pai, mas ele também protegerá os irmãos e deve conhecê-los bem o suficiente para saber que eles jamais irão concordar com os ideais de Sebastian. Theo não é um tolo, com a influência certa ele virá para o nosso lado.

Ron reprimiu a vontade de revirar os olhos e rosnar pelo comentário envolvendo sua filha. Aquela história ainda estava engasgada em sua garganta, mas ao que parece a opinião dele sobre aquele assunto não valia de muita coisa, assim como a opinião dele sobre ter tantos Sonserinos à mesa.

— E como convenceremos Theodore? – Hermione perguntou a Astória, mas foi Draco quem respondeu.

— Através dos filhos dele, é obvio. – Ele deu um sorriso convencido que fez Hermione respirar fundo. – Timothy e Nicholas já são casos perdidos, precisamos trazer Eric agora. Ele está no Ministério e pode apostar que Sebastian já deve estar pensando em usá-lo para conseguir informações privilegiadas, com o ajuda do menino podemos fazer o velho Nott andar pelas nossas regras.

— E como faríamos isso?

— Um estágio na DELM é muito concorrido, jovens se trucidam pela oportunidade. Claro que isso vai soar como uma armadilha, mas ninguém recusaria a oportunidade. E lá eu posso influencia-lo, guia-lo. – Hermione disse. – Deixem o jovem Nott comigo, Lily disse que ele é um rapaz muito inteligente, nos daremos bem juntos.

Anthony chamou a atenção de Blaise e falou baixo em seu ouvido, a expressão dele endureceu a medida que Anthony falava.

— Gostariam de compartilhar algo conosco? – Arthur perguntou desconfiado. O auror também não confiava em ex-partidários das trevas.

— Anthony fez uma movimentação arriscada. – Blaise lançou um olhar raivoso para o filho que manteve a mesma expressão de antes, mas evitava olhar para a mãe. – Minha mãe tem muitas propriedades advindas dos inúmeros casamentos, em especial um pequeno castelo que fica na Escócia. Anthony achou que seria uma boa ideia ir até lá.

— E o que aconteceu? – Ron perguntou.

— Nada. – Anthony respondeu no lugar do pai. – Não consegui passar pelas barreiras, o que significa que ela selou a propriedade para os Zabines.

— Você está querendo dizer que...

— Era lá que Eliza foi mantida presa? – Ele complementou a frase. – Eu não consegui chegar há 20 metros do portão, eu acho que ela está guardando algo mais importante do que apenas Eliza. Duvido que seus melhores bruxos consigam entrar.

— O castelo é uma fortaleza, impossível de ser invadido. É o local mais seguro para ela nesse momento. – Blaise batia a varinha na mão, um hábito que tinha quando tentava achar uma solução para seus problemas.

— Eu sei que isso é uma coisa muito problemática e que devemos dar atenção, mas não deveríamos estar pensando em uma forma de solucionar o nosso maior problema no momento? – Luna falou no canto da sala. – O Natal está chegando, duvido que as crianças vão querer ficar no Castelo no feriado, como faremos para manter Amélia longe da mãe? O que faremos com Eliza?

Dafne respirou fundo três vezes, repetia mentalmente todos os motivos que a faziam estar naquela casa. Ela não gostava daquelas pessoas e sabia que o sentimento era recíproco, por sete anos ela os ofendeu e os rechaçou. Mas Astória era família e como a morena a lembrou Blaise também era, e junto a ele também vinha Amélia e a corvinal trazia Eliza.

Mas manter isso em mente não fazia com que o desgosto diminuísse, ela ainda teria que ajudar mestiços e nascidos trouxas. Seu pai deveria estar se revirando no túmulo pelo que as filhas estavam fazendo. Mas se Dafne fosse ser sincera consigo mesma, se ela ignorasse todo o rancor que anos de mútua agressão traz ela saberia que um dos motivos de estar ali era por poder fazer algo para impedir que uma nova guerra começasse.

Inspirando uma última vez ela tocou na maçaneta e abriu a porta do quarto. O ambiente era claustrofóbico, sem janelas, quadros, nada. Havia uma cama presa ao chão e nada mais. Sentada no meio do móvel estava Eliza, ela segurava os joelhos com força e tinha os olhos vermelhos, nada no semblante triste da mulher abalou Dafne. Ela era muito fria para ser atingida pela dor de uma estranha.

— Boa tarde, srta. Hall. Sabe quem eu sou?

Eliza negou.

— Me chamo Dafne Greengrass, sou irmã de Astória Malfoy.

— Vocês não são nada parecidas. – Eliza comentou. – Exceto...

— Os olhos, temos os olhos do meu pai. Bem, Astória é uma legítima Greengrass, com todo aquele cabelo castanho, olhos verdes e amáveis. Mamãe dizia que eu sempre fui mais Winnick do que Greengrass.

Eliza a encarou fixamente. Nada em Dafne passava confiança, ela era bem amedrontadora com sua postura aristocrática, seus olhos julgadores e sua expressão séria. Ela andava tão altiva que poderia estar facilmente em um desses filmes que mostravam a realeza. Tudo nela demonstrava seu alto nascimento.

— Você sabe por que estou aqui, srta. Hall? – Dafne colocou as mãos nas costas.

Mais uma vez Eliza negou.

— Não foi encontrado nenhum traço de magia em você e mesmo assim aqui estamos nós. – Dafne deu um sorriso forçado. – Eu vou olhar na sua mente, buscar por algo que nos diga o que eles estão tramando. Por que a devolveram sem um único fio de cabelo... – Ela parou de falar por um segundo, uma ideia se formando em sua mente. Ainda com as mãos nas costas ela segurou a varinha mais forte, Eliza não tinha uma, se ela a atacasse teria que fazer a moda trouxa e isso lhe daria tempo de se defender. – Fora dessa sua cabecinha.

— Você está falando de...

— Legilimência, é claro. Desde já lhe peço desculpa, não sou a melhor nisso, mas sou a única disponível.

— Mas você vai...

— Entrar na sua mente? Sim, eu vou.

— Você nunca deixa as pessoas terminarem suas frases?

 Dafne ponderou por um momento e deu de ombros. Tomou o lugar na cama ao lado de Eliza.

— Mantenha a calma, talvez incomode um pouco, mas vou tentar ser suave.

Eliza ouviu o feitiço e sentiu a pressão no fundo dos seus olhos e a presença de mais alguém em sua mente, ela sentiu o ímpeto de afastá-la, mas se deteve. Sentiu Dafne indo cada vez mais fundo, escavando suas memórias como se buscasse algo, indo mais longe. Ela se demorou em uma memória, não intencionalmente, mas o sentimento ali era tão forte que ela não conseguiu se deter, a sua frente Dafne via Blaise, o via pelos olhos de Eliza, sentiu a surpresa e um velho sentimento que nunca morreu ressurgir.

Dafne foi jogada para fora da mente de Eliza de forma tão abrupta que ela demorou para perceber que estava de volta ao quarto.

— Por mil diabretes, o que acha que está fazendo? – Eliza vociferou.

— Não se preocupe, Hall. Seu segredo está guardado comigo, ninguém precisa saber que você ainda nutre sentimentos pelo Zabine.

— Você nãos sabe de nada. – Ela saiu da cama e se afastou o quanto pode.

— Eu estava na sua mente, acho que posso afirmar que sei de bastante coisa. – Dafne falava séria.

— O que você descobriu? – Eliza voltou ao assunto que as trouxe até ali.

— Que eles são bem melhores do que poderíamos imaginar.

Eliza notou o tom vagamente orgulhoso e temeroso de Dafne, e poderia jurar como ela estava preocupada. Sem dar chance de Eliza fazer mais perguntas ela saiu do quarto a deixando sozinha novamente.

Ela revirou os olhos quando chegou à sala e os ouviu discutindo. Colocar tantas pessoas diferentes em um mesmo lugar para tomar decisões tão importantes era um prenúncio de catástrofe. Mas ficou realmente surpresa quando viu a troca de olhares entre Harry, Hermione e Draco. Era como se eles estivessem tendo uma conversa silenciosa e eram os únicos na mesa que permaneciam em silêncio.

— Hem, hem – Dafne se fez notar. Com passos calmos ela caminhou na direção de Ben e ficou o encarando até o homem levantar e puxar a cadeira para que ela sentasse. A mulher nem mesmo agradeceu, enquanto Ben foi ocupar outro lugar no fim da mesa. Ela se virou para Astória que estava ao seu lado. – Astória, está cada dia mais bela.

— Daf. – Astória apertou a mão da irmã. – Fico feliz que tenha aceitado vir.

— O que não fazemos pela família, não é mesmo? – Ela lançou um sorriso frio para a irmã e puxou a mão delicadamente.

— Você descobriu alguma coisa? – Hermione perguntou.

Dafne engoliu em seco e se ajeitou na cadeira desconfortável.

— Eliza Hall sente saudade da filha, está preocupada com a segurança das crianças na escola, tem alergia a salsa e insônia desde que o Zabine deu um nome para Amélia.

— Do que você está falando? – Arthur perguntou com os dentes cerrados.

— Que ela não descobriu nada relevante. – Blaise jogou.

O tom dele transparecia frustração e Dafne se sentiu incompetente e esse era um sentimento novo para ela.

— Não há nada na mente dela. Sua última memória é saindo de casa e depois voltando, como se nada tivesse acontecido. Ela está confusa e com medo, mas seja o que eles fizeram o fizeram tão bem... – Ela parou de torcer suas mãos. – Por um momento achei que poderia ser polissuco, mas eu vi memórias antigas, muito antigas.

Ela olhou para Blaise e isso deixou Mary desconfortável.

— O que faremos? – Astória perguntou à irmã.

— Só tem uma forma de descobrimos se ela foi enfeitiçada para fazer algo. É deixando que ela faça. Vigilância vinte e quatro horas por dia, todos os dias. Façam um Natal na Mansão, convide todos, as crianças irão gostar disso. Lembram como nós gostávamos quando nossos pais faziam isso? – Ela falava olhando para Astória. – Seja o que for que eles fizeram não deve ser algo bom, temos que estar preparados para tudo.

Astória reprimiu o sorriso, era bom ouvir a irmã dizer que aquele era um problema dela também e não apenas deles.

— E arriscar Amélia? – Blaise não parecia animado com a possibilidade.

— Greengrass está certa. – Luna concordou. – Quais são as outras possibilidades? Manter as duas afastadas para sempre?

Draco olhou para Harry e depois para Hermione.

— Se não tiver problema para você. – Draco falou para Hermione. Ele sabia como voltar a mansão mesmo depois de tantos anos poderia ser difícil.

Ron segurou a mão dela por debaixo da mesa.

— Passaremos o Natal juntos então. – Ela lançou um sorriso para os amigos, mas aqueles que a conheciam sabiam como aquele gesto foi repleto de fingimento. – E depois, bem... Se nada acontecer no Natal temos que ver o que faremos.

***

Amélia lia a carta que tinha recebido da mãe, havia recebido mais três cartas, mas essas foram ignoradas prontamente, somente Eliza importava para a menina. Parou a leitura quando os outros se amontoaram com ela na mesa da Corvinal.

— Vocês receberam? – Rose perguntou mostrando o envelope verde.

— Então todos nós? – Albus se jogou por cima de Scorpius para pegar um pedaço de bolo.

— Do que vocês estão falando? – Amélia perguntou depois de dar uma tapa na mão de James que tentou pegar uma de suas tortinhas. – Pare de roubar minha comida.

Scorpius fuçou na bolsa dela até encontrar o que procurava e estendeu o envelope para a menina. James aproveitou que ela estava distraída lendo para pegar mais tortinhas.

— Natal? – Ela deu um sorriso animado. – Vamos passar o Natal todos juntos?

— Sabem o que isso significa? – Lily falou se aproximando deles, também segurando um envelope verde e Nicholas outro. – Temos que alcançar a última carruagem e ir para Hogsmead a procura de presentes.

A pequena ruiva parecia muito animada, animada demais para quem estava propondo que eles enfrentassem a neve e o frio.

***

— Deveríamos agir agora. – Vitorin falou de seu lugar perto da lareira.

Sophia mexeu sua taça olhando atentamente para o líquido vermelho dentro dela e depois degustou o sabor do vinho caro.

Vitorin era um homem atarracado, era mais baixo que ela, mas tinha uma beleza singular. Tinha olhos escuros e cabelos muito curtos, a pele escura deveria chamar atenção em seu país. Era um bruxo extraordinário, com ideais tão parecidos com os seus que se lamentava não tê-lo conhecido antes.

— Calma, meu caro. Todos os passos tem que serem dados com leveza. É como atravessar um rio congelado.

Vitorin bufou. Por ele todo o mundo trouxa já estaria em chamas, mas Sophia era muito persuasiva e até agora todos os planos dela tinham dado certo.

— Não sei como você consegue esperar.

— Paciência é uma virtude. – Ela sorriu graciosamente. – Agora eles estarão alarmados, o momento certo chegará e a sangue ruim fará exatamente o que eu quero. Imagina o terror que o nosso mundo cairá quando os filhos dos grandes heróis estiverem mortos. Eu não vejo a hora de ver aquela bastarda mestiça apodrecendo embaixo da terra.

Vitorin ergueu sua taça para brindar a isso.

— Ao terror.

— Ao terror.


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