O Legado escrita por Luna


Capítulo 50
Capítulo 50


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado à Lena. Obrigada pelo comentário, flor ♥



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“Eu daria qualquer coisa para ouvir você dizer mais uma vez que o universo foi feito só para ser visto pelos meus olhos”

Saturn

 

Amélia andava a esmo pelos corredores, deixava que seus pés a guiassem sem ter real noção para onde estava indo. Ela não seria novamente a pessoa patética que choraria pelos cantos, já tinha passado dessa fase, a convivência com Freya e Nicholas tinham-na ensinado algumas coisas, talvez por isso ela foi parar no banheiro do primeiro andar, era perfeitamente aceitável chorar escondida no banheiro.

A porta se fechou com um baque seco, ela deu mais alguns passos e se apoiou na pia. Ela ainda ouvia as vozes, sentia a mão de Blaise segurando a sua e o pedido de desculpas presos nos olhos de Harry.

Amélia sentia os pedaços de seu coração desprendendo e caindo estilhaçados, ela sabia que deveria estar chorando, mas seus olhos permaneciam secos com a perplexidade da notícia. Uma parte de si não conseguia sequer imaginar como aquilo poderia ser real.

A porta do banheiro foi aberta e ela escutou os passos, não se virou para ver quem tinha entrado e por alguns segundos ninguém falou nada. Eles ficavam se encarando sem saber quem tomaria a frente. Amélia tinha as mãos em cima da pia e a cabeça baixa.

— Minha mãe está morta?

— Amélia, querida, vamos voltar para a sala da Diretora. – Mary se aproximou. – Podemos conversar com mais calma.

— Ela está morta, não é?

Rose tentou segurar as lágrimas, porque queria ser forte para confortar Amélia e percebeu que não era a única compartilhando o sofrimento da corvinal. James tinha um rosto vermelho e fechava os punhos com força, Albus e Scorpius pareciam presos dentro de suas próprias mentes, os irmãos Zabine se mantinham próximos aos pais se sentindo incapazes de ajudar a própria irmã.

A expressão que Amélia trazia nunca tinha sido vista por nenhum deles. Não era raiva, não era dor, nem desespero. Seu rosto parecia entralhado em pedra, seus olhos redondos pareciam inflamados por uma fúria dolorosa.

Ela olhou para Blaise com desprezo.

— Você prometeu que nos protegeria. Você prometeu que ela estaria segura.

Blaise deu um passo na direção dela e estendeu a mão para tocá-la, mas a menina afastou a mão dele e caminhou para mais longe.

— Eu fiz tudo que podia para proteger vocês duas, Amy. Eu pensei que ela estava segura.

— Você se enganou. – Ela gritou. – Você prometeu. Você prometeu.

A dor que ela sentia transbordou através de lágrimas, uma atrás da outra até sua visão se tornar embaçada.

— Ela estava certa. Eu nunca deveria ter dito nada a nenhum de vocês. – A dor a impedia de ver como isso soava maldoso e cruel. – Eu deveria ter ido embora quando ela implorou, continuar a ser somente Amélia Hall. Eu nunca deveria ter vindo para esse Castelo, eu queria nunca ter conhecido nenhum de vocês.

Amélia abriu passagem empurrando Rose e Harry, que não fizeram nada para impedi-la. Mary enxugou um resquício de lágrima sem que ninguém percebesse.

— Bem, a reação dela foi a esperada. – Mary falava friamente. – Deem algum tempo para que ela se acostume a sua nova situação.

— Nova situação? – James perguntou.

— De órfã. – Scorpius falou baixo ainda encarando a sra. Zabine. – Então você achava que a srta. Hall...

— Não há motivo para termos esperança.

— Sempre há motivo para termos esperança. – Harry a corrigiu.

Mary apenas assentiu. Ela queria acreditar profundamente que Eliza estava segura em algum lugar, que tudo que ela tinha lhe ensinado serviu para algo. Mas a parte que foi educada para encarar as situações difíceis de frente a impedia de continuar a frente com esse pensamento pouco sonserino. Porque ter esperança era alimentar uma dor que poderia lhe consumir e ela tinha que ser uma fortaleza para quando Amélia quebrasse.

Thomas se aproximou aos poucos, com passos cautelosos. Ele a viu correndo e não conseguiu se impedir de segui-la. Eles não se falavam há tanto tempo, ele nem mesmo sabia como iniciar uma conversa, sabia que não tinha o direito de importuná-la com sua presença, Amélia tinha sido bem clara na última vez que se falaram.

Mas embora ela tenha deixado de ser sua amiga ele sempre a considerou assim. Tinha certa confiança que em algum momento ela voltaria a lhe escutar e que a teria de volta a sua vida, como deveria ter sido desde o início.

— Você assustou alguns primeiranistas. – Ele sentou ao lado dela.

— O que você quer? – Amélia olhava para a parede a sua frente.

— Você parecia abalada.

— Saia daqui.

Ela não falava com a força necessária, parecia cansada.

— O que aconteceu? – Ele a olhava buscando ver qualquer coisa que indicasse o que tinha feito com que ela parecesse tão destruída.

— Nós não somos amigos, lembra? – Ela o encarou. – Nós não somos nada.

— Essa não é você.

— Porque você acha que me conhece? Você é só um garoto egoísta e mesquinho. Você é maldoso e foi cruel. Por isso não tem amigos, está sempre sozinho.

Ele sorriu, passou um dedo no rosto dela recolhendo a lágrima que tinha escorrido.

— Você nunca falaria algo assim se estivesse bem.

Ela deu uma tapa na mão dele e se levantou.

— Quer me bater? Dizer mais alguma coisa? – Thomas perguntou se erguendo em seguida. – Eu aguento, Amy. Eu aguento.

— Você... Você...

A voz dela se perdeu quando as lágrimas vieram mais uma vez incessantes. Thomas deu passos largos até ela e a segurou, mantendo-a segura em seus braços.

— Eu perdi tudo. – Amélia soluçava. – Estou sozinha.

Ele não fazia a menor ideia do que ela estava falando.

— Eu pensei que sua família havia aumentado. Você não descobriu que é uma Zabine? A escola só falava disso nas primeiras semanas de aula.

Ele sabia que tinha dito algo de errado quando o choro dela se tornou mais angustiado. Com medo de magoá-la ainda mais ele preferiu se manter em silêncio, apenas estando ali para ela.

Ela continuou chorando por mais alguns minutos, foi se acalmando aos poucos. Thomas a puxou para que se sentassem, Amélia apoiou sua cabeça no peito dele e ficou ouvindo os batimentos ritmados do coração do lufano. Tudo parecia fora dos eixos.

— Minha mãe me escondeu a verdade sobre quem era meu pai durante todos esses anos. – Amélia falava baixo. – Ela tinha medo que Sophia Zabine fizesse algo comigo, que pudesse me machucar. Então ela fugiu, foi para o mundo trouxa e nunca disse a ninguém quem era meu pai. Nas férias de natal eu descobri a verdade, a confrontei, ela me pediu para não dizer nada, para continuar escondendo de todos quem eu era.

Thomas escutava com atenção. Para ele aquilo parecia uma história de fantasia, um desses romances que Arwen gostava de ler.

— Mas eu queria tanto conhecer meu pai, saber como seria ter um pai, não apenas... – A dor que Amélia sentia parecia cortar seu coração ao meio. – Minha mãe contava histórias, dizia como ele era bonito e uma boa pessoa, eu queria mais do que histórias.

— Isso é normal, Amy. Querer conhecer o próprio pai é o que todo mundo iria querer. – Thomas tentou confortá-la.

— Não, ela estava certa. Isso foi um erro.

— Seu pai te fez algum mal? – Thomas a afastou para que pudesse olhá-la. Os olhos dela estavam vermelhos e sua expressão carregava uma pesada culpa.

— Ela desapareceu, Tom. Minha mãe sumiu. – Ela limpou as lágrimas que escorreram. – Ela saiu de casa acompanhada de um auror, ele foi encontrado morto horas atrás, meu pai veio aqui acompanhado do sr. Potter me dar a notícia. Ela deve estar morta agora.

Thomas engoliu em seco.

— Meu pai era auror, ele dizia que sempre há esperança, não importa o quão ruim uma situação pareça. Harry Potter é um dos melhores Aurores que esse país já viu e você é a melhor amiga do filho dele e namorada de outro. – Thomas segurou o rosto de Amélia. – Eu tenho certeza que ele não descansará enquanto não trouxer sua mãe de volta ou saber o que aconteceu com ela.

— Se eu tivesse...

— Xii – Ele a cortou. – Não há sentido em ficar remoendo o passado. De qualquer forma você fez o que qualquer um na sua situação faria, se vocês estavam correndo perigo eu sei que tomaram todas as medidas para garantir a sua segurança e de sua mãe também.

— Como você pode estar tão certo disso?

— Por muitos anos os Zabine foram os amigos mais próximos dos Agnelli. – Thomas deu um sorriso cansado. – Pela tradição Freya e eu deveríamos ser ótimos amigos. De todos eles, por gerações, Blaise Zabine parece o mais decente, eu creio que ele faria o que podia para proteger vocês duas.

Amélia absorveu a informação e se prendeu a uma pequena parte.

— Vocês não são amigos.

— Muita coisa aconteceu. – Ele respondeu. – Meus pais acabaram se afastando de todas essas famílias.

— De puros-sangue?

— Famílias de comensais, Amélia. – Ele falou a encarando, temia que ela fosse voltar a rejeita-lo assim que lembrasse o que ele tinha feito.

Amélia se afastou, limpou o rosto e tentou acalmar seu coração sofrido.

— Você nunca me falou sobre sua família. O que eu sei foi o que Scorpius me disse.

Thomas virou o rosto não se sentindo confortável entrando naquele assunto, mas aquela era a oportunidade que ele buscou durante todo o tempo que teve que se manter longe dela.

— Meus avós eram puros-sangues, uma família rica e influente na Itália, eles gostavam de se gabar dizendo que tinham uma linhagem direta até os Médici de Florença, que um dia foi uma das famílias mais poderosas de todo o mundo. Seus amigos mais próximos eram os Zabine, quando Anthony e Amélia vieram para a Inglaterra seu pequeno filho Pietro ficou hospedado com meus avós, que meses depois seguiram seus amigos e também se estabeleceram aqui.

— O que aconteceu depois?

— Ninguém realmente sabe, Amélia. Um dia meus avós foram convidados para um jantar na mansão Malfoy, no diário da minha avó ela falou como o meu avó estava satisfeito com isso, uma ligação com os Malfoy poderiam abrir muitas portas. Naquela época apenas os Black estavam acima deles. Mas... – Tom olhava para as mãos remoendo as memórias. – Algo não deu muito certo. Aquele não foi um mero jantar, foi uma convocação.

— Convocação?

— Há pouco tempo tinha aparecido um bruxo que dizia querer purificar o mundo bruxo, restaurar a ordem natural das coisas. Com bruxos puros acima e os trouxas sendo usados como escravos ou mortos, não tinha diferença para ele. Ele buscava apoio de famílias puras, como a minha.

— Lorde Voldemort? – Amélia sentiu um calafrio ao dizer o nome.

Thomas fez que sim com a cabeça.

— Meus avós não eram puristas, eles tinham amigos mestiços e nascidos trouxas. A recusa foi considerada uma afronta e meus avós foram mortos semanas depois. Os irmãos do meu pai estavam juntos e também morreram, meu pai na época estava na Itália com alguns amigos da família. Ele não voltou mais para a Inglaterra depois disso.

— Não se sabe quem os matou? – Amélia perguntou.

— Não, os Zabine mandaram uma carta cortando qualquer relação com a minha família, que na época se resumia somente ao meu pai. – Thomas deu um sorriso cansado. – Nenhuma investigação foi feita, eram bruxos que tinham acabado de chegar ao país, não era muito relevantes para a sociedade inglesa. Anos depois meu pai descobriu que os Malfoy tinham solicitado que o assunto fosse esquecido e ao que parece ninguém tinha coragem para contestar Abraxas Malfoy.

— Você acha que ele...

— Ele pode não ter levantado a varinha contra minha família, Amélia, mas sabe exatamente quem fez, sabia que fariam e mesmo assim deixou que eles morressem. – Os olhos dele transbordavam em raiva.

— Mas Scorpius não tem nada a ver com isso, Tom.

Ele apenas sorriu.

— Todos pensavam bem de Lucius Malfoy, um garoto inteligente, bonito e educado. Um verdadeiro lorde como Scorpius, mas no fim ele se mostrou cruel e um assassino como o pai dele foi.

Amélia reprimiu uma careta.

— Eu lamento ter dado aquele livro a você. – Tom continuou. – Eu sei como ele pode ser perturbador, sei também que ele exagerou nas informações lá contidas, mas nem tudo que tem lá é mentira, Amélia. E eu nunca vou confiar em um Zabine ou em um Malfoy, por culpa deles eu estou sozinho.

— Eu sou uma Zabine agora. – Amélia falou com a cabeça baixa sentindo a pontado do rancor de Thomas a atingindo.

— Mas você foi criada para ser Amélia Hall, uma corvinal inteligente, não uma serpente venenosa. – Thomas deu um pequeno sorriso para ela.

— Eu senti sua falta, Tom e deu seu mau humor diário.

— E senti a sua, todos os dias. Até mesmo do seu entusiasmo sem sentido. – Ele a puxou novamente para encostar a cabeça em seu peito. – Onde estão todos os seus amigos? Você sempre está rodeada deles.

Ele sentiu a menina se encolher.

— Eu fui maldosa, disse coisas que não devia.

— Você está sofrendo. Seus amigos Sonserinos vão entender que espalhar a dor é fundamental quando se está sofrendo, seu namorado vai perdoá-la porque ele a olha como se pudesse lamber o chão que você pisa e a ruiva Weasley tem o coração mole dos grifinórios.

— Você tem uma língua muito ferina para um lufano que deveria ser inofensivo.

— Nós não temos as garras dos leões e águias ou as presas das serpentes, mas também mordemos, Amy. – Ele a cutucou na barriga. – Você deveria procura-los, devem estar preocupados.

— Sim, você tem razão.

Mesmo concordando com Thomas Amélia não se mexeu, ela remoía tudo que ele tinha lhe dito, principalmente a parte sobre ter esperança. Ela estava se segurando naquilo e em Harry fazer o necessário para achar Eliza, com o silêncio do lufano ela passou a contar os batimentos do coração dele.

Foi assim que James a encontrou e um frio incomum tomou conta dele. Ela estava sentada tão próxima a Thomas e de uma forma tão natural, como se sempre fizessem aquilo. Thomas mantinha uma mão no cabelo dela, fazendo movimentos suaves e tinha os olhos fechados, os dela também estavam fechados e ela o abraçava como se necessitasse do contato.

James não era ciumento, pelo menos achava que não. Mas aquela cena transbordava intimidade e ver que Amélia procurou outra pessoa para consolá-la lhe doía terrivelmente. Ele deu passos para trás até sair do corredor, uma mão invisível comprimia seu coração e uma insegurança que ele nunca sentiu antes lhe dominava naquele momento.

Thomas deixou Amélia na entrada do Salão Principal e saiu dizendo que tinha que encontrar com alguém. A menina respirou fundo e entrou, correu os olhos pelas mesas até encontrar quem queria na mesa da Grifinória.

Freya se levantou e correu na direção dela quase a derrubando com um abraço.

— Você sumiu. – Freya a olhava procurando qualquer sinal de machucado. – Estávamos tão preocupados.

— Freya, você está fazendo uma cena no meio do Salão Principal. – Amélia a alertou vendo os inúmeros olhares que as duas recebiam.

— Não importa, nenhum deles importa. Amy, o sr. Potter saiu daqui dizendo que não desistiria até achar Eliza. Ele é o melhor, ele vai encontrá-la, eu sei que vai.

— Sempre há esperança, não é? – Ela reprimiu as lágrimas.

— Claro, Eliza está bem, eu sei que está. – Freya apertou a mão dela com força, como se temesse ver a menina sair correndo novamente. – Vamos, estão todos preocupados.

Freya a puxou para a mesa. Amélia sentou entre Rose e Albus, que deram um pequeno abraço grupal. Ela olhou para James que tinha os olhos no prato a sua frente, ela esperou que ele olhasse para ela, mas ele não o fez.

Ela pediu desculpas a eles pelo comportamento mais cedo, mas eles relevaram isso dizendo que ela tinha sido completamente ignorada. Todos eles falaram a mesma coisa que Freya e a sonserina ainda disse que elas tinham que escrever uma carta para os pais e Anthony, que saíram da escola muito preocupados.

James disse que iria para a torre, Amélia temia tê-lo magoado com suas palavras. Sem se despedir de ninguém ela saiu da mesa e o seguiu, ele caminhava com a cabeça baixa e não notou ela se aproximando.

— Jamie? – Amélia o chamou.

Ele se virou, Amélia carregava uma expressão de culpa e James temia que ela lhe trouxesse notícias ruins. Todos os piores cenários se desenrolavam em sua mente.

— Amélia. – Ela estranhou, ele quase nunca a chamava assim.

— Nós podemos conversar?

Não, James queria se esconder na torre e esquecer o que tinha visto, esquecer essa sensação de que a tinha perdido para Thomas, essa insegurança que o dominava completamente. Ele não impôs resistência quando ela o pegou pela mão e o levou até uma sala vazia.

— Me desculpe. – Amélia pediu.

— Pelo que? – James se encostou a porta.

— Pelo que eu disse mais cedo, eu fui muito tola ali. Não queria ter dito aquilo. – Ela se aproximou dele, pegou sua mão e a apertou. – Não queria magoá-lo, me perdoe.

Uma parte de James se tranquilizou, ele a puxou e a abraçou apertado até ela reclamar que ele a estava esmagando. Ele travava uma batalha interna se deveria falar sobre o que tinha visto ou não, no fim sua parte atormentada venceu, porque sabia que não conseguiria sequer dormir com aquilo pesando em seu coração.

— Eu vi você com Thomas Agnelli. – Ele engoliu em seco. – Você estava tão confortável com ele, parecia tão certo vê-los ali juntos.

— O que? – Amélia não entendia por completo o que ele estava querendo dizer. – Não, espera, você não está querendo dizer que está com ciúmes do Tom, certo?

— Você faz soar como se fosse algo estúpido. – James fez um muxoxo e quis se afastar, mas Amélia não permitiu.

— Meio tolo, talvez. – Ela tentava não sorrir da expressão dele.

James se sentia mortificado e um completo idiota.

— James Sirius Potter, eu amo você. – Amélia falou cada palavra com segurança.

Ele a encarou e por um instante não sabia como reagir. Era a primeira vez que ela falava aquilo e ele sempre pensou que fosse ser o primeiro a dizer, sabia que Amy gostava dele e estava apaixonada, ele também estava, mas já fazia um tempo que o sentimento tinha progredido.

Fred tinha ouvido aquela declaração antes, mas sorriu zombeteiro e disse que não acreditava em amor na adolescência, que aquilo eram só os hormônios entrando em ebulição perto de uma garota bonita. Mas James sabia que não era só isso, estar com Amélia era, agora, mais do a necessidade de antes, estar com ela era ter seu coração sempre morno e uma sensação de paz que ele não conseguia explicar, uma felicidade sem precedentes, um frio na barriga.

Ele a segurou com força e a beijou como nunca antes. Eles foram dando passos para trás até se chocarem com a mesa, mas isso não os atrapalhou, ele a ergueu e a colocou sentada lá. O beijo foi profundo e intenso, Amélia ficou ofegante depois que ele se afastou, mas mal teve tempo de recuperar o fôlego e ele já a beijara novamente.

Ela o puxava para mais perto, o queria mais perto, mesmo que fosse impossível os dois ocuparem o mesmo espaço, ela colocou suas mãos no quadril dele e talvez de forma inconsciente suas mão entraram por debaixo da blusa dele. As mãos dela estavam frias e isso fez ele se arrepiar, ele parou o beijo e a encarou, ela o olhava com seus redondos olhos castanho com expectativa.

— Eu também amo você, mais do que você pode supor. – Ele declarou fazendo carinho no rosto dela.

Ela o puxou para um abraço e ele se sentiu muito melhor a tendo por perto e sentindo seu cheiro.

— Então vocês são amigos novamente? – Ele tentou soar desinteressado.

— Eu o entendo melhor agora, acho. Mas ele guarda tanta mágoa, acho que ele nunca suportará a presença de Scorpius.

— Amy. – Ele chamou e esperou que ela erguesse o rosto para olhá-lo. – Papai prometeu que...

— Eu sei. – Ela deu um sorriso triste para ele. – Ela ainda pode estar viva.

Ele a abraçou novamente e estar com James, sentir seu calor e o conforto de seus braços, saber que ele a amava era tudo que ela precisava. Amélia tentava ignorar aquela crescente vontade de voltar a beijá-lo até perder o fôlego e sentir suas mãos tocando a pele por debaixo do uniforme. Por enquanto se satisfaria em somente estar com ele ali.


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