O Legado escrita por Luna


Capítulo 48
Parte IV - Capítulo 48


Notas iniciais do capítulo

A falta de comentários ta me deixando triste e desanimada.



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Se você continua vivo é porque ainda não chegou aonde devia.

Albert Einstein

O modo de vigilância começou assim que eles saíram do trem, se separar se tornou necessário para que não chamassem tanta atenção. Poderia ser todo o momento tenso desde o embarque na Plataforma ou a expressão fechada dos aurores, mas os alunos mantinham uma distância segura deles.

Albus olhava para frente, nunca desviando o olhar como uma tentativa de ignorar o circo que estava sendo montado ao seu redor, Scorpius segurou sua mão em um momento, mas isso durou apenas alguns segundos antes de Ben aparecer e falar para eles começarem a andar.

Rose ainda permaneceu um momento parada olhando para os lados para ver o irmão e Lily, mas com tantas crianças pequenas juntas e a falta de iluminação era difícil até mesmo ver os cabelos flamejantes da prima. Foi pega de surpresa quando uma figura feminina a pegou pelo braço e a fez começar a andar.

— Hey!

— Desculpe pelo mau jeito, mas temos que começar a andar. – Acácia olhava para os lados alarmada. – Seu irmão está com o Hagrid, e srta. Potter já foi colocada em uma carruagem junto com o garoto Nott.

— O que está acontecendo?

Acácia olhou para ela diminuindo o passo, o número de alunos já tinham diminuído, muitos deles já haviam entrado em suas carruagens e ido para o Castelo. Ela imaginou como Ben ficaria furioso se ela falasse o que não deveria para a ruiva Weasley, por isso se limitou a sorrir.

— Vai chover em pouco tempo. Não sei você, mas eu não quero ficar ensopada nesse frio.

Rose assentiu fingindo acreditar. Ela até poderia considerar a possibilidade, visto como o céu parecia carregado de nuvens pesadas, se não fosse o olhar temeroso que a Auror ainda dava para os lados e da maneira firme como ela segurava a varinha.

Tinha poucas carruagens e Rose e Acácia entraram na última, já fazia um tempo que ela não cruzava o caminho dele, ele parecia diferente, seu rosto estava mais fino, e ela definitivamente lembrava do cabelo dele alguns tons mais claros, mas quando ele ergueu o rosto e a encarou ela percebeu que os olhos continuavam do mesmo tom azul claro. Olhos que sempre foram muito expressivos, expressivos demais.

Ele estava com uma expressão de genuína curiosidade, como se não entendesse o motivo dela estar na mesma carruagem que ele. Do lado de fora a chuva tinha começado com toda a sua força, a carruagem começou a se mover lentamente quando parou com brusquidão, fazendo com que Acácia erguesse a varinha. Quando a menina abriu a porta ela quase caiu na lama pelo susto de ver uma varinha direcionada para o seu rosto.

— É só a Arwen, Acácia. Ela é uma estudante. – Rose esclareceu e baixou o braço da Auror.

— Arwen Thompson, não? – Acácia perguntou para confirmar.

— Sim, senhorita. – Arwen se sentou no banco oposto a que Rose e a Auror ocupava. – Tommy, pensei que me esperaria.

Ele ficou com o rosto levemente rosado.

— Eu disse que esperaria na carruagem. – Ele sussurrou.

— Ah, Rose este é...

— Nós já nos conhecemos. – Rose falou para menina e voltou seus olhos para ele. – Olá, Thomas.

— Weasley. – Ele fez um cumprimento com a cabeça.

— Eu perdi alguma coisa? – Arwen perguntou a ninguém em particular.

Thomas estreitou os olhos para Rose, como se a desafiasse a falar alguma coisa. O silêncio se tornou constrangedor, apenas Acácia parecia alheia a situação, ela estava atenta ao barulho do lado de fora, mesmo que não desse para ouvir nada além da chuva.

Arwen começou uma conversa com Thomas, que respondia com monossílabos, deixando claro o seu desconforto com a presença da ruiva, que não estava exatamente a vontade ali.

Estava claro o alívio de todos quando a carruagem parou e eles puderam se separar. Rose nem percebeu quando Acácia tomou uma direção contrária a deixando sozinha junto com os outros alunos que estavam se molhando, por sorte as portas se abriram segundos depois.

Tim estava sentado perto de Freya, Albus e Scorpius estavam um pouco mais distantes conversando muito próximos, Amélia estava na mesa da Corvinal entre os Miller, James estava na ponta da mesa da Grifinória com o time de quadribol, enquanto Rose tentava inutilmente se fazer atenta para entender o que Steph estava falando.

— Rose?

Rose tirou os olhos da mesa da Sonserina e os voltou para a colega de casa.

— Desculpe, eu não ouvi.

— Tinha aurores no trem, e do lado de fora e na Plataforma e aqui em Hogwarts. O que está acontecendo? – Steph estava curiosa e levemente apreensiva.

Rose batucou os dedos na mesa, olhou para Amélia e a viu mexendo no cabelo, um sinal de nervosismo, James lançava olhares preocupados para a corvinal e para a mesa da Sonserina onde Albus estava. Tim falava com Freya, mas por alguns segundos olhava na direção dela, como se precisasse garantir que ela estava ali.

— Saiu uma nota no Profeta, você viu? – Rose tentou dar um sorriso confiante. – Algo sobre um bruxo foragido, eles só quiseram garantir nossa segurança.

— Só isso?

— Claro, o que mais poderia ser? – Rose deu um sorriso sem graça.

— Minha mãe trabalha no Ministério. – Steph olhou para os lados e se aproximou mais de Rose. – E ela disse que estava tendo desaparecimentos.

Aquilo pegou Rose de surpresa.

— Desap...

— É. Várias pessoas, de diferentes setores do Ministério. Eles somem sem explicação e depois voltam dando desculpas que não convenceriam nem mesmo alunos do primeiro ano. Você não sabia...

— Não, meus pais não costumam trazer esses assuntos no café da manhã.

Rose não sabia o que mais seus pais tinham escondido deles e por quanto tempo vinham escondendo. Albus já tinha comentado sobre Harry chegar cada vez mais tarde e estar sempre cansado ou com algum machucado, mas ela não conseguia imaginar que algo assim poderia estar acontecendo, que as coisas estivessem tão ruins.

Ela se lembrava de uma nota de rodapé que tinha visto no diário de Hermione, foi um dos primeiros, quando ela ainda estava em Hogwarts, falava sobre a guerra antes dela começar de fato, quando os lados estavam ainda conquistando aliados. Sempre começa com desaparecimentos.

Rose foi despertar quando palmas romperam e ela sentiu alguém sentar ao seu lado.

— Eu consegui, Rosie. Estou na grifinória como um legítimo Weasley. – Hugo sorria orgulhoso.

Ela se forçou a sorrir para o pequeno menino.

— Parabéns, Hugo. Mamãe e papai ficarão muito felizes quando souberem.

Quando todos já tinham sido selecionados Minerva subiu no pequeno pódio colocado a frente da mesa dos professores para dar os avisos de começo de ano.

— Boa noite aos alunos que iniciam agora e para aqueles que já estão conosco a algum tempo. Como vocês podem ter notado tivemos alguns visitantes no trem, que agora estão conosco em nossa escola. Muitos de vocês já leram a respeito nos jornais, mas para aqueles que não viram deixe-me esclarecer. Vitorin Abaadi é um habilidoso bruxo da Bulgária, condenado por assassinato, recentemente ele fugiu de seu país e há informações que ele foi visto na Inglaterra. O sr. Abaadi já invadiu o Instituto de Durmstrang com o único intuito de ferir alunos e professores, por isso nosso Ministro colocou Hogwarts sobre alta proteção. A Floresta Proibida é proibida, não serão toleráveis alunos andando pelo Castelo à noite e muito menos pelos jardins. No mais, tenham um ótimo jantar e um estupendo ano letivo. – Minerva levantou as mãos e as travessas douradas se encheram de comida.

[...]

O primeiro mês de aula já estava acabando e eles já sentiam falta de casa. Amélia estava sofrendo por algo em especial, agora todos sabiam quem era seu pai e os sussurros ainda não tinham parado, muito menos os olhares. A Sonserina olhava para ela como se ela ainda fosse ninguém, “uma bastarda” foi como Melody Steffens a chamou quando a derrubou em frente a sala de Feitiços, a Corvinal fingia que nada tinha mudado, mas muitos ainda não a chamavam pelo novo sobrenome, Grifinória não era tão maldosa, mas não sabiam disfarçar, Lufa-Lufa muito menos, eles a encaravam por onde quer que ela andasse.

Por isso ela começou a se esconder na biblioteca, onde poderia escolher a mesa mais afastada, sem muita iluminação, não tinha alunos enxeridos ou aurores a olhando. Só tinha ela e James ocasionalmente. Ela sabia que ele tinha usado sua influência na Grifinória para impedir os colegas de lhe fazer perguntas ou tirar brincadeiras. Embora isso não tenha impedido Zara Portman de soltar seu veneno na aula de Herbologia.

Mas não tinha como ela fugir o tempo todo.

— Precisamos de vitamina D, Amy. Vamos aproveitar o sol enquanto ele não resolve se esconder novamente. – Rose a arrastava pelo Castelo, quase literalmente.

Ela ia olhando para os lados, várias pessoas a encaravam, ela repetia um mantra em sua cabeça, para impedir que as lágrimas viessem.

Ela notou que tinha algo estranho, estava tudo muito quieto e vazio. Ela olhou para trás dessa vez parar perceber que não tinha ninguém atrás delas.

— Onde está...

— Estamos chegando. – Rose começou a caminhar mais rápido. – Se apresse, Amélia Zabine.

Amy ainda sentia um arrepio sempre que falavam seu sobrenome, quase como se fosse um presságio ruim.

Todos eles estavam lá em volta de uma toalha amarela repleta de comida.

— Vocês demoraram. – James se levantou para abraçar Amélia. – Estávamos começando a pensar que tinham sido pegas.

— Onde estão os aurores afinal? – Amélia perguntou.

Os rostos se voltaram para Lily.

— Uma simples poção do sono, essa hora devem estar cochilando. – Ela sorriu angelicalmente.

— Você...

— Eu e o Nick. – Ela bateu no ombro do corvinal a seu lado fazendo com que ele derrubasse a torrada que comia e olhasse feio para ela.

— Quando formos descobertos me tire do meio disso. – Ele disse enquanto colocava geleia em uma nova torrada. – Todo o plano foi seu, eu só ajudei na confecção da poção, você com esse sorriso de boa menina que os fez comer os doces. Até onde todos sabem eu não fiz nada.

— Covarde. – Ela soltou.

— Eu me chamaria de inteligente. – Nicholas deu de ombros.

Amélia sentiu uma pontada de alegria, ela estava novamente só com os amigos, como foi nos anos anteriores. Mas pela primeira vez em meses ela estava sozinha sem ninguém para protegê-la e isso era assustador.

Eles começaram a falar sobre a semana de aula, relatando o que de melhor tinha acontecido, era uma pena a lista não ser tão grande.

— Bom, quando as pessoas tiverem te encarando é só você imaginar que eles estão olhando por causa do novo casalzinho aí. – James falou sorrindo.

— Argh! Isso já é assunto velho, irmão.

— Meu querido Albus, um Potter namorando um Malfoy nunca será assunto velho. – Rose colocou a mão no ombro de Albus. – Se acostume em ser o centro das atenções novamente.

Amélia conseguiu dar um sorriso acolhedor na direção dos dois.

— Pelo menos nós não fomos pegos aos amassos, Weasley. Isso sim deu o que falar. – Scorpius mordeu uma maça enquanto olhava a ruiva ficando vermelha.

— Não seja infantil, Scorpius. Nós só estávamos nos beijando, nem recebemos detenção. – Tim foi em defesa da namorada.

Todos pareciam tão relaxados e tranquilos, apenas aproveitando um fim de tarde na sombra de uma árvore frondosa com o melhor que os elfos poderiam oferecer de comida, mas Amélia olhava para a Floresta ao longe e imaginava uma horda de bruxos vestindo negro correndo na direção deles, eles levantariam as varinhas, mas de nada adiantaria, não sabiam os feitiços necessários para vencer e assim morreriam. Ainda olhava na direção da floresta quando viu Arwen caminhando.

— Mas o que... – Nicholas também tinha visto.

— O que foi? – Scorpius perguntou e se virou para ver o que eles olhavam, Albus, Tim e Rose fizeram o mesmo.

— Para onde ela está indo? – Timothy se levantou e gritou. – Arwen!

Ela fez que não o ouviu, continuou caminhando chegando cada vez mais perto da entrada da Floresta.

— Ela está indo para a Floresta Proibida. – Amélia se levantou. – Não podemos entrar na Floresta.

— Arwen! – Scorpius gritou. – Arwen!

— Esse seria um ótimo momento para se ter um Auror por perto. – Lily disse.

Scorpius continuou a chama-la, mas ela se aproximava cada vez mais, sempre olhando para frente. Ele começou a correr quando percebeu que ela não pararia e os outros foram.

Arwen entrou na Floresta e Scorpius a acompanhou minutos depois, mas não conseguiu vê-la. Ele a chamou baixo, julgando que ela estava por perto, mas aparentemente não havia ninguém por perto, estava tudo silencioso demais.

Ele se assustou quando os outros chegaram.

— O que deu em você? – Albus o empurrou.

— Xii... – Rose colocou um dedo na frente da boca e abaixou a mão de Albus que segurava a blusa de Scorpius. – Onde ela está?

Eles olhavam em volta, mas não conseguiam ver nada.

— O sol já vai se pôr, não podemos estar aqui quando anoitecer. – Lily disse preocupada. - Coisas ruins acontecem aqui, não ouviram as histórias?

— Temos que chamar alguém. – Nicholas propôs. – A escola está cheia de aurores.

— Que a essa hora estão dormindo em algum canto. – Lily já começava a se sentir estúpida.

— Bem, nem todos estão.

Todos se viraram para ver Ben Shacklebolt parado carregando uma expressão de fúria controlada.

— Alguém pode explicar, por Merlin, o que por mil diabretes estão fazendo aqui?

— Arwen entrou na Floresta, nós só viemos atrás dela. – Scorpius falou. – Ela está aqui ainda, não pode estar longe.

Ben adentrou mais na floresta, olhando ao redor, sempre com a varinha segura na mão.

— Peguem suas varinhas. – Ele mandou. – Nott, leve seu irmão e a srta. Potter de volta ao Castelo, procure algum professor e diga que temos uma aluna dentro da Floresta. E fiquem lá.

Tim pegou na mão de Lily e a saiu puxando, a menina relutou por um momento e olhou para o irmão.

— Está tudo bem, Lils. Já nos encontramos no Castelo. – Albus conseguiu sorrir, mesmo com o frio que sentia em sua espinha.

— Sabem magia defensiva e de ataque básicas? – Ben perguntou.

— Tivemos algumas aulas para o clube de duelo ano passado. – Rose falou.

— Qual de vocês é o melhor?

Rose, James e Amélia olharam para Albus e Scorpius.

— Al, o Al é o melhor. – Scorpius disse com convicção. – Ele já conseguiu derrubar Eric Nott, era um dos melhores do Sétimo Ano.

— Isso não é mais um treino, ataquem qualquer um que se mostrar uma ameaça, deixem para perguntar depois. – Ben se mostrou firme e decidido. Olhou para Albus, percebendo não pela primeira vez a semelhança assombrosa com Harry. – Você vai atrás, fique atento. Não vamos nos separar.

Eles começaram a caminhar com passos curtos, sempre olhando para os lados tentando ver qualquer sinal de Arwen.

Ben não conseguia pegar nado do local que o levasse a pensar que alguém tinha andado por lá, pelo menos ninguém do tamanho de Arwen. Havia pegadas por todo o lugar, mas nenhuma que o levaria a menina.

— Vocês tem certeza que a viram entrando aqui?

— Há feitiços para sumir com rastros, não? – James perguntou. – A menos que todos tenham alucinados juntos, a menina lufana entrou aqui.

— Esse lugar é sombrio. – Rose se arrepiou.

Todos se viraram alarmados quando com um feitiço Albus jogou alguém contra o tronco de uma árvore. Ben não conseguiu esconder a surpresa.

— Uau. Isso foi muito...

— Desnecessário. – Arthur disse tentando se soltar. – Alguém pode me tirar daqui?

— Desculpe, não vi que era você. – Albus se desculpou o liberando das cordas

— Esperava mais de um Auror do seu nível, Arthur. Se deixar ser parado por uma criança? – Ben zombava.

— Eu não estava esperando por um ataque. – Ele se defendeu.

Albus prendeu a respiração quando Arthur parou na sua frente, ele relaxou mais quando o auror sorriu.

— Muito bem, Albus. Foi uma ótima combinação de feitiços. – Ele bagunçou o cabelo do menor. – A pequena Potter disse que alguém entrou aqui e que vocês seguiram a pessoa... Eu diria corajoso, o Chefe os chamaria de idiota.

— Papai faria a mesma coisa. – James disse.

— Meu pai diz que ele foi bastante idiota e imprudente quando mais jovem. – Ben falou dando um sorriso fraco.

— Não há rastros. – Arthur notou. – Como ela não pode ter deixado rastros?

Eles pararam quando escutaram o galopar de um centauro.

— Ótimo, entramos no território dos centauros. Já fui amarrado, agora vou levar uma flechada.

Os centauros logo foram vistos. Vinha dois, um deles era grande e já era um adulto, o outro aparentava ser jovem.

— Ronan. – James tomou a frente de Ben, sabia como centauros detestavam humanos adultos e não queria ter que levantar a varinha contra um povo pacífico. – Boa tarde.

O centauro o encarou de cima, ele olhou para o mais novo e assentiu, ele então baixou a besta que até então era apontada para o grupo.

— James Sirius Potter, não imaginava vindo até a escuridão da Floresta. – Ronan parecia olhar para além deles. – Veio atrás da menina de olhos dourados?

— Arwen, o nome dela é Arwen. Vocês a viram? – Scorpius se precipitou.

Ronan estreitou os olhos para a figura pequena de Scorpius que se esforçou para não se encolher.

— Nós podemos leva-los até ela. Illunis, mantenha-se atento para qualquer aproximação.

— Sim, pai.

— Pai? – Amélia perguntou. – Mas como você poder ter...

A menina se calou depois de levar uma cotovelada de Albus.

Ronan olhou para ela com os olhos estreitos e beirando ao perigo.

— Desculpe pela indiscrição de Amélia, Ronan. – James pediu. – Ela não nasceu no mundo bruxo, ainda tem mitologias trouxas na cabeça.

James torceu para o tom ameno trazer novamente tranquilidade para o ambiente. Por bem Ronan tirou os olhos de Amélia e começou a caminhar.

— Eu sei o quanto você é curiosa, mas da próxima vez que sentir o ímpeto de fazer uma pergunta desse tipo morda sua língua. – James foi duro. – Centauros se ofendem com facilidade, ele poderia muito bem alegar que o confrontamos e o atacamos, ninguém poderia fazer nada porque entramos no território deles sem permissão e se alguém fizesse algo começaria uma guerra.

— De onde você o conhece afinal? – Albus perguntou.

— Eu fui idiota no meu primeiro ano, queria me mostrar corajoso e entrei na Floresta, lembra? Ronan me ajudou.

— Ela está ali. – Illunis apontou com a besta. – Acho que ela não sabe o que está fazendo.

— Por quê? – Rose perguntou.

— Eu estava a vigiar o perímetro quando a criança humana apareceu. A mandei parar, mas ela continuou a avançar. Depois apontei minha arma e mesmo assim ela continuou, dei um tiro de aviso, mas nem assim ela parou.

— Você deu atirou com esse negócio na Arwen? – Amélia perguntou surpresa.

— Nós não ferimos crianças, humana. – Illunis disse convicto. – Foi apenas um teste. Ela se sentou ali e ficou assim desde então. Foi quando fui chamar meu pai e nós saímos para avisar a escola.

Os adultos se mantinham em silêncio, fingindo que não estavam ali. Mas sabiam que suas presenças não tinham sido ignoradas. A confirmação para isso foi quando Ronan respondeu ao questionamento estampado no rosto de Ben.

— Hoje é Lua Cheia, a Floresta não é um local seguro para ninguém essa noite.

— O que fazemos agora? – Arthur perguntou e os olhares foram para Scorpius.

O menino respirou fundo e se botou para caminhar. Ele se agachou perto de Arwen e viu que ela olhava fixo para um ponto atrás dele, se virou, mas não tinha nada demais ali, só mais árvores altas.

— Arwen. – Ele a chamou novamente, porém teve o mesmo efeito que antes.

Ela não o escutava, isso ele tinha certeza. A única solução que encontrou foi usar a mesma coisa que usava quando ela estava presa em uma visão. Pegou a mão dela e a segurou entre as suas. Viu quando ela piscou seguidas vezes e olhou para ele o reconhecendo.

— Scorp. – Ela notou as outras pessoas e o local onde estava.

— Você está bem?

— Eu não... – Ela estava confusa.

— Vocês precisam sair daqui. O sol já se pôs, logo a lua irá atingir seu ápice e vocês já deverão estar na segurança do Castelo.

— Lua cheia... lua cheia... – Arwen colocou as mãos na cabeça.

Scorpius começou a puxá-la, mas a menina relutava.

— Por Merlin, você não escutou o que o Centauro falou? Nós temos que sair daqui. – Arthur deu um passo na direção dela, mas foi barrado pela besta de Illunis.

— Não. Temos que trazer ajuda. – Arwen se virou para Ben. – Toda a ajuda possível. Os Centauros são a principal defesa da escola neste lugar, sem eles aqui a escola pode ser facilmente invadida.

— Nós não protegemos a escola, criança. – Illunis rebateu.

— Não diretamente. Mas suas presenças aqui já afastam quem quer fazer mal.

— O que você está falando? – Albus perguntou.

— Eles vão atacar os Centauros, todos irão morrer. – Arwen falou alarmada. – Todos eles irão morrer.

Ela gritou.

Ninguém reparou no centauro que se aproximava e se assustaram quando ele se pronunciou.

— Pelo Estatuto da União eu requisito ajuda para proteger os centauros habitados na Floresta Proibida.

Bane conseguia ser mais alto que Ronan, seu cabelo tinha mais fios brancos que os negros de outrora, sua espessa barba também já demonstrava a idade avançada.

— Desculpe, senhor. Mas precisamos de algo para justificar o pedido de auxílio. – Ben falou com pesar.

— Temos a palavra de uma poderosa vidente. – Bane o olhava com arrogância, como se ele não passasse de uma barata.

— Palavra de uma vidente? – Arthur perguntou querendo confirmar se ouviu corretamente.

— Isso parece bom para mim. – Ben estabeleceu. Ele fechou os olhos e da ponta de sua varinha saiu uma coruja. – Temos suspeitas de um ataque na Floresta Proibida visando os Centauros, pelo Estatuto eles requerem auxílio.

Uma dúzia de aurores chegaram montados em vassouras alguns minutos depois. Harry vinha na frente, para a consternação dos irmãos Potter.

— Eu não vou nem perguntar o que vocês fazem aqui. – Harry levantou a mão quando Albus ia começar a se explicar. – Os quero fora dessa Floresta. Agora. De onde veio essa ameaça?

Ben apontou para Arwen.

— Eu vi, senhor Potter. Não sei bem o que eu vi, mas eu sei que se nada for feito algo terrível vai acontecer.

Harry assentiu e começou a dar ordens para os outros. Scorpius tinha a mão de Arwen segura na sua e a puxava. Mas a menina se soltou e correu na direção dos centauros, para o total assombro de todos ela agarrou a mão de Illunis que não fez nenhum movimento para se livrar do toque.

— Quando o lobo uivar curve-se e galope o mais rápido que conseguir para o leste. Não pare até estar sem fôlego.

Ela soltou a mão dele e o viu assentir.

— Arwen. – Ele a chamou. – Obrigada.


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