O Legado escrita por Luna


Capítulo 42
Capítulo 42


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas.
O capítulo era para sair domingo, mas meu note resolveu enlouquecer e tive que mandar formatar e só consegui pegá-lo hoje.
Quero agradecer os comentários e dizer que amanhã irei respondê-los. Já dei uma lida rápida neles e vocês são lindos demais.
Muito ansiosos por esse capítulo?
Me desculpem qualquer erro, eu dei uma lida, mas to com dor de cabeça e talvez alguma coisa tenha passado.
Me digam o que acharam.
Beijoos!!



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“Você não pode fugir, é uma gladiadora. Gladiadores não fogem, eles lutam. Eles matam dragões, limpam o sangue, curam as feridas e vivem para lutar de novo.”

— Scandal

 

Havia alguns rostos novos ali, outros estavam apenas mais envelhecidos. Muitos deles ela viu crescer, fez parte desse crescimento. Suas feições demonstravam a surpresa pelo chamado, mas havia três homens que olhavam entre si e pareciam preocupados, como se o pergaminho que receberam aquele dia transformassem em realidade seus medos mais profundos. E havia Eveline, que se mantinha distante da mesa, em pé para colada a parede, como se quisesse se fundir a ela.

— Boa noite, eu agradeço por todos terem vindo, mesmo o chamando tendo sido feito tão intempestivamente. – A boca de Minerva se transformou em uma linha. – Mas temo que nossa paz esteja ameaçada… novamente.

Cabeças se viraram para olhar para as pessoas sentadas ao seu lado, eles queriam mais informações, não entendiam o que aquelas palavras queriam dizer.

— A professora Clarke leciona adivinhação em Hogwarts e ela tem visto coisas preocupantes. – Minerva continuou.

— Espera, você nos chamou por causa de uma visão de uma professora de adivinhação? – Ele demonstrava incredulidade em sua voz.

— Sim, sr. Jordan, meus temores são baseados em visões de uma vidente internacionalmente reconhecida. – Minerva o olhou o desafiando a questioná-la novamente, o que sabiamente ele não fez.

— E o que a professora Clarke viu? – Hermione perguntou sentada entre Harry e Ron, se sentia com 17 anos novamente enquanto aguardada as instruções para o resgate de Harry.

Eveline lhes disse tudo que tinha visto, detalhou a visão que teve de Hermione segurando o jornal com tantas informações que a mulher não teve dúvidas que aquilo poderia vir a ser real.

— Quando você começou a ver essas coisas? – Neville perguntou e aparentava estar chateado por saber daquilo junto com os outros.

— Faz alguns meses, elas começaram a vir depois que eu… – Eveline parou de falar não sabendo se seria benéfico ela dar aquela informação para eles, especialmente para alguns deles.

— Depois? – Hermione insistiu.

— Isso não é relevante. O que…

— Eu discordo. – Hermione a cortou. – Alguns estudos dizem que uma visão pode desencadear outras se elas tiverem ligação.

Eveline fechou os olhos e respirou fundo. Ela não queria estar ali, queria estar enrolada em um cobertor perto da lareira tomando chá e lendo O Pasquim. Falar para todas aquelas pessoas, ver seus olhos questionadores, julgadores e desconfiados a irritava e entristecia em níveis diferentes. Ela não queria ser aquela que diria àqueles pais que seus filhos, provavelmente, estavam em perigo.

— As visões começaram depois que eu tive uma com seus filhos. – Eveline olhou para Ron, Hermione e Harry e em seguida para Blaise. – E o sr. Malfoy.

Harry olhou para Blaise e percebeu que ele se mantinha duro na cadeira. As últimas informações deveriam pesar no homem. De uma hora para outra descobriu que tinha uma filha e que ela junto aos outros estavam em perigo, provavelmente por causa de sua mãe. Harry sentia pena dele.

Ao seu lado Hermione arfou.

— O que nossos filhos têm a ver com qualquer coisa ligado aquele ser das trevas? – Ron perguntou.

— O que você viu, srta. Clarke? – Os olhos de Hermione pareciam prestes a transbordar em lágrimas.

Eveline falou e com pesar viu Hermione ceder a tristeza e preocupação e derramar as lágrimas que segurava.

— Você não parece surpreso. – Hermione falou limpando o rosto e olhando para Harry. – Por que você não parece surpreso? Acabamos de saber que nossos filhos estão em perigo.

Agora todos olhavam para o Escolhido e só o que ele queria era ir diminuindo na cadeira até desaparecer. Gina o encarava com olhos afiados. Primeiro Harry aparecia na Toca dizendo que precisada de seu pai com urgência ao lado de Blaise Zabine como se ambos tivessem visto Inferis andando no Beco Diagonal, depois eles são chamados com urgência por Minerva e ele insiste que Zabine tem que estar lá também, que isso não poderia ser coincidência. E agora Harry apenas olhava com pesar para o homem sentado a sua frente que parecia prestes a sair espalhando azarações ao primeiro que lhe tocasse.

— Nós soubemos de parte dessas visões hoje. – Blaise respondeu por Harry. – Potter e eu.

Eveline o olhou com compreensão e pela primeira vez em anos ela sorriu.

— Então ela lhe contou a verdade. – Ela avançou dois passos parando as costas de Minerva. – Amélia lhe contou a verdade?

— Sim. – Blaise parecia mais raivoso ainda em saber que mais uma pessoa sabia daquilo e ele não.

Eveline respirou aliviada e levou a mão ao coração como se estivesse fazendo uma oração silenciosa.

— Você irá protegê-la, certo? – Ela perguntava com expectativa. – Só você poderá protegê-la.

— Do que vocês estão falando? – Hermione olhava de um para o outro sem entender nada.

A viagem até Londres ocorreu sem percalços, eles se mantiveram apertados na cabine, de forma até mesmo desconfortável, mas a ideia de se separarem parecia absurda. Amélia, Albus, Rose e Scorpius passaram a viagem tensos, como se esperassem que a qualquer momento o trem fosse ser atacado, os outros não notaram ou se o fizeram acharam que era por um motivo distinto do verdadeiro.

Freya e Anthony foram mantidos ignorantes sobre a última visão de Arwen e embora os outros três tenham se mostrado contrário aquilo nada puderam fazer, nem mesmo James conseguiu convencer Amélia do contrário. Mas a menina não queria mandar os irmãos para longe com esse peso.

As despedidas foram feitas de forma triste e mais silenciosa que o comum. Amélia rapidamente se separou do grupo e saiu para encontrar a mãe. Por todo o momento enquanto se manteve próxima aos outros ela sentia os olhos de Blaise pregados nela e em alguns momentos ela pensou que ele fosse falar algo, mas desistia. Seu coração se mantinha acelerado e ela só conseguiu respirar de forma decente quando se afastou deles e estava segura nos braços de Eliza.

Três dias haviam se passado, ela ainda não tinha reunido coragem para dizer a Eliza tudo que era preciso. Se fosse ser sincera não sabia se diria em algum momento. Amélia pensou que quando voltasse encontraria algo diferente por agora saber que sua mãe também era uma bruxa, mas a casa parecia a mesma de sempre e questionava se Eliza tinha retirado a varinha da caixa novamente, ela mesma não conseguia se manter longe da sua. Sentia-se como se uma parte sua faltasse se estivesse distante do objeto mágico.

Mas depois de tantos anos será que Eliza sentia falta da magia?

Entrar no assunto era lembrar que agora ela sabia quem era seu pai, que sua mãe tinha mentido durante todo aquele tempo e não queria embarcar nessa viagem. Por isso naquele almoço resolveu abordar um tema que achava que seria mais tranquilo.

— Estou namorando. – Amélia soltou de uma vez, enquanto colocava mais salada no seu prato.

Eliza que estava levando o garfo a boca teve o movimento parado no meio do caminho.

— Namorando? – Ela perguntou como se precisasse confirmar o que tinha ouvido.

— Uhum. Um garoto, James o nome dele, irmão do Albus, tem 15 anos e é da grifinória.

— Filho de Harry Potter? – Eliza piscava os olhos sem conseguir entender como aquele dia normal tinha entrado em sua filhinha dizer que estava namorado.

— Sim, mamãe. Ele é irmão do Albus, eu disse, não disse?

Eliza tinha pulado os capítulos do livro Como ser mãe que falava o que deveria fazer quando sua filha começava a namorar. Resolveu uma abordagem amigável.

— Quando começou?

Amélia contou tudo a ela, tirando o que devia esconder, como o fato de seus amigos saberem a verdade. Eliza sorria por fim e isso acalmou a menina que pensava que sua mãe poderia dar uma surtada.

— Então… ele me mandou uma carta dizendo que ele virá aqui com o Sr. Potter para que seja oficialmente apresentado.

Eliza engoliu em seco.

— Harry Potter… na minha casa…

Amélia revirou os olhos.

— Por favor, me diga que você não é uma tiete louca que vai querer pedir autógrafo.

Eliza deu um sorriso nervoso que fez Amélia acreditar que ela é era uma dessas loucas que Albus descrevia que ficavam sem voz quando seu pai aparecia e começavam a gaguejar, pedindo autógrafo e dizendo como ele era magnífico.

Um pouco antes do horário que eles tinham combinado batidas soaram na porta. Amélia pediu que Eliza fosse abrir enquanto prendia o laço em seu cabelo. Ela estranhou o silêncio e demorou um pouco mais trocando a blusa que vestia por pensar que devia ser um dos vizinhos e não James. Quando desceu viu que sua mãe olhava para a entrada, mas lá não estava James, nem algum vizinho. Parado na entrada da casa estava Blaise e Anthony Zabine.

Seus pais pareciam em meio a uma batalha de quem demoraria mais a piscar. Amélia desceu o resto das escadas com pressa parando ao lado de Eliza, olhou para os dois homens e não soube o que falar. Anthony parecia ter tomado as rédeas da situação e avançou entrando na casa.

— Amy. – Ele a abraçou, como fazia em Hogwarts e em seguida olhou para Blaise. – Pai, não é melhor você entrar?

Blaise entrou com passos duros, como se cada movimento fosse calculado. Seus olhos não desgrudavam de Eliza e nem os dela desviavam dele, com a varinha Anthony fechou a porta. Ele se manteve próximo a irmã, ambos em silêncio esperando um dos adultos resolverem dizer algo, mas quando parecia que nenhum dos dois ia começar Amélia resolveu quebrar o silêncio que parecia lhe sufocar.

— Mamãe…

— Anthony, suba e leve Amélia com você.

— O que? – Ela falou acima do tom. – Não, eu quero ficar aqui.

Blaise a encarou, porém bem mais suave.

— Preciso falar com a sua mãe agora.

Anthony a pegou pelo braço e saiu puxando até as escadas.

— Olá, Eli.

— Blás. – Amélia ainda conseguiu ouvir Eliza dizendo com a voz baixa e sofrida.

Amélia guiou o irmão até seu quarto e os primeiros segundos foram gastos com Anthony olhando o ambiente. Ele evitava olhar para a irmã, sabia como sua expressão deveria estar tempestuosa, a achava excessivamente parecida com o pai quando ela cruzava os braços e o olhava com os olhos estreitos.

— Não há mais nada para olhar, Anthony. Me diga o que faz aqui com ele.

Anthony passou a mão na cabeça sem saber por onde começar a relatar como foram aqueles dias.

— Você é absurda

Eles ouviram Blaise falando no térreo. Ele deveria ter gritado para o som ter chegado até eles.

— Eu teria protegido você, teria protegido Amélia com a minha vida se você não fosse uma cobra egoísta e fraca.

Amélia abraçou o próprio corpo em busca de conforto.

— Eu sinto muito, Amy. Mas ele já sabia, acho que a lufana foi bem incisiva e por fim o cérebro dele fez o resto. Hoje eu não consegui mais me manter firme e tive que trazê-lo até aqui, ele conseguiria o endereço nem que fosse preciso ir à Hogwarts. Achei melhor vir com ele.

— Você fugiu.

— Papai não é dado a gritos. Ele deve estar furioso. – Anthony falou e se arrependeu quando Amélia estremeceu.

— Você está louca se acha que eu vou concordar com isso. Amélia é minha, terá meu nome e tudo que você me negou por todos esses anos.

Anthony sentiu a pedra esquentar.

— Papai está nos chamando. – Ele segurou na mão de Amélia e a sentiu suada e fria.

Eles desceram as escadas, em um misto de medo, confusão e um pouco de alegria por não precisarem mais esconder a relação que tinham.

Eliza tinha olhos vermelhos o que mostrava que ela tinha chorado. Amélia intercalava o olhar de um para o outro, mas fixou em Blaise quando o homem começou a caminhar em sua direção.

— Amélia. – Ele falou como se experimentasse o nome pela primeira vez, querendo saber como o nome soava agora que sabia da verdade. Ele ergueu as mãos e colocou no rosto dela, foi passando os dedos, correu pelos olhos, queixo, fez todo percurso do contorno de seu rosto.

Amélia viu que os olhos dele brilhavam e esperou que ele a abraçasse, não queria ser aquela que tomaria a iniciativa, não se sentia pronta para isso e se entristeceu quando ele se afastou.

— Anthony, ajude sua irmã a arrumar as coisas. Nós vamos embora dessa casa.

Amélia arregalou os olhos e olhou alarmada para Eliza que limpava uma lágrima traiçoeira.

— Eu não vou a lugar algum sem mamãe. – Amélia foi firme e para assegurar suas palavras caminhou rápido até Eliza.

Blaise deu um sorriso cansado.

— Por mais… estulta que sua mãe tenha sido, os temores dela ainda são válidos. Minha mãe preza pureza sanguínea e mesmo depois de anos não sei do que ela é capaz. Essa casa não é segura. Ambas estarão melhores em um local mais bem protegido.

— E como você vai encontrar um lugar assim tão rápido? – Amélia perguntou desconfiada.

— Eu já tenho o lugar perfeito.

A corvinal faria mais perguntas, mas a campainha soou e todos se assustaram. Com toda aquela confusão Amélia tinha esquecido que esperava convidados. Ela olhou alarmada para Eliza que a empurrou na direção da porta.

— Você não pode deixar seu namorado esperando. – Disse Eliza com a voz fraca.

— NAMORADO? – Blaise perguntou e a mulher apenas deu de ombros.

James estava nervoso, ele tinha se preparado para muitos cenários, mas nada lhe preparou para aquele momento. Ele estancou na entrada assim que percebeu quem mais estava na casa, Harry parou ao seu lado também não entendendo o que as outras duas figuras faziam lá. Anthony estava encostado à parede em um misto de contentamento e assombro, Blaise parecia furioso com alguma coisa.

— Hã... – James não sabia o que falar.

— Ele já sabe.

Amélia foi para junto da mãe e evitava olhar para o pai. Harry parecia perdido em meio a todos eles e resolveu seguir o curso da correnteza. Estendeu a mão para cumprimentar Blaise e em troca recebeu um aperto que deixou sua mão dolorida, teria achado a conduta ofensiva se não estivesse claro que tinha algo errado ali.

— Você contou tudo? Tudo?— James deu ênfase a pergunta e ela soube do que ele falava.

— Sim, ele sabe que é meu pai. – Ela o olhou de forma significativa e ele percebeu que ela não queria que eles soubessem sobre as visões.

Ali começou uma batalha interna em James. Uma parte de si queria ser leal à namorada e ficar em silêncio, mas havia aquela parte que fora criada por Harry Potter e amadurecida com os anos que gritava quando ele sentia qualquer perigo se aproximando. Seja quando Albus subia alto demais nas árvores no limite da Toca, pessoas estranhas se aproximavam demais de seus irmãos ou sua namorada se recusando a dizer a adultos competentes que tinha visões assustadoras sobre ela e seus amigos, incluindo seu irmão.

James sentia que estava em uma bolha. Ao longe ele escutava Blaise esbravejando contra Eliza e a mulher se irritando por ter que escutar as mesmas acusações novamente, viu Harry ficar surpreso quando soube do parentesco entre Amélia e os Zabines. Amélia teria que perdoá-lo, mas ele jamais seria um tolo inconsequente. Lealdade estava acima de tudo ligada a querer o bem da pessoa e além de Amélia tinha Scorpius, Rose e Albus e o que quer que possa acontecer com a corvina também poderia atingir sua família e seu amigo.

— Fale a verdade a eles, Amy.

— Verdade? – Harry perguntou sua cabeça formando um nó.

Anthony se mexeu e parou ao lado de Amélia o encarando. Era difícil entender o que aquele olhar significava, podia ser tanto continue, fale tudo para eles ou então cale a boca, isso não é da sua conta. Mas Anthony não sabia de toda a verdade, Amy também o havia deixado no escuro.

— Amélia, do que ele está falando? – Eliza se virou para a filha exigindo uma resposta.

James não esperou que Amélia falasse, achava que a menina não conseguiria encontrar palavras para contar tudo que descobriu naqueles meses, então ele começou a falar. Eliza colocou as mãos na boca reprimindo um grito, Blaise encostou-se a parede buscando sustentação, Harry se não fosse seus anos de Auror teria tido uma reação semelhante, mas sua mente já buscava formas de proteger a menina amuada amparada no irmão, que tinha os olhos brilhantes.

— Sofia, a menina viu Sofia? – Eliza perguntou com um sopro de voz.

— Sim. – Amélia respondeu por James. – Ela disse que não é um futuro fixo, algo sobre não estar entalhado em pedra...

Blaise se virou para Harry como se o homem pudesse vir com alguma salvação guardada no bolso.

— Porque você acha que eu saberia algo sobre profecias? – Perguntou Harry.

— De todos dessa sala você é o único que teve seu nome ligado a uma. – O homem esclareceu como se Harry tivesse 11 anos. – Você continua idiota como nos tempos da escola. Sua amiga Granger seria de mais utilidade, ela sempre foi o cérebro. Você sempre foi só...

— Blaise! – Eliza segurou o braço dele o fazendo parar de falar. Ele puxou o braço e saiu de perto dela. – Atacar o Sr. Potter não ajudará em nada.

Dava para notar que a mulher estava tentando não sucumbir às lágrimas. Sua voz estava saindo fraca e suas mãos estavam tremendo.

— Nós temos que sair daqui. – Blaise parecia resoluto. – Essa casa não tem segurança, qualquer um poderia ataca-las aqui.

— Blaise, por favor. – Eliza começou a falar. – Tudo isso é um risco desnecessário, você sabe disso. Nós podemos ir para longe.

— Não! – Blaise e Amélia falaram juntos. A menina baixou a cabeça envergonhada e o homem continuou. – Você já me manteve longe da minha filha por muitos anos. Se você fugir novamente, Eliza, eu juro que nem Albus Dumbledore ressuscitado poderá salvá-la de mim.

— Eu posso ajudar. – Harry disse, já tinha traçado todo um plano em sua mente. – Você tem algum lugar em mente? – Continuou depois de ver o outro afirmar e dizer que só precisaria de uma chave de portal internacional. – Você vai precisar ir ao Ministério requisitar uma, hã... Eliza terá que ir junto já que Amélia é menor de idade e para fins jurídicos apenas ela pode autorizar. Nós nos encontramos lá em menos de uma hora.

Os adultos começaram uma conversa ignorando os adolescentes completamente. Isso deu a desculpa para James se aproximar. Amélia ainda estava junto a Anthony, pelo menos o rapaz não parecia chateado, pelo contrário, assentiu e disse obrigado sem emitir qualquer som. As devidas instruções foram passadas, varinhas deveriam ficar em punho e feitiços serem lançados se qualquer estranho passasse pelas proteções que Harry tinha acabado de colocar na casa. Não era nada extraordinário, apenas o básico e não era como se eles acreditassem que Sofia fosse descobrir a verdade naquele momento.

Os três subiram para o quarto de Amélia para arrumar uma pequena mala, apenas o que ela precisaria de forma urgente nos primeiros dias sabe-se lá onde, fizeram o mesmo no quarto de Eliza. A menina deu um abraço demorado em James, com isso ele acreditava que ela não estava tão chateada assim, embora não tenha olhado diretamente para ele em nenhum momento.

Depois que toda aquela confusão passasse e elas estivessem em segurança já imaginava o sermão que receberia da mãe e provavelmente do pai. Era estranho pensar que agora, finalmente, depois de tanto tempo ela poderia chama-lo de pai. Ela tinha um pai que a reconhecia como sua filha, que a queria por perto ao ponto de gritar com sua mãe, mesmo que ela não tenha gostado da atitude entendia parte da raiva de Blaise. Ela própria tinha gritado com Eliza por uns bons minutos quando descobriu.

Em menos de uma hora, como Harry disse, Blaise voltou. Ele diminuiu as bolsas que Amélia tinha arrumado e mostrou a eles a lata de refrigerante que segurava. Tirou um relógio de bolso e ficou aguardando dar o tempo certo.

— Okay, vinte segundos. Se segurem.

— Para onde estamos indo? – Amélia quis saber.

— Para casa.

Um segundo ela estava olhando para o sorriso amável de Blaise, pensou que Anthony tinha aquele mesmo sorriso e no segundo seguinte estava sendo puxada pela chave de portal até o desconhecido.

Ela caiu com força no chão, James ao seu lado não caiu muito melhor. Anthony e Blaise estavam em pé com toda a graça e elegância e isso a irritou, ainda mais depois de ver o sorriso cínico do irmão.

Eliza estava sentada no sofá, o único imóvel descoberto. De alguma forma parecia certo vê-la ali, aquele lugar parecia certo. Ela sentia uma magia agradável naquele lugar, como se o ar fizesse uma leve carícia em sua pele.

— É legal, não é? – James perguntou quando viu a expressão dela. – É a proteção na casa, ela reconhece você como família.

— Me reconhece? Como ela pode...

— Esta é a casa em que moraríamos, se... se eu não tivesse indo embora. Estamos na França, Amy. – Eliza falou. – Em Marselha, para ser mais exata. Era aqui eu morava quando terminei a escola e consegui trabalho com Enrico.

— França? Estamos na França? Eu não sairei de Hogwarts, isso é... Eu não sairei de Hogwarts.

A cada frase o tom dela ia aumentando algumas oitavas, ela gesticulava com agressividade. Amélia estava pronta para iniciar uma guerra por seu direito de escolher em qual escola estudaria. Parou de falar quando Blaise a segurou pelos ombros.

— É claro que você não vai sair de Hogwarts. Para onde te mandaríamos? Beauxbatons? Não seja absurda, Amélia.

Ela acreditou de pronto em Blaise, o tom dele não permitia o contrário. Ele falava com descaso sobre a escola de magia francesa, como se a ideia de um de seus filhos estudarem em outra escola que não Hogwarts fosse absurda. Eliza rebateria a ofensa se Harry Potter e Arthur Weasley não tivessem acabado de aparecer na sala assustando a todos.

Arthur tinha as calças sujas de terra e James poderia jurar que o avô estava trabalhando na horta. Ele se antecipou para abraçar o homem e o apresentou aos desconhecidos, rapidamente Harry explicou o caso, não entrou em detalhes, mas falou o suficiente para o homem saber que aquilo era uma questão séria.

— A magia ancestral é chamada assim por causa da sua ancestralidade, Harry. Quanto mais gerações viveram no lar mais a magia se torna poderosa. Não há muito que se fazer a respeito. – Arthur explicou pacientemente.

— O que explica o motivo de eu não querer sair da minha casa, mesmo com você dizendo que não se sentiria a vontade vivendo na mansão. – Blaise alfinetou, a mulher respirou fundo e o ignorou.

— Então isso não vai funcionar? – Eliza perguntou preocupada.

— Lógico que vai, a magia irá proteger todo o sangue que ela reconhecer. – O homem falou.

— Sangue? – Amélia saltou do sofá. – O que sangue tem a ver com isso?

— A magia ancestral tem protegido o lar de bruxos há séculos. É feito um feitiço que liga todos os habitantes da casa a ela e o feitiço é renovado assim que o mais velho daquela família se torna maior de idade. Quanto maior o número de gerações que a família teve mais forte o feitiço fica. Ele já é forte naturalmente, mas há casos... dizem que a magia ancestral na Mansão Malfoy é tão forte que você nunca conseguirá lançar qualquer feitiço que seja em um de seus habitantes. Até mesmo o mais banal. Veja bem, Amélia, o feitiço não é indestrutível, ele protege seus habitantes, acima de tudo, de feitiços hostis, mas não pode parar as maldições imperdoáveis, por exemplo.

Amélia assentiu, entendendo o que o sr. Weasley explicava. Ele perguntou se eles tinham mais alguma dúvida, mas eles negaram. Ele pegou um livro que a menina ainda não tinha prestado atenção, era bastante velho, ela notou. Tinha uma capa marrom desgastada e parecia ter algumas décadas, ou mais do que isso.

Cada um deles suspirou quando a magia começou a ser lançada. Era como se o ar fosse ficando mais limpo, a magia se tonou mais forte fazendo o pelo de seus braços arrepiarem. O patriarca Weasley falava muito rápido em uma língua que Amélia não conseguia entender, não era algo que era ensinado em Hogwarts.

— Ele está cantando em celta. – Eliza falou baixinho ao lado dela. – Dizem que feitiços ancestrais, os mais fortes, remontam dos antigos magos celtas, os primeiros bruxos, que seus ensinamentos foram passando por cada bruxo até chegar a famílias que conhecemos hoje.

— Como os Malfoy e os Weasley. – Amy completou.

Amélia via um brilho perolado subir em direção ao teto, passar pela madeira e sumir. A temperatura foi esquentando e olhando pela janela ela conseguiu ver um véu caindo até atingir o solo.

— Agora ele está selando a casa. A guardando para que ninguém de fora possa nos atingir. Ninguém hostil conseguirá passar pelas barreiras, a menos que eles venham com um exército. – Eliza disse e um pequeno sorriso surgiu. – E não importa o quando aquela mulher seja horrível, ela não tem um exército.

— Confie na proteção da casa e estaremos seguras. – Amélia falou baixo, a voz de Arwen surgindo no fundo de sua mente e ela soube que as proteções que o Sr. Weasley tão gentilmente estava colocando ali logo seriam testadas.

— Amélia Hall é sua filha? – Ron perguntou alguns segundos depois que Blaise terminou de falar.

— Amélia Zabine. – Blaise o corrigiu. – Sim, minha filha.

Harry acreditava que Blaise estava esperando o momento certo para começar a surtar. Pelo pouco que conhecia de sonserinos o imaginava fazendo isso quando estivesse trancado dentro de seu escritório, longe de olhares curiosos.

Foi interessante ver como a postura ameaçadora que ele mantinha perto de Eliza mudava assim que ele se aproximava de Amélia. Ainda se sentia constrangido por ter presenciado o momento dos dois, ver a menina agarrada a ele como se soltá-lo fosse fazê-lo desaparecer e ver a expressão dele, os olhos fechados e suas feições demonstrando toda a dor por ter perdido tantos anos da filha. Ele agradeceu a Merlin por ter permitido que ele saísse de fininho e nenhum dos dois terem percebido a sua presença.

— Sofia Zabine é a responsável por isso, então? – Hannah Longbottom perguntou ao lado do marido.

— As visões não são claras. – Eve respondeu. – Não dá para saber o que é relacionado, se os aurores estarão em Hogwarts porque algo aconteceu com as crianças ou por qualquer outro motivo, se Amélia irá... se machucar por algo feito pela mulher ou por outra pessoa, e o que poderia ser o Legado de V-Voldermort.

— O cara de cobra pode ter tido um filho. – Jorge falou, mesmo que a mera possibilidade daquilo lhe desse arrepio. – Até bruxos das trevas podem querer um herdeiro.

— Não Voldemort. – Harry afirmou com sabedoria. – Ele não precisava de herdeiros, ele viveria para sempre. Porque um Rei que nunca morrerá precisará de um sucessor? Não, ele não teve filhos.

— O ideal purista. – Hermione disse depois de alguns segundos. – O legado dele só pode ser seu ideal de pureza de sangue e a aniquilação de tudo aquilo que seja inferior.

Um silêncio caiu na sala. Todos eles tinham perdido alguém na guerra, alguns deles tinham perdido tudo e estavam correndo o perigo de perder mais... talvez perder o que lhes restara, o que tinham conseguido erguer.


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