O Legado escrita por Luna


Capítulo 41
Capítulo 41


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!
Obrigada pelos comentários :)
Capítulo novinho e cheio de coisas interessantes.
Me digam o que acharam!!
Beijos!



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"Durante algum tempo, isso eu nunca te disse, senti raiva da sua covardia. Me senti meio traída com sua desistência. Parecia que estávamos jogando xadrez e você abandonou a partida ainda no começo, sem mexer nenhuma peça."

Clarisse Corrêa

 

— Belo jogo, Sr. Potter.

Albus tirou os olhos do livro e levantou a cabeça na direção da voz. Ergueu uma sobrancelha quando viu a menina parada logo a sua frente. Ela vestia o uniforme, mas estava sem a gravata de sua casa e tinha levantado as mangas da blusa até os cotovelos dando a ela um ar casual. Seus cabelos extremamente claros estavam presos em duas tranças laterais, o que faria Freya rir da menina e dizer que ela não tem mais 10 anos para usar algo tão infantil.

— O que você quer? – Ele perguntou seco.

— Lhe dar os parabéns. – Arwen falava sorrindo, o que o irritava mais ainda.

— Você já deu, pode ir embora agora.

Albus fez um movimento com a mão como se a estivesse dispensando e voltou seus olhos para o livro que lia antes de ser interrompido. Arwen deu um suspiro resignado e puxou uma cadeira para se sentar, Albus olhou para ela novamente sem conseguir acreditar na audácia da lufana.

— Não há razão para você não gostar de mim.

— Mesmo? Porque se sentar na minha mesa sem ser convidada me parece ser um ótimo motivo. – Ele disse cinicamente e vendo que a menina não sairia dali começou a recolher seus pertences, porém teve o ato parado quando ela puxou o livro de sua mão. – O que acha que está fazendo?

— Eu não gosto dele dessa forma e nem ele gosta de mim assim. – Ela falou enquanto folheava o livro. – Nós somos amigos, há toda uma explicação para isso, mas não quero ocupar seu tempo falando sobre natureza e ligação mágica.

— Eu não faço a menor ideia do que você está falando. – Ele disse com confiança, embora tenha desviado o olhar no último segundo.

Arwen sorriu como se soubesse de algo que era desconhecido para ele, e levando em conta sua habilidade mágica era bem capaz de saber mesmo.

— Scorpius, estou falando de Scorpius Malfoy. Estou dizendo a você que eu não gosto dele da forma como você parece achar. O vejo como um amigo, minha magia o escolheu e a magia dele me acolheu, é por isso que nos ligamos tão rápido e não por gostarmos um do outro da forma como você gosta dele.

— O que? – Albus falou um tom acima do aceitável na biblioteca e recebeu alguns olhares de censura, mesmo que as provas já tivessem chegado ao fim e ninguém ali estivesse de fato estudando.

— Sabe, é bem óbvio o que acontece entre vocês. Pelo menos para quem presta atenção suficiente.

— Nada acontece entre nós dois. Somos amigos, só isso. – Albus afirmava com veemência.

Arwen bufou e jogou uma de suas tranças para trás.

— Tudo bem, o que você quiser. Mas preste atenção, Albus. – Ela continuou depois de ter a total atenção dele e ver que não tinha ninguém perto o suficiente para escutar. – Eu não gosto do Scorp romanticamente, mas isso não significa que alguém não pode vir a gostar. Ele é um garoto bonito, inteligente, especial e com tantas qualidades quanto uma pessoa pode ter. Alguém como ele… Quando se acha alguém como ele não se solta mais, você o agarra e o mantém por perto.

— Eu sei disso. – Albus falou com amargura. Ouvir ela falando isso de Scorpius não melhorou sua falta de ânimo para com a garota.

— Sabe mesmo? Se você sabe então porque o está deixando ir embora?

— Embora? Scorpius não vai a lugar nenhum.

— Sim, ele vai.

— Você viu algo? – Perguntou Albus preocupado.

— Não, mas não preciso da minha visão para saber que você está cometendo um erro não confessando seus sentimentos.

— Ele é meu amigo, nós somos amigos, só isso. – Ele sussurrou.

— E será assim por todo o sempre se você não fizer nada. Sentimentos mudam, Albus. Você deve regar uma planta para que ela não morra, pois se você regar depois que ela estiver seca e morta não adiantará nada.

Albus a encarou com fúria, as palavras dela pesando em seu coração e mente. Ela tocou sua mão levemente, mas o menino recuou rápido e vendo que seus olhos se mantinham presos nos dele percebeu que ela não tinha conseguido ver nada de seu futuro. Preferiria assim. Ele puxou o livro que ela segurava e o jogou de qualquer jeito na mochila saindo da biblioteca e colocando a maior distância que podia da lufana. Ele demoraria para admitir para si mesmo, mas tê-la confessando que não gostava de Scorpius lhe acalmou de uma forma que somente a poção da paz conseguiria.

 

O Baile de Formatura seria dali alguns minutos, Scorpius e Albus estavam terminando de se arrumar. De alguma forma Anthony conseguiu convites para os dois, além de Rose e Amélia. Os convites deveriam ir apenas para a família, em regra, mas ele disse que não tinha uma família tão grande e que tinha uns sobrando então os chamou. Até o momento ninguém veio dizendo que isso era proibido, esperavam que não fossem expulsos no meio da festa.

Scorpius vestia um traje formal, negro que parecia acentuar sua palidez e seus cabelos claros, que estavam penteados para trás dando a ele um ar elegante e de realeza. As vestes de Albus era verde-escuro, Gina havia dito que sabia que ele ficaria encantador nela, o que havia feito com que Scorpius e Timothy o zoassem por algumas horas, dizendo como ele era encantador e que eles deveriam tirar fotos para Gina ver como seu bebê estava crescendo um garotinho encantador. Pararam quando Albus lançou uma azaração nos dois. Mas a verdade é que sim, Albus estava encantador em suas vestes de gala, a cor parecia acentuar a tonalidade de seus olhos, seus cabelos tinham acordado incontroláveis naquele dia e ele assim os deixou fazendo com que ficasse com um ar rebelde.

— Desculpe, o que você disse? – Albus perguntou, ele tinha deixado seu pensamento ir longe e não escutara o que Scorpius tinha acabado de falar.

— Morgan, falei que ele não parecia tão animado assim em ganhar a Taça de quadribol.

— Ah…

— Está tudo bem? – Perguntou Scorpius com cuidadosa curiosidade.

— Sim, bem… nós terminando.

— Ele vai embora, é natural que tenham terminado. – Scorpius falou como se isso não fosse nada de mais.

— Na verdade, faz algum tempo já. – Albus falou enquanto fingia conferir se todos os botões estão devidamente colocados em seus lugares.

— Por que você não falou nada?

— Não é importante. Não é como se tivéssemos algo sério como Tim e Rose ou meu irmão e Amélia. Não era nada importante. – Ele deu de ombros.

— Como você está? – Scorpius perguntou preocupado.

Albus sorriu. Não importava se Scorpius detestasse Joseph ou se sentia vontade de azará-lo, lá estava ele preocupado se Albus estava bem depois do rompimento.

— Estou bem. – Respondeu sorrindo sinceramente. – Muito bem.

Scorpius sorriu como a muito tempo não sorria para Albus.

— Se não foi porque ele está indo embora foi pelo que?

O moreno ficou sem reação, ele não queria ter que contar o motivo que levou a eles pararem de ficar. Não sabia o que Scorpius acharia disso e não se sentia preparado para descobrir.

— Hã… foi… isso não é mais relevante.

Scorpius estranhou a reação de seu amigo e as piores coisas vieram a sua mente, isso ele culpava Anthony e seu discurso superprotetor.

— Ele tentou algo com você? – Scorpius perguntou e seu rosto começava a assumir alguns tons vermelhos.

— Algo? – Albus queria enfiar seu rosto no travesseiro ou batê-lo na cabeça de Scorpius.

— Ele é mais velho, é esperado que ele tenha expectativas e você é muito novo. Você fez algo que não queria. Morgan forçou você a …

— Pare! – Albus tinha os olhos arregalados e o rosto rosado. Ele não queria ter aquela conversa naquele momento, se sentia mortificado por Scorpius tentar abordar esse tema. – De onde tirou essa ideia absurda?

Scorpius estava tão envergonhado quanto Albus, mas ele não podia ficar com aquela ideia na sua mente ou enlouqueceria.

— Anthony teve uma longa conversa com o Jamie sobre o que ele não poderia fazer com a sua pura irmã. Foi horrível. – Scorpius balançou a cabeça como se quisesse que a lembrança saísse por um de seus ouvidos. – Então quando você ficou todo estranho toda aquela conversa veio a minha mente e…

— Ele acha que estou apaixonado por você. – Albus o interrompeu e colocou todo seu esforço para não corar mais ainda, tentou soar como se essa ideia fosse absurda e uma parte de Scorpius esfriou. – Que idiotice, certo?

Albus olhou para o menino a sua frente esperando uma resposta, mas nada veio.

— Se apaixonar é um risco, veja só, eu nem tinha nada com o Joseph e agora ele nem olha para mim. Imagina algo assim acontecendo com a gente? – Albus queria arrancar algo de Scorpius, qualquer coisa, porém o loiro continuava lhe encarado sem proferir uma palavra. – Você é meu melhor amigo, como eu ficaria se por algum motivo não conseguíssemos mais olhar um para o outro? Isso seria horrível.

O silêncio do outro fazia seu coração bater desenfreado.

— Mas Teddy e Vic eram muito amigos, se apaixonaram e agora estão juntos, depois de anos. – Albus deu um passo indeciso na direção de Scorpius, a coragem surgindo no fundo de seu coração. – Então isso significa que as vezes dá certo se apaixonar pelo melhor amigo. – Mais um passo. – Que não é totalmente um erro.

Scorpius estava lá, o encarando como se esperasse algo. Albus sentia que ambos esperavam a mesma coisa e para conseguir isso bastava que ele desse mais um passo, só mais um passo…

— Vocês ainda não estão prontos? – Timothy perguntou irrompendo pela porta do dormitório.

Ele percebeu que tinha atrapalhando algo pelo suspiro que ouviu de Scorpius e o rosado no rosto de Albus. Sentiu vontade de bater na própria testa com a varinha.

— Estamos quase prontos. Só preciso arrumar a gravata do Al. – Scorpius falou sem olhar para o garoto. Ele rompeu a distância que Albus colocou com a chegada de Tim. – Não se mexa.

Eles estavam tão próximos que podiam sentir a respiração um do outro. Era realmente necessário ficar tão perto para arrumar uma gravata? Albus achava que mais um minuto naquela situação e seu coração ia sair de seu peito. Enquanto dava o último nó o loiro ergueu os olhos e encontrou os de Albus o olhando fixamente. Bastava que ele movesse a cabeça alguns centímetros para a frente e teria sua vontade sanada, mas Tim estava parado logo ali, então Scorpius se afastou e espanou uma poeira imaginária do ombro de Albus e disse que eles estavam prontos para descerem.

 

Era emocionante ver todos aqueles alunos parados mais a frente recebendo as palavras de Minerva e sabendo que a partir daquele momento eles seriam bruxos formados prontos para vida adulta fora da escola. Todos pareciam genuinamente felizes por serem capazes de desfrutar daquele momento com seus amigos e familiares. Os olhos de Anthony corriam constantemente para seu pai que permanecia com um contido sorriso de orgulho e o olhava com satisfação.

Quando a cerimônia acabou Antonhy desceu e foi se juntar a sua família, recebeu um aperto de mão caloroso de Blaise e um abraço de Mary e Freya. Segundos depois o quarteto se aproximou dele e o parabenizaram também, Amélia pulou em seus braços e ele a ergueu, assim como tinha feito com Freya.

Seus pais estranharam o movimento afetuoso dele com a menina, mas nada disseram. A situação ficou um pouco tensa, eles não sabiam o que deveriam fazer, como deveriam se portar naquele momento.

Amélia evitava olhar na direção de seu pai, o tinha encarado durante toda a cerimônia, buscava algo em seu rosto, achava que quando encontrasse saberia o que estava procurando. Mas ele ainda era o mesmo homem que tinha conhecido alguns anos antes e que tinha visto algumas vezes na estação quando ia pegar os filhos.

Era notória a satisfação que ele sentia vendo seu primeiro filho se formando, sendo um homem adulto pronto para assumir os negócios da família e ela ficava feliz com isso. Mary, que permaneceu todo o tempo entre o marido e Freya também estava feliz, ela sorria de forma mais aberta e até bateu palmas quando o nome dele foi chamado.

Freya tinha lhe falado sobre a mulher. Durante o primeiro ano dela as duas tinha tido uma discussão, na verdade Mary e Blaise tinham discutido e a mulher tinha descontado em Freya, dito a frase imperdoável para uma órfã: Você não é minha filha. Aquilo a tinha machucado mais do que ela confessara ao pai e ao irmão e quando dava a noite ela chorava sozinha, por que Mary foi a única mãe que Freya conhecera e aquelas palavras a feriram profundamente.

Lhe dissera que Mary era uma boa pessoa. Era gentil e amável com eles, mas fria as vezes, dura e muito séria. Amélia se perguntava se esse era um pré-requisito para fazer parte da sonserina. Depois do ocorrido Freya tinha se distanciado da mulher e permaneceu distante mesmo quando ela lhe pediu desculpas, até mesmo Amélia sabia que Freya não perdoava alguém tão facilmente e ficava imaginando o que Mary tinha feito para conseguir reaver a afeição da sonserina novamente.

Agora parecia que estava tudo bem, Freya tinha voltado a se referir a Mary como minha mãe e parecia satisfeita ao lado de seus pais.

A conversa entre eles parecia fluir com tranquilidade. Amélia era ladeada pelos amigos e constantemente recebia sorrisos de encorajamento dos irmãos. Blaise era um homem tranquilo e divertido, tinha boas tiradas especialmente ao dar alfinetadas em antigos colegas de classe, apontando quais deles eram mais burros que trasgos. Falavam sobre os benefícios de ser um bom aluno na escola e como isso poderia lhes dar um bom lugar fora da escola.

— Amélia, com certeza, saíra daqui direito para uma sala no Ministério. – Arwen surgiu ao lado de Scorpius e sorria como se não tivesse acabado de se intrometer na conversa.

— Hã… essa é Arwen Thompson, Arwen esses são Blaise e Mary Zabine.

— É um prazer. – A etiqueta diz que se deve estender a mão e cumprimentar a pessoa, mas a menina apenas fez um meneio de cabeça, passando seu braço pelo de Scorpius.

— Você falava sobre Amélia? – Mary voltou com o assunto depois que ficou um silêncio desconfortável.

— Ah sim. Todos podem confirmar, ela é muito inteligente. – A menina deu um sorriso nervoso na direção da corvinal que não sabia onde ela queria ir com aquilo. – Uma das melhores de seu ano.

— Rose é a melhor do ano. – Amélia disse envergonhada.

— Não seja modesta. – Ela se virou para os Zabine. – Na verdade, se você não me dissesse que é uma nascida trouxa eu poderia jurar que você tem sangue mágico. Quer dizer, você tem tanto conhecimento de coisas que alunos do terceiro ano ainda não estudaram, geralmente isso ocorre com quem tem parentes bruxos, pois eles têm uma gama de conhecimento já em casa.

Scorpius apertou o braço dela.

— Tem certeza que não tem nenhum parente bruxo? – Arwen a olhou fixamente e Amélia tremeu.

— Sim, minha família é totalmente trouxa. – Ela não sorria, seu olhar era sombrio e raivoso.

— Como é mesmo o nome da sua mãe? – Antes que qualquer um deles pudesse responder ela completou. – Ah, Eliza, certo?

Blaise observava a interação das duas com interesse e divertimento, não entendia o que estava acontecendo ali, mas a menina nova era uma criatura interessante. Sua feição mudou ao escutar o nome, Amélia vacilou em sua postura e olhou para o homem, mas desviou o olhar rapidamente quando notou que ele a olhava como nunca tinha feito antes.

— Ah srta. Hall, você vai ser uma bruxa sensacional, independente de sua ascendência bruxa. – Arwen dava um sorriso vitorioso, que foi morrendo ao ver quem estava se aproximando.

O que quer que Blaise fosse perguntar se perdeu com o muxoxo de Freya ao seu lado. Todo o grupo tinha ficado em um estranho silêncio que foi interrompido pela chegada de Sofia Zabine.

— Anthony, querido, como você está crescido. – Ela segurou o rosto do rapaz com as mãos e deu um beijo em cada bochecha. – Parabéns, é um bruxo formado agora. – Ela olhou o resto deles, seus olhos demorando mais tempo em Rose, Albus e Amélia. – Do que falavam? Percebi que estavam em uma acalorada conversa.

— Falávamos sobre como ser um bom aluno em Hogwarts pode abrir portas para você quando sair daqui. – Mary respondeu por eles.

— Sim, sim. Veja só o herdeiro dos Nott, já conseguiu um lugar no Ministério antes mesmo de terminar a escola. Sebastian estava se gabando sobre isso na nossa última reunião. – Ela olhou para Anthony com pouco interesse. – Você devia ter feito o mesmo.

— Por que ele precisa de um lugar no Ministério? Anthony assumirá os negócios da família. – Blaise falou com calma.

— Bobagem, isso se trata de conexões, dele se mostrar que é mais que um herdeiro rico vivendo as custas da família.

— Com licença. – Rose disse. – Nós temos que ir cumprimentar Eric pela formatura.

Ela segurava a mão de Amélia, para que a menina não avançasse em Arwen, olhou para os outros três e a mensagem foi clara. Me sigam.

Os cinco saíram e pararam assim que perceberam que não poderiam mais serem vistos de onde os Zabine estavam.

Amélia se soltou de Rose e empurrou Arwen em direção a pilastra.

— Você perdeu o bom senso? – Tentava controlar a voz para não gritar. – Tem noção do que você fez?

— Lhe dei uma chance de dizer a verdade. – Arwen não parecia nem remotamente arrependida.

— Essa não era uma decisão sua, Arwen. – Scorpius falou e estava um pouco decepcionado. – Você prometeu que guardaria segredo.

— O sangue irá protegê-la. – Arwen falou e seus olhos brilhavam pelas lágrimas. – Sabe o que isso significa? – Viu que a corvinal não parecia surpresa com aquelas palavras. – Você já ouviu isso em algum lugar?

— Professora Clarke falou algo assim uma vez. – Albus respondeu.

— O que mais ela disse? O que mais? – Arwen exigiu saber.

— Falou sobre verdade e o perigo que viria com isso, disse que quando ele viesse eu não estaria sozinha e que o sangue me protegeria. – Amélia respondeu.

— Você não percebe o que isso significa?

— Tentar entender visões ou profecias nunca dão certo. – Scorpius repetiu o que ela mesma já tinha lhe dito antes.

Ela parecia perturbada, confusa e angustiada.

— O seu sangue é o sangue dele, você é uma Zabine. Não importa o que aquela mulher asquerosa pense, o que sua mãe fez para impedir isso, o que ele vai achar quando descobrir a verdade. Você é uma Zabine, sempre foi e sempre será. Mas você precisa de proteção e ele lhe dará. Só o sangue poderá lhe proteger, Amélia.

— Me proteger? Você estava tentando me proteger quando quase disse a verdade tendo Sofia a poucos metros de distância? Sabe o que ela faria comigo? – Amélia perguntou raivosa.

— Sim, eu sei. E você morrerá, eu vi. Você caída em meio a uma poça de sangue, seu rosto pálido e seus olhos abertos encarando o vazio. Isso, essas coisas que eu vejo… – Lágrimas escorriam pelo seu rosto. – O futuro pode ser alterado, ele não está entalhado em uma pedra. Eu preciso que você acredite em mim, Amélia, isso nunca foi tão importante. Você precisa da proteção que ele lhe dará. O sangue dele é o seu, lembre-se disso.

— Está tudo bem aqui? – Eveline aparou ao lado deles, Arwen olhou para baixo evitando encarar a mulher. – Arwen, o que você fez?

— Disse a verdade a eles.

A mulher engoliu em seco. Limpou a lágrima que escorria pelo rosto da menina e fez uma carícia suave ali.

— Está tudo bem, criança. Acho melhor nós irmos tomar um chá. – Disse já passando um braço pelos ombros caídos da lufana. – Saber do futuro é um peso que agora também está sobre os ombros de vocês. Acho que ela já deu os devidos avisos, cabe a srta. agora decidir o que fará.

Amélia ficou parada em choque, os outros três não estavam tão melhores. Cada um parecia ter afundado dentro das palavras de Arwen, presos em seus significados e possibilidades. A lufana tinha ultrapassado alguns limites ao falar tanto sobre uma visão, o medo nublou seu julgamento e a mera possibilidade daquilo se tornar real jogou para longe seu bom senso.

— Estamos vivendo agora o que Arwen vive todos os dias. – Albus falou, sem o costumeiro rancor. – Vocês conseguem imaginar o que é viver vendo coisas que podem vir a acontecer? Sem saber seu real significado ou as proporções que uma escolha errada pode levar.

— Como nos dizer que viu Amy morrer? – Rose perguntou limpando uma lágrima.

— A decisão é sua, Amy. O que você escolher estaremos ao seu lado. Podemos ir agora até o sr. Zabine e contar toda a verdade. Há inúmeros bruxos aqui, todos os professores, ela nunca lhe tocaria. – Scorpius disse. – Ou podemos sair desse lugar e nos esconder em alguma sala vazia até todos irem embora. Não importa, estaremos ao seu lado, para tudo, para qualquer coisa.

Como por mágica os Zabine entraram em seu campo de visão. Blaise passou os olhos pelo salão como se sentisse que estava sendo observado e quando seus olhos se encontraram ela não conseguiu desviar. E ali ela sentiu que ele tinha pego algo na conversa de Arwen, talvez tenha entendido o que tudo aquilo significava, seu sobrenome, o nome de sua mãe, sua semelhança com Eliza.

Ele a encarava com curiosidade, havia uma vinco entre suas sobrancelhas. Ela fez um meneio com a cabeça o saudando. Talvez ele não soubesse ainda, talvez ele já soubesse, não importava, naquele momento Arwen só queria se esconder na cozinha com seus amigos e foi isso que ela fez, pegou na mão de Albus e os chamou para sair dali.

Ela não olhou para trás, se tivesse feito isso veria a verdade chegar até Blaise Zabine. Ele já tinha visto aquela postura decidida, já tinha encarado aqueles olhos inteligentes, já tinha visto aquele movimento para afastar os cachos da frente do rosto. Pela primeira vez em anos seu coração batia de forma desenfreada e suas mãos suavam, porque aquilo era maravilhoso e terrível. Aquilo não poderia ser real.

— Blás, querido, está tudo bem?

Ele ouvia a voz de Mary, mas ela parecia distante. Tudo que ele conseguia apreender era Amélia caminhando na direção da saída, com passos firmes e curtos.


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