O Legado escrita por Luna


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente gostaria de pedir desculpas por alguns erros que notei que deixei escapar no capítulo passado.
Novo capítulo fresquinho para vocês, aproveitem



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A realidade requer coragem. A verdade é que somos mais adaptáveis do que imaginamos. Às vezes, sentir-se perdido e sem chão é parte de um processo para que nos tornemos mais fortes.”

Autor desconhecido

Eliza encarava a plataforma 9 e 10 como se pudesse ver algo além de tijolos. Os dedos batucavam de forma inconsciente na perna da mulher. Ela já estava na mesma posição há 30 minutos quando um guarda veio ver se ela estava bem.

“Sim, está tudo bem”, foi a resposta que ele conseguiu. Em seguida ele viu a mulher dar as costas e sair em direção a saída. Ela não foi muito longe, o trem que ela pegaria de volta a Edimburgo sairia em algumas horas, ela só precisava sair de perto daquela plataforma.

Ela não entendia como tinha chegado até aquele momento, sim ela lembrava de todos os percalços da sua vida, as escolhas que teve que fazer, os segredos que teve que guardar. Uma de suas escolhas foi esquecer tudo por alguns anos e somente pensar quando ou se de fato acontecesse.

Mas quando a realidade lhe bateu a porta tudo que ela gostaria era de ter fugido. Ter pego o primeiro avião e ido o mais rápido possível para Paris. Pela primeira vez em anos ela se arrependeu de ter voltado.

Ela não dormia bem desde de que Amélia havia recebia aquela carta e o terror que ela sentiu anos atrás estava espreitando cada vez mais perto.

Quando o pai de Eliza morreu e Amélia tinha apenas 5 anos ela percebeu que gostaria de voltar ao Reino Unido. Ela sentia falta das pessoas contidas e sérias, do ar congelante e da neve. Ela adorava neve. Então ela arrumou suas coisas e pegou sua pequena filha e rumou de volta para casa.

Se estabeleceu em Edimburgo, arrumou um emprego no jornal local e todo o seu tempo era gasto mimando a filha. Amélia cresceu como qualquer criança trouxa. Frequentou escolas de alfabetização, brincou no parque que ficava próximo à sua casa e em seu aniversário convidada todas as crianças do bairro.

A casa em que moravam era modesta. Tinha um andar superior onde ficavam os quartos e um banheiro, era sempre organizada, organização que trazia espantos as amigas de Eliza que também tinham filhos em casa.

“Amy é um amor de criança. Assim que ela termina junta todas as suas coisas e as guarda.”. Era assim que Eliza respondia toda vez que demonstravam surpresa.

O quarto de Amélia parecia ser um local a parte à casa. Não que fosse bagunçado, na verdade era. Mas era o tipo de bagunça que somente a dona saberia se encontrar, motivo pelo qual Eliza já tinha desistido de tentar arrumar.

Havia recortes de jornal no chão ao lado da mesa, livros espalhados por todos os lugares, papéis rabiscados, folhas amassadas em diferentes partes do quarto. No meio de tudo isso podia se encontrar uma cama, com as cobertas esticadas e travesseiros perfeitamente posicionados, um pequeno guarda-roupa tomava espaço em uma das paredes. O que mais ocupava o quarto era a grande estante cheia de livros que ocupava toda a parede esquerda.

Os livros pareciam espremidos, havia ainda mais algumas pilhas no chão ao lado da estante. Amélia havia lido todos eles.

Sempre que ela tinha dúvidas sobre algo ela procurava um livro. Parecia um crime se ela não soubesse responder uma pergunta e se ela não buscasse logo a resposta parecia que algo ficava mordendo seu cérebro.

Ela era a garota gênio.

Estava uma série avançada em relação a sua idade e depois de fazer 12 anos ela faria uma nova prova, se alcançasse a média requerida poderia avançar mais um ano. Mas ela nunca chegaria a fazer essa prova.

Amélia adorava seus aniversários. Não só porque sua mãe ficava em casa lhe paparicando o dia inteiro, mas porque seu aniversário caia no inverno que era, sem dúvida, sua estação do ano preferida.

Tudo mudou naquele ano. Poucos meses depois de fazer 11 anos elas receberam a visita de um senhor.

Sr. Perkis era um homem na faixa dos 40 anos, era forte e alto, estava em processo de calvice e não adorava aquele trabalho. Ele sorriu quando a menina abriu a porta, viu quando ela entrou para chamar a mãe e quando a mulher voltou a viu com uma ruga de preocupação.

Ele primeiro entregou a carta a menina, que rompeu o lacre e leu avidamente. Eliza, que estava ao lado de Amélia, leu junto a filha e seu rosto ora corado ficara completamente pálido.

— Mas o que…?

— É compreensível o choque, Sra. Hall. – Dissera o homem com simpatia forçada. – Existem bruxos. Tarah!

As duas olharam para ele com expressões sérias.

O homem começou a explicar com riquezas de detalhes todo aquele processo. Que não constavam parentes mágicos junto ao nome de Amélia e que por conta disso um membro do Ministério da Magia era escolhido para explicar toda a situação para a família do nascido trouxa.

Nenhuma das duas fez muitas perguntas, então o homem ficou falando o que normalmente falava a famílias naquela situação. Amélia não ouviu metade do que foi dito, seus olhos fixos na carta lendo seu conteúdo mais uma vez e mais outra. Até toda informação lá contida estivesse fixada em sua mente.

Quando o homem saiu elas não sabiam o que falar. Ficaram olhando uma para outra até Amélia dizer que ia para o quarto.

Os movimentos de Eliza foram robóticos. Ela caminhou até seu quarto, subiu em um banco até alcançar a parte superior do armário e pegar um pequeno baú. O levou até a cama e o abriu. Havia vários papéis lá, algumas fotos. Mas tais objetos foram ignorados, ela se concentrou em pegar a caixa retangular negra, quando ela a abriu pode-se ver que era revestido de veludo e no centro jazia um fino pedaço de madeira. Era um preto lustroso e na base podia se ver que tinha alguns desenhos.

“Eu tenho que protegê-la. Eu tenho que protegê-la”, era o que ela repetia a si mesma. Algumas lágrimas caíram de seus olhos, mas ela logo tratou de enxugá-las. Pegou o objeto em suas mãos o guardou novamente e o colocou no baú.

 

— Eu sou uma bruxa.

Amélia falou em frente ao espelho.

— Eu sou uma bruxa.

Seu tom foi mais alto, ela falava como se tivesse experimentando algo pela primeira vez.

— Eu sou uma bruxa.

O sorriso que apareceu no seu rosto era o mesmo que aparecia quando ela solucionava alguma questão que fazia seu cérebro formigar.

Quando tinha 7 anos e Robert Milles estava puxando suas trancinhas ela ficara com bastante raiva. Ela sentiu algo dentro de si se agitar e o menino foi parar no chão, como se ela o tivesse empurrado, mesmo que ela não tenha movido nenhum dos braços.

Alguns anos depois quando ela estava muito triste porque tinha brigado com sua melhor amiga ela sentiu uns flocos de neve cair em seus pequenos ombros, fato que lhe assombrou porque não costumava nevar naquela época. Mas tão logo começou parou.

Mas o fato que lhe fez pensar que era de fato diferente das outras pessoas foi ela conseguir fazer uma pequena flor levitar. Foi a primeira coisa consciente que fizera e desde então ela sempre tentava fazer coisas novas.

Nunca falou sobre isso para ninguém, não queria ser tachada de louca e para ela tudo era perfeitamente explicado.

Se dizia que se uma pessoa conseguisse usar mais áreas cerebrais ela conseguiria fazer coisas que outras pessoas não conseguiam. Ela era uma menina muito inteligente e para ela essa era a razão de tudo aquilo. Mas saber que na verdade ela era uma bruxa lhe abriu novos horizontes.

 

Os meses que antecederam a ida de Amélia para a escola foram estranhos para mãe e filha. Eliza estava visivelmente preocupada e já tinha demonstrando seu descontentamento em enviar sua única filha para uma escola cheia de “pessoas esquisitas que nunca havia visto na vida”. Mas Amélia jamais perderia essa oportunidade, e com a força de seu cérebro genial conseguiu convencer a mãe.

Em agosto ela já tinha todos os seus livros e já os lera várias vezes. As informações pareciam borbulhar em sua mente e sempre que tinha algo que ela não lembrava ela pegava e lia o livro todo novamente.

Quando o dia finalmente chegou ela estava agitada e radiante. Mas assim que teve que dizer adeus à sua mãe o pequeno incômodo que ela tentou ignorar por todos aqueles meses cresceu e parecia devorar tudo dentro da menina.

Eliza a abraçou e disse que tudo ficaria bem. Que se em algum momento ela quisesse voltar estaria lhe esperando, mas as duas sabiam que desistir não era uma característica marcante na personalidade de Amélia.

Acenou mais uma vez para a mulher e passou direto entre plataforma 9 e 10.

 

Para a menina a viagem de trem passou muito rápido. E no tempo que transcorreu da viagem até ela estar sentada naquele pequeno banco ela notou algumas coisas. A primeira era que seria enviada à Corvinal, percebeu isso assim que seus novos amigos falaram das características das casas. A segunda era que Rose e Albus pareciam uma espécie de estrelas para aquelas pessoas, e uma das primeiras coisas que ela faria seria procurar os livros que Rose lhe indicara. Seu cérebro já formigava em busca de informações.

A terceira era que Scorpius não se via com os melhores olhos, ela o ouviu falar sobre seu pai não ter feito algo bom. Ela percebeu os olhares hostis para o garoto loiro e não via como ele poderia merecer algo assim, Scorpius parecia ser uma boa pessoa. Foi gentil e educado com ela, mesmo que ela tenha falado em demasiado quando se conheceram e o tenha simplesmente arrastado pelo corredor do trem sem nem mesmo esperar uma resposta positiva de que ele lhe acompanharia.

Com o tempo ela iria solucionar todos aqueles mistérios.

Enquanto estava lá sentada o Chapéu lhe falou das graças de Rowena, o que ela prezava e o que era esperado de um aluno da Corvinal. A menina repetia mentalmente tudo que lhe era dito e quando foi caminhando até sua a mesa sendo aplaudida entusiasticamente se sentiu mais leve. Amélia sentiu que pertencia a algo.

Porém o mesmo não poderia ser considerado de Albus. O moreno estava estranhamente pálido e parecia que ia vomitar ali na frente de todos. Quando lhe tiraram o Chapéu ninguém bateu palmas, as pessoas pareciam nem mesmo piscar os olhos. Quando a mesa ao lado começou as palmas ela conseguiu se mover e também começou, sendo seguida pelo resto de sua casa.

Mas as palmas não pareciam alegres como fora para ela, eram mecânicas e ela sentiu pena do menino.

Ela trocou algumas palavras com Albus e Scorpius, foi apresentada a Molly Weasley e avistou Rose e James na mesa da Grifinória. Se Albus parecia que ia vomitar, Rose era apenas sorriso.

Quando o jantar acabou ela seguiu junto aos outros estudantes do primeiro ano. No caminho que percorreram ela falou com dois meninos e uma menina. Alanna Gerald, Emílio e Zach Miller estavam felizes por terem sido selecionados para aquela Casa e contavam isso a Amélia até serem silenciados pelo jovem monitor.

— Atenção! Eu sou o monitor da Corvinal Andrew Jones, quero que olhem com atenção e memorizem o caminho, não terão ajuda amanhã para ir as salas de aula. – ele foi caminhando enquanto falava – Nossa casa não precisa de entradas escondidas como ocorre em outras casas, subindo essa escada vocês encontrarão a porta de entrada para o Salão Comunal. Vamos!

Eles subiram a alta torre por uma escada em espiral, mas o que surpreendeu Amélia é que não havia uma maçaneta na porta, apenas uma aldrava de bronze no formato de uma águia. Como eles entrariam na sala sem maçaneta? Era o que a menina se perguntava.

— Observem. – Disse o monitor enquanto ele batia a aldrava duas vezes.

Os novos alunos puderam ver a boca da águia abrir e fechar como se estivesse realmente falando e uma voz feminina surgir.

Nas mãos das damas quase sempre estou metido; Algumas vezes esticado e outras vezes encolhido. O que eu sou?”

— É isso que tem mantido os alunos de outras casas longe da Corvinal por tantos anos. – Começou Andrew com um sorriso presunçoso no rosto. – Ela só nos deixará entrar quando dissermos a ela a resposta, quando erramos temos que esperar alguém aparecer. Então pensem com cuidado.

Andrew adorava ver os rostos cheios de expectativa dos alunos, e naquele momento de dúvida.

— É um leque. – Uma voz surgiu no meio das crianças.

— Você tem certeza? – Perguntou Andrew.

— Sim, eu tenho. – O menino respondeu confiante.

Nas mãos das damas quase sempre estou metido; Algumas vezes esticado e outras vezes encolhido. O que eu sou?”

— Leque.

Eles puderam ouvir o leve clique e a porta se abriu.

Sejam bem-vindos à casa de Rowena Corvinal.”

 

Quando entrou no Salão Principal Amélia achou que nunca estivera em um lugar mais lindo, mas se enganara. O Salão Comunal era o que ela descreveria mais tarde como o lugar perfeito.

Havia diversos quadros nas paredes, um grande tapete estava estendido no chão, havia algumas janelas que de onde tava podia ver o campo de quadribol, e tinha uma estátua de uma mulher que ela apenas poderia descrever como muito bela.

Seus olhos voltaram ao monitor quando este voltou a falar.

— Eu lhes aconselho a sempre checar suas coisas antes de sair do Salão, uma vez que a porta se fechou você ficará lá fora até aparecer alguém que acerte a pergunta. – Andrew encarou aqueles jovens rostos agora um pouco assustados. – Nossa casa é reservada, e por isso causamos estranheza a quem é de fora, somos excêntricos. Mas gênios normalmente o são. – Se pode ouvir o leve sorriso das crianças. – Nós aceitamos os diferentes, com todas as suas peculiaridades.

 

Quando eles foram encaminhados para seus quartos Amélia ainda estava em êxtase. Ela cumprimentou rapidamente suas colegas de quarto antes de se enfiar no edredom de seda azul e conseguiu relaxar ouvindo o barulho do vento que entrava pelas janelas. Seu último pensamento foi que no dia seguinte tinha que contar à Scorpius, Albus e Rose como o seu Salão era lindo.


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Notas finais do capítulo

Tivemos hoje algo sobre a Amélia :)
Ela já conseguia fazer algumas coisas mesmo antes de se descobrir bruxa, acham que ela vai ser muito poderosa?

E sobre o estanho objeto de madeira que Eliza estava portando? Acho que ficou bem óbvio que é uma varinha, mas a pergunta que fica é de quem será essa varinha? Será dela? Será do pai da Amélia? Porque vocês se recordam que Amy disse que a mãe dela dissera que era uma trouxa, será que é verdade? Huuum... me digam o que acham.

Não sou muito boa com descrições, peço desculpas por isso.
Próximo capítulo teremos as primeiras aulas. Mas me digam, vocês querem que eu fale sobre como foi a entrada do Albus e Scorpius no salão da Sonserina? Acho que com os livros de HP estamos bem ambientados já com a Grifinória, e a Rose deve apenas estar maravilhada com tudo aquilo kkkk.

Comentem, me digam o que acharam.
Beijoos!!



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