O Legado escrita por Luna


Capítulo 39
Capítulo 39


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo não estava previsto, na verdade a história ia continuar só no capítulo que vem. Mas me surgiu que talvez fosse necessário um capítulo com o James.
Espero que gostem.
Obrigada Maybe pelo comentário, ele foi fundamental para esse capítulo, espero que goste.
Beijoos!!



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O que você realmente quer?

Eu quero que você esteja comigo na escuridão. Para me segurar. Para continuar me amando. Para me ajudar quando ficar assustada.

Agora e Para Sempre (Filme)

 

 

James estava no jardim, bem próximo ao Lago Negro, mais precisamente com os pés enfiados na água.

— Você não tem medo da Lula Gigante te puxar? – Perguntou Albus se aproximando.

James se virou na direção da voz, Albus não estava com uma aparência muito boa. Com as mãos enfiadas nos bolsos, cabelos bagunçados e a roupa desleixada ele sabia que tinha algo de errado ali. O mais novo sempre tentava manter os cabelos alinhados, querendo que a semelhança com o pai diminuísse e sempre se vestia impecavelmente, o desleixado da família era ele, James.

Ele voltou seus olhos castanhos para a água. O Lago Negro não tinha esse nome a toa, sua água era tão escura que se tornava impossível ver algo ali, sabia que tinha uma colônia se sereianos vivendo no Lago, embora nunca tivesse visto nenhum. Lá próximo também estava o túmulo de Albus Dumbledore e mesmo que já tivesse se passado mais de uma década o mármore continuava lustroso e belo.

Albus tirou o tênis e puxou a calça até o tornozelo também colocando os pés na água. Tremeu um pouco devido a baixa temperatura e se sentiu meio tolo por fazer essa idiotice.

— Vai me dizer o que tem de errado? – Albus perguntou.

— Você vai? – James não olhava para o irmão, ainda encarava o lago.

— Primeiro os mais velhos.

James suspirou. Dois dias haviam se passado desde o seu momento com Amélia, e parecia que ambos tinham entrado em um acordo para não falarem a respeito do que aconteceu ou se cruzarem. Ele estava confuso e sabia que ela também, ele era o mais velho dos dois, sabia que tinha que tomar uma atitude, porém a cada vez que pensava em ir procurá-la lembrava da forma como ela o havia lhe olhado, a mágoa presente em seus olhos e então desistia.

Ele estava se sentindo um maldito covarde.

Mas do que ele tinha medo? James não conseguia enumerar tudo. Temia se apaixonar por Amélia e ela ir embora, temia nunca mais vê-la, e principalmente temia que Sophia fizesse algum mal a ela, um mal irrecuperável.

O que ela esperava dele? Que ele fosse um tolo e dissesse que ela deveria correr na direção do perigo sem se preocupar e medir as consequências? Quando esse pensamento passava pela mente dele ele se chateava com ela, era previsível que ela fosse coerente, centrada e pensasse muito antes de tomar alguma atitude idiota e sem volta.

Ele tinha sido criado por Harry e Gina Potter, por Merlin. Seus pais não deixavam que eles cruzassem a porta sem ter um bruxo capaz de protegê-los, sempre ouvia as mesmas recomendações, para sempre tomar cuidado, nunca se colocar em perigo. E ele seguia isso, pois era o irmão mais velho e era seu dever proteger Albus e Lily. Era tão errado assim ele querer proteger Amélia também? Como ela poderia achar que ele queria que ela fosse embora, sendo que ele sempre a buscava com os olhos pelo Castelo, sempre queria estar próximo a ela.

Merlin, ele já estava apaixonado.

— Eu beijei Amélia.

Ele soltou de uma vez, porque falar parecia a única maneira de liberar aquilo que estava lhe sufocando.

— Você… – Albus demorou alguns segundos para perceber de quem ele falava. James já tinha tido suas conquistas e a única vez que ele falou sobre ter beijado alguém com uma fisionomia parecida foi nas férias quando lhe disse que estava em um quase relacionamento com Laurel, mas que não queria que aquilo atrapalhasse a amizade dos dois. – O QUE?

— Amélia… eu…

— Amélia Hall? Corvinal, cabelos cacheados, irritante e leitora compulsiva? Essa Amélia?

James suspirou e passou a mão pelo rosto.

— Desde quando você…

— Não sei, eu tentei evitar. Dizia a mim mesmo que ela era só uma amiga do meu irmãozinho e que por isso me preocupava com ela, mas eu comecei a acordar pensando em como eu faria para vê-la e me entristecia quando vocês iam sentar em outra mesa, porque eu não conseguiria falar com ela. Buscava motivos que pudessem me fazer ir até ela, assuntos que poderíamos conversar, qualquer coisa só para termos alguns momentos juntos.

— Oh Jamie…

— Ela me procurou, me falou toda a história. Eu fiquei tão assustado, Al. – Ele olhou para o irmão, sua expressão era infeliz. Não sabia se poderia falar sobre Eliza querer levá-la embora e por bem resolveu não tocar nesse assunto. – Disse que talvez fosse bom ela ir embora, que longe ela estaria em segurança.

— Você o que?

— Era o que papai diria. Fique em segurança, fique bem.

— Amélia não vai embora, James. Não vamos deixar isso acontecer, podemos ajudar. – Albus falava com convicção.

— Mesmo? – James não tinha tanta certeza assim. – E o que bruxos adolescentes farão contra uma bruxa adulta e habilidosa? Ela me disse o quanto Freya parece sentir medo daquela mulher, Al. Um cobra rasteira, perigosa e letal, foi como Amélia me descreveu Sophia Zabine. O que eu deveria ter feito? Dizer a ela para ir bater à porta da mulher e enfrentá-la com argumentos?

Albus se sentiu mal. Eles meio que ignoravam Sophia e só falavam sobre Amélia ter um pai e como isso era legal.

— E eu nem comecei a falar sobre essas visões. – James falou. – Isso em conjunto com uma bruxa perigosa já teria feito o papai colocar metade do batalhão de aurores na porta… – O rosto de James se iluminou, como se ele tivesse acabado de achar a resposta para uma questão bastante complexa. Ele se ergueu, e começou a colocar o tênis rapidamente.

— Onde você vai? – Albus quis saber já se levantado.

— Amélia, preciso ver Amélia.

Albus não sabia o que tinha feito o irmão ficar subitamente animado, sendo que até alguns segundos atrás parecia que alguém tinha matado a sua coruja.

— Espera, Jamie. – Albus segurou o braço dele, fazendo com que diminuísse o ritmo. – Há coisas que você precisa saber. – James o ouvia com atenção. – Amy deve estar confusa com tudo isso e ela não aprecia isso. Ela gosta de saber das coisas, não entender algo, o que quer que seja, não é aceitável. Por isso Scorpius a perdoou tão rápido, um livro a disposição, ao alcance das mãos e ela não ler? Não, isso é impossível. Amy gosta de certezas, de estar com os dois pés firmados no chão, então antes de ir até lá pense no que você quer, diga a ela, esclareça. Se realmente gosta dela deixe isso bem claro.

— Eu gosto dela. – James sorriu.

Albus viu a verdade nos olhos dele e riu com graça.

— Ótimo. – Mas resolveu dar o aviso final. – Mas se você a magoar terá que se ver comigo, Scorpius e Rose e não esqueça que agora ela tem um irmão. Anthony não parece gostar de ver garotos se aproximando tanto assim de suas ingênuas e puras irmãs.

— Freya ingênua?

— Se você machucá-la, machucará a mim. – Albus falou por fim, com um semblante bem mais sério.

James assentiu com seriedade. Ele já estava um pouco distante quando se virou novamente para Albus.

— Irmão? – Albus levantou a cabeça para olhá-lo. – Quando eu resolver isso vou procurá-lo, então poderá me dizer o que aconteceu.

Albus apenas fez um sinal afirmativo com a mão.

 

 

James andou muito até encontrá-la, agradeceu pelo quadribol ou teria desistido na terceira leva de escadas que teve que encarar. De fora ele conseguia escutar o som dos feitiços que rolavam dentro da sala, pela informação de conseguiu Amélia estava junto de Scorpius na sala de duelos, o que, em tese, era proibido.

Ele abriu a porta e viu que a menina estava escondida atrás de uma mesa caída enquanto Scorpius estava prestes a lhe lançar um feitiço.

— Expelliarmus. – James fez um movimento rápido e vertical com a varinha e segundos depois a varinha do loiro estava segura em sua mão.

Scorpius girou o corpo para ver quem tinha proferido o feitiço e sorriu ao reconhecer James. Amélia se ergueu, seu cabelo estava uma profusão de cachos, alguns deles caindo na frente de seu rosto, vestia um vestido leve e botas.

— Não é proibido treinar sem um responsável? – Perguntou James.

— Enquanto não nos pegarem não estamos fazendo nada de errado. – Scorpius usou de sua lógica sonserina. – O que veio fazer aqui?

O sonserino perguntou lançando um olhar cheio de significado para Amélia, fazendo com que o grifinório suspeitasse que ele sabia muito bem o que viera fazer ali.

— Gostaria de ter uma conversa em particular com Amélia, se você não se incomodar. – James falou para Scorpius.

— E se eu me incomodar? – Perguntou Amélia com os braços cruzados.

— Aí eu terei que insistir até que você decida falar comigo.

Scorpius pegou sua varinha com James, se despediu da amiga e saiu rapidamente da sala. Ainda com a sua varinha na mão ele lançou um feitiço na porta a trancando e depois selou a sala para que ninguém de fora pudessem escutá-los.

Amélia não se desgrudou de Scorpius durante os dois últimos dias. Assim que deixou James ela saiu em busca do menino o encontrando novamente com Arwen, estava começando a entender a antipatia que Albus sentia pela garota. Tentou controlar o ciúme e disse a si mesma que garoto poderia ter quantos amigos quisesse, mas o tirou de perto da lufana e ficou colada com ele todo o tempo que não estava na Corvinal.

Disse a ele tudo que tinha acontecido, até mesmo da ameaça de Eliza, o que o chateou um pouco por ela ter escondido isso por tanto tempo. Depois disse que Amélia tinha que pensar no que queria, não concordou com as colocações dela contra James ou com o posicionamento dele. Simplesmente ficou lá com ela, por ela.

— Precisamos conversar. – James disse.

Amélia começou a colocar as coisas que tinham bagunçado de volta nos lugares.

— Não imagino sobre o que. – Ela nunca se sentiu tão infantil como naquele momento, nem quando era de fato uma criancinha.

— Sobre seus pais, sua avó, nosso beijo.

Amélia se virou na direção dele com uma fúria mal contida.

— Ela não é minha avó. Aquela mulher não é nada minha.

James respirou fundo.

— Bem, magicamente falando…

— Esqueça. – Falou ela enfaticamente e ele desistiu de ir por esse caminho. – O que você quer?

— Conversar.

James sentiu vontade de sorrir, ainda nem tinha entrado em um relacionamento e já estava querendo discutir a relação. Laurel diria que isso era um péssimo sinal e que ele deveria correr na direção oposta.

— Pensei que tivesse dito que queria conversar. – Ela disse impaciente. – Eu ainda não consigo ler mentes, se quiser dizer alguma coisa faça oralmente.

— Por que você não para com isso e vem aqui?

Ele estendeu a mão para ela, porém ela resolveu ignorar isso e se colocar encostada na estante próxima dele.

— Sobre o que conversamos outro dia… – Amélia o olhava atentamente e ele percebeu que ela estava receosa.

— Você não pode simplesmente esquecer isso?

James olhou incrédulo para ela.

— Esquecer? Como eu poderia esquecer? – Ela ia falar algo, mas ele a interrompeu com a mão. – De qualquer forma acho que sei de uma forma de ajudar você e sua mãe.

Os olhos dela se iluminaram.

— Okay, estou ouvindo.

— Meu pai é o Chefe dos Aurores. – Ele a viu concordar, mas ainda sem entender. – Se Sophia é um risco, se ela oferece perigo para vocês meu pai pode ajudar de alguma forma. Não sei ainda o que de fato podemos fazer, mas isso já é um começo. Sei que ele ajudará, Amy.

As palavras de James a atingiram e ela pensou na possibilidade. Divagando não o viu se aproximando, ele não a tocou ou invadiu seu espaço pessoal, apenas ficou próximo o suficiente para caso ela quisesse se aproximar.

— Isso… isso pode dar certo. Então eu devo contar ao sr. Zabine a verdade? – Ela olhou para ele esperançosa.

— Por que você precisa que eu ou qualquer outro diga o que você tem que fazer? – James perguntou e ela se sentiu forçada a olhar para ele. – Se deseja fazer algo, se realmente quer fazer algo simplesmente vá lá e faça. Não espere que eu a motive ou que seu irmão a autorize. – Ele percebeu a dúvida nos olhos dela. – Você estava esperando algo de nós… de mim, algo que não consegue tirar de si e isso não é justo, Amélia. Eu nunca vou jogá-la em meio ao perigo e a incerteza simplesmente porque é isso que você deseja. Coragem é mais do que enfrentar desafios impensados, mais do que se colocar em perigo estúpido e inconsequente. Coragem é fazer o que é certo, embora e talvez principalmente se o certo for algo difícil. Coragem é você abrir seu coração para alguém e arriscar ser rejeitado, é falar o que você realmente pensa, é não sentir medo de sentir medo.

— Desculpa. – Ela se aproximou e encostou a cabeça no braço dele e com o outro braço ele a envolveu em um abraço.

— Eu quero estar com você, Amy e ser mais que um amigo, mais que o irmão do seu melhor amigo. Quero ser mais…

— Mais? – Ela perguntou insegura.

— Só para deixar claro, para que não tenha nenhuma dúvida, eu gosto de você, Amy. Gosto muito, de verdade.

Ele limpou algumas lágrimas que escorriam pelo rosto dela.

— Eu também gosto de você, muito, de verdade.

Ele sorriu e ela o acompanhou.

— O que você vai fazer? Falar a verdade para seus pais, para nenhum dos dois?

— Não sei, acho que não estou pronta para decidir ainda. – Amy se encolheu junto ao corpo de James.

— Bem, precisamos falar sobre a coisa mais importante no momento. – Amélia ergueu o rosto e o olhou com expectativa. – Você acha que o Anthony vai me azarar?

Ele não esperava, mas a menina começou a gargalhar e sem esperar ela o beijou com calma, serenamente, como se quisesse experimentar o beijo mais uma vez. E ele correspondeu, pois nos últimos dias, dentre todos os problemas e preocupações beijar Amélia era uma coisa fixa na mente dele, algo que ele ansiava mais do que a final de quadribol, mais do que a possível chance de ganhar a Taça, e isso quer dizer alguma coisa.


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Notas finais do capítulo

Me digam o que acharam.
Amélia deve contar a verdade de uma vez?



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