O Legado escrita por Luna


Capítulo 38
Capítulo 38


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos comentários ♥ ♥ ♥
Chegou um dos momentos que eu mais estava esperando *----*
Espero que gostem. Me digam o que acharam e o que acham que vai acontecer agora.

Beijoos!!



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O Amor é difícil para os indecisos. É assustador para os medrosos. Avassalador para os apaixonados! Mas, os vencedores no amor são os fortes, os que sabem o que querem e querem o que têm! Sonhar um sonho a dois e nunca desistir da busca de ser feliz, isso é para poucos.”

CECÍLIA MEIRELES.

 

Era fácil saber quando Albus estava chateado com alguma coisa, saber o motivo não tanto. Ele tamborilava os dedos na madeira e olhava distraído para porta esperando a chegada de alguém. Amélia estava fazendo um bom trabalho em ignorá-lo enquanto lia o livro de poções, a atenção da menina foi trazida a tona quando Albus se mexeu desconfortavelmente e fez um barulho com a boca que indicava chateação. Ela correu os olhos para onde o menino olhava e viu Scorpius parado perto das portas conversando com Arwen, o loiro sorria de algo que a menina dizia.

Aquela era uma visão estranha. Ver Scorpius sorrir sempre a deixava feliz, não o leve movimentar de lábios que ocorria normalmente ou o seu sorriso debochado, sarcástico, maldoso. Não, ela gostava do sorriso verdadeiro, daquele que alcançava seus belos olhos e o faziam parecer um menino sem qualquer preocupação. Ela só não entendia o porquê ele estava dando aquele sorriso para Arwen, sendo que mal se conheciam. Scorpius normalmente era muito reservado com qualquer um que se aproximasse, mas com a lufana parecia que ele não tinha barreiras.

Ela notou a estranha interação entre os dois na sala da Diretora, viu como os dois pareciam estar presos no olhar um do outro, como se estivessem conectados de uma forma que nenhum deles poderia entender. Arwen olhava para Scorpius como se o conhecesse há muito tempo, com familiaridade. Quem não parecia gostar daquilo nenhum pouco era Albus, que encarava os dois de forma estranha, como se a atitude do loiro o ofendesse pessoalmente.

— Está tudo bem, Al?

O moreno se assustou levemente, a voz de Amélia o fazendo desviar o olhar.

— Claro.

Amélia segurou a mão de Albus o fazendo parar de tamborilar os dedos, ela lhe deu um sorriso de compreensão, mesmo que ele não entendesse o que ela compreendeu.

— Está tudo bem, Al. – Amélia afirmou.

Albus a encarou, seus olhos brilhavam e sua visão estava começando a ficar embaçada. Ela não sabia ao certo o que mais incomodava o moreno, mesmo que tivesse fortes suspeitas, mas sabia que ele se sentiria terrível caso chorasse em pleno Salão Principal.

— Tim vai apresentar Rose oficialmente aos pais, você sabia? – Amélia não sabia se poderia contar aquilo, Rose não chegou a pedir segredo, mas talvez quisesse dizer ao primo pessoalmente. A corvinal não se importaria de levar uma bronca da amiga, desde que Albus se esquecesse momentaneamente de Scorpius. – Eles decidiram depois de terem uma conversa com Eric.

— Espera, o que? – Albus tinha os olhos arregalados e não conseguia acreditar que isso tinha acontecido, não sabia se estava mais abismado com o fato de Rose aceitar levar o namoro como oficial diante dos Nott ou dela chegar perto de Eric após o que ele fez com James, não que duvidasse da coragem da ruiva, Rose era bem assustadora quando queria. – Quando foi isso?

— Ontem, acho. – Amélia deu de ombros. – Como você acha que seu tio vai reagir?

Albus e James tinham entrado em uma aposta. Albus dizia que Ron azararia Tim assim que tivesse oportunidade, James dissera que ele desmaiaria, depois azararia o sonserino. Rose namorar já seria de mais para o homem, namorar um sonserino filho de seguidores do Lorde das Trevas seria algo impossível dele aceitar. O moreno não via como isso podia acabar bem.

— Da pior maneira que você imaginar. Eles vão contar para meus tios também?

— Rose iria enviar uma carta essa tarde à sra. Hermione. Não sei se ela teve coragem.

Amélia olhou ao redor, Arwen já estava na mesa da Lufa-Lufa, porém Scorpius não estava no Salão mais. A menina achava que já era seguro sair dali.

— Quando ela ia me contar? – Albus perguntou magoado, para infelicidade de Amélia.

— Então, acho que eu não deveria ter feito isso. – Ela disse envergonhada, um lampejo ruivo chamou a atenção da corvinal e olhando para o lado viu Rose andando na direção dos dois. – Você não ouviu nada de mim, Albus. Ela está vindo… não, não olhe. Faça cara de surpresa e tudo mais.

Amélia deu um sorriso amarelo para Rose, que resolveu ignorar a estranheza do ato.

— Tudo bem por aqui? – Rose perguntou alterando o olhar de Albus para Amélia.

“Claro”, foi o que ambos responderam, porém a ruiva não conseguiu acreditar. Ela sentou ao lado de Albus e começou a beliscar o bolo que Albus fingia comer.

— O procurei o dia inteiro. – Rose falou olhando para o primo. – Encontrei com Scorpius e ele não fazia ideia de onde você estava. Tem algo ocorrendo entre vocês?

Amélia sentiu vontade de bater a testa na mesa quando viu o olhar de Albus endurecer. Ela virou o rosto quando ouviu a gargalhada nada discreta de James e resolveu que era um bom momento para falar com ele e deixar os primos se resolverem. Em algum momento ela falaria com Albus para tentar entender o que estava havendo com os dois sonserinos, mas sabia que esse não era o momento certo para abordar o assunto e nem o lugar. Ela só conseguia imaginar que Rose estava muito afetada com os problemas de seu namoro com Tim para perceber algo óbvio.

— Hã… tenho que ir… ali. – Amélia não parecia certa de suas palavras, mas pegou sua bolsa e saiu andando rapidamente.

Fred a viu antes de James, cutucou o primo com o cotovelo e deu um sorriso a ele que deixou Amélia envergonhada. James se virou um sorriso aparecendo em seu rosto assim que a viu. Amélia fechou a mão sentindo suas unhas machucarem a pele, fazia isso sempre que sentia um aperto no estômago, normalmente quando James sorria assim para ela.

Fred falou algo para o outro que o fez revirar os olhos. James decidiu encontrar a morena no meio do caminho, ela ainda viu o olhar das outras pessoas que estavam com ele e Fred dar de ombros depois de uma garota falar alguma coisa.

— Amélia. – James ainda sorria. – Era impressão minha ou você estava indo ao meu encontro?

— Você está ocupado agora? – Ela perguntou insegura.

— Para você? Nunca.

James tinha decidido que não queria mais esconder o que sentia. Não que ele entendesse bem o que era aquilo, mas tinha resolvido tentar ao menos. Isso significava não fugir de Amélia, não privar sorrisos e não reprimir qualquer coisa, como tocar no rosto dela no meio de tantas pessoas.

Amélia parou de respirar por alguns segundos, mais precisamente nos segundos que James permaneceu com a mão eu seu rosto fazendo uma carícia suave. Ela viu Anthony crispar os lábios e Freya sorrir ao lado dele na mesa da sonserina, a sua irmã parecia segurar o braço de Anthony o impedindo de levantar. A morena achou que seria um bom momento para sair dali.

— Vamos sair daqui.

O ato de pegar na mão de James e sair o puxando foi meio involuntário e ela não pensou muito a respeito. Caminhando de cabeça baixa ela não viu alguns pares de olhando observando a interação entre os dois.

 

— Tia Hermione já respondeu? – Albus perguntou.

Rose ergueu o envelope e a ansiedade estava visível em sua mão tremendo levemente.

— Ela é muito racional. Acho que o quer que tenha escrito aí não deve ser nada ruim. – Albus tentou tranquilizá-la.

— Meu pai pirou só em saber da minha amizade com Scorpius. O que ele vai fazer ao descobrir que gosto de um Nott? – Rose parecia mortificada.

— Pelo menos você não está namorando Scorpius. Tio Ron não resistiria ao golpe.

Rose ficou com as bochechas rosadas. Ela nunca tinha dito a ninguém que até um tempo atrás tinha um leve interesse por Scorpius, ele era um garoto bonito, inteligente e muito meigo quando não fingia desinteresse. Mas o sentimento não progrediu, ela ainda gostava muito do loiro, porém o coração dela nunca chegou a palpitar e suas mãos nunca formigaram como fazia quando Tim se aproximava. Rose achava que quem teria que resistir a esse golpe em específico seria Harry, se suas suspeitas estavam corretas.

— Vamos, Rose. Honre sua casa ou teremos que pedir ao Chapéu para fazer uma nova seleção, você é bastante fofa, vai se dar bem na Lufa-Lufa. – Albus zombou dela e ganhou uma cotovelada.

Rose temia que Hermione visando o bem da família tenha ficado contra ela se envolver com Tim, porque caso isso tivesse acontecido não havia qualquer esperança para os dois, a menina sabia que não teria coragem para ir em frente com isso tendo ambos os pais contra. O que ela sentia por Tim era novo e bom, mas ela ainda era só uma menina, se o pior acontecesse sabia que iria superar, mesmo que passasse o resto de seus dias se escondendo na Torre.

Ela abriu o envelope, suas mãos ainda tremendo. As palavras iam tomando forma, as letras se juntando e dando um significado a cada frase. Rose só foi perceber que segurava a respiração quando a soltou.

— Então? – Perguntou Albus ansioso.

— Disse que gostaria de conhecer Tim melhor, que quando o conheceu no Beco o achou um rapaz adorável. Perguntou se estou feliz e que vai me apoiar em qualquer decisão que eu tomar.

Aquela era a resposta que ela queria receber, mas então porque seu coração ainda estava apertado e ela parecia sufocar?

 

Amélia e James subiram até o segundo andar, assim que saíram do Salão ela tratou de soltar a mão dele e o ouviu rir atrás dela. Tinham entrado em uma sala vazia, ela abriu as janelas permitindo que o vento frio entrasse.

— Faz um tempo desde que nos falamos, pensei que tinha mudado de ideia sobre conversar comigo. – James falou sentado na mesa que o professor normalmente ocupava. Amélia ainda estava parada na janela olhando para fora. – Amy?

Ela se virou, pegou sua varinha e fez com que uma cadeira se movesse até estar em frente a mesa. Tentava escolher por onde começar, James não soube de nada, de nenhuma de suas suspeitas sobre sua mãe, da ajuda que recebeu para tentar descobrir qualquer coisa. Ele a olhava com expectativa, Amélia não entendia porquê estava ali, porquê precisava conversar com ele e o motivo dele se importar. Mas ela queria dizer, queria botar para fora tudo que manteve guardado desde o início e assim fez.

A expressão de James ia mudando no decorrer da fala da menina, mas ele não a interrompeu em nenhum momento, mesmo quando seu cérebro parecia que ia explodir. Ele engolia em seco quando ela começou a falar sobre Sophia e o que Freya tinha lhe dito sobre a avó, a menina sempre reprimia essa palavra, Sophia não era sua avó, nunca seria. Disse para James algo que não tinha falado para mais ninguém, Eliza tinha lhe dito que a qualquer sinal de perigo elas duas iriam embora, que não correria risco algum.

— Por isso você estava chorando nas escadas? – James se manifestou.

— Sim e não. – Amélia respondeu. – Tudo se tornou pesado demais naquele momento, acho. Eu não sabia como falar isso para eles, não sabia como dizer que mamãe poderia me levar para longe.

— Oh, Amy… – James queria alcançá-la, abraçá-la e garantir que nada aconteceria, mas não era dado a dar falsas esperanças para as pessoas e não faria isso com a menina, mesmo que ver seu rosto triste fizesse uma lasca em seu coração.

— Agora tem essas visões e a clara mensagem que algo vai acontecer… Se eu falar isso mamãe vai me mandar para a França e nunca me permitirá voltar. – Amélia olhava para ele assustada. – Eu não quero ir embora, James.

James desceu da mesa e se botou de joelhos ao pé da cadeira em que ela estava sentada. As palavras pesaram em sua boca e seu coração parecia estar se quebrando.

— Se essa mulher é tão perigosa assim não seria melhor se afastar?

Amélia escutou o que ele disse e aquilo a atingiu como um balaço desgovernado. Ela se ergueu e se afastou dele o deixando de joelhos e com a cabeça baixa.

— Ir embora? Sair de perto dos meus amigos e dos meus irmãos? É isso que você quer? – Amélia perguntou magoada.

James se levantou com dificuldade, ele invejou os sonserinos e sua incrível capacidade de encararem a pior das tempestades como se fosse apenas uma tarde primaveril. Ele nunca conseguiu esconder bem seus sentimentos.

— O que você quer, Amy? Se tornar uma Zabine? – Amélia olhou para o lado evitando James. – Eu quero que você fique bem, Amy, segura e principalmente viva.

— Pensei que grifinórios fossem corajosos. – Ela soltou venenosamente.

— Pensei que convinais fossem inteligente. – James devolveu, mas sem maldade.

Amélia bufou e andou até sua bolsa, mas James a parou antes que ela pudesse alcançá-la.

— O medo da sua mãe é real, duas videntes vendo basicamente a mesma coisa e isso relacionado a você, uma louca psicopata que não tem empatia nem pelos netos puros-sangue. Isso não a assusta até a médula, Amy?

— Não quero fugir. Minha mãe fugiu durante 13 anos, James. Abandonou o nosso mundo, tudo que lhe era importante por medo.

— Por você, por amor a você. – James a corrigiu.

Aquilo trouxe um peso extra para Amélia. Ela tentou se afastar das mãos de James, mas ele mantinha o aperto firme, não deixando que ela se movesse pensar estando tão perto dele era difícil para ela. Ela se concentrava em olhar nos olhos dele, eram de um castanho quase verde e ela poderia jurar como estavam levemente marejados.

— Eu pensei… pensei que me quisesse por perto. – Ela não desviava o olhar do dele. – Então me diz que devo contar tudo a ela, mesmo sabendo que ela me tirará daqui mais rápido do que poderia dizer Hogwarts. Achei que ficaria ao meu lado, que me daria força para eu não desistir. Que diria que eu devo conhecer o sr. Zabine e dar uma chance dele ser meu pai, se assim ele quisesse. Pensei que poderia contar com você.

Amélia falava com amargura, quando tentou se afastar James não a deteve. Ele parecia magoado com as palavras e a quase acusação que ela lhe fez.

— Amy…

— É isso que você quer? Que eu vá embora? – Ela perguntou com um tom sombrio.

Ele endureceu seu maxilar e sua postura se tornou rígida. Olhava para ela sério, foi caminhando até ela com passos decididos e Amélia não conseguiu se mover, mesmo quando ele pegou seu rosto e o segurou com as duas mãos erguendo o rosto dela para que pudessem se olhar.

— Por Merlin, Amélia. – James falava baixo, como se tivesse muitas pessoas ali e quisesse que só ela escutasse. – Eu quero… e-eu… – Suas mãos relaxaram, ele colocou uma mexa atrás da orelha dela e acariciou seu rosto com delicadeza, como se ela fosse frágil e ele devesse tocá-la levemente para não machucá-la. Seus olhos brilhavam e ela não conseguiu prever seu próximo movimento.

Ele sentiu ela tensionar assim que seus lábios se encontraram. Ele moveu sua boca na dela e a sentiu ceder passando os braços pelo pescoço dele. Ele a rodeou com os braços a puxando para mais perto, a segurava como se temesse vê-la se afastar. Amélia seguia o beijo de forma tímida, temendo fazer algo de errado, não que James fosse se importar com qualquer coisa naquele momento.

Ela sentiu quando a língua dele pediu passagem e ela cedeu, uma das mãos dele voltou para o seu rosto, fazendo uma carícia suave. Ela se sentia quente por dentro, aquilo parecia durar uma eternidade, mesmo que racionalmente ela soubesse que não tinha passado sequer um minuto.

Se separam e seus olhos se encontraram novamente. Ela não o soltou e ele não fez nenhum movimento que desse a entender que queria que ela o fizesse. A verdade é que Amélia estava paralisada naquele momento. Ali não existia mais Eliza ou Blaise, nem Sophia ou profecias, só havia James e a sensação de formigamento que ele deixou em seus lábios. Ela queria senti-lo novamente, queria experimentar mais disso.

James a olhava como se quisesse decifrá-la, ver algo além do que ela deixava transparecer. Buscou seus olhos, mas eles não lhe revelaram nada, as mãos dela ainda estavam em seu pescoço e ela o olhava como se esperasse algo dele, alguma palavra talvez?

— Eu quero você, Amélia.

Ela queria gravar aquele momento. Seus olhos suplicantes, seu cheiro amendoado, o gosto sutil de chocolate da boca dele, o calor de seus braços. Ela não entendia como aquilo poderia ter acontecido e Amélia não gostava de não entender as coisas. Ela sabia que tinha que dizer algo a ele, por que aquilo que ele lhe dissera parecia muito uma declaração, embora ela não soubesse exatamente o que ele estava declarando. Ela afrouxou seus braços e ele fez o mesmo, deu vacilantes passos para trás, James esticou a mão para tocá-la novamente, mas ela já tinha se afastado o suficiente.

Ele não impediu quando ela pegou a mochila e atravessou a porta. Fechou os olhos e se permitiu lembrar do beijo que partilharam poucos minutos atrás.


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