O Legado escrita por Luna


Capítulo 27
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos comentários :)
Vou querer muito saber o que vocês acharam desse, não esqueçam de me dizer ;***



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“A gente só sofre por algo que ainda não entende ou não aceita.”

Um sorriso ou dois

 

Rose andava se escondendo dos anões enfeitados, em parte porque já estava mortificada suficiente com toda aquela atenção e por outra porque já estava impossível carregar todos aquelas caixas bombons e flores. Ela encontrou Amélia quando as aulas da tarde acabaram e a corvinal a acompanhou até a torre da Grifinória.

— Então quando aquele anão apareceu na minha frente eu não soube como reagir e só fiquei parada olhando para ele e ele lá com aquele rostinho furioso. – Amélia estava falando desde que elas se encontraram e Rose se forçou a prestar atenção ao que ela falava. – Eu não acredito que ele teve coragem de fazer isso. Quer dizer, eu tentei ser amiga dele, me esforcei muito mesmo quando ele era um babaca idiota e agora ele me manda bombons e um bilhete dizendo que espera que meu dia seja bom?

Rose não fazia ideia de quem a menina estava falando e Amélia percebeu isso.

— Thomas, ele me mandou um presente de dia dos namorados. Eu disse para ele manter distância e agora isso? – Amélia parecia mais furiosa do que a situação merecia.

— Bom, em tese ele manteve distância…

— Rosie, você é minha amiga ou dele? – Amélia parou e colocou a mão que não segurava as caixas que pegou de Rose na cintura.

— Okay. Nós odiamos Thomas Agnelli e ele é um idiota sem noção. – Rose conteve um sorriso.

— Ódio é uma palavra muito forte, não? – As duas voltaram a andar. – Quer dizer, ele me deu aquele livro horrível e eu não estou me eximindo da culpa, mas ele sabia que o que tinha lá tinha suas inverdades e fez com o propósito de me afastar do Scorp e só de pensar que ele poderia nunca ter me perdoado…

— Ele não perdoou ainda. – Rose a interrompeu.

— Ele está falando comigo, isso já é um começo. – Amélia falou. – Enfim, eu tentei ser amiga dele e ele foi cruel e manipulador. Não quero ser amiga de alguém assim…

— Talvez ele não queira só sua amizade. – Rose disse erguendo os ombros.

Amélia resolveu ignorar o último comentário e continuar andando. A torre nunca pareceu tão distante.

— E de quem são os outros presentes? Você disse que ganhou três. – Rose perguntou e percebeu a menina ficar um pouco tensa.

— Ah, um de Zach e outro de James. – Amélia falara baixo e evitava olhar na direção de Rose.

— James? – Rose perguntou e em seguida elevou a voz e arregalou os olhos. – James Potter? James Sirius Potter? Nosso James?

— Hã… – Amélia puxou Rose pelo braço forçando a ruiva a voltar a andar. – Sim, James Potter.

— Desde quando vocês…

— Ele só quis ser gentil. Tenho certeza que…

Rose começou a sorrir.

— O que? – Amélia quis saber, mas Rose apenas balançou a cabeça e seguiu o caminho.

Quando o anão foi até Amélia e entregou a caixa de seus doces preferidos Amélia se sentiu um pouco incomodada, porque todos que estavam por perto ficaram olhando. Mas nada a preparou para quando abriu o bilhete e viu o nome de James no final, a sua primeira reação foi fechá-lo e fingir que nunca o recebeu, por sorte ela não tinha o encontrado ainda e temia que se o encontrasse ele lhe perguntasse se tinha gostado. Sim, ela tinha, mas não entendia o motivo daquilo. Então se convenceu que James apenas quis ser gentil e que talvez ele mandasse chocolate para todas as suas amigas.

— Amy? – Amélia despertou do seu devaneio e encarou Rose. – Você viu o Al?

— Ele ia se encontrar com o resto do time de quadribol, eu acho. – Elas tinham chegado a entrada do salão comunal. – Eu espero você. Vai lá!

 

Albus estava entediado na reunião com o seu time. As instruções de Joseph pareciam intermináveis, sem contar que Eric estava se sentindo o perfeito substituto do capitão e acreditava fielmente que o posto seria seu no ano seguinte. Albus sabia que se isso acontecesse ele não conseguiria se manter no time sem pegar um taco e mandar um balaço na direção do novo capitão e esse era um sentimento compartilhado por outras pessoas do time.

Ellaria estava ao seu lado e revirava os olhos toda vez que Eric fazia algum comentário e ficava fazendo comentários engraçados, Albus estava mordendo os lábios reprimindo um sorriso. Joseph detestava que não lhe dessem atenção, algo bem egocêntrico na opinião do moreno. Ele ainda conseguia ouvir Ellaria dizer que se o Capitão olhasse para ela daquela forma ela ficaria toda derretida. Albus não conseguia definir o que sentia, é óbvio que ele achava Joseph bonito, todos achavam, mas ele se sentia intimidado na presença dele, quase sufocado. Sem contar as outras sensações, as mãos suadas, o frio no estômago, aquela vontade de olhar para qualquer direção para não ter que encarar aquele belo rosto…

A voz de Joseph era suave, o sorriso dele atraia vítimas como luz atraia mariposas, a lista de pessoas que ele já havia conquistado era gigantesca, embora corresse o boato de que algumas delas mentiam sobre terem ficado com o capitão. Mas de qualquer forma Albus não sabia se queria fazer parte da – do que Eric chamou – lista de conquistas Morgan, ele nem mesmo sabia se o capitão estava interessado.

E quando vinha a dúvida Joseph o olhava de forma penetrante e dava um sorriso de lado, como agora, desviava o olhar e continuava falando com o time de quadribol como se nada tivesse acontecido, e de fato nada havia acontecido. Mas então porque Albus se sentia tão quente?

A reunião acabou mais de uma hora depois e Albus resolveu continuar no lugar conferindo seu material de limpeza de vassoura, vendo o que deveria ser comprado novamente quando escutou passos, moveu seu corpo para trás para conseguir ver quem chegava e sentiu o solavanco no estômago quando seus olhos encontraram os dele.

— É realmente complicado encontrar você sozinho. – Joseph falou lhe dando um sorriso de lado. – Notei que você não tinha ido para o Castelo e resolvi aproveitar a oportunidade.

— O que você quer? – Albus não queria ter soado rude, mas o sorriso de Joseph não diminuiu.

— Bem… eu queria desejar feliz dia dos namorados. Fiquei pensando se eu receberia alguma carta ou presente vindo de você.

O rosto de Albus começou a ficar rosado. Ele fechou a porta do armário e perdeu algum tempo ajeitando o cachecol no pescoço, mesmo que não fosse muito necessário visto que o tempo não estava tão frio.

— Eu tenho um presente para você. – Albus se surpreendeu. – Pegue!

Ele tentou controlar o tremor nas mãos, mas o sorriso debochado de Joseph dizia que ele tinha percebido o nervosismo. Era uma caixa de chocolate, ele se sentiu mais aliviado quando viu que não era o padrão formato de coração, era uma caixa retangular simples, sem enfeites da Dedos de Mel.

— Eu não tenho nada para você. Desculpe. – Albus se sentia envergonhado.

— Disso temos que discordar. – Albus se sentiu quente, o sorriso de Joseph era predatório. Ele deu um passo na direção de Albus que recuou para sua mortificação pessoal, como ele estava muito próximo do armário suas costas bateram no metal frio e ele se viu sem saída.

Joseph foi se aproximando devagar como se Albus fosse um animal assustado prestes a fugir, seu sorriso era contido e quando ele chegou perto demais com seu nariz quase tocando o de Albus ergueu a mão e tocou o rosto do moreno com delicadeza.

— O que você… – Albus não conseguia formular uma frase completa em sua cabeça.

— Eu tenho o observado por muito tempo, Al.

— Você…

— Olha, eu vou beijar você agora.

Joseph não esperou uma resposta e Albus não conseguiu falar nada. Além do que o capitão não tinha feito exatamente uma pergunta e se ele tivesse perguntado muito dificilmente Albus tivesse conseguido responder alguma coisa. No segundo seguinte Joseph tinha diminuído a distância entre os dois e a mão que antes estava no rosto de Albus passou para a parte de trás de sua cabeça e os lábios se tocaram. Primeiro foi só um pequeno toque, como se Joseph quisesse senti-lo calmamente, mas ele começou a mexer seus lábios fazendo com que Albus o seguisse, o moreno foi pego de surpresa quando Joseph pediu passagem com a língua.

Albus não sabia o que estava sentindo, ele estava em uma completa confusão interna. Quando Joseph o beijou seu primeiro instinto foi fechar os olhos, seus braços continuavam parados ao lado de seu corpo. O capitão mantinha uma da mãos em sua cintura o apertando levemente e outra nos seus cabelos fazendo Albus se arrepiar, seus lábios eram frios e seu cheiro era levemente amadeirado, percebeu. Quando sentiu a língua do outro invadir sua boca algo pareceu explodir no seu cérebro e ele recobrou parte de sua consciência, com muito esforço ele ergueu a mão e empurrou o capitão.

Joseph pareceu confuso.

— O que? – Joseph não parecia entender porque Albus parecia tão irritado.

— Você não pode simplesmente chegar e sair beijando todo mundo.

— Eu não saio beijando todo mundo. – Joseph falou.

— Você em algum momento pensou que eu talvez não quisesse te beijar ou você se acha tão irresistível e especial?

— Foi só um beijo, Al.

— Não foi só um beijo, foi…

— Seu primeiro beijo? – Joseph perguntou incrédulo e sorriu fazendo com que Albus ficasse com raiva. – Você estava planejando ele com alguém especial? Talvez a corvinal bonita com quem você sempre anda ou seria o loiro que não desgruda de você?

Joseph não sabia se Albus estava vermelho de raiva ou vergonha, de qualquer forma ele se afastou. Albus estava construindo uma reputação no clube de duelos, diziam que ele tinha herdado a habilidade do pai e Joseph não queria ser o que colocaria isso a prova.

— Isso não é da sua conta, Morgan. – Albus falou baixo.

Joseph não sorria mais, ele parecia realmente incomodado com a reação do moreno.

— Desculpa. – Joseph falou de cabeça baixa. – Eu não sabia… eu só… eu gosto de você.

Albus riu atraindo a atenção de Morgan.

— Você gosta de mim? – Albus disse ainda sorrindo. – Ou eu sou apenas um nome para sua lista?

— Eu não tenho uma lista, Albus. –Joseph falou irritado. – Quer saber, esqueça que isso aconteceu. Foi um erro.

Ele pegou a caixa de bombons da mão do outro com mais força do que o necessário, jogou no lixeiro que estava perto da porta e saiu. Albus fechou os olhos e se sentou no banco, suas pernas estavam trêmulas e ele se sentia doente.

 

Scorpius estava no salão da Sonserina quando Albus chegou e se sentou ao seu lado, eles não tinham se falado muito depois do encontro dos dois com Joseph e Scorpius estava se sentindo um tolo.

— Joseph Morgan me beijou no vestiário. – Albus soltou de uma vez.

Scorpius se virou rapidamente e tinha os olhos arregalados de surpresa, Albus notou que todo o sangue do rosto do loiro parecia ter sumido.

— Joseph beijou você? – Scorpius perguntou incrédulo.

— Sim.

— Beijou você?

— Sim.

— Joseph Morgan?

— Scorp, dá para parar de repetir?

Scorpius parecia ter sido atingido pelo feitiço de corpo preso. Ele só conseguia piscar os olhos. Joseph tinha beijado Albus. Alguém tinha beijado Albus e ele não conseguia assimilar aquela notícia e ele não queria acreditar no que aquilo significava porque ele sabia como aquilo poderia dar errado. Se apaixonar pelo melhor amigo era um caminho sem volta.

— E aí? – Ele se forçou a perguntar e o que queria escutar era que Albus tinha o enfeitiçado pela ousadia de ter chegado tão perto.

— Eu o afastei depois de um tempo.

— Depois de um tempo? – Scorpius se sentia melhor com a possível recusa de Albus.

— Eu não sei o que eu fiz, Scorp. Ele disse que gosta de mim. – Albus parecia triste.

— Ele gosta de você?

— Dá para você parar de repetir o que eu digo? – Albus falou impaciente.

Scorpius apenas acenou que sim, mas também não falou mais nada.

Albus não tinha certeza do motivo que lhe levou a contar. Ele tinha que contar para alguém, mas ele não falou para Rose e Amélia, embora tenha encontrado as duas quando chegou no castelo. Ele tinha que falar com alguém e só depois que chegou no Salão ele percebeu que esse alguém tinha que ser Scorpius.

Scorpius se fechou, ficou com a máscara da indiferença que o irritava bastante. Seus movimentos se tornaram mecânicos e ele voltou a escrever sem olhar para Albus.

— Você gosta dele? – Scorpius perguntou depois de um tempo.

— Não. – Albus respondeu rapidamente. – Quer dizer, acho que não. Ele é bonito e parece ser legal.

Scorpius balançou a cabeça acenando que tinha entendido o ponto de Albus.

— E como foi? – Scorpius voltou a perguntar.

— O que?

— O beijo. Foi bom? Você gostou? Foi seu primeiro, não é? – Scorpius tentava não demonstrar nada com a pergunta além da curiosidade, ele temia que Albus escutasse as batidas de seu coração.

— Não sei, acho que sim. – Albus estava envergonhado. – Eu não reagi muito bem. Posso tê-lo magoado.

Scorpius deu um sorriso sarcástico.

— Tenho certeza que o ego frágil dele vai sobreviver a sua rejeição.

A porta do salão se abriu e os dois olharam na direção das vozes. Joseph entrava acompanhado de seus colegar, ele olhou para Albus que não conseguia desviar o olhar. O capitão lhe deu um sorriso tímido e sincero e fez o rosto de Albus atingir alguns tons de vermelho.

— Bem, parece que o ego dele não vai sofrer tanto. – O tom de Scorpius era amargo o que chamou a atenção de Albus. – Nos falamos mais tarde, Albus.

Albus viu o loiro levantar e sair pela porta do salão. Parecia incrivelmente errado ver Scorpius se afastando, mas ele não conseguia levantar e ir atrás dele. Intimamente Albus queria que Scorpius tivesse falado algo, expressado qualquer coisa além da surpresa inicial, mas ele deveria saber que Scorpius não expressar nada, esconder os sentimentos por trás da máscara de indiferença era a resposta que ele precisava. 


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