O Legado escrita por Luna


Capítulo 26
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos comentários, vou tentar respondê-los amanhã e postar o próximo capítulo logo.
Espero muito que gostem dele e quero saber o que acharam dele :)



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“Alguns dizem que o amor é um rio, alguns dizem que o amor é uma música boba, alguns dizem que o amor está ao nosso redor, nos eleva para onde pertencemos, alguns dizem que o amor é ouvir risadas durante a chuva, mas… todos nós sabemos que o amor é um sofrimento.”

Gossip Girl

 

No decorrer da vida as pessoas passam por várias fases. Colecionar os cartões dos sapos de chocolate, virar super fã do melhor jogador de quadribol da temporada, aperfeiçoar técnicas de logros com alunos do primeiro ano… Reparar nos meninos e meninas. Não é fácil para uma criança, que não mais assim se considera, perceber que está olhando ‘aquela pessoa’ com outros olhos, vendo coisas que antes não tinha percebido. Por isso é mais fácil ignorar essas sensações confusas e se focar em outras coisas, como por exemplo, no dia dos namorados que estava se aproximando e junto dele o jantar de dia dos namorados que o professor Slugorn iria oferecer.

Os quatro iriam, não que o professor tenha dado qualquer chance de recusa. O jantar aconteceria dentro de uma sala que não era usada há anos, ela tinha janelas que dava para um dos jardins e seria enfeitada tipicamente para a ocasião. Aliás, parecia que toda a escola estava animada com a data e eles começaram a se perguntar como nunca tinham percebido todo a animação com esse dia nos anos anteriores.

O professor Flitwick ensinou na semana anterior um feitiço muito útil que enviava pequenos bilhetes para as pessoas, segundo ele já era usado há muitos anos no Ministério, para que os funcionários pudessem se comunicar, segundo ele tentaram corujas, mas a confusão foi generalizada e o feitiço foi a melhor solução que encontraram. Por toda aquela semana se viam os alunos testando o feitiço, tentando fazê-lo da melhor forma possível. Lógico que os quatro também estavam incluídos nesse meio, mas diziam que apenas o faziam por questões acadêmicas, segundo eles não tinham ninguém para quem mandar qualquer coisa.

Na manhã do dia 14 o Castelo amanheceu com uma surpresa para os alunos, ele estava todo enfeitado com corações flutuantes e decoração rosa contrastando com a cor ambiente. Mas nada os preparou para ver os anões vestindo o que pareciam camisolas com asas e aureolas, tinha dúzias deles andando pelo Castelo.

Susan Blake foi para frente do Salão Principal quando a maioria dos alunos já estavam sentados comendo o café da manhã, ela era uma corvinal e monitora-chefe, não era muito alta e tinha um longo cabelo preto que na maior parte das vezes estava preso em uma traça lateral que ela segurava quando nervosa.

— Bom dia, pessoal. – Susan segurava a ponta da traça, a enrolando no dedo. – Na última reunião da monitoria foi feita uma sugestão e nós achamos interessante e pedimos a autorização da Diretora Minerva. Bem… er… Para comemorar o dia dos namorados nós teremos anões levando presentes e cartas para quem quiser… Er… quem se interessar é só ir até um deles e dizer o remetente. Acho que é isso. Feliz dia dos namorados, pessoal.

O salão estava em um silêncio atípico, a menina foi se sentar e bateu a cabeça na mesa com o rosto em chamas. Logo as pessoas começaram a comer e a conversar e como em um acordo eles pareciam ignorar os anões cupidos. Albus notou que os professores pareciam achar aquela situação no mínimo cômica, ele não entendia como uma mulher tão séria como a professora Minerva poderia ter concordado com aquela ideia, que para ele era ridícula.

— Para quem vai sua primeira cartinha de amor, irmão? – James perguntou divertido.

Albus se esforçou para não corar, mas foi inevitável quando ele ergueu os olhos e eles se encaminharam até a mesa da sonserina. Ele se forçou a voltar a olhar para James e erguer uma sobrancelha, mas nada respondeu. Logo James passou a brincadeira para os outros da mesa o que fez com que tivesse que se defender de um feitiço jogado por Rose.

Albus estava indo muito bem na tarefa de ignorar Joseph Morgan, com exceção que eles tinham treino quase todo o dia, mas com esforço ele conseguia manter seus olhos longe do capitão. Morgan se mostrou ser uma pessoa agradável, ou tão agradável quanto um sonserino arrogante pode ser, mas a disposição dele para com Albus começou a incomodar o menino, ainda mais depois de ouvir alguns comentários do resto da equipe. Alguns sem maldade outros nem tanto.

Era claro que Joseph era menos duro com Albus e parecia que sempre tinha um olho no artilheiro, toda vez que Albus olhava para ele estava sendo encarado e depois de um tempo aquilo passou a incomodá-lo e dar uma sensação estranha no seu estômago, e passou a ficar nervoso quando ficava sozinho com o capitão e por mais que tentasse nunca conseguia não corar quando ele lhe elogiava.

No decorrer do dia Albus acabou recebendo quatro cartas e Scorpius três, algumas vieram com chocolates que eles jogaram fora por medo do que pudessem ter dentro. Albus podia achar o pai obsessivo com a proteção dele e dos irmãos, mas teve algo que ele aprendeu desde muito novo, nunca comer algo dado por estranhos e Scorpius tinha muita consciência de autopreservação para fazer algo tolo assim.

Quando encontraram Rose, que estava indo para as estufas, ela segurava um ramo de flores e algumas caixas de bombons.

— Quantos? – Albus perguntou.

— Seis. – Ela disse como se não fosse nada de mais, mas estava visivelmente envergonhada.

Ela não esperou para ser sacaneada pelos amigos. Scorpius sentiu que deveria se incomodar, e por um momento ele sentiu um gosto amargo no fundo da boca, mas aquela era só Rose, e era claro que ela receberia cartas de dia dos namorados, era uma garota incrível. Alguns minutos depois foi como se aquela sensação nunca tivesse surgido e logo outra ocupou lugar. Scorpius não gostada de Joseph e principalmente, não gostava da forma como ele olhava para Albus.

— Ei, Al. – Joseph o chamou no começo da escada a descendo pulando de dois em dois degraus. – Nós vamos ter uma reunião hoje, as 17h no vestiário. Só acertar os últimos pontos antes da partida.

— Tudo bem.

O moreno foi se afastando mantendo em mente que não deveria se virar para ver se ele ainda o encarava, mesmo que sentisse o olhar nas suas costas.

— Al? – Scorpius falou numa falsa imitação da voz de Morgan. – Vocês se tratam por apelidos agora? Como você o chama? Joe?

Albus não parecia entender de onde vinha tanta irritação.

— Hã… O que?

Scorpius bufou e deixou Albus sozinho andando com passos duros em direção a sala. Albus deu uma pequena corrida para conseguir alcançá-lo.

— Do que isso se trata? – Albus perguntou.

Scorpius parou de andar e encarou os olhos verdes do amigo e teve um solavanco no estômago. Ele não deveria sentir aquelas coisas olhando para Albus, não deveria sentir essa raiva e não deveria sentir essa vontade de voltar e amaldiçoar Joseph até que ele esquecesse o próprio nome.

— Vamos nos atrasar. – Scorpius fez o que andava fazendo tinha um tempo, ignorou todas aquelas sensações e seguiu adiante e como sempre ele foi bem em esconder de todos, mas Albus não era todos.

Ele vinha percebendo que Scorpius andava esquisito, meio estranho e as vezes distante. Eles tinham tido aquele episódio em que Scorpius chorou, eles não conversaram a respeito no dia seguinte, Albus achou que não era necessário. Ele deu o espaço que sabia que Scorpius ia precisar e se mostrou disponível para caso ele precisasse de algo. Aquela não foi a última vez que dormiram juntos, era um pouco comum que Scorpius passasse para sua cama quando eles queriam conversar no conforto do dormitório e não queriam que alguém escutasse, então ele simplesmente deitava lá, eles enfeitiçavam o redor e ficavam conversando até caírem no sono. Por vezes Albus se mexeu e sentiu o corpo de Scorpius próximo ao seu e voltava a dormir.

Mas as vezes pegava o amigo com o pensamento longe ou lhe encarando, nesses momentos ele dava um sorriso de lado e desconversava. Albus já tinha reparado que Scorpius arrancava suspiros de outras pessoas, ele era muito bonito. Bonito demais, na opinião de Albus, o que era uma grande injustiça era ele poder simplesmente sorrir e fazê-lo esquecer momentaneamente o que estava pensando.

Existe uma palavra em norueguês, que não é encontrada em outras línguas, “Forelsket”, algumas pessoas a traduziriam como apaixonado. Mas há aqueles que dizem que esse não é o real significado dela, que forelsket significa “quando você sente que está prestes a se apaixonar”, o sentimento ainda não está formado, não está consolidado. As borboletas ainda não estão no seu estômago, você ainda não está flutuando no amor ou despencando no precipício da desilusão, é aquele suspiro antes de perceber que está completamente perdido. A questão é, em quanto tempo eles perceberiam que estavam prestes a se perder?

 


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