O Legado escrita por Luna


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

O segundo capítulo quentinhos para vocês. Vi que já tem umas pessoas acompanhando... cadê o comentário do que acharam seus danadinhos?
Espero que gostem e desculpa por qualquer erro que possa ter passado ;*



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O que é “amigo”?

É alguém por quem você faria qualquer coisa. E eles nunca quebram uma promessa.

Stranger Things

 

A Mansão Malfoy em Wiltshire era uma construção imponente que demonstrava toda a riqueza dos seus habitantes. Ela já havia acolhido centenas de Malfoys, mas agora só apenas três pessoas se abrigavam naquela majestosa construção.

Dentre eles estava o mais novo herdeiro, Scorpius. Ele tinha as feições que os Malfoy apresentavam por séculos, uma pele pálida, cabelos loiros e olhos azuis. Seus olhos poderiam ser o que mais o diferenciava de seu pai, não era um azul acinzentado lembrando uma tempestade. Era um azul calmo, como olhar para o céu em uma manhã.

Scorpius não teve muitos amigos quando criança, salvo algumas crianças filhos de amigos dos seus pais. Mas ele não os considerava amigos de verdade, ele já tinha uma visão bem clara do que amizade significava.

O garoto também não gostava de sair de casa, as pessoas não costumavam ser muito discretas quando viam alguém da sua família nas ruas. As coisas eram melhores quando só saia ele e sua mãe e ainda assim era ruim.

O pior momento que teve foi quando viu uma senhora sair da sorveteria com o filho dizendo que não ficaria no mesmo lugar que uma “cria de comensal da morte”. Ele sentiu sua mãe ficar dura ao seu lado e o olhar mordaz que seu pai lançou a mulher, mas nada o surpreendeu mais do que ouvir toda a história por trás.

Sobre a guerra, sobre a participação da sua família, o que seu pai e avô fizeram. E desde então Scorpius passou a aceitar o olhar das pessoas e até mesmo seu desprezo. Para sua mente infantil sua família fez por merecer o ódio de todas àquelas pessoas.

Scorpius desde cedo teve que se acostumar a viver sob o peso que o nome Malfoy lhe propiciava. Mas tudo ia ser diferente quando ele entrasse em Hogwarts, ele não mais poderia se esconder da vista das pessoas, não poderia ficar recluso em um só lugar. Então desde cedo ele começou a se preparar mentalmente para o que lhe aconteceria assim que entrasse no trem.

Mas nada lhe preparou para o que aconteceu.

Assim que entrou ele se deparou com uma menina que parecia tão perdida quanto ele. Ele não soube ao certo como agir quando ela pediu ajuda, mas ele a ajudou mesmo assim e quando viu a menina tinha pego em sua mão e saiu o arrastando pelo corredor em busca de uma cabine que tivesse poucas pessoas.

Ele estranhou a menina não ter tido qualquer reação ao ouvir seu nome e desconfiou que talvez ela não tivesse vivido no mundo bruxo e isso fez surgir um pequeno quase imperceptível sorriso em seu rosto. Pela primeira vez desde que se lembrava alguém olhava para ele sem expectativas, seja ela boa ou ruim.

Quando entrou na cabine onde Rose e Albus estavam ele pensou que seria enxotado de lá tão rápido quanto entrou, mas ao contrário, ele foi bem recebido. De todas as pessoas que pensou que iriam odiá-lo os Potter e Weasley estavam no topo da lista.

Mas lá estavam os dois o recebendo com educação e sendo até mesmo gentis, rindo com ele.

Quando James entrou na cabine o constrangimento surgiu novamente e ele esperou ser atacado. Pensou que o mais velho perguntaria o que ele estava fazendo infectando a cabine de seu irmão e prima.

Ele sabia o que todos esperavam dele e isso só se confirmou quando Amélia disse que era nascida trouxa e Rose e Albus olharam para ele. O que eles esperavam? Que ele saísse correndo e fosse se lavar? Há muito tempo seus pais conversaram com ele sobre isso, lhe explicaram todos os posicionamentos. Scorpius de forma alguma se sentia importante por ser um Malfoy, pelo contrário, vária foram as vezes em que ele desejou que as pessoas esquecessem seu sobrenome.

Ele também não achava que alguém era menos bruxo porque não tinha sangue mágico. Para ele aquilo era uma grande bobagem.

Ele não queria ter que explicar a todos que ele não era preconceituoso, que não era um comensal em formação.

Quando o trem parou e eles tiveram que descer esperou que o deixassem sozinho e foi mais uma vez surpreendido quando tanto Albus quanto Rose ficaram parados esperando por ele. O menino ficou tão surpreso que ele simplesmente estancou no lugar.

— Vamos, Scorpius. A menos que você esteja querendo voltar para Londres.

Rose falou brincando.

— Você vai adorar Hogwarts, Amélia. – Albus falava enquanto os quatro iam saindo do trem. – Meus pais falaram coisas maravilhosas daqui e James só falava disso nas férias.

Scorpius duvidava um pouco que Amélia estivesse escutando qualquer coisa que Albus dissera, a menina parecia olhar para tudo maravilhada. Querendo captar cada movimento, cada pequena coisa.

Foram os quatro no mesmo barquinho e mais uma vez Scorpius se pegou olhando para a expressão maravilhada de Amélia. Assim que o castelo apareceu os olhos da menina brilharam e ele achou que o sorriso dela não poderia ser maior.

Só quando ele deixou o rosto dela e fixou seus olhos no castelo que ele se permitiu realmente absorver a ideia de que estava em Hogwarts. E embora o medo tenha aumentado ele também sorriu.

Os quatro se olharam e o sorriso estampado em seus rostos eram idênticos.

Mas o mundo real os chamou quando eles desceram do barco e ficaram na entrada da escola. Os olhares, sussurros, uma grande parte dos alunos parecia olhar na direção dos quatro. Eles viam uns garotos tutucando os mais próximos e apontando em sua direção.

Para Scorpius as boas vindas não seriam melhores que aquilo.

— Acho melhor eu ir mais para frente. – Disse ele.

— Por que? – Amélia perguntou. – Porque as pessoas não param de olhar pra cá?

Os três trocaram um olhar preocupado.

— É-é complicado explicar, Amélia. – Rose começava a ficar vermelha.

— Albus e Rose são filhos de pessoas importantes, heróis no mundo bruxo. Meu pai fez coisas muito erradas quando era mais jovem. – Scorpius disse rapidamente. – Acho que isso resume bastante.

— Mas o que isso significa realmente? – Amélia ainda não conseguia entender. Ela via o olhar das pessoas, algumas nem mesmo disfarçavam.

— Significa que você vai ter problemas se ficarmos juntos. Então é melhor eu ir mais para frente.

Scorpius disse já dando alguns passos. Amélia arregalou os olhos e sua boca abriu em um O surpreso, a menina olhou alarmada para os outros dois.

Rose foi mais rápida e segurou no braço de Scorpius o olhando severamente, enquanto o menino encarava a mão que firmemente o mantinha parado no lugar.

— Não significa nada realmente, Amélia. – Rose falou. – E se tivesse qualquer significado seria que a gente deveria ficar junto, apenas isso.

— Rose normalmente tem razão. – Albus sorria tranquilamente.

Eles tinham se deixado levar pela multidão e quando pararam perceberam que já estavam dentro do Castelo. Se podia ver a escada, as estátuas, os quadros, as portas que davam para o Salão Principal.

Rose ainda segurando Scorpius o puxou e chamou os outros mais para o canto.

— O que foi? – Albus perguntou.

A menina estava ficando estranhamente pálida e sua mão começava a suar.

— E se não formos para grifinória e o Scorpius para sonserina? E se formos para sonserina e o Scorpius para Gifinória? E se o Chapéu resolver não nos colocar em nenhuma casa? E se…

— Rose, calma! – Scorpius segurava a menina pelos dois braços.

Ela esperou que ele dissesse algo para acalmá-la, mas a verdade é que ele também estava muito nervoso e as preocupações dela era dele também.

— Eu não tenho amigos. – Começou Amélia. – E gostei bastante de vocês, para mim não importa quem foram seus pais ou o que eles fizeram, não importa para qual casa vocês irão. Eu serei uma amiga se vocês quiserem isso.

Amélia era exatamente o que eles precisavam. Alguém que não tivesse um conceito sobre quem eles eram, que não conhecia a história por trás de um nome. Ela era só uma garota de 11 anos em um local novo em busca de amigos

— Acho que isso pode dar certo. – Disse Albus.

— Sim, pode. – Rose confirmou.

— As pessoas desprezam meu nome. – Scorpius estava com a cabeça baixa e sua fala foi tão baixa que quase virou um sussurro.

Quando ergueu a cabeça só encontrou o olhar resignado deles.

— Só quero que vocês saibam o que vão encontrar ficando ao meu lado.

— Amizade, Scorp. É isso que queremos. – Amélia falou.

— Scorp? – O loiro questionou e a resposta da menina foi acompanhada de um sorriso que pareciam sinos.

— Sim, e já que estamos estabelecendo apelidos podem me chamar de Amy.

— Bem, como a pessoa humilde que sou eu aceito a amizade de vocês. – Scorpius falou com ironia, o sorriso em seu rosto demonstrando que tudo era brincadeira e como resposta ele recebeu um fraco soco em seus braços magros dos outros três.

— Amigos? – Amélia perguntou.

— Amigos. – Os três responderam.

Estavam tão concentrados em seu pequeno grupo que não notaram que a maioria das pessoas ali pararam suas próprias conversas para tentar escutar o que os quatro falavam. Foram poucas as pessoas que não se assustaram quando as portas foram abertas e de lá saiu um homem.

— Sejam todos Bem-vindos à Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Peço desculpas pela demora, mas tivemos um contratempo. Agora vamos fazer a seleção de vocês, através do Chapéu Seletor vocês serão selecionados para as quatro casas, que são: Grifinória, Corvinal, Lufa-Lufa e Sonserina. – O homem deu uma pequena pausa observando o rosto dos pequenos a sua frente e deu um sorriso para as crianças que já conhecia. – Sou o diretor da casa Grifinória, e professor de Herbologia, me chamo Neville Longbottom.

Em breve eles estariam sentados em frente a toda a escola, e um objeto mágico escolheria onde colocá-los. Eles poderiam acabar caindo na mesma casa, o que duvidavam ou cada um iria para uma casa diferente. Mas nada importava, eles estariam juntos de um jeito ou de outro.

Scorpius pegou a mão de Amélia timidamente, a menina sorriu para ele e apertou a sua mão. Em seguida ela pegou a mão de Rose que pegou a de Albus. Eles estavam juntos. Eram amigos. Há formas melhores de se fazer amigos, mas essa foi a forma deles. E mesmo meio torta e frágil eles iriam proteger essa amizade.

Scorpius entendia o verdadeiro significado de amizade e ele se pudesse transcrever o seu real significado ele descreveria aquele momento. Pessoas que sabiam a verdade sobre sua família e mesmo assim estavam ao seu lado, como se dissessem: “Eu sei quem você é, mas estou aqui sendo seu amigo”.


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