A menina inocentemente brincava com sua boneca preferida, não era como as barbies era uma boneca com cabelos pretos lisos e olhos marrons feitos de vidro, com uma roupa perfeita, pelo menos na opinião da garotinha era.

Um conjunto de blusa florida e saia rodada, com uma sapatinha rosa.

A boneca podia não ser perfeita, mas isso que a tornava tão especial em relação as outras Barbies que todas as outras garotas da escola tinham.

A pequena apelidara sua boneca de Lotte, nunca desgrudava dela, nem mesmo quando ia sair ou para ir para a escola, ela sempre secretamente a levava em sua mochila, mas nunca a tirava de lá, não gostava que as outras crianças brincassem com essa boneca em específico.

O único momento em que se separavam, era para dormir, mesmo sua mãe perguntando toda noite qual ursinho queria para dormir, nunca escolhia Lotte.

Na verdade esse não era o nome verdadeiro da boneca, era apenas seu apelido que disse para todos os amigos e para os pais, ela nunca disse para eles o seu verdadeiro nome.

Ela tinha sido proibida de dizer para os outros.

Mesmo tendo apenas 5 anos de idade, ela se lembrava muito bem do seu aniversário retrasado, quando sua madrinha e seus pais se juntaram para comprar essa boneca, seus pais não tinham muito dinheiro para comprar todos os brinquedos do mundo, mas ela nunca ligou muito para isso, foi uma grande surpresa quando recebeu um presente tão lindo.

Então quando abraçou a boneca e sua mãe perguntou como a chamaria.

Ela já sabia que nome colocaria, antes mesmo de saber qual era o presente.

"Fale Lotte"— sugeriu sua amiga fazendo a menina sorrir.

— O nome dela vai ser Lotte - respondeu para os pais.

Naquele dia não foi a primeira vez que sua amiga falava com ela, quase toda vez que sua madrinha e seu padrinho estavam em sua casa, ela podia conversar com ela, nos dias que os dois não vinham o único jeito era quando dormia, toda noite ela via sua amiga, era a hora mais legal na opinião da criança.

Claro que ela nunca contou para sua mãe sobre isso, sua amiga tinha pedido que guardasse segredo desse fato, disse estritamente para nunca contar para sua mãe ou para o seu pai sobre isso, que eles ficariam com medo e tentariam separá-las, mesmo achando isso algo que não aconteceria guardou o segredo à sete chaves.

Então para que ninguém percebesse quando estava falando com sua amiga, ela tinha a boneca.

As duas tinham o mesmo nome, pelo menos quase, por que Lotte na verdade é o apelido de sua amiga, mas mesmo assim quando falasse pensaria que estava brincando com a boneca.

E isso facilitou muito a vida da pequena, ela não tinha mais que se esconder no quarto, ou quintal para conversar com sua amiga, apenas fingir estar brincando com a boneca.

Ela queria poder falar sempre com sua amiga, mas como ela já tinha dito, ela não tinha conexão suficiente para isso, o máximo que conseguia era visitar os sonhos da menina.

Ela já tinha contado de tudo para a pequena, tanto onde morava, seu passado, sua família, do presente, coisas que ela sempre quis dividir com suas amigas de escola, mas nunca o fez.

Talvez por medo de que elas dissessem para a professora, não sabia ao certo.

Mas teve uma vez, ela se lembrava bem, que seu pai disse o nome de sua amiga, ela estava descendo as escadas, com duas tranças, feito Marinha Chiquinha e sua mochila, pronta para ir para a escola, quando escutou seu pai conversando com alguém pelo que disse tinha acontecido algum acidente grave ou algo do tipo.

"Nico, eu tenho certeza que foi ela, você sabe que já vem acontecendo a algum tempo, e eles não têm nenhuma proteção como nós tivemos contra Charlotte"

Charlotte, o nome de sua amiga, ela não entendia o por que seu pai querer proteção contra sua amiga, mas ela ficou tão assustada que subiu as escadas o mais rápido que suas pequenas perninhas permitiam.

A pequena abraçou sua boneca, quando se lembrou disso, seu maior medo era que sua amiga fosse embora por culpa de um descuido dela.

—Lotte! Lotte! - Chamou.

Esperou e esperou, mas não foi atendida, até que desistiu e foi até a sala onde sua mãe estava deitada junto com seu pai, os dois vendo alguma coisa na tv.

— Mãe! Pai! - disse pulando em cima dos dois, fazendo os rir do entusiasmo da filha.

Mal imaginavam que sua pequena filha corria tanto perigo.